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12 fevereiro 2008

Agências de publicidade preocupadas com custos

Agências controlam mais os custos para recuperar margem
Valor Econômico - 12/02/2008

O aumento da concorrência nos últimos anos e a diversificação dos investimentos dos anunciantes fizeram com que a rentabilidade das agências de publicidade fosse caindo. Há cerca de dez anos, a margem do negócio era entre 10% e 15% maior do que é hoje. Diante do quadro, as agências vêm controlando os custos com maior rigor e tentando aumentar a produtividade de cada funcionário. (...)

O grupo [Totalcom] adota, há um ano e meio, ferramentas de gestão que permitem, inclusive, monitorar a rentabilidade de cada cliente - a receita de uma agência tradicional é proporcional ao que o cliente investe em compra de espaço publicitário. Quando o cliente não é um anunciante intensivo, a receita cai. Mesquita acompanha todos os investimentos feitos pelos clientes e quantas horas trabalhadas pelos funcionários das agências do grupo foram gastas em cada cliente - num sistema parecido ao de consultorias e escritórios de advocacia. (...)

Reservas irresistíveis

Um texto do Washington Post (Bolivia's Irresistible Reserves; Wealthier Neighbors Need Nation's Gas for Economic Growth, Monte Reel, Washington Post Foreign Service, 10/2/2008, A18. O texto pode ser lido neste link) comenta a questão do setor de energia na Bolívia.

Apesar da falta de investimentos e dos problemas com os investidores estrangeiros (incluindo o Brasil), o gás da Bolívia desperta interesse.

The reason is simple: They can't afford not to.

South America's largest countries -- particularly regional powerhouses Brazil and Argentina -- are facing energy crunches and need natural gas to fuel economic growth. That has made them dependent on the poorest country on the continent and has helped Morales salvage a sector that critics believed was on the road to ruin. (...)

When existing contracts were rewritten to comply with that standard, some companies -- such as Brazil's Petroleo Brasileiro, or Petrobras -- initially balked, suspending their investments in the country. Television images of Bolivian soldiers occupying Petrobras installations outraged many in Brazil who believed it an insolent way to thank the country for investments in its much smaller neighbor. But in December, Brazilian President Luiz Inacio Lula da Silva traveled to La Paz and reinstated investments in Bolivia's energy sector.

Um velhor indicador

Quando menos vale mais
Por Angelo Pavini, de São Paulo
Valor Econômico - 08/02/2008

Um dos mais tradicionais instrumentos de avaliação se uma ação está barata ou cara, a relação Preço/Lucro ou P/L, perdeu um pouco de seu brilho nos últimos anos, substituído por outras ferramentas como indicadores de fluxo de caixa, a exemplo do Ebtida ou Lajida (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ou do preço de mercado da companhia versus geração de caixa (Enterprise Value/Ebtida). Mas, mais recentemente, no Brasil, o P/L voltou para a mesa dos analistas como um instrumento auxiliar na busca por oportunidades, com uma nova roupagem: não se olha mais o lucro passado para calcular o retorno, mas o lucro projetado.

Basicamente, o índice é a divisão do lucro por ação de uma empresa - ou seja, o lucro dividido pelo número de ações que a companhia possui - pela cotação do papel no mercado. A idéia é avaliar se o papel está barato em relação ao lucro que a empresa apresenta e que vai para o bolso do acionista na forma de dividendos ou ao ser incorporado ao patrimônio da empresa. Assim, se uma empresa tem um lucro de R$ 50 por ação e cada papel é cotado a R$ 100, seu P/L seria 2 vezes (100 dividido por 50). Como o lucro é anual, de maneira simplista, poderia-se inferir que a empresa em dois anos retornaria ao investidor o valor pago pela ação.

Os detratores do P/L lembram, porém, que essa conclusão é perigosa. Uma empresa pode não manter o mesmo nível de lucros, ou pode ter um controlador que se apodera da maior parte do ganho em vez de distribuí-lo como dividendo ou deixá-lo na companhia. Há ainda casos de empresas jovens, que têm um P/L alto porque estão em fase de investimento, dão pouco lucro agora, mas serão muito lucrativas no futuro.

Para testar na prática essa discussão no Brasil, o professor Pierre Lucena, professor de Finanças da Universidade Federal de Pernambuco, fez um estudo sobre o comportamento das ações da Bolsa de Valores de São Paulo nos últimos 13 anos. No estudo, feito em conjunto com os alunos Odilon Saturnino e Joseanny Karla, ele montou dez carteiras divididas por critérios de P/L e analisou o comportamento das ações no período. O resultado foi que as duas carteiras formadas por ações de P/L mais baixos foram as que tiveram o maior retorno, com uma média de 117,1% ao ano.

Foram analisadas cerca de 200 ações por ano, em um universo total de 700 papéis, incluindo as que não foram negociadas em um dos meses. E a carteira foi sendo ajustada, com a entrada e a saída de papéis que saíam do critério de P/L de cada grupo. "Seria com uma carteira de ações ativa, onde o gestor troca o papel com P/L alto por outro mais baixo", diz. Lucena observa, porém, que não há uma uniformidade entre os rendimentos da maioria das carteiras, com exceção das duas últimas, de menor P/L, onde há um ganho maior.

O professor buscou ainda outros motivos para a rentabilidade maior. E separou o estudo por governos, descobrindo que, no governo Lula, o ganho é maior. "No governo Lula, houve um grande número de ofertas iniciais (IPOs, na sigla em inglês) e um forte aumento de liquidez", diz o professor. Essa liquidez maior pode ter favorecido papéis menos líquidos, justamente os que possuíam P/L menor, fazendo o grupo pagar mais. "O estudo mostra também que é uma oportunidade, que foi perdida pelo investidor, pois o mercado se ajustou", diz.

A discussão a seguir foi avaliar se essa teoria ajudaria na gestão de carteiras, explica Lucena. E a conclusão foi de que sim. "O modelo tradicional, de análise fundamentalista e de risco, funciona, mas, levando em conta o P/L, ele aumenta a eficiência". Segundo o professor, "o interessante é que o estudo mostra que P/L deve ser levado em consideração, apesar de os modelos tradicionais de risco não o aceitarem como relevante."

A idéia de que o P/L baixo é sempre um indicador de oportunidades em bolsa é contestada também pelo badalado especialista em investimento Aswath Damodaran em seu livro "Mitos dos Investimentos". "Uma estratégia baseada apenas nos baixos múltiplos Preço/Lucro pode ser perigosa", diz ele em seu livro, que serviu de inspiração para o trabalho de Lucena. Damodaran admite que as evidências do mercado confirmam que as ações com P/L baixo apresentam desempenho maior que as de P/L elevado. Mas quando são incluídos na análise outros dados, a conclusão é que o P/L baixo pode ser também um indicador de risco elevado e taxas futuras de crescimento baixas. Segundo ele, em uma análise envolvendo 115 ações com P/Ls passados, correntes e futuros inferiores a 10 vezes, mais de 60% dos papéis seriam removidos por terem risco acima da média ou crescimento inferior à média.

Damodaran lembra que é preciso analisar a qualidade do lucro, lembrando que muitas empresas americanas usaram truques contábeis para inflar seus ganhos recentemente. Os lucros também podem ser voláteis e o P/L baixo refletiria isso pelo risco maior da empresa, ou ainda que as perspectivas de crescimento da companhia estão esgotados. Damodaran lembra que o P/L varia de acordo com o setor e que há casos de um P/L ser considerado baixo em determinada época e alto em outra, em virtude das perspectivas para a economia como um todo.

Feitas essas considerações, Damodaran considera válido o uso do P/L para a montagem das carteiras, mas aliado a critérios que avaliem o risco dos papéis e o potencial de crescimento das ações.

De qualquer forma, o P/L é usado pela maioria das grandes corretoras no Brasil e no exterior. "Para quem está fora do mercado de ações, vale a pena entrar neste momento, as 'blue chips' caíram bastante e os múltiplos estão bons", afirma Roberto Nishikawa, diretor-geral da Itaú Corretora. E o critério é o P/L pelo lucro projetado para 12 meses, que para o Brasil seria de 11 vezes no início de janeiro. "O Brasil está mais barato que outros emergentes, como a Índia, onde o P/L é de 22 vezes e o da China, que está em 17 vezes."


Novamente Ricardo Viana

11 fevereiro 2008

Rir é o melhor remédio

Uma propaganda antiga mostra o que se pensava da mulher no passado




Fonte: Aqui

Adaptação

A palavra "adaptação" é muito conhecida de todos nós. Um texto de 1978, “Lottery winners and accident victims: Is happiness relative?”, de Brickman et al, mostrou que pessoas paraplégicas não são menos felizes de outros grupos. Agora, quatro autores (Andrew Clark, Ed Diener, Yannis Georgellis e Richard Lucas) fizeram uma pesquisa observando seis eventos na vida de uma indivíduo, como o casamento. O interessante é que os autores fizeram uma espécie de série histórica, mostrando como as pessoas evoluíram em termos de satisfação. Observe o gráfico abaixo mostrando a satisfação do homem antes e depois do desemprego e do casamento (nesta ordem).



O gráfico seguinte mostra a situação do divórcio e casamento para uma mulher.



Observe que em ambos os casos, o nível de felicidade com o casamento (segundo gráfico) aumenta para depois voltar ao normal.

Cartões corporativos numa empresa

Empresas privadas têm controle rigoroso
O Globo - 9/2/2008

Funcionários têm de comprovar gastos e podem ser punidos se usarem cartões indevidamente

Nice de Paula*

O uso de cartões de crédito corporativos é comum nas grandes empresas, mas há regras e controle rigoroso dos gastos. A primeira regra, segundo o executivo de uma grande companhia de energia, é que o funcionário não pode usar o cartão para saque de dinheiro.

— O empregado recebe a senha do cartão, mas não pode usar para sacar em caixa automático — conta o executivo, que também já teve cartões em empresas de outras áreas e preferiu não se identificar.

Segundo ele, sua empresa atual não permite o uso do cartão em postos de gasolina. O objetivo principal é o uso como verba de representação: por exemplo, para almoço ou jantar com algum convidado. Além da cópia da boleta do cartão, é preciso entregar cópia da nota fiscal do estabelecimento onde foi feita a despesa e uma justificativa para o gasto.

Os valores disponíveis variam de acordo com a empresa e o cargo do executivo, mas a maioria impõe um limite mensal de gastos para o cartão. Numa empresa de telefonia, os limites do cartão corporativo variam de R$5 mil a R$20 mil nos níveis de gerente e diretoria, e há cartões sem limites para alguns executivos. Numa multinacional do setor químico, o cartão é dado a funcionários dos mais variados cargos e não apenas a diretores ou gerentes que possuem o benefício.

— Depende muito da função. Se ele faz muito serviço externo, tem gastos com almoços e transporte, terá um cartão — diz um executivo.

“O gasto tem que ser compatível com a função que a pessoa ocupa”

O principal na multinacional é a fiscalização. Para cada gasto, o funcionário tem que apresentar os recibos com nota fiscal. Os documentos são entregues, com uma justificativa formal, a seu superior, que o analisa e decide se aprova. Em seguida, os recibos são enviados para o setor de contabilidade, que faz nova verificação.

— O gasto tem que ser compatível com a função que a pessoa ocupa. Não faz sentido um funcionário de um setor técnico de manutenção pagar almoço para cliente. Já alguém que trabalha em atendimento certamente terá este tipo de gasto — explica um funcionário, que tem o cartão e também preferiu não se identificar.

Na empresa dele, até gastos com presentes para clientes são permitidos, desde que justificados. O funcionário de relações públicas pode comprar vários brindes para clientes. Mas há um orçamento que deve ser cumprido, com limite de gastos para cada setor. A cada quatro meses, uma auditoria externa analisa as despesas.

— Como temos ações negociadas em várias bolsas, qualquer deslize pode virar um escândalo e mexer com os papéis no mercado. A política de gastos do cartão corporativo está disponível na intranet e todos os funcionários, até aqueles que não têm o benefício, podem consultá-la — diz o executivo.

No caso de viagens, algumas empresas dão ao funcionário a opção de pegar a verba de adiantamento ou usar o cartão, e vetam o uso simultâneo dos dois, exceto em caso de emergências. O executivo da empresa de energia conta que, por uma falha da agência de viagens, sua reserva de vôo não foi confirmada. Como ele precisava ir uma reunião, comprou a passagem com o cartão e depois justificou o gasto na empresa, anexando carta da agência assumindo a falha.

Junto com o cartão corporativo, os funcionários de empresas privadas recebem as normas de utilização e as punições para descumprimento das regras. A mais básica delas é a obrigação de ressarcir a empresa em caso de gastos indevidos. Em geral, na primeira ocorrência de uso indevido do cartão, além de devolver o dinheiro, o funcionário recebe uma advertência e uma nova cópia das regras. A partir da segunda vez, as punições ficam mais graves, indo da perda do cartão corporativo até a demissão.

* Do O Globo Online

Controle e Cartões Corporativos

A questão dos cartões corporativos é interessante como um ponto de partida para discutir sobre CONTROLE em diferentes situações.

Este parece ser um caso onde o instrumento é interessante, mas que foi mal usado. Uma entrevista na Folha de S. Paulo ("No exterior, regras claras inibem abuso com cartões", 11/2/2008) com Marcos Fernandes Gonçalves (por Fernando Barros de Mello) mostra que o instrumento cartão corporativo é bom por facilitar os pagamentos menores. Gonçalves chega a afirmar que


O cartão corporativo não é culpado pela fraude, ele é a solução para combater esse tipo de corrupção, porque gera automaticamente a transparência e acaba com essa história de nota, recibo etc. Todo mundo sabe que é fácil pegar, por exemplo, um recibo superfaturado em um táxi, uma prática imoral. Se é cartão de crédito, aparece onde gastou e o valor exato. Ao surgir uma conta estranha, fiscaliza-se. Não por acaso, o escândalo só veio à tona porque os gastos ficaram registrados. Mostrou a importância de um instrumento como o Portal da Transparência. Mas há confusão sobre o que é um escândalo e o que não é.


Já o jornal O Globo (Nas contas tipo B, controle era pequeno, 10/2/2008) mostra que o problema estava em alguns tipos de contas, onde o controle é mínimo.

O principal é que se estabeleça regras mais rígidas de controle. É o que pensa o professor José Marias Pereira, especialista em administração pública da Universidade de Brasília (UnB):

— O que se constatou com os cartões é que a falta de controle e a frágil auditoria levaram de maneira natural aos abusos. O cartão é um cheque em branco na mão do funcionário.


Já o Ministro Hage (GASTOS SEM CONTROLE: Ministro diz que transparência e controle aumentaram, O Globo, 10/2/2008, Chico de Gois, Luiza Damé e Gustavo Paul), os abusos não significam que o cartão seja ruim:

Uma servidora da Presidência gastou R$40 na Feira do Paraguai, de produtos falsificados. Ficou muito fácil utilizar o cartão?

HAGE: De forma alguma. Essa mesmíssima facilidade sempre existiu, porque é suprimento de fundos. Era muito pior porque não ficavam sabendo, pois era retirado em dinheiro e depositado numa conta em nome do funcionário, que emitia cheques, sacava em dinheiro e ia comprar na Feira do Paraguai. Nunca ficaram sabendo nem bateram nos governos anteriores, porque nenhum lhes deu a oportunidade de mostrar isso na internet.