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07 fevereiro 2008

Rir é o melhor remédio


A imagem do Controle Interno, em tempos de Societe Generale

Links

1. A questão do preço de transferência

2. Quem são estes?

3. Relembrando Time-Warner + AOL: um fracasso

A questao do reconhecimento da receita

Uma pesquisa realizada pela BDO Seidman entre 100 CFOs mostrou algumas questões interessantes sobre o reconhecimento da receita em empresas de tecnologia (The Revenue-Recognition Rules Paradox, Technology-company CFOs see GAAP rules as more logical than those of IFRS — even if using the U.S. standards puts them at a competitive disadvantage, por Sarah Johnson, CFO, 5 de fevereiro de 2008). Ao mesmo tempo que estes executivos consideram que as regras contábeis norte-americanas (US GAAP) são superiores as normas do IASB no que diz respeito ao reconhecimento da receita, os CFOs consideram que as empresas estrangeiras possuem uma vantagem exatamente por usar as normas do Iasb.

Pelo IFRS (normas do Iasb), a receita de empresas de tecnologia pode ser reconhecida mais rapidamente. A questão do reconhecimento da receita torna-se importante para estas empresas já que os montantes são usados como uma aproximação do valor.

Impostos e crença no Mercado


A figura foi extraída do texto "Groupthink and Ideology", de Roland Benabou (). Mostra a relação existente entre no sistema de livre mercado e a participação dos impostos na economia. Países que acreditam mais no livre mercado possuem um governo que arrecada menos tributo. O gráfico inclui o Brasil (BRA na figura, no centro).

Diante do crescente (e sempre crescente) aumento nos tributos no Brasil, uma possível justificativa "talvez" seja a descrença que temos no livre mercado.

Impostos e Finanças comportamentais

A teoria de finanças comportamentais pode ser usada para discutir a melhor forma de taxação. Um artigo de 31 de janeiro de 2008, do New York Times, que discute este ponto.

Rebate Psychology
By NICHOLAS EPLEY

THE House of Representatives passed a bill on Tuesday that would try to stimulate the economy, in part, by sending “tax rebates” to more than 100 million families. The logic of a tax rebate is that people will spend more money if they have more to spend. Unfortunately, psychology may interfere with that logic.

Research on decision-making demonstrates that describing a financial windfall as a “rebate” — instead of something equally accurate — increases the likelihood that people will save it. If Congress and President Bush want to increase consumer spending, they should have pitched these $600 and $1,200 checks as “tax bonuses” instead.

Changing the way that identical income is described can significantly affect how people spend it. In an experiment I conducted at Harvard with my colleagues Dennis Mak and Lorraine Chen Idson, participants were given a $50 check. They were told that this money came from a faculty member’s research budget, financed indirectly through tuition dollars. Roughly half of the participants had this money described as a “rebate,” whereas the others had it described as a “bonus.” When unexpectedly contacted one week later, participants who got a “rebate” reported spending less than half of what those who got a “bonus” reported spending ($9.55 versus $22.04, respectively).

We observed this same pattern in other experiments when participants were asked to keep a written record of their spending, as well as in experiments in which the participants were allowed to purchase items in the lab. “Rebates” are understood to be returns from money already spent. A rebate, psychologically speaking, is the return of a loss of one’s own money rather than a pure gain provided by someone else, so it is unlikely to be seen as extra spending money.

Getting a rebate is more like being reimbursed for travel expenses than like getting a year-end bonus. Reimbursements send people on trips to the bank. Bonuses send people on trips to the Bahamas.

This is more than merely a matter of political spin. Decisions depend very heavily on how people’s options are described.

People are more willing to treat 600 people infected with a deadly virus when they are told the treatment will save 200 of those lives, than when they are told that it will kill 400 of them. People are more likely to donate to a charity when the cost is described in terms of pennies per day instead of dollars per year. And more people say they could live on 80 percent of their income than say that they could save 20 percent of their income.

Descriptions are the psychological equivalent of a camera lens. Psychologists use the term “framing effects” to describe their influence. An investment banker who is delighted by saving $5 on a pair of shoes but disgusted by receiving $1,000 for a year-end bonus has experienced the power of framing effects.

If the current proposal for tax rebates sounds familiar, it’s because we have indeed been here before. In 2001, Congress and President Bush returned $38 billion to taxpayers in the form of $300 to $600 tax rebates, with the hope that Americans would stimulate the economy by spending them. But research conducted by two University of Michigan economists, Matthew Shapiro and Joel Slemrod, found that only 28 percent of the people in a national survey reported that they spent most of their rebate checks soon after receiving them. In a country where the personal savings rate has become negative by some accounts, people seem remarkably able to save at the very time their government needs them to spend.

In another experiment my colleagues and I conducted, taxpayers asked to recall the 2001 tax rebate reported that it seemed more like “extra income” when researchers described it as a tax bonus but more like “returned income” when it was described as a tax rebate.

This is exactly the kind of difference in perceptions that would increase spending of bonuses relative to rebates. Describing the checks as rebates highlights that this is simply one’s own money being returned. A bonus, however, is extra cash to be spent.

Under the House plan, the checks that would arrive in people’s mailboxes would go to those who pay the least income taxes, or even pay no income tax at all. Saying the checks are bonuses — or anything else that would call to mind thoughts of receiving a gift rather than getting a reimbursement — may not only be a more effective description for this stimulus package, but it may also be more accurate.

A hamburger can be described as 10 percent fat, but you had better call it 90 percent lean if you want your dinner guests to eat it. Politicians are thought to be expert spin doctors, able to choose the right words to fit any occasion, but they do not seem to be paying attention to how to sell the stimulus package so that consumers spend with patriotic abandon.

Nicholas Epley is a professor of behavioral science at the University of Chicago Graduate School of Business.

Custos do Jogos Olímpicos

Tenho postado diversas reportagens comentando do elevado custo de uma olimpíadas (ou até mesmo jogos pan-americanos). Abaixo, numa entrevista, um outro ponto de vista:

Especialista faz defesa de custo bilionário de Jogos
Folha de São Paulo - 6/2/2008

Holger Preuss defende aumento de custos de Londres-12 e diz que maior legado de Pequim será em imagem da China

Alemão, autoridade em megaeventos, diz que gasto é fartamente compensado por exposição gratuita de país e nova infra-estrutura

Adalberto Leister Filho

Os aumentos dos custos são estratosféricos. Os gastos atingem os bilhões. O evento dura pouco mais de duas semanas. Vale a pena investir tantos recursos na Olimpíada? Os Jogos geram boa herança às sedes?

Uma das principais autoridades sobre megaeventos esportivos, Holger Preuss, professor da Universidade de Mainz, responde sim a ambas as questões. O alemão defende os aumentos de gastos dos Jogos de Londres-12. E declara que o maior legado de Pequim-08 não serão em arenas, mas em imagem.

FOLHA - Qual é a importância, para as cidades, de receber a Olimpíada?

HOLGER PREUSS - Além do impacto econômico, vamos citar dois aspectos: significado e mudança de agentes locais. Por significado, entendo que megaeventos são mostrados no mundo todo. A sede ganha exposição gratuita. E as mudanças locais podem ser obtidas se houver obras de infra-estrutura. Isso atrai negócios que não estão diretamente relacionados aos Jogos. As cidades-sedes recebem mais turistas e congressos nos anos seguintes ao evento.

FOLHA - Mas como controlar o gigantismo dos Jogos?

PREUSS - Os problemas são políticos. São muitos os interessados na Olimpíada. Todas as federações querem que seu esporte seja olímpico e que tenham muitos atletas. Isso aumenta o número de competidores e esportes e, portanto, arenas e apartamentos na Vila Olímpica. Jacques Rogge [presidente do COI] limitou esse crescimento: 10.500 atletas e no máximo 28 esportes [hoje são 26] podem tomar parte nos Jogos. Mas as federações lutam, porque há muito dinheiro de TV envolvido. O gigantismo é fruto do interesse humano e financeiro na Olimpíada. Seu controle será uma das principais tarefas do COI no futuro.

FOLHA - Isso torna impraticável para países com menos recursos, como o Brasil, organizarem os Jogos?

PREUSS - É difícil responder. Há grandes custos e muitos cuidados a serem observados sobre se as instalações dos Jogos são sustentáveis. Por outro lado, há benefícios, como a conquista de uma nova imagem. É só examinarmos os casos [dos Jogos] de Tóquio-64, Seul-88 e Pequim-08. A indústria japonesa apareceu para o mundo, as fábricas sul-coreanas se tornaram viáveis, e a indústria chinesa será vista de outra forma. Mas, em países pobres, é preciso considerar mais os prós e contras para evitar polarização social.

FOLHA - Pequim-08 estima gastos de mais de US$ 37 bilhões...

PREUSS - Os Jogos de Pequim custarão o mesmo que os outros: cerca de US$ 2 bilhões para organizar e de US$ 1 bilhão a US$ 3 bilhões para construção e reforma de instalações. O resto são projetos que são somados ao evento, mas que provavelmente seriam feitos sem os Jogos, como o plantio de árvores, sistema de esgoto etc.

FOLHA - Como a China trabalha com a questão do legado?

PREUSS - O legado esportivo não é tão importante, para eles, em relação aos benefícios de uma imensa promoção do país. Isso deve fazer do caso chinês especial. Eles constroem símbolos para mostrar ao mundo a glória dos Jogos e da China.

FOLHA - Londres-12 anunciou vários aumentos de custo. É impossível ter uma previsão realista de gastos?

PREUSS - Sim. Há razões complexas para isso, como tempo das obras, mudança e aumento dos projetos, novidades tecnológicas, especulação etc.

FOLHA - O que o sr. acha de o Estádio Olímpico reduzir capacidade de 80 mil para 25 mil após os Jogos-12?

PREUSS - É um bom modo de assegurar um legado positivo e também de preencher os requisitos do COI, assim como ocorreu em Sydney, que reduziu o local para 30 mil assentos.

FOLHA - A arena custará 712 milhões. Não é muito cara?

PREUSS - Sim. Mas o custo com operários na Inglaterra é alto. Uma comparação é difícil. E o estádio também é um sinal de prestígio dos Jogos, seu ícone.

FOLHA - É viável manter a arena só para atletismo, como a de Londres?

PREUSS - Ela também servirá para outros eventos, como shows. E o país precisa de um estádio de atletismo. A maioria das arenas é feita para futebol.

Colaboração intelectual

Em Intellectual Collaboration, David N. Laband (Auburn University) e Robert D. Tollison (University of Mississippi) (Journal of Political Economy, 2000, vol. 108, no. 3) fazem um levantamento histórico da publicação de pesquisas econômicas e biológicas. Laband e Tollison percebem que cada vez mais os artigos publicados na área contam com a participação de mais autores. Ou seja, a colaboração intelectual seria uma marca do nosso tempo.

O gráfico a seguir foi retirado do trabalho destes autores e mostra a percentagem de artigos com co-autoria (mais de um autor) ao longo do tempo nas duas áreas. A série histórica é longa (a partir de 1950) e claramente aponta que artigos individuais são exceção nos últimos anos (a linha de cima é biologia; de baixo, economia).



A figura seguinte também é interessante pois mostra o número de co-autores por artigo. Novamente a tendência crescente é clara, sendo comum artigos com 2 autores, por exemplo.



A próxima figura mostra o número de colaboradores informais. Estes colaboradores são aqueles que apresentaram algum tipo de contribuição para o artigo. Novamente, existe uma tendência crescente neste gráfico.



Estas figuras mostram claramente que é cada vez mais difícil fazer pesquisa individual. Hoje a pesquisa é realizada por um grupo de cientistas. E isto também ocorre na área de ciências contábeis.

Qual a razão disto? Uma possível explicação é a especialização na área de conhecimento. Os artigos em co-autoria é uma necessidade diante da complexidade cada vez maior das áreas.

Tenho uma outra possível explicação, mais cínica. O aumento da co-autoria é uma forma que os pesquisadores encontraram para responder a pressão para publicação. Existiria uma troca entre autores para colocar o nome do artigo do outro, aumentando a chance de publicação.

Aqui outro ponto de vista sobre o assunto