Preocupado em uniformizar a nomenclatura das tarifas, que varia de banco para banco, o governo deixou de lado um detalhe importante: também existe diferença de periodicidade na cobrança dos serviços. Um levantamento da Associação Nacional de Executivos de Finanças e Contabilidade (Anefac) mostra, por exemplo, que a taxa para a manutenção ou validade do cartão de débito varia de 30 a 365 dias. O Citibank cobra R$6 a cada 30 dias. No Itaú, são R$12, pagos a cada três meses. (...)
Dependendo do banco escolhido pelo correntista, a renovação da ficha cadastral é cobrada a cada 90, 180 ou 365 dias. Clientes do ABN Real pagam uma tarifa de R$4,50 pelo serviço, valor aparentemente menos indigesto dos que os R$15 debitados pelo Bradesco. Mas a comparação só fica completa quando se considera os prazos: no ABN, a cobrança é feita a cada 90 dias, enquanto no Bradesco, uma vez por ano. (...)
Governo padroniza nomes de tarifas bancárias, mas periodicidade varia - O Globo - 8/12/2007
10 dezembro 2007
Jogando para a platéia
O governo resolveu agir nas tarifas bancárias, tentando padronizar e evitar abusos. Como um amador, que desconhece o que está fazendo, cometeu um grande erro: deixou de lado da periodicidade.
Conceito de Restos a Pagar
A Contabilidade Pública tem conceitos próprios que são interessantes. Um deles chama "restos a pagar", que de "restos" não possui muita coisa. Veja um sobre o conceito numa reportagem de um jornal:
Ou seja, o orçamento público é uma peça política, não técnica.
Muitas vezes falta não só pagar como executar obra
O Estado de São Paulo - 9/12/2007
Apesar de o nome ser "resto a pagar", na maior parte dos casos falta não apenas pagar, como também realizar a obra - nessa situação, no jargão orçamentário, utiliza-se outro jargão, o programa que atende pelo nome de "não-processado".
Isso ocorre, por exemplo, com a maior parte dos projetos previstos por emenda parlamentar. Em todos os finais de ano, por pressão do Congresso, o governo autoriza o empenho de alguns bilhões de reais para as emendas, os parlamentares aproveitam a ocasião para anunciar sua "conquista" às bases eleitorais, mas o projeto muitas vezes não sai do papel e aparece na contabilidade como "resto a pagar não processado".
No início deste ano, o volume de restos a pagar não-processados chegava ao nível de R$ 14 bilhões. Metade disso foi efetivamente executado ao longo deste ano, mas a outra metade deve se juntar ao novo estoque do final de 2007, com o crescimento dos empenhos - que já somam R$ 18 bilhões e ultrapassarão facilmente os R$ 20 bilhões até o dia 31 de dezembro.
EXPECTATIVA
A expectativa dos técnicos do Congresso é de que o volume de restos a pagar bata um novo recorde no próximo ano. Em tese, o governo federal seria o maior interessado em acabar com isso, mas, na prática, não é o que ocorre.
Recentemente, por exemplo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva vetou um artigo da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) que determinava o cancelamento dos restos a pagar depois de um ano. Motivo: essa medida não interessa à coordenação política do governo, pois a permanente expectativa do pagamento permite manter os parlamentares reféns do Palácio do Planalto. S.G.
Ou seja, o orçamento público é uma peça política, não técnica.
O BO dos Bancos
Quando você compra um remédio numa farmácia, se o vendedor consegue "empurrar" certos tipos de medicamentos para o cliente ele ganha uma comissão conhecida como BO, ou Bônus, mas também conhecida como Bolso de Otário. Esta comissão chega a 20% do valor da venda. Assim, uma Novalgina, um remédio da Hoechst, não gera uma comissão bonificada, mas uma dipirona de um fabricante menos conhecido pode gerar 20% de BO.
Agora o Estadão informa que este BO chegou nas concessionárias de automóveis. É o o BO do carro. Veja a reportagem:
Bancos pagam bônus para lojista vender no crediário
O Estado de São Paulo - 9/12/2007
Bancos e financeiras pagam comissões e prêmios aos concessionários e vendedores para garantir gorda carteira de clientes. Lojistas recebem de 6% a 20% sobre o valor financiado por carro, operação conhecida como Retorno Financeiro ou simplesmente R seguido do porcentual a ser pago, como R6.
De olho no ganho extra com o crediário, lojistas treinam funcionários para convencer clientes a comprar a prazo. Para compra à vista é dada pouca vantagem. A prática não é nova nem restrita ao segmento, mas se alastra num momento em que o País tem venda recorde de 2,8 milhões de veículos. O bônus não é ilegal - se registrado na contabilidade dos envolvidos -, mas facilita ações predatórias de instituições e lojas que empurram planos que amarram o cliente por longo prazo, além do repasse de despesas para os consumidores.
Outra prática é a cobrança da Tarifa de Abertura de Crédito (TAC), nem sempre divulgada ao comprador, cujos valores variam de R$ 200 a R$ 900. Nas medidas anunciadas quinta-feira pelo Banco Central foi incluída a obrigatoriedade de os bancos informarem a cobrança, sem valor máximo para a taxa.
"Tem vendedor que abusa e chega a cobrar duas TAC, uma embutida nas prestações e outra à vista", conta o vendedor de uma grande concessionária de São Paulo. "A comissão pela venda de um carro hoje é baixa, por causa da concorrência, por isso os lojistas buscam a diferença na TAC ou no R", diz ele, no ramo há 15 anos. "Hoje, em muitas revendas, quem paga o salário do vendedor é o banco."
Segundo o presidente da Federação Nacional da Distribuição de Veículos (Fenabrave), Sérgio Reze, juros, TAC e Retorno dependem de negociações entre bancos e concessionárias, levando em conta o risco do crédito. "É da natureza do sistema financeiro num regime livre." O Procon reconhece o Retorno como "relação comercial", mas admite que há abusos quando o consumidor não é informado de taxas e não recebe cópia do contrato.
Agora o Estadão informa que este BO chegou nas concessionárias de automóveis. É o o BO do carro. Veja a reportagem:
Bancos pagam bônus para lojista vender no crediário
O Estado de São Paulo - 9/12/2007
Bancos e financeiras pagam comissões e prêmios aos concessionários e vendedores para garantir gorda carteira de clientes. Lojistas recebem de 6% a 20% sobre o valor financiado por carro, operação conhecida como Retorno Financeiro ou simplesmente R seguido do porcentual a ser pago, como R6.
De olho no ganho extra com o crediário, lojistas treinam funcionários para convencer clientes a comprar a prazo. Para compra à vista é dada pouca vantagem. A prática não é nova nem restrita ao segmento, mas se alastra num momento em que o País tem venda recorde de 2,8 milhões de veículos. O bônus não é ilegal - se registrado na contabilidade dos envolvidos -, mas facilita ações predatórias de instituições e lojas que empurram planos que amarram o cliente por longo prazo, além do repasse de despesas para os consumidores.
Outra prática é a cobrança da Tarifa de Abertura de Crédito (TAC), nem sempre divulgada ao comprador, cujos valores variam de R$ 200 a R$ 900. Nas medidas anunciadas quinta-feira pelo Banco Central foi incluída a obrigatoriedade de os bancos informarem a cobrança, sem valor máximo para a taxa.
"Tem vendedor que abusa e chega a cobrar duas TAC, uma embutida nas prestações e outra à vista", conta o vendedor de uma grande concessionária de São Paulo. "A comissão pela venda de um carro hoje é baixa, por causa da concorrência, por isso os lojistas buscam a diferença na TAC ou no R", diz ele, no ramo há 15 anos. "Hoje, em muitas revendas, quem paga o salário do vendedor é o banco."
Segundo o presidente da Federação Nacional da Distribuição de Veículos (Fenabrave), Sérgio Reze, juros, TAC e Retorno dependem de negociações entre bancos e concessionárias, levando em conta o risco do crédito. "É da natureza do sistema financeiro num regime livre." O Procon reconhece o Retorno como "relação comercial", mas admite que há abusos quando o consumidor não é informado de taxas e não recebe cópia do contrato.
Copa do Mundo de Xadrez
A copa do Mundo de Xadrez em Khanty-Mansiysk, Rússia, está chegado ao final. Dos mais de cem jogadores, que disputaram jogos entre si, sobraram 4. Os brasileiros (quatro) foram eliminados já na primeira rodada. A cada rodada eram eliminados metade dos jogadores. Os finalistas são o espanhol naturalizado Shirov (rating de 2739), o norte-americano Gata Kamsky (rating de 2714) e duas jovens promessas do xadrez, o norueguês Magnus Carlsen (rating de 2714, que recentemente completou 17 anos) e o ucraniano Karjakin (rating de 2694). Na rodada de domingo, dois empates (Carlsen x Kamsky e Shirov e Karjakin).
O sistema de rating no xadrez é muito interessante e realmente apresenta a força de cada jogador. Quando um jogador de rating de 2694, como é o caso de Karjakin, enfrenta um outro jogador de 2739, como é o caso de Shirov, o rating está mostrando que Shirov é favorito. Além disto, também é calculado o rating do torneio (levando em consideração somente os jogos do torneio) e este mostra que Shirov enfrentou adversários mais difíceis de forma melhor que os concorrentes: Shirov, 2896; Carlsen, 2824, Karjakin, 2788 e Kamsky, 2784). Os jogos podem ser acompanhados pela internet pela manhã no aqui:
O sistema de rating no xadrez é muito interessante e realmente apresenta a força de cada jogador. Quando um jogador de rating de 2694, como é o caso de Karjakin, enfrenta um outro jogador de 2739, como é o caso de Shirov, o rating está mostrando que Shirov é favorito. Além disto, também é calculado o rating do torneio (levando em consideração somente os jogos do torneio) e este mostra que Shirov enfrentou adversários mais difíceis de forma melhor que os concorrentes: Shirov, 2896; Carlsen, 2824, Karjakin, 2788 e Kamsky, 2784). Os jogos podem ser acompanhados pela internet pela manhã no aqui:
Burkina Faso e o Selo do Elvis
Burkina Faso é um país da África que recentemente publicou uma série de selos sobre Elvis Presley. Qual a razão disto? Geralmente pequenos países tendem a usar este tipo de receita (venda de selos, por exemplo) para obtenção de receitas adicionais. Quanto menor a economia, maior a chance disto ocorrer. Aqui, também
Faturamento das Multis
Uma notícia no sítio da Terra:
"Multinacionais dos EUA faturam três vezes mais no País"
O País refere-se ao Brasil. Como seria possível que o faturamento destas empresas seja maior no Brasil que nos Estados Unidos? O primeiro parágrafo esclarece:
"Pesquisa do Brazil-US Business Council mostra que o faturamento das empresas norte-americanas no País cresceu cerca de três vezes mais do que o crescimento que elas atingiram em outros mercados no mundo. Enquanto aqui as vendas dessas multinacionais subiram 18,8% ao ano, a média mundial de crescimento dessas mesmas empresas é de 4,8%."
P.S. Observe que o texto usou faturamento e vendas como sinônimos.
"Multinacionais dos EUA faturam três vezes mais no País"
O País refere-se ao Brasil. Como seria possível que o faturamento destas empresas seja maior no Brasil que nos Estados Unidos? O primeiro parágrafo esclarece:
"Pesquisa do Brazil-US Business Council mostra que o faturamento das empresas norte-americanas no País cresceu cerca de três vezes mais do que o crescimento que elas atingiram em outros mercados no mundo. Enquanto aqui as vendas dessas multinacionais subiram 18,8% ao ano, a média mundial de crescimento dessas mesmas empresas é de 4,8%."
P.S. Observe que o texto usou faturamento e vendas como sinônimos.
Dividendos e Contabilidade
Num artigo do Valor Econômico (O mercado de capitais e as novas propostas para os dividendos, 10/12/2007, Ruy Dourado e Rubens Cambraia) se discute o Projeto de Lei do Senado 214. Num determinado momento, o texto informa que:
Na verdade, a contabilidade não é um "instrumento" capaz de alterar o disposto na lei.
Paralelamente a esta disposição específica relacionada à negociação de ações na bolsa, a mesma lei obriga a distribuição de lucros a todos os acionistas (artigo 109, inciso I) segundo as regras dispostas no seu estatuto ou no artigo 202. Entretanto, é a companhia quem decide quando distribuí-los, conforme o artigo 192, havendo uma série de instrumentos capazes de alterar essa diretriz, ligados à contabilidade e às reservas de capital.
Na verdade, a contabilidade não é um "instrumento" capaz de alterar o disposto na lei.
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