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12 setembro 2007

Empresa Familiar

No Wall Street Journal Americas uma reportagem sobre a Casio, uma empresa familiar do Japão (Casio já cogita sair de seu reinado familiar, Yukari Iwatani Kane, The Wall Street Journal, de Tóquio, 11/09/2007). Mostra uma mudança na mentalidade de gestão de empresas familiares no Japão

(...)
Kazuo diz que ainda não decidiu quem vai sucedê-lo [na Casio]. Mesmo assim, sua determinação em entregar o poder ao candidato mais capaz é parte de uma mudança na mentalidade japonesa — um país em que as empresas freqüentemente passam para as mãos da geração mais nova da família.

Manter uma empresa na mesma família fornece estabilidade de liderança quando as coisas vão bem. Mas esses executivos freqüentemente são avessos a riscos e agem vagarosamente demais. Com o aumento da concorrência, ficou mais arriscado manter a tradição.

No Japão, tradicionalmente, as famílias fundadoras são obrigadas a abrir mão da administração de suas empresas quando as coisas vão muito mal. Toshimasa Iue, o neto do fundador da fabricante de eletrônicos Sanyo Corp., foi obrigado a sair da presidência em abril depois que a empresa foi atingida por um escândalo de contabilidade e por baixos lucros. (...)

11 setembro 2007

Rir é o melhor remédio


Propaganda do Viagra

RBC e a Anpcont

O último número da RBC apresenta uma cobertura extensa do 1o. Congresso da Anpcont. Além de uma descrição do encontro, a revista faz uma entrevista com os três diretores (Fábio Frezatti, Ilse Beuren e Jorge Niyama) e com os autores dos trabalhos premiados (dois deles ex-alunos da UnB). Além disto, publica dois destes trabalhos.

Uma justa homenagem.

Links

1. Mandelbrot em vídeo - um vídeo bacaninha
2. Jeff Skilling, ex-executivo da Enron, apelou da sentença
3. Um software que mede a quantidade do sorriso de uma pessoa
4. Propaganda da anistia internacional
5. Marcas que fazem parte do Oxford Dictionary

Não é mais Balanço Patrimonial

O Iasb anunciou no dia 6 de setembro a revisão da apresentação das demonstrações financeiras. Em outras palavras, a norma IAS 1 será modificada para, segundo o Iasb, melhorar a habilidade de análise e comparação da informação.

Entre as alterações, o Iasb informa da introdução da demonstração do comprehensive income. Além disto o Balanço Patrimonial mudará de nome para Demonstração da Posição Financeira. A norma terá efeito a partir de 1o de janeiro de 2009.

O Lobbying na regulação contábil

Não se discute a importância da lei Sarbox na contabilidade moderna. O seu impacto tem sido elogiado por alguns, que defendem a melhoria na evidenciação e nos controles internos, e criticado por outros, que acreditam que a relação custo benefício é desfavorável. Um estudo interessante analisou a Sarbox sob a ótica o lobbying durante a fase de implantação da lei. Hochberg, Sapienza e Vissing-Jorgensen, divulgaram uma pesquisa sobre o assunto com o título A Lobbying Approach to Evaluating the Sarbanes-Oxley Act. Os agentes que apresentaram sugestões no processo de regulação da lei pela SEC apresentaram características de melhorar a lei (participação positiva) ou no sentido de atrasar ou restringir seu alcance (participação negativa). Analisando as propostas que foram encaminhadas à SEC, os autores puderam identificar quais agentes econômicos (empresas, corporações, associações de classes ou até mesmo cientistas) tinham interesses na lei.

Novela e Fundo de Pensão

A novela pode afetar a credibilidade dos fundos de pensão?
Valor Econômico - 11/09/2007

As brigas e tramóias de Olavo (Wagner Moura) e Taís (Alessandra Negrini) versus Daniel (Fábio Assunção) e Paula (Alessandra Negrini) - Taís e Paula são gêmeas -, além de afetar o Grupo Cavalcante, tem respingado nos fundos de pensão brasileiros. A novela Paraíso Tropical exibida pela TV Globo tem como um de seus núcleos a trama entre Olavo e Daniel, onde o primeiro tenta de todas as formas galgar o primeiro escalão do grupo, ocupado pelo segundo.Na busca incessante pelo poder, Olavo arquitetou e concretizou a transferência de parte dos recursos financeiros do fundo de pensão criado pelo Grupo Cavalcante para uma conta no exterior, cujo titular é o Daniel. A transferência de recursos de empresa para pessoa física no exterior não é nenhuma novidade, seja em nossos telejornais, seja em nossas telenovelas. Na vida real, no entanto, Olavo teria sucesso nesta tramóia?

Conseguiria transferir recursos financeiros de um fundo de pensão brasileiro para uma pessoa física no exterior? A resposta é não.O entendimento desta afirmativa passa por algumas explicações relativas à estruturação da informação contábil dos fundos de pensão. Também é necessário abordar a importância da qualidade e veracidade das informações disponibilizadas aos participantes dessas entidades.A qualidade da informação contábil nasce no desenho organizacional do Ministério da Previdência Social (MPS), onde o Conselho de Gestão de Previdência Complementar (CGPC), órgão legislador do segmento de fundos de pensão, tem em seu colegiado, presidido pelo ministro da Previdência, integrantes da esfera pública e privada, onde se destacaria o assento destinado a Associação Brasileira das Entidades de Previdência Privada (Abrapp). Ainda olhando a estrutura organizacional do MPS, percebe-se a existência da Secretaria de Previdência Complementar (SPC), órgão fiscalizador do segmento.O desenho organizacional dos fundos também exige obediência a conceitos de governança corporativa, risco operacional, conselho fiscal, "compliance", risco de crédito, risco de mercado, planejamento de investimento, planejamento atuarial, entre outros fatores.Na ficção escrita por Gilberto Braga, Daniel, após examinar os relatórios financeiros de seu fundo de pensão, confirma o desfalque e é informado pelo advogado do Grupo Cavalcante da possibilidade de ser punido pela fraude. Esta cena nos permite alegar por hipótese que Daniel é o responsável máximo pelo fundo de pensão e o que acontece é função direta de sua gestão, de sua vontade.Na vida real dessas entidades, no entanto, esta cena teria dificuldade de ser filmada. Primeiro pela concepção do conceito de patrimônio dos fundos de pensão, isto é, o "dinheiro" pertencente ao fundo de pensão não guarda qualquer vinculo com o patrimônio da empresa patrocinadora - no caso, o Grupo Cavalcante - e sim com os empregados desta empresa empregadora. Entretanto, cabe examinar outro fator que também vem demonstrar as diferenças entre a vida real daquela proposta pelo autor da novela. Na vida real, os fundos de pensão têm, por força de lei, uma estrutura organizacional que permite a participação tanto do patrocinador como do participante na gestão estratégica da entidade, inviabilizando, portanto, que a informação da fraude chegasse em primeira mão ao presidente do Grupo Cavalcante e não ao Conselho Deliberativo do fundo.À luz da legislação vigente, o Conselho Deliberativo é o órgão máximo de um fundo de pensão, e caberá a este órgão definir, registrar e enviar ao órgão fiscalizador e a seus participantes a estratégia e aderência ao planejado, com os recursos financeiros para um período máximo de 12 meses. Ou seja, mesmo considerando que o Daniel fosse o diretor-presidente do fundo de pensão, seus atos estariam limitados à estratégia proposta pelo Conselho Deliberativo. Como na vida real, os recursos financeiros de uma entidade fechada de previdência complementar são aplicados no mercado financeiro, renda fixa, variável, etc. Por força legal, esses recursos estariam custodiados em um agente credenciado pelo mercado. O ato de transformar ativos financeiros em espécie, por si só, afetaria o planejamento, acendendo, portanto, para todo o primeiro escalão do fundo uma luz, no mínimo amarela, de que não existe aderência entre o planejado e o realizado.A qualidade da estrutura de informação contábil do segmento fechado de previdência complementar brasileiro não se esgota com estes exemplos. Na verdade, a preocupação foi de demonstrar que, como brasileiros, somos proprietários de um dos sistemas de previdência complementar mais seguro e transparente do mundo.

Paulo César Chagas é professor de Contabilidade de Previdência Complementar da Universidade Católica de Brasília


O Paulo foi aluno do mestrado. Durante o curso acredito que ele não assistia novela.