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06 setembro 2007

A idade de ouro em finanças

A sofisticação das decisões financeiras varia com a idade. Esta é uma conclusão de um estudo citado no Marginal Revolution, um blog de economia. Ao contrário da matemática, onde a idade de ouro é em torno dos 20 anos, em finanças o ponto máximo é de 53 anos! Um alento...

A Convergência seria possível?

Uma das vantagens das normas internacionais seria a possibilidade de comparar balanços de diversas empresas de diversos países. Mas será que o caminho adotado pelo Iasb torna isto possível? Esta é uma questão importante pois uma resposta negativa coloca em dúvida o esforço que está sendo realizado até o momento pelos órgãos nacionais encarregados de fazer esta convergência.

Um estudo da Moody´s sobre este assunto (Comparability of EU automakers hit by different accounting practices - Moody's, AFX International Focus, 05/09/07) entre diferentes fabricantes de automóveis que adotaram as regras do International Financial Reporting Standards mostrou diferenças na contabilidade que pode afetar medidados como o EBITDA, o passivo e o valor das pensões.

Apesar da amostra ser reduzida, sete empresas somente (Bayerische Motoren Werke AG, DaimlerChrysler AG, Fiat SpA, Peugeot SA, Renault SA, Volkswagen AG e AB Volvo) e referente a somente um ano (2006) os resultados podem ser um alerta para os reguladores. Ou não?

Uma pesquisa importante

Executivos lucram com informação privilegiada
Ganho na Bolsa é, em média, 3,8% maior que o do investidor comum
Agnaldo Brito
O Estado de São Paulo - 04/09/2007

Diretores e membros dos conselhos de administração de empresas de capital aberto faturam mais que os investidores comuns na venda e na compra de ações de empresas que administram. E o uso de informação privilegiada é apontado como a principal razão para os ganhos adicionais desse grupo, revela uma pesquisa inédita no Brasil feita pelo Centro de Estudos em Finanças da Fundação Getúlio Vargas (CEF/FGV), à qual o Estado teve acesso.

Os pesquisadores Willian Eid e Ricardo Rochman analisaram dados sobre as transações feitas por diretores e membros do conselho de administração e descobriram que, na média, esses acionistas ganharam 3,85% mais do que os investidores fora desse círculo. "Parece um porcentual pequeno, mas em transações milionárias isso representa um excepcional ganho", diz Rochman.

O uso de informação privilegiada no mercado de ações - quem faz essa operação é conhecido como insider - é crime com punição prevista na nova Lei das S.A. A pena varia de 1 a 5 anos de prisão. Casos rumorosos ocorridos recentemente no Brasil são alguns dos exemplos de como a prática pode gerar ganhos espetaculares.

Entre os episódios sob investigação da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) estão operações suspeitas ocorridas antes da compra da Suzano Petroquímica pela Petrobrás, do Grupo Ipiranga pela Petrobrás, Braskem e Ultra e da tentativa frustrada da Sadia de adquirir a Perdigão.

Segundo o ex-presidente da CVM, Luiz Leonardo Cantidiano, o sistema que fiscaliza esse tipo de prática precisa de atualização. Ele avalia, no entanto, que houve avanços nas regras e nas normas para o mercado de capitais. "O aperfeiçoamento da fiscalização, no momento em que o mercado se tornou mais forte, trouxe ao conhecimento público casos de uso de informação privilegiada."

UNIVERSO

No estudo, foram avaliadas 6.969 operações no período de março de 2001 a janeiro de 2005, feitas por diretores de 44 companhias abertas. A pesquisa observou os valores de compra e venda dos papéis. Apenas nessa amostra, esse grupo ganhou R$ 248,6 milhões a mais do que o grupo de investidores comuns. A evolução do mercado de ações e a valorização dos papéis nos últimos anos pode ter transformado grupos inteiros em milionários.

Segundo os pesquisadores, a amostra revela mais do que sorte ou talento para faturar mais do que o investidor comum. "Seria ingênuo dizer que esses operadores possuem só talento. Há indícios claros de se opera com informações privilegiadas", diz Willian Eid.

A pesquisa também apurou que essas pessoas são investidores muito mais ativos do que os comuns. Vendem e compram os papéis de empresas que representam com muito mais velocidade do que os demais. "Na média, apuramos que eles realizam sete operações diárias de compra ou de venda dos papéis. A freqüência dos investidores comuns é de no máximo uma operação por dia", explica Rochman.

Todas as operações avaliadas pelos pesquisadores da FGV são de empresas do chamado Novo Mercado, uma denominação que em princípio confere à companhia algum nível de governança corporativa. "Uma coisa é dizer que a empresa adota conceitos reconhecidos como de governança. A outra é praticá-la", diz Rochman. O uso de informação privilegiada por acionistas ligadas às empresas é uma das práticas condenadas na governança.


Esta é uma pesquisa importante e mostra que a idéia de inocência no mercado deveria ser repensada. A exigência de divulgação das operações dos executivos com ações das empresas resolveria?

Empresas inocentes

A presidente da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), Maria Helena Santana, afirmou ontem que, nos casos de vazamento de informações que estão sendo investigados, não há indícios que as empresas tenham sido negligentes. Ela se referiu tanto à compra da Suzano Petroquímica pela Petrobrás quanto à compra da Ipiranga pelo consórcio formado por Petrobrás, Braskem e Grupo Ultra.

"Elas (as empresas) não foram negligentes. Pessoas traíram a confiança ao estar de posse de informações e usá-las de forma ilegal", disse Maria Helena durante audiência pública promovida pela Comissão de Minas e Energia da Câmara dos Deputados para discutir os casos. (...)



Empresas são inocentes, diz CVM, Leonardo Goy, Estado de S. Paulo, 06/09/2007

É difícil acreditar nisto. Quem são as "pessoas" que traíram a confiança? Como as empresas deixaram que estas pessoas tivessem esta informação?

Brasil pode ser muito afetado pela crise, segundo a ONU

A ONU alerta que uma real turbulência no mercado financeiro internacional ainda virá, que a crise pode se aprofundar e que, nesse cenário, o Brasil será um dos países mais afetados. (...) Para a ONU, o resultado da política monetária brasileira é "decepcionante", os custos são "insustentáveis para a economia real" e a especulação do real só tende a crescer. (...)

Na opinião de Flassbeck, a decisão do Banco Central de acumular reservas ao mesmo tempo que mantém juros altos está "equivocada". "Os custos de manter essa reserva são enormes e quem está pagando por isso são os contribuintes ."

(...) Segundo o documento, as altas taxas de juros, aliadas à valorização do câmbio, acabam criando oportunidades para a especulação internacional com o real. O resultado disso é uma queda também na competitividade brasileira. A especulação seria tão intensa em volume como nos momentos antes do regime monetário adotado em 1999.

ONU vê mais problemas para o Brasil, Jamil Chade, O Estado de São Paulo, 06/09/2007

Donos de Veículos ignoram recall

Segundo notícia do jornal Estado de S. Paulo, 40% dos proprietários de veículos não fazem o recall (40% dos donos de veículos ignoram recall, diz pesquisa, Cleide Silva, 04/09/2007). Esta pesquisa foi realizada entre 5,3 milhões de automóveis que foram convocados nos últimos dez anos no Brasil.

Eis aqui um assunto interessante para a contabilidade. Um chamado de recall significa para uma empresa automobilística um passivo, pois ampliará suas obrigações. Apesar do recall abranger uma grande quantidade de veículos, nem todos o fazem. Isto significa que a estimativa do passivo deve levar este fato em consideração.

05 setembro 2007

Corinthians e notas frias

Polícia faz apreensão de documentos na sede do Corinthians

Robson Morelli - Jornal da Tarde

SÃO PAULO - Policiais do Deic (Departamento Estadual de Investigações Criminais) fizeram, na tarde desta terça-feira, uma operação no Parque São Jorge em busca de documentos. Em conjunto com o Ministério Público Estadual, a operação investiga a emissão de cerca de 80 notas frias que teriam lesado as finanças do Corinthians. Entre os acusados estão o presidente Alberto Dualib e o vice Nesi Curi, que estão afastados dos cargos.

Os policiais deixaram o local carregando diversos papéis e computadores que foram apreendidos na sede corintiana. A empresa N.B.L. Serviços Contábeis é acusada de vender notas falsas e simular a prestação de serviços que nunca realizou ao time. O esquema, que aconteceu entre 2000 e 2005, pode ter deixado um rombo de R$ 436,5 mil nos cofres do Corinthians.

A operação foi comandada pela delegada Ines Cunha e acompanhada pelos promotores Reinaldo Guimarães Carneiro e Roberto Porto, que fizeram a denúncia - todos estiveram no Parque São Jorge. Momentos antes, os investigadores compareceram à sede da empresa N.B.L., localizada no bairro de Perdizes (zona oeste de São Paulo), e também apreenderam notas e documentos.

Assim como Alberto Dualib e Nesi Curi, o proprietário da N.B.L., Juraci Benedito, também é acusado de formação de quadrilha e lavagem de dinheiro.

Em declarações aos promotores, Benedito chegou a admitir que recebeu mensalmente, durante seis anos, R$ 17 mil. Durante este período, foi comum Dualib assinar dois ou três pagamentos, de valores diferentes da empresa, no mesmo dia. Em 20 de janeiro de 2004, por exemplo, o escritório de contabilidade cobrou do clube, em três notas (248, 249, 250), três quantias diferentes: R$ 9.000,00; R$ 3.250,00; R$ 1.500,00 - total de R$ 13.750,00.

O Deic, além de ouvir os cartolas corintianos e o dono da empresa de contabilidade, vai interrogar Marcos Roberto, controlador financeiro do Corinthians levado ao clube naquela época pelas mãos do presidente Dualib, e Daniel Espíndola, seu diretor administrativo de recursos humanos.