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16 agosto 2007

Passivo e Advogados

Advogados defendem que OAB deva participar da normatização contábil (vide negrito):

Para os advogados que militam na área tributária, especialmente os que atuam com planejamento tributário, a expressão "possível contingência", tal qual a adotada pelo Conselho Federal de Contabilidade (CFC) e pelo Instituto dos Auditores Independentes do Brasil (Ibracon), vem causando uma série de dúvidas e até alguns transtornos, especialmente no que tange à elaboração dos relatórios solicitados pelos auditores independentes para fins de auditoria dos balanços das empresas - a chamada circularização dos consultores jurídicos, prevista na Resolução nº 1.022, de 2005, do CFC. Isto porque operações legalmente estruturadas estão sendo questionadas por alguns auditores no sentido de classificá-las como possíveis contingências.

No entendimento deles, devem ser inseridas ressalvas a essas operações no balanço das empresas, com o detalhamento de todas as suas etapas e os respectivos dispositivos legais que, na avaliação dos mesmos, serviriam de base para uma eventual autuação por parte do fisco.Como se não bastasse, esta pretensão persiste nos casos em que já houve uma ou mais fiscalizações formais por parte do ente tributante, não tendo este constatado nenhuma ilegalidade. O agravante é que os contadores responsáveis pelos balanços das empresas tendem a criar empecilhos para assinar os mesmos se os pontos levantados pelos auditores não forem devidamente mencionados nas ressalvas.Esta postura por parte destes auditores e contadores decorre, certamente, do receio de que venham a ser questionados, e até sancionados - seja por parte do CFC, seja por parte do próprio fisco -, sobre o fato de não terem reportado tais contingências de forma transparente. Os advogados, por sua vez, tendem a fazer a interpretação jurídica dos normativos emanados pelo CFC e pelo Ibracon, que em boa parte dos casos diverge da realizada por auditores e contadores. Isto acontece devido à ausência de normativos emanados pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) no sentido de classificar/definir o que vem a ser uma possível contingência. A divergência ocorre principalmente por conta da própria acepção da palavra "contingência", que significa ao mesmo tempo algo que pode acontecer (definição metafísica) ou algo que não sabemos se pode acontecer ou não (definição epistemológica).As dúvidas e transtornos mencionadas aprofundaram-se com o advento da Deliberação nº 489, de 2005, da Comissão de Valores Mobiliário (CVM), que aprovou e tornou obrigatório o Pronunciamento NPC nº 22 do Ibracon sobre provisões, passivos, contingências passivas e contingências ativas para as companhias de capital aberto no que tange às demonstrações contábeis que abrangem os períodos que se iniciam em 1º de janeiro de 2006. Isto porque, com base no referido documento, uma contingência passiva é definida como (1) uma possível obrigação presente cuja existência será confirmada somente pela ocorrência ou não de um ou mais eventos futuros, que não estejam totalmente sob o controle da entidade ou (2) uma obrigação presente que surge de eventos passados. Na segunda hipótese, temos ainda que a contingência passiva pode não ser reconhecida porque (1) é improvável que a entidade tenha de liquidá-la ou (2) o valor da obrigação não pode ser mensurado com suficiente segurança.Desta forma, toda e qualquer operação de planejamento tributário realizada pelas empresas que não tenha sido submetida a exame por parte dos tribunais administrativos e/ou judiciais poderia ser enquadrada como uma possível contingência. Ou seja, seria passível de divulgação em seus balanços, na medida em que poderia ou não ser questionada pelo fisco, gerando, assim, uma obrigação.Além disso, em alguns casos, nem mesmo após o exame da operação por parte desses tribunais seria possível que se chegasse a um consenso sobre a classificação mencionada. Isto porque este primeiro entendimento poderia ser alterado posteriormente, como bem vimos no vai-e-vem das decisões em torno do caso do crédito-prêmio IPI. Isto é, por conta da insegurança jurídica que vigora no Brasil, o impasse da classificação do que vem a ser uma possível contingência iria persistir.Convém destacar que a problemática repercute não somente nos casos de planejamento tributário, mas também nos casos de natureza contenciosa, como, por exemplo, nas demandas judiciais nas áreas cível, ambiental e trabalhista. Nesses casos, a falta de critério jurídico para a análise de contingências tem levado à realização de classificações equivocadas acerca dos riscos judiciais nos quais estão incorridas as companhias, resultando, em boa parte das vezes, em uma contingência maior do que a prevista anteriormente.O impasse em torno da classificação de contingências poderia ser dirimido, ou ao menos atenuado, por meio da elaboração conjunta de normativos por parte do CFC, do Ibracon, da CVM e da OAB, pela qual as contingências passariam a ser analisadas sob todos os pontos de vista cabíveis, para que, assim, auditores, contadores e advogados cheguem a um consenso sobre o enquadramento da contingência, isto é, se ela é provável, possível ou remota.Para esta elaboração conjunta, acreditamos que um modelo que poderia servir de referência para o Brasil é o da Inglaterra e País de Gales. Nestes países, o Institute of Chartered Accountants - órgão equivalente ao CFC brasileiro - trabalhou em conjunto com a Law Society - que equivale à OAB britânica - na elaboração do "Statement 903" do "Auditing Standards and Guidance for Members", que tratava da apuração e confirmação de contingências decorrentes de questões legais.Tendo em vista o crescente número de IPOs no Brasil, bem como o aumento das atividades transnacionais das empresas brasileiras, as quais necessitam de planejamentos tributários complexos, urge a adoção de medidas conjuntas por parte das entidades de classe e dos órgãos reguladores para minimizar a publicação de ressalvas nos balanços. Isto porque, além de abrirem espaço para autuações descabidas por parte do fisco, as mesmas poderiam levar à desvalorização das ações destas companhias nas bolsas de valores.

Robert Ellis Williams e Luís Guilherme B. Gonçalves
Classificação contábil X classificação jurídica - Valor Econômico - 16/08/2007
Grifo meu.

Diretor Financeiro

(...) O diretor financeiro, depois dos grandes escândalos empresariais nos Estados Unidos, assumiu a posição de uma espécie de guardião das boas práticas de governança corporativa, diz Antonio de Pádua Santos Teixeira, presidente da PKT Desenvolvimento Empresarial, consultoria que é parceira da Fundação Dom Cabral no programa Paex- Parceria para Excelência.

"O novo diretor financeiro não pode ser mais aquele que cuida apenas dos números precisa estar preparado para participar das decisões estratégicas da companhia. Antes o diretor financeiro era o especialista em números e em geral tendia a adotar uma posição bastante conservadora em relação ao crescimento da empresa, por exemplo", conta Teixeira. Num passado recente o perfil de profissional que ocupava o cargo de diretor financeiro costumava ser o de uma pessoa mais introvertida. Hoje isso mudou e o profissional da área precisa ter mais poder de comunicação interna e externa. "Ele não é o salvador da pátria, mas é o cara que mais entende da gestão financeira da empresa e precisa saber compartilhar isso para ajudar na tomada decisões estratégicas para o crescimento do negócio", acrescenta.


Diretor financeiro é o novo guardião de boas práticas nas empresas
Gazeta Mercantil - 16/08/2007 (Gazeta Mercantil/Finanças & Mercados - Pág. 6)(Lucia Rebouças)

Wikipedia

A enciclopédia Wikipedia tem um grau de flexibilidade que permite que novas informações sejam rapidamente incorporadas ao seu conteúdo. A principal crítica é a falta de confiança, pois qualquer pessoa pode participar do processo de construção da Wiki.

Este problema foi destacado agora pela BBC News, que informou que a CIA tem "ajudado" na construção de certos verbetes da enciclopédia, como o do presidente do Irã.

Através do IP da máquina que faz a edição do verbete é possível verificar a origem da informação. Mas interessante notar que logo após a denúncia, a Wikipedia colocou um alerta sobre a parcialidade do verbete (clique aqui para ver)

Siemens

No final de 2006 este blog deu a notícia do escândalo contábil na empresa Siemens (aqui). Desde então, as investigações estão andamento.

Uma reportagem do Wall Street Journal mostra as razões da demora nas investigações:

(...) Pessoas que têm acompanhado as investigações dizem que os diretores das várias unidades de negócios da Siemens, assim como diretores regionais nos 190 países nos quais a empresa trabalha, tiveram muita autonomia nos últimos anos. Isso incluiu o poder de elaborar vagos contratos de consultoria com terceiros que investigadores criminais suspeitam terem sido usados para transferir propinas a clientes potenciais. A reconstituição dos fatos está exigindo uma investigação intensa não apenas na matriz de Munique, como também em seus escritórios em outros países.

O escritório de advocacia Debevoise & Plimpton LLP foi contratado pelo conglomerado em dezembro para investigar a fundo as alegações de irregularidades. Mas recentemente a firma informou o conselho supervisor da Siemens, que não é integrado por membros da diretoria, que diretores de algumas unidades estrangeiras não têm cooperado, disseram membros do conselho ao Wall Street Journal.

(...) A empresa recusa-se a entrar em detalhes de muitos aspectos da investigação. Mas em seu mais recente informe à Securities and Exchange Commission, a comissão de valores mobiliários americana, na sexta-feira, a Siemens reconheceu que "incertezas substanciais permanecem" e que "ainda não tem informação suficiente" para estimar o dano financeiro potencial causado pelos supostos delitos.

Ela também informou que o problema pode ser muito maior que o indicado em dezembro, quando identificou 420 milhões de euros em transações suspeitas em sua unidade de equipamentos de telecomunicações nos últimos sete anos.

Investigação na Siemens se arrasta e cria desafios para novo presidente
Mike Esterl e David Crawford
The Wall Street Journal - 16/08/2007

15 agosto 2007

Rir é o melhor remédio

Como o mundo mudou em 500 anos


O mapa mostra a riqueza do mundo em 1500, de forma proporcional. É possível perceber que as potências da época eram os países europeus além da Índia e China.



Já este mapa mostra a riqueza no ano de 2002. Os países da Europa ainda possuem força econômica, mas Índia e China estão menores, proporcionalmente. Quem cresceu no período foi a América, inclusive a América Latina.

Ensino universitário

O Ensino universitário que não temos
10/08/2007 - 08:49

Um olhar detalhado e crítico sobre a vida universitária no Brasil leva-me à triste conclusão de que, salvo honrosas exceções em termos de cursos, docentes e alunos, as universidades que temos aqui não conseguiram construir uma mentalidade acadêmica producente, como a que existe e vigora na Europa, e nos Estados Unidos.

Percebo que a falta de uma vida acadêmica nos moldes mais tradicionais, algo próximo daquilo que vemos na França, Inglaterra, Estados Unidos ou na Alemanha - para citar alguns exemplos -, não permite aos nossos estudantes da graduação uma real imersão no espírito de pesquisa, formação, estudos acadêmicos e aperfeiçoamento profissional, humano e técnico que as universidades deveriam lhes proporcionar.

E o que quero dizer com vida acadêmica? Refiro-me à vivência acadêmica traduzida num compromisso que leve o aluno a estudar com vigor, a freqüentar a biblioteca da instituição, a fazer pesquisas de campo, a participar de aulas práticas com regularidade, a ter aulas que lhes cobrem o máximo de aprofundamento e dedicação (é isso mesmo, acho que temos que ser mais rigorosos com nossos educadores), e a envolver-se com os eventos culturais e científicos promovidos nos campi. Como não temos essa realidade dominando o cenário nacional, as perspectivas de um futuro melhor para as universidades continuam pouco promissoras.

É verdade que nossas universidades federais e algumas particulares perseguem a aura de instituições reconhecidas pela qualidade de seus cursos e produtividade científica. Não há como negar que a USP, a Unicamp, a UFRJ (Federal do Rio de Janeiro), a UFMG (Federal de Minas), o Ita (Instituto Tecnológico de Aeronáutica) - apenas para mencionar alguns reconhecidos casos de qualidade - , ou ainda as PUCs (Pontifícias Universidades Católicas, apesar da grave crise que atormenta a PUC de São Paulo), a FAAP (Fundação Armando Álvares Penteado), a FGV (Fundação Getúlio Vargas), que representam o que há de melhor em termos de universidades privadas -, têm como propósito consolidar a qualidade no ensino superior brasileiro.

Ainda assim, falta no Brasil a cultura universitária que existe em muitos países e que permite a formação integral de profissionais capacitados a ingressar no mercado. Nessas instituições, os estudos são prioritários, os professores são valorizados e instados a pesquisar, há uma integração com o mercado, avalia-se com rigor o desenvolvimento dos estudantes.

Os rumos da Educação demandam comprometimento por parte das autoridades públicas. No Brasil, sabemos que os investimentos em Educação não são prioridade, apenas fazem parte de um discurso eleitoreiro. Creio, sinceramente, que a via prioritária para que qualquer país se emancipe econômica, social, política e culturalmente passa pela educação de qualidade em todos os níveis.

Nesse sentido, é preciso destacar que as novas instituições privadas de ensino surgidas nos últimos 10 ou 15 anos no país também devem repensar suas estruturas. Essas universidades ou faculdades estão focadas em oferecer uma infra-estrutura bastante qualificada - com instalações novas, quadras, boas bibliotecas, laboratórios de informática conectados à rede mundial de computadores -, mas carecem de uma maior preocupação com a qualificação do corpo docente.

A porta de entrada para o ensino superior de qualidade também passa pela incorporação das tecnologias, mas é essencial que o trabalho dos educadores seja prestigiado e que o corpo docente seja formado por mestres e doutores. Reina entre elas, infelizmente, uma mentalidade mercantilista em relação ao ensino. Por esse motivo se preocupam em oferecer um belo cartão de visitas e procuram economizar na contratação dos docentes.

Não podemos também esquecer que aos estudantes compete encarar com seriedade os estudos na Universidade, o que não ocorre em muitos casos. A avaliação dos estudantes, realizada no ensino superior, tem que ser mais rigorosa, tendo por base a leitura, a participação do aluno em sala de aula, em pesquisas e o seu grau de comprometimento com o saber. E os alunos têm que também partilhar, com maturidade, dessas exigências.

Se a formação universitária for deficiente e os graduandos forem aprovados, o custo maior será pago por esses estudantes quando tentarem ingressar no mercado de trabalho, onde acabarão sendo irremediavelmente reprovados.

Por: João Luís Almeida Machado, editor do portal Planeta Educação (www.planetaeducação.com.br), mestre em Educação, Arte e História da Cultura, professor universitário e pesquisador


Enviado por Ricardo Viana