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13 agosto 2007

Bom demais para ser verdade

De artigo publicado hoje na Gazeta Mercantil:

Em 13 de julho de 2007, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) publicou a Instrução CVM 457, que dispõe sobre a elaboração e divulgação de demonstrações financeiras consolidadas, com base no padrão contábil internacional. Referida instrução permite às companhias abertas, no período de 2007 a 2009, a opção de apresentar suas demonstrações financeiras consolidadas seguindo as normas do International Accounting Standard Board (IASB). Porém, a partir do exercício social findo em 2010, torna obrigatória às companhias abertas no Brasil, a apresentação das suas demonstrações financeiras consolidadas segundo as normas do IASB. (...)

Além disso, a análise de demonstrações financeiras em um padrão contábil com o qual o investidor já está familiarizado e que dispensa o estudo de entendimento de diferenças de regras de contabilização confere maior facilidade na análise das demonstrações financeiras das companhias abertas.


Direito Corporativo - Padrão contábil internacional - Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 10)(Carlos Alexandre Lobo

As normas do Iasb são flexíveis o suficiente em certos itens, permitindo a cada país adotar uma ou outra opção. Deste modo, é muito otimismo considerar que a adoção do Iasb significará que o investidor estará dispensado do entendimento das diferenças existentes em cada país.

Ibase torna-se mais restritivo

Conforme publicado anteriormente neste blog (aqui e aqui), o Ibase aumentou o rigor no seu selo Ibase. Agora, notícia da Gazeta Mercantil informa que o número de empresas diminuiu mais ainda. O maior rigor valoriza a empresa que obteve a distinção do Ibase.



Governança Corporativa
Despenca número de empresas com selo Ibase
Gazeta Mercantil - 13/08/2007

São Paulo, 13 de Agosto de 2007 - O Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase) divulgou na sexta-feira que apenas 17 companhias brasileiras foram aprovadas para usar o selo da entidade aprovando a qualidade do Balanço Social do exercício de 2006. Dentre elas, apenas quatro - Cosern, Coelce, Cedro e Cachoeira e Petrobras - são listadas na Bovespa, sendo que apenas a última faz parte do Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE), indicador que lista companhias com níveis superiores de boas práticas socioambientais.

As demais - Antonio Ruette AgroIndustrial, Cocam, Copag, Dori, Icec, Masa, Nardini, Refrigerantes Marajá, Saint-Gobain Canalização, Sanasa, Usina Alvorada, Usina São Domingos e Vale do Avaí - são empresas menos conhecidas.

Numa primeira etapa, apenas treze atenderam plenamente à nova exigência. Outras quatro, incluindo a Petrobras, refizeram seus balan-ços, acrescentando as informações requeridas e também tiveram o selo.

Mais exigente

De acordo com o coordenador do projeto Balanço Social e Responsabilidade Social Corporativa do Ibase, Ciro Torres, a queda deve-se principalmente à exigência de que as empresas garantam de 2% a 5% de seus cargos para pessoas portadoras de deficiência física. Das 60 empresas que requisitaram o Selo este ano, 22 foram desclassificadas logo no início porque não atendiam esse critério.

Segundo ele, a queda no número de aprovadas já era esperada. "Quisemos dar uma chacoalhada nas empresas", diz.

Segundo ele, com o aumento do rigor, o Ibase sinaliza às companhias que elas devem usar o balanço social como estratégia de gestão e não apenas para conseguir um reconhecimento público. "Decidimos dizer não a relatórios que não mostram evolução das empresas em aspectos sociais".

Criado há dez anos, o selo Ibase é hoje usado por cerca de 400 companhias como referência para a confecção do relatório de suas atividades socioambientais. Até o ano passado, pouco mais de 10% delas conseguiam o selo. Agora, este percentual caiu abaixo de 5%. Ainda assim, o número de inscritas para obter a certificação vem crescendo. No ano passado, foram 54. Em 2007, foram 60 candidatas.

(Gazeta Mercantil/Finanças & Mercados - Pág. 4)(Aluísio Alves)

Remuneração e IPO

Um artigo no Valor Econômico (Os impactos da remuneração executiva nos processos de IPO, Valor Econômico - 13/08/2007) tenta vincular a oferta pública de ação a uma boa estrutura de remuneração. O início do texto destaca a situação atual do mercado de capitais, onde a oferta pública de ação (IPO) é destacada. A partir da questão do "grau de comprometimento dos executivos" da empresa que participa da IPO, o texto inicia-se um vínculo entre IPO e remuneração.

Uma das perguntas-chave, sempre feita por analistas, está relacionada ao grau de comprometimento dos executivos com o projeto e ao tempo de permanência deles no negócio. É preciso assegurar se aquele time ficará na companhia até a obtenção de resultados.


Entretanto, geralmente a empresa que faz a oferta pública de ação possui nos seus quadros pessoas vinculadas a "família" proprietária da empresa, geralmente parentes e pessoas de confiança dos donos. Mas o artigo tenta mostrar que mesmo assim, a política de remuneração é importante:

Sob este ponto de vista, um modelo de remuneração executiva de longo prazo é quase mandatório nos processos de IPO. Atrelado à valorização das ações ou ao retorno sobre o investimento, o enfoque da política de remuneração deve levar em conta os aspectos do mercado, mostrando o compromisso com o projeto apresentado e o dos executivos, garantindo que o sucesso do IPO proverá oportunidade de ganho justa para o profissional.E duas variáveis devem ser consideradas na elaboração da política de remuneração executiva: o valor e o tempo mínimo necessário de permanência do profissional na empresa. Companhias de origem familiar, por exemplo, têm uma visão de perenidade do negócio e adotam políticas com prazos maiores de retorno, aumentando a necessidade de reter os talentos por períodos mais longos.



O texto é de Leonardo Fialho Salgado, Hay Group.

Contabilidade e Futebol: Corinthians

Auditoria de fraude nas contas inicia amanhã Comissão de seis pessoas analisará gastos na gestão MSI/Corinthians desde o fim de 2004
Fábio Hecico - O Estado de São Paulo - 13/08/2007

O que o presidente licenciado Alberto Dualib mais temia no Corinthians - além do impeachment, é claro -, começará amanhã à tarde, no Parque São Jorge. Uma comissão formada por seis pessoas dará início às investigações nas contas do clube. Todos os documentos referentes à parceria com a MSI serão analisados. A auditoria municiará as comissões contra a parceira - encabeçada por Rubens Approbato Machado - e do impeachment - liderada por Alexandre Husni - de dados que serão levados à decisiva reunião do conselho que ratificará rompimento com a MSI e a destituição definitiva de Dualib. (...)

A estrutura de custo e o atraso nos aviões

O blog Posner e Becker apresenta a cada semana um problema sob o ponto de vista destes dois economistas. Geralmente um deles levanta um assunto e o outro apresenta a sua opinião.

Nesta semana o tema é o atraso nos aviões. Ambos (aqui e aqui) opinam sobre os constantes atrasos nos vôos nos Estados Unidos é decorrente da estrutura de custos das empresas aéreas. Como o custo fixo é elevado, a empresas optam por atrasar as saídas para obter a maior ocupação possível.

Prêmio pelo risco

Em busca do prêmio perdido
Por Catherine Vieira - Valor Econômico - 10/08/2007

Nestes tempos de turbulências, o que mais os investidores gostariam de ter seria uma bola de cristal que dissesse como vão caminhar as bolsas. O economista especializado em finanças John Campbell, da Universidade de Harvard, infelizmente ainda não criou a engenhoca, mas contou pela primeira vez a uma platéia de brasileiros na semana passada alguns de seus pensamentos sobre os rumos do mercado acionário global.

Com o mundo de olho na economia americana e nos problemas de crédito iniciado pelo setor de hipotecas de alto risco dos EUA (os chamados "subprime"), é preciso começar a se preocupar seriamente? Para Campbell, é importante ser cauteloso, pois provavelmente a economia americana não vai crescer no mesmo ritmo nos próximos tempos, mas, na sua avaliação, o resto do mundo poderia compensar isso. "O crescimento da Europa e sobretudo da Ásia podem atenuar os efeitos", disse ele. "É interessante notar que na China, por exemplo, os mercados foram mais resistentes às turbulências, isso foi um aspecto interessante".

Segundo ele, é possível que o mundo esteja observando um novo padrão nos mercados, diferente daqueles do fim do século passado. O que poderia indicar uma espécie de híbrido de touro com urso. Nos Estados Unidos, o "bullish" (que vem de touro) é sinônimo de mercado em tendência de alta enquanto o "bearish", o urso, é o mercado em baixa, numa alusão às figuras que formam as curvas de tendências. "Será que existe um meio termo entre o urso e o touro", perguntou Campbell à platéia da palestra que fez no Rio a convite da Mellon Global Investments e da Fundação Getúlio Vargas (FGV) sobre o tema "Quão grande é o prêmio das ações hoje?"

O economista apontou que, se os prêmios médios da renda variável vêm caindo no mundo todo, ainda há ágios a serem capturados. Além disso, o investidor pode ser complementado com a seleção de ativos alternativos. O início dessa diversificação já começou nos últimos tempos, beneficiando ativos de mercados emergentes, por exemplo. Ele citou como exemplo o próprio portfólio da Harvard Management Company, que já deu início a essa diversificação, alocando mais em "'private equity' e ativos de mercados emergentes".

Após testar alguns modelos, Campbell mostrou que seria razoável assumir que o prêmio médio global da renda variável hoje está em torno de 3,4%. Esse prêmio seria a média de ganho que poderia ser obtida acima dos ativos livres de risco. Como referência de ativo livre de risco ele usou os títulos americanos de longo prazo atrelados à inflação.

Segundo dados pesquisados por Campbell, num cenário otimista, esse prêmio médio poderia ser de 5,2%, caso a recente lucratividade das companhias continue sustentada com alto índice de reinvestimento nos negócios. "Mas se as médias de lucratividade e investimento caírem aos níveis médios do fim do século XX, então, esse prêmio seria de 2,8%", explicou o economista. No meio do caminho, se encontra o percentual de 3,4%.

O mercado americano, disse ele, é o mais afetado pelas estimativas de lucratividade, por isso poderia ter um prêmio médio um pouco superior à média mundial, de 3,6%. "Mas particularmente no caso dos Estados Unidos não devemos esperar que o futuro seja tão bom quanto o passado", afirmou Campbell.

Outra ressalva importante feita pelo economista é que o cenário de bonança da economia mundial contribuiu decisivamente nos últimos anos. "É importante notar que esses prêmios só estão nesses níveis porque as taxas de juros de longo prazo estão baixas", ressaltou ele. Ou seja, num cenário de política econômica mais restritiva com maior juro e menor crescimento mundial, as contas mudariam.

"Os métodos confiáveis para estimar o 'equity premium' (prêmio das ações) mostram números positivos, embora menores do que os excessos dos retornos históricos na maioria dos países", observou Campbell. "Esses números, porém, são mensurados em relação a uma taxa de juro de longo prazo média pouco acima de 2%, sendo que, nos anos 90, essa mesma taxa era de 3,5%", destacou o professor. "Em resposta a retornos reais menores, muitos investidores diversificaram agressivamente seus portfólios, mas ainda há recompensas para a diversificação inteligente", disse Campbell.

Ele evitou fazer previsões específicas sobre o mercado brasileiro, que disse conhecer pouco. "Espero aprender mais sobre isso com essa visita", afirmou. Questionado se a recente febre de lançamentos de ações na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) não poderia ser sintoma de uma bolha, Campbell disse: "Realmente um 'boom' de IPOs costuma ser um dos sintomas de que pode existir algum tipo de bolha, mas, no caso específico, é preciso analisar com cuidado e não necessariamente se trata disso", afirmou ele. "Há mercados nos quais a base anterior era muito baixa e onde havia uma demanda reprimida grande das companhias por esses recursos do mercado de capitais".

Segundo Delano Franco, diretor da Mellon e que mediou o encontro junto com Marco Bonomo, da FGV, a idéia é trazer mais especialistas estrangeiros para palestras desse tipo. "Há uma receptividade para esse tipo de evento. Os clientes têm uma curiosidade grande sobre visões de especialistas como John Campbell. Isso contribui para diversificar o debate", conclui ele, que já planeja um novo evento para o primeiro semestre do próximo ano.


Enviado por Ricardo Viana

Investimento de longo prazo

Persevere e triunfarás
Por Adriana Cotias - Valor Econômico - 09/08/2007

Um estrangeiro que tivesse trazido para o Brasil US$ 1 milhão em meados de 2002 e aplicado em uma determinada cesta de ações poderia ver seu patrimônio multiplicado por quase 25 vezes de lá para cá. Se esse capital tivesse aportado por aqui em 1992, teria 68 vezes mais o que possuía e, em 20 anos, o seu milhão teria se transformado em mais de US$ 145 milhões. Esses números são um bom indício de que, nestes tempos de fortes sacolejadas no mercado de ações, a melhor resposta para o aplicador pode ser o longo prazo. Se tiver uma carteira composta por papéis de empresas com bons fundamentos, com perspectivas de expansão para o negócio e crescimento de resultados, não há por que a estratégia de investimento não sair a contento, neutralizando as intempéries vividas em intervalos mais curtos.

Foi sob essa perspectiva que a GAS Investimentos fez uma simulação com uma cesta de dez ações em diferentes janelas de tempo: 5,10, 15 e 20 anos, distribuindo uma aplicação hipotética de US$ 100 mil em cada uma das empresas eleitas. A seleção incluiu Petrobras, Banco do Brasil, Itaúsa, Bradesco, Vale do Rio Doce, Cemig, Unibanco, Randon e Gerdau Metalúrgica , papéis de longa data negociados no pregão e com liquidez razoável. Assim, pôde constatar que mesmo que a gestão não seja das mais ativas, se as escolhas estiverem afinadas, a paciência do aplicador costuma ser recompensada.

Nos últimos cinco anos, o aplicador teria obtido uma valorização, em dólares, de 2.342%, acima do Índice Bovespa (Ibovespa), de 913%, ou do Dow Jones Industrial, de 51%. É claro que nesse período, a conta acabou sendo inflada pela fantástica valorização do real em relação à moeda americana. Mas olhando no prazo mais longo, o investidor teria conseguido, em 20 anos, um retorno médio anual consistente, de 28,3%.

Essa é uma lição para os tempos de intensa volatilidade, afirma o sócio da GAS e autor do levantamento, Alexandre Abuleac. "O investidor, quando faz aplicação em bolsa, se ele está calçado em empresas com bons fundamentos, não pode ficar olhando para o que acontece no curto prazo." A gestora tem como política comprar fatias consideráveis de empresas - ocupando até assentos nos conselhos de administração -, que acredita ter potencial de gerar valor para os minoritários, sem mexer muito nas suas carteiras. "É preciso buscar o retorno no longo prazo, evitar ficar comprando e vendendo e isso vale tanto para a gestão profissional quanto para o pequeno investidor", defende.

Com a herança cultural e financeira do pai, Leivi Abuleac, um dos maiores acionistas individuais do sistema Telebrás no período que antecedeu a privatização, ele ensina que o aplicador de bolsa não deve esperar dobrar de patrimônio em um ano. Mas se conseguir, na média, retornos na casa dos 28% (em dólares), como o observado no intervalo de 20 anos do seu estudo, é uma rentabilidade pra lá de excelente.

Quem entende muito bem de longo prazo é Dório Ferman, o comandante à frente do Lógica II, da Opportunity Asset Management, um dos fundos de ações mais antigos do mercado brasileiro. Criado em março de 1986, no limiar do Plano Cruzado, a gestão atravessou toda sorte de crises e planos econômicos. É por isso que se acostumou a olhar o risco de uma forma diferente da convencional, conta Ferman. "A gente não se impressiona com a volatilidade do dia-a-dia e só avalia se há risco de ocorrer uma crise econômica mais à frente", diz.

Para ele, os riscos no mercado hoje são até menores do que há seis meses, quando a bolsa chinesa caiu 8,5% num único dia, chacoalhando os mercados mundiais e a turbulência foi seguida pelos primeiros indícios de que as hipotecas americanas de alto risco ("subprime") trariam problemas. "A diferença é que agora os riscos estão refletidos nos preços e é isso que nos dá oportunidade de usar o caixa livre para fazer compras em condições mais interessantes."

As aquisições para a carteira do Lógica nunca são para giro rápido, embora seja comum a gestão movimentar todo o portfólio em intervalos de um ano. A posição mais antiga, carregada por mais de 15 anos, conta Ferman, foi de ações ordinárias (ON, com direito a voto) da Petrobras. "Compramos os papéis quando valiam metade do preço das preferenciais e vendemos quando passaram a custar 20% mais." Não há preconceitos na escolha do portfólio, composto por "blue chips" e ações de segunda linha. O mix atual é formado por bancos (34%), incluindo os de menor porte recém-chegados à bolsa; energia elétrica (23%); mineração e siderurgia (15%), o setor imobiliário (8%), também cheio de novatas, com Agra, Abyara, Even, MRV , Tecnisa e Rossi, além de ter uma pequena exposição em tecnologia, com Bematech e Positivo.

Sentar e esperar os resultados frutificarem com uma paciência de Jó é a cultura que vem sendo transmitida pela Geração Futuro aos investidores do seu fundo de ações, que acaba de completar dez anos. Na carteira, há papéis com igual longevidade, caso de Plascar ON, do setor de autopeças. Nesse período, a gestão se defrontou com episódios tão diversos como a mudança do controle da empresa ou a recente incursão no Novo Mercado. "O que temos reafirmado para o cotista é para ele não se desfazer do seu projeto de investimento e manter uma programação de aportes mesmo quando a bolsa cai", diz o diretor Wagner Salaverry. "Nos últimos anos, o aplicador se acostumou a um longo período de alta e ele acabou esquecendo que a volatilidade é inerente ao mercado."

Outras veteranas da carteira da Geração são as ações preferenciais (PN, sem direito a voto) da Randon, também da cadeia do setor automobilístico, e a fabricante de armas Forjas Taurus. A baixa liquidez desses ativos é balanceada com papéis de primeiríssima linha como Petrobras, Usiminas, Gerdau e VCP. Nos momentos de baixa da bolsa, a gestão aproveita para aumentar a participação em certas empresas. O desinvestimento, em alguns casos, tem sido feito por meio de ofertas públicas secundárias, como foi em Guararapes e Randon.


Enviado por Ricardo Viana