Considerada a salvação para as finanças públicas, a Lei de Responsabilidade Fiscal sofre outra perda. Segundo notícia do Valor Econômico (STF isenta Poderes de prestar contas ao chefe do Executivo, 09/08/2007)
O Supremo Tribunal Federal (STF) suspendeu, ontem, dois artigos da Lei de Responsabilidade Fiscal, em atendimento a uma ação proposta pelo PT quando o partido era oposição ao governo federal. Os ministros do Supremo concluíram que os chefes dos Poderes Judiciário, Legislativo e do Ministério Público não devem ser obrigados a prestar as suas contas ao chefe do Executivo. A decisão foi unânime e encerra o julgamento sobre vários artigos da LRF que começou em 2000. Em outubro daquele ano, o STF manteve o "coração da lei" - o artigo 20 que impôs limites de gastos nos três Poderes. Mas, a ação proposta pelo PT em conjunto com o PCdoB e o PSB contestou quase todos os dispositivos da lei e o julgamento continuou ao longo dos anos. A conclusão do julgamento, ontem, levou a uma situação inusitada: pelo fato de o PT, quando oposição, ter ingressado no Supremo contra a LRF, o PT agora no governo terá, hoje, menos controle sobre a prestação de contas dos demais Poderes.
Os ministros derrubaram, ontem, os artigos 56 e 57 da LRF. O primeiro estipulou que as contas prestadas pelos chefes do Executivo incluirão também as contas dos presidentes do Legislativo, do Judiciário e do Ministério Público. O objetivo deste artigo era o de ampliar as formas de controle sobre os gastos dos três Poderes. Mas, os ministros do STF concluíram que essas inovações da LRF ferem o princípio de independência entre os Poderes. "Se procedermos a uma interpretação sistemática da Constituição Federal, considerados os artigos da contabilidade financeira e orçamentária, veremos que a Carta distingue as diversas prestações de contas e o faz de acordo com os Poderes", afirmou o ministro Marco Aurélio Mello.Já o artigo 57 determinava a realização prévia de parecer sobre as contas dos Poderes pelos Tribunais de Contas, tanto no âmbito federal, quanto nos Estados e municípios. O problema aqui é que os Tribunais de Contas devem julgar as contas, e não apenas fazer pareceres prévios. "O 'caput ' (cabeça) deste artigo pretende limitar a atuação do Tribunal de Contas a um parecer prévio", criticou o ministro Sepúlveda Pertence. Os demais ministros seguiram o voto de Pertence e derrubaram este artigo.Em 2000, quando a LRF começou a vigorar, o governo federal fazia grandes esforços para cortar despesas. Mas, os controles de gastos no Executivo Federal nem sempre eram seguidos pelos governos estaduais, pelas prefeituras e pelos Poderes Legislativo e Judiciário nas esferas federal e estadual. "O problema é que os Poderes autônomos acabaram provocando um aumento gasto de pessoal muito grande", lembrou o economista Raul Velloso. "A economia deles tinha uma face anti-ajuste fiscal, na medida em que se consideravam autônomos para contratar e pagar salários." Por este motivo, a LRF fiscal procurou enquadrar os gastos nos demais Poderes. Agora, com essa decisão do STF, eles não precisam mais enviar as suas prestações de contas ao Executivo.
09 agosto 2007
Super simples e carga tributária
Apesar da adesão ao Supersimples ser significativa, reportagem do Estado de S. Paulo de 09/08/2007 informa que o mesmo pode representar um aumento na carga tributária (O feitiço do Supersimples)
Mas, em vez de receberem o "tratamento diferenciado e favorecido" a que se refere o artigo 1º da Lei 123, muitas empresas constatam que não há vantagem alguma em aderir ao Supersimples e já estão renunciando ao direito de mudar seu regime tributário.
(...) foi grande o número das que perceberam que pagariam mais tributos, se aderissem ao Supersimples, do que se mantivessem a opção pela tributação pelo lucro presumido ou pelo lucro real.
(...) Anunciado como uma medida de racionalização tributária, poupando o contribuinte de ônus burocráticos, excesso de papéis e custos administrativos para recolher tributos, o Supersimples equivale, para muitos, a uma derrama fiscal.
Afinal, o Supersimples não parece ter sido criado para beneficiar o contribuinte, mas para o governo continuar elevando a carga tributária.
Mas, em vez de receberem o "tratamento diferenciado e favorecido" a que se refere o artigo 1º da Lei 123, muitas empresas constatam que não há vantagem alguma em aderir ao Supersimples e já estão renunciando ao direito de mudar seu regime tributário.
(...) foi grande o número das que perceberam que pagariam mais tributos, se aderissem ao Supersimples, do que se mantivessem a opção pela tributação pelo lucro presumido ou pelo lucro real.
(...) Anunciado como uma medida de racionalização tributária, poupando o contribuinte de ônus burocráticos, excesso de papéis e custos administrativos para recolher tributos, o Supersimples equivale, para muitos, a uma derrama fiscal.
Afinal, o Supersimples não parece ter sido criado para beneficiar o contribuinte, mas para o governo continuar elevando a carga tributária.
Correlaçao entre mercado e economia
Qual a relação entre o mercado e a economia? Esta figura diz muito sobre estas duas variáveis. (Aqui para fonte) Na linha vermelha, o crescimento da economia norte-americana. Na linha azul, o comportamento da Dow Jones.
Plágio
Quem trabalha com pesquisa e educação sabe que existe um fantasma rondando: o plágio e a falsificação de dados científicos. Isto é muito parecido com o que ocorre numa empresa com a fraude contábil. Alguém resolve criar algo que não existe ou modificar uma realidade para ajustar aos seus objetivos.
Na área acadêmica, isto pode ocorrer em trabalhos científicos submetidos em periódicos e congressos, assim como num mero trabalho de disciplina. Apesar deste problema e do fato de já ter passado por situações constrangedoras, acredito que ainda este é o modelo para pesquisa científica e educação.
No caso de um periódico, o processo de parecer torna-se importante para identificar problemas nas pesquisas. Trabalhos elaborados com base em informações distorcidas ou que foram manipuladas pode significar conclusões sem fundamentos que somente serão descobertas com a nova pesquisa no mesmo assunto feito por outro autor.
A existência do plágio tem sido constantemente noticiada (aqui por exemplo).
A internet facilitou e dificultou o plágio. Hoje é possível pegar muitas pesquisas na rede e reproduzir num trabalho acadêmico sem a citação. Além disto, é inegável que a internet aumentou o número de trabalhos disponíveis para os pesquisadores (temos uma grande quantidade de informação). Mas também é possível descobrir mais rapidamente a existência do plágio "mal feito" (aquele onde o autor simplesmente transcreve um texto obtido via Google).
Uma pequena notícia (aqui) mostra a dificuldade deste processo: um economista alemão de 63 anos foi descoberto depois de uma carreira de 34 anos com trabalhos em ética, estatística, meio-ambiente, ...
Na área acadêmica, isto pode ocorrer em trabalhos científicos submetidos em periódicos e congressos, assim como num mero trabalho de disciplina. Apesar deste problema e do fato de já ter passado por situações constrangedoras, acredito que ainda este é o modelo para pesquisa científica e educação.
No caso de um periódico, o processo de parecer torna-se importante para identificar problemas nas pesquisas. Trabalhos elaborados com base em informações distorcidas ou que foram manipuladas pode significar conclusões sem fundamentos que somente serão descobertas com a nova pesquisa no mesmo assunto feito por outro autor.
A existência do plágio tem sido constantemente noticiada (aqui por exemplo).
A internet facilitou e dificultou o plágio. Hoje é possível pegar muitas pesquisas na rede e reproduzir num trabalho acadêmico sem a citação. Além disto, é inegável que a internet aumentou o número de trabalhos disponíveis para os pesquisadores (temos uma grande quantidade de informação). Mas também é possível descobrir mais rapidamente a existência do plágio "mal feito" (aquele onde o autor simplesmente transcreve um texto obtido via Google).
Uma pequena notícia (aqui) mostra a dificuldade deste processo: um economista alemão de 63 anos foi descoberto depois de uma carreira de 34 anos com trabalhos em ética, estatística, meio-ambiente, ...
Itaú e alguns esclarecimentos do seu resultado
Neste link é possível ter acesso a transcrição da conferência de apresentação dos resultados do Itaú para os investidores, em especial estrangeiros. Alguns esclarecimentos são feitos sobre itens específicos e expectativas dos dirigentes são apresentadas.
Oscar e vida mais longa: errata
Postei, no dia 7 de agosto, um link para um estudo que mostrava que o Oscar aumentava a vida dos ganhadores (em relação aos perdedores).
Esta afirmação estava baseada num estudo de 2001 de Donald Redelmeier e Sheldon Singh: "Survival in Academy Award-winning actors and actresses", Annals of Internal medicine.
Um artigo mais recente, de James Hanley, Marie-Pierre Sylvestre e Ella Huszti, "Do Oscar winners live longer than less successful peers? A reanalysis of the evidence," no mesmo periódico, já em 2006, mostra que uma reanalise dos dados não permite fazer esta afirmação. (Clique aqui para ler mais)
É interessante este caso para mostrar que fazer uma pesquisa que alguém já fez permite alguns avanços na ciência. Inclusive quando o avanço significa negar uma conclusão anterior.
Esta afirmação estava baseada num estudo de 2001 de Donald Redelmeier e Sheldon Singh: "Survival in Academy Award-winning actors and actresses", Annals of Internal medicine.
Um artigo mais recente, de James Hanley, Marie-Pierre Sylvestre e Ella Huszti, "Do Oscar winners live longer than less successful peers? A reanalysis of the evidence," no mesmo periódico, já em 2006, mostra que uma reanalise dos dados não permite fazer esta afirmação. (Clique aqui para ler mais)
É interessante este caso para mostrar que fazer uma pesquisa que alguém já fez permite alguns avanços na ciência. Inclusive quando o avanço significa negar uma conclusão anterior.
Impacto da China e India na América Latina
Segundo este texto, o sucesso da Índia e da China tem sido observado na América Latina com uma certa frustação, talvez pela perda da importância econômica. Em 1980, a América
Latina era duas vezes maior que a China e Índia, que representavam 3% do PIB mundial. Hoje a China é a sexta economia do mundo e a Índia é a décima, e representam 6,4% do PIB do mundo. Além disto, o crescimento destas economias significou integração, o que não ocorreu na América Latina.
Mas o crescimento destas duas economias beneficiou a América Latina, conforme apresenta o estudo. A correlação entre os dois blocos no crescimento é positiva e tem aumentado. Uma justificativa apresentada pelo estudo é o preço dos commodities.
Mas será que isto é suficiente para tal afirmação?
Latina era duas vezes maior que a China e Índia, que representavam 3% do PIB mundial. Hoje a China é a sexta economia do mundo e a Índia é a décima, e representam 6,4% do PIB do mundo. Além disto, o crescimento destas economias significou integração, o que não ocorreu na América Latina.
Mas o crescimento destas duas economias beneficiou a América Latina, conforme apresenta o estudo. A correlação entre os dois blocos no crescimento é positiva e tem aumentado. Uma justificativa apresentada pelo estudo é o preço dos commodities.
Mas será que isto é suficiente para tal afirmação?
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