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30 julho 2007

Da Slate Magazine

Como Administrar Talento

O blog Stumbling and Mumbling apresenta algumas regras básicas para administrar talentos:

a) Televisão – Encontre um formato que funcione sem estrelas – Big brother, por exemplo
b) Filme – Use efeitos especiais que reduza a importância dos atores ou simplesmente elimine. É o caso de desenhos animados.
c) Imprensa – evite notícias reflexivas. Qualquer idiota pode escrever sobre o escândalo da Cicarelli. Escritores talentosos são especialistas e mais caros
d) Administradores de fundos – use “quant” e regras de investimento, mais do que investidores que usam “julgamento”.

Drogas no Esporte

A Volta da França é a mais famosa corrida de ciclismo do mundo. Nos últimos anos o ciclismo como esporte tem sido manchete pelos escandâlos de doping (aqui)

Uma questão feita por Joe Lindsey, da Bicycling Magazine: não seria mais interessante legalizar o doping no esporte? O próprio Lindsey responde: não.

1. Nem todos ciclistas usam doping e nem todos querem usar o doping.
2. Nem toda técnica de doping é igualitária. Algumas são sofisticadas e caras. Um "programa médico" pode sair por 37 mil euros. A legalização do doping irá beneficiar os atletas e equipes mais ricas.
3. Existe o problema moral.

Um adendo positivo aos Jogos Pan-americanos: nenhum caso de doping foi registrado.

Mercado Acionário no Brasil

Reportagem do Wall-Street Journal de 30/07/2007 destaca o mercado acionário no Brasil (Big Brazil Deal Has Investors Calling for Level Playing Field, Antonio Regalado, p. C1). Pelo texto, regras antiquadas prejudicam o acionista minoritário. Um exemplo apresentado é a aquisição da Ipiranga pela Petrobrás e dois parceiros. Apesar de anunciado em março, o acordo ainda está sob investigação da CVM. Segundo o jornal, o acordo lembra que em muitas empresas brasileiras, nem todos os investidores são iguais.

Apesar da lei exigir um "preço justo", o procedimento carece de interpretação. O jornal lembra que nos Estados Unidos pagamentos para o prêmio de controle não são usuais já que as classes de ações são tratadas igualmente em termos do preço.

O jornal destaca que o Novo Mercado é uma direção neste sentido. Mas as empresas operam sob uma regra antiquada. O jornal também lembra que no ano de 2006 os minoritários tiveram sucesso em bloquear a reorganização da Telemar. E recentemente, o caso da Mittal Arcelor.

Entrevista na Folha

Entrevista com Calomiris, professor da Universidade Columbia

FOLHA - Qual o papel das agências de rating na crise?

CALOMIRIS - As agências de rating são duramente criticadas pela forma como induziram preço ao subprime. As pessoas criticam a Moody's por não ter alertado para crise da Coréia do Sul. Mas não é justo pois todos sabiam que os bancos sul-coreanos iam quebrar. Mas agora a Moody's tem um papel muito ativo [no mercado de subprime]. Eles sabem como os papéis se parecem e são a fonte de informação de todo o mercado. São os grandes intermediários. As agências fazem a engenharia desse negócio e depois dizem que não são responsáveis, que a avaliação é apenas uma opinião, e não uma orientação de investimento. É risível.

(...) FOLHA - A crise afetará mercados emergentes como o Brasil?

CALOMIRIS - Todos sabem que os bons tempos não podem durar para sempre. Os juros [dos títulos] de países emergentes e do Tesouro dos EUA devem subir. Vai haver um pouco mais de preço para [papéis de] risco.

FOLHA - Há exageros no boom de abertura de capital no Brasil?

CALOMIRIS - No Brasil, há razões para sucesso dos IPOs [aberturas de capital] e do mercado acionário. O Novo Mercado é um grande sucesso. Mudou os níveis de transparência das empresas, mostrou capacidade de alto volume negociado e de altas emissões de ações. Deu certo aqui mesmo sem ter dado na Alemanha. As razões são não só a estabilidade macroeconômica mas as reformas financeiras. O interessante do Novo Mercado é que empresas e investidores aderem voluntariamente.

FOLHA - A Bolsa melhora a transparência e o capitalismo brasileiro?

CALOMIRIS - Por que empresas familiares concordam em aderir a práticas melhores de contabilidade e de respeito ao acionista? A resposta é porque esse mercado faz as ações subirem.

FOLHA - O Brasil entrou na rota das fusões e aquisições internacionais com a venda do banco ABN Amro. Por que o negócio é tão importante?

CALOMIRIS - É uma oportunidade única. Tivemos uma consolidação e não há mais tantas oportunidades. Não são surpresas essas alianças e a guerra em relação ao ABN. A consolidação dos bancos trouxe ganhos para os países emergentes. Trouxe mais crédito, menos risco e melhor regulamentação. Trouxe concorrência e tornou os bancos locais mais eficientes. O sistema financeiro brasileiro é um dos mais modernos, herança da época da inflação. A história mexicana não foi de sucesso, e os bancos tiveram de ser vendidos.

FOLHA - Como o grau de investimento pode ajudar o Brasil?

CALOMIRIS - Trará benefícios a partir da queda nos juros. Os grandes fundos já são investidores, mas só podem colocar um pequeno percentual em grau especulativo. Com o grau de investimento, poderão aplicar mais e diversificar riscos. O Brasil traz a vantagem de ter câmbio flexível e perfil macroeconômico favorável. A questão não é conseguir o grau de investimento, mas se vai manter um crescimento sustentável em longo prazo.

Turbulência nos mercados envergonha agências de risco, Folha de São Paulo, 29/07/2007

Contabilidade criativa na área pública

Um grupo de governadores, entre os quais a tucana Yeda Crusius (RS), está pressionando para que o governo federal assuma um controle mais rígido sobre as despesas de pessoal da administração pública. Eles querem que o Planalto desengavete no Congresso o projeto que prevê a criação do Conselho de Gestão Fiscal, órgão que, segundo a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), deve cumprir o papel de "xerife" das contas públicas em nível nacional.

A Lei Fiscal foi aprovada há sete anos, mas até hoje o conselho não saiu do papel. A legislação previa que, enquanto esse novo órgão não fosse criado, o Tesouro deveria cumprir a função de fiscalizar e uniformizar a interpretação das regras fiscais, mas na prática isso não está funcionando.

"O maior problema da Lei Fiscal está nos demais Poderes, não tanto no Executivo", avalia o secretário do Tesouro Nacional, Arno Augustin.

(...)Esses Poderes não prestam contas diretamente à União e, em muitos casos, não se submetem às normas da Secretaria do Tesouro Nacional.

Um exemplo recente foi dado pelo Tribunal de Contas do Distrito Federal (TC-DF). Derrotado no Supremo Tribunal Federal (STF) numa ação em que tentava obter aval para gastar sozinho 3% da receita do Distrito Federal (e não 1,5% como prevê a LRF), o TC-DF decidiu descontar o gasto que tinha com aposentados e pensionistas do cálculo de suas despesas com pessoal. Na prática, vários tribunais de contas do País estão fazendo a mesma coisa.

(...) Na prática, as fórmulas de "contabilidade criativa" são usadas pelos demais Poderes para se autoconcederem reajustes salariais, já que têm autonomia administrativa, e o único obstáculo que enfrentam são os limites da Lei Fiscal. Ao flexibilizar os limites, eles aumentam suas despesas e mandam a fatura para os Executivos estaduais.

Entre 2002 e 2006, por exemplo, as despesas de pessoal do Judiciário e Legislativo estaduais cresceu de R$ 17,6 bilhões para R$ 25,2 bilhões.

(...) Alguns tribunais de contas nem sequer cumprem o artigo da Lei Fiscal que os obriga a publicar na internet a prestação de contas de gastos com pessoal. É o caso de Roraima, do Amapá, do Rio de Janeiro, de Mato Grosso do Sul e Sergipe, entre outros.

Estados pedem mais controle Apesar do pedido, há governadores que patrocinam truques contábeis, Estado de S. Paulo, 29/07/2007

Governança Corporativa num Hospital

"Demos um corte da alta direção para cima, o que foi uma mudança de paradigma muito grande. Criamos um Conselho de Administração com duas pessoas de fora e duas pessoas ligadas ao hospital, que recebe os inputs da direção executiva. Houve uma reforma integral na parte executiva. Todas as diretorias antigas foram extintas e foram criados cinco novos cargos nas áreas administrativa, de enfermagem, financeira, técnica médica e comercial. Além disso, foram dissolvidos todos os órgãos que não se encaixavam no novo modelo como o Conselho Médico. Com a governança conseguimos acabar com o conflito de agência, entre o que é a propriedade e o que é a gestão, que era o calcanhar de Aquiles da instituição e verdades estabelecidas no hospital há muito tempo mudaram", relata o administrador Eduardo Blanski, contratado pelas irmãs proprietárias da Associação Congregação de Santa Catarina para instalar o projeto num prazo de nove anos.

Implantados os princípios de gestão e de governança, o segundo passo do HNSG foi reavaliar a linha de assistência que a instituição iria praticar. Aí também as medidas foram radicais: houve o descredenciamento do SUS e 250 leitos que se destinavam aos SUS foram desativados. O setor de ensino também foi reavaliado e teve de se tornar auto-sustentável, reduzindo-se o número de residentes de 44 para perto de 12. (...) O plano de saúde pertencente ao HNSG foi vendido para que não concorresse com seus maiores clientes e uma farmácia de manipulação, a Magistral - teve de adquirir independência financeira e ir ao mercado.

Boas práticas ajudam hospital a sair do vermelho, Gazeta Mercantil, 30/07/2007