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19 julho 2007

Desastre da Tam, segundo o WSJ

O acidente da TAM foi analisado pelo Wall Street Journal de 19/07/2007 (Politics & Economics: Brazil Crash Casts Light on Global Safety Concerns --- Air Infrastructure Fails to Keep Pace With Traffic Surge, por Matt Moffett, Andy Pasztor and Paulo Prada, p. A8). O jornal destaca que apesar do acidente ser "previsível" diante dos problemas do setor no Brasil, a tragédia também está vinculada a incapacidade da indústria da aviação em acompanhar o crescimento do setor com atenção para segurança.

O jornal cita que o tráfico deve crescer 8,3% este ano, comparado com o crescimento esperado de 4,4% do mundo, sendo dados a IATA. Apesar dos problemas, destaca-se que a segurança no ar na América Latina apresenta melhores desenvolvimentos que a existente na China e no Oriente Médio.

Apesar das considerações positivas, o WSJ destaca os tumultos nos aeroportos, os problemas de infra-estrutura, a relutância do presidente da república em agir de forma decisiva e os membros do governo que tentam minimizar a crise com frases que servem para enfurecer os passageiros (cita o caso específico da frase "relax and enjoy.")

18 julho 2007

Custo de uma xícara de Café

Terminei a leitura do livro Economista Clandestino, de Tim Harford. Algumas histórias interessantes, mas falta ao livro um pouco mais de fôlego. Confesso que espera mais. A análise do custo do café é possível de ser usada em sala de aula da disciplina de economia (micro) e custos ou similar. [aqui para ler o texto em inglês]. Basicamente Harford mostra que o custo de fazer um café numa loja é muito barato. Mas a análise sobre o comércio justo, que já tinha comentado antigamente no meu sítio foi tratada de forma superficial. Mas existem trechos interessantes, como a comparação entre Camarões (o país) e a China, quando o autor discute "por que os países pobres são pobres?".

Abaixo, sobre o comércio justo

Quem Ganha com o Comércio Justo?

Uma reportagem do Wall Streat Journal, de junho de 2004, mostra que ganha com o denominado "comércio justo". Esse termo designa produtos que prometem doar percentagem das vendas para os produtores, geralmente trabalhadores pobres de um país pobre. Esses produtos incluem café, bananas, cacau, entre outros itens que são vendidos no varejo dos países ricos. O dinheiro adicional ajudaria produtores a financiar educação, saúde, treinamento etc.

Uma análise da planilha de custo de um desses produtos - café orgânico certificado como de comércio justo - vendido nos Estados Unidos mostra uma realidade diferente. Veja a tabela abaixo.


1,41 => Preço pago ao produtor do café
0,39 => Custos administrativos e frete
0,36 => Encolhimento durante a torrefação
2,50 => Custos operacionais e de manutenção da atacadista/ torrefadora
0,14 => Embalagem e custos diversos
=4,80 => Custo até a Torrefadora

5,00 => Preço que a torrefadora vende para as lojas
-4,80 => Custo total da torrefadora
=0,20 => Lucro da Torrefadora

8,49 => Preço de Venda das Lojas
5,00 => Preço que a loja comprou
=3,49 => Lucro da Loja antes das despesas

Fonte: Publicado no The Wall Street Journal Americas. Terça-feira, 8 de junho de 2004
e traduzido e publicado no O Estado de S. Paulo, p. B10.

Aquecimento global

Ainda sobre o aquecimento global e os relatórios sobre a previsão do clima no mundo. Dois pesquisadores, Green (isto mesmo) e Armstrong publicaram um texto onde discutem a parte técnica do relatório conhecido como IPCC.

"Nós conduzimos uma auditoria do capítulo 8 do IPCC WG1 Report. Nos encontramos informação suficiente para fazer julgamentos de 89 de um total de 140 princípios [de previsão]. Os procedimentos de previsão que foram usados violaram 72 princípios. Muitas das violações são, para nós, críticas."


Em outras palavras, o texto dos dois professores afirma que a base de conclusão do relatório é frágil tecnicamente. E que não é possível afirmar que haverá este ou aquele efeito referente ao aquecimento global. (Vide a neve em Buenos Aires, recentemente, onde não nevava desde o início do século XX)

No mesmo sentido, Taylor, do Heartland Institute, afirma que "muitas das afirmações de Gore faz em seu filme "Uma verdade inconveniente" tem sido refutadas pela ciência, tanto antes quanto depois que eles as fez."

Este é um problema quando existe um certo "consenso" quanto a um determinado assunto. Citando Debra Saunders quando a maioria dos cientistas acreditam num determinado ponto, neste caso o aquecimento global, começa a ignorar os cientistas que não acreditam.

Recentemente postei um comentário onde questionava os "benefícios" da harmonização contábil. Fui taxado de ser o "único" doutor que era contrário ao processo. (clique aqui para ler sobre isto)

Padronização

Anteriormente usei o teclado do computador para falar sobre padronização contábil (e aqui também). Agora um blog informa que Stan Leibowitz e Stephen Margolis mostram que a superioridade do teclado Dvoark é uma fábula. Mas obviamente que a adoção do teclado QWERTY no Brasil é um exemplo onde a padronização é ruim para o usuário.

Pesquisa e Blog

O PhD Satoshi Kanazawa, em conjunto com o também PhD Alan Miller publicaram na Psychology Today sobre algumas verdades politicamente incorretas. O texto atraiu a atenção do famoso blog Freakonomics que deu amplo destaque as posições dos autores. Anteriormente o mesmo blog já tinha dado um destaque a outra pesquisa de Kanazawa, sobre a atração de mulheres bonitas por homens feios.
(Além disto, fiz um vínculo para o artigo do Psychology Today)

Um blog especializado em estatística faz um comentário devastador sobre a pesquisa de Kanazawa. Basicamente os estudos de Kanazawa possuem erros estatísticos. Quando controla-se as variáveis intermediárias não existe nada que comprove que "pais bonitos tem mais filhas". Ou seja, a teoria não foi comprovada estatísticamente.

Educação e negócio

Educação não é mercadoria'
Instituições buscam melhorar gestão
ENSINO SUPERIOR Rede privada tem queda no ritmo de crescimento de faculdades, universidades e centros universitários; setor abre capital
Renata Cafardo Simone Iwasso
O Estado de São Paulo - 16/07/2007

A entrada de recurso estrangeiro no ensino superior privado, por meio da abertura de capitais, insere as instituições educacionais na mesma lógica de funcionamento de qualquer outra empresa, transformando o que seria um direito numa mercadoria. O raciocínio, extremamente crítico ao processo que está ocorrendo no Brasil, é da educadora Regina Vinhais, da Universidade de Brasília (UnB). "Sou totalmente contra qualquer tipo de iniciativa nesse sentido. Educação não é mercadoria, é direito da sociedade."

De acordo com a professora, um dos riscos embutidos nessa abertura para investimentos é a preocupação comercial, com o lucro, em detrimento da qualidade de ensino. "Temos de buscar uma qualidade internacional, mas não entrar em conglomerados, como está ocorrendo", diz.

"Se tiver risco para o ensino, é só de melhorar", discorda o ex-ministro Paulo Renato Souza. Para ele, maior profissionalismo das instituições resulta em mais qualidade da educação. "Isso não quer dizer que vão deixar de existir instituições como USP ou Harvard", completa. Paulo Renato acredita que são perfis diferentes de instituições que passam a formar o cenário do ensino superior. As particulares, que partem para uma abertura de capital, buscam mais e mais alunos e um ensino de massa. "O desafio delas não é oferecer excelência, e sim tentar fazer diferença na vida daquele aluno." R.C. e S.I.

Diminuiu o ritmo de crescimento do número de universidades, centros universitários e faculdades privadas no Brasil. O índice de aumento entre 2006 e 2007, até agora, está em 0,14%. O porcentual é muito inferior ao crescimento médio de 13% registrado anualmente desde 1997. Desde o ano passado, instituições fecharam, outras foram compradas por grandes grupos e poucas cresceram. Num setor já consolidado e de concorrência voraz, só sobrevive agora quem investir para profissionalizar a gestão. E a novidade da vez é a venda de ações na Bolsa de Valores. Na semana passada, a maior universidade do País em número de alunos, a Estácio de Sá, abriu seu capital para investidores. A expectativa é captar R$ 800 milhões. O grupo mineiro Pitágoras, que tem 190 mil alunos em escolas e faculdades, seguiu o mesmo caminho no início deste mês.

As duas foram embaladas pelo sucesso da precursora nesse tipo de operação no ensino superior brasileiro, a Anhanguera Educacional. A procura pelas ações da instituição foi 12 vezes maior que o esperado, e o valor total da operação ficou em US$ 250 milhões (R$ 466,9 milhões). "É um movimento fantástico, você consegue atrair investimentos cada vez maiores", diz Alexandre Saigh, sócio do Banco Pátria, responsável pela operação da Anhanguera. Depois da abertura, a instituição, que surgiu no interior do Estado, comprou o Centro Universitário Ibero-Americano (Unibero) e chegou à capital. O processo de aquisições deve continuar, já que a Anhanguera prometeu a seus acionistas que cresceria cerca de 30%.

"Ao abrirem o capital, as instituições são obrigadas a ter uma relação de governança com transparência absoluta. Não pode haver caixa 2, nepotismo", diz o ex-ministro da Educação e deputado federal (PSDB-SP), Paulo Renato Souza. A nova realidade se choca com a tradição no País de instituições educacionais formadas por grupos familiares, muitas vezes de gestão amadora, estrutura de custo pesada e inchada. Nesse cenário, investidores internacionais são bem-vindos porque, mesmo sendo acionistas minoritários, estão mais acostumados com a cobrança e o monitoramento de resultados, diz Paulo Renato. A Anhanguera teve 75% de suas ações compradas por estrangeiros, uma tendência que pode se repetir com outras instituições. A limitação da participação de capital estrangeiro em universidades chegou a ser discutida na reforma universitária do Ministério da Educação, mas não saiu do papel. NOVO GRANDE NEGÓCIO'

"O setor de ensino superior caminha para atingir a maturidade, em um nível de profissionalização nunca antes obtido em sua história", acredita o consultor da área e presidente da Hoper Educacional, Ryon Braga. Os estudos da consultoria mostram que, nos próximos quatro anos, entre cinco e oito novos grupos de educação devem abrir capital. "Das cinco maiores instituições privadas do Brasil, duvido que alguma delas não irá daqui para frente abrir o capital", completa o especialista no setor e proprietário da CM Consultoria, Carlos Monteiro. A tendência atual - que não atinge apenas o setor educacional - é explicada por uma conjunção de fatores internos e externos. O Brasil vive um momento de economia estável e queda de juros, o que torna a Bolsa de Valores um caminho atraente para captar recursos. "A educação é um novo grande negócio, como já disse Bill Gates", completa o ex-ministro. Paulo Renato acredita que ainda há espaço para crescimento no número de alunos no ensino superior privado - hoje são 3,2 milhões no País -, principalmente porque o governo tem financiado as mensalidades. Programas como o Universidade para Todos (ProUni) oferecem milhares de bolsas por ano em instituições particulares para estudantes de baixa renda. Há especialistas, no entanto, que defendem que só o crescimento das vagas em universidades públicas vai aumentar o índice atual de apenas 11% dos jovens de 18 a 24 anos no ensino superior. Segundo números do MEC há atualmente 2.141 instituições privadas de ensino superior no Brasil. Em 2006, eram 2.138. As aparentes três instituições a mais são, na verdade, um resultado entre as que fecharam e as que foram abertas de um ano para o outro. O MEC ainda não tem o número do total de novas instituições de 2007. Entre 2005 e 2006, porém, o índice de crescimento havia sido de 10,5%, com 204 novas instituições. Desde 1997, foram criadas mais de 1.400 universidades, faculdades ou centros universitários no País.

Muitas delas, no entanto, devem ser compradas ou fundidas umas às outras. "As instituições terão de trabalhar num mercado onde ou você cresce ou é engolido, como o que acontece no sistema bancário", diz Monteiro. Para Braga, cerca de 600 instituições devem "sair do mapa" nos próximos anos. O que vale mais para fechar um bom negócio é o status de centro universitário ou de universidade. As instituições que recebem uma das duas nomenclaturas - criadas pelo governo federal nos anos 90 - têm o direito de abrir novos cursos sem prévia autorização do MEC, ao contrário do que ocorre com faculdades. A cidade-sede também faz diferença; instituições em São Paulo, onde há muitos alunos em potencial, são mais valorizadas. Apesar de ainda não confirmado, circula no mercado que a Estácio de Sá pagou R$ 60 milhões pelo Centro Universitário Radial (UniRadial), com cerca de 10 mil alunos.

No ano passado, a Faculdade Tancredo Neves fechou as portas por falta de alunos. A Anhembi Morumbi continua existindo, mas teve, em 2005, 51% de seu capital comprado pela Laureate Education, uma rede internacional de universidades. Outros grupos do exterior também já negociam a sua entrada no País por meio de compra de instituições.

Custo no Iraque

Um artigo de Nicholas Kristof ('Inspiring Progress' On Iraq?), publicado no The New York Times (12/07/2007) e no Estado de S Paulo (13/07/2007, p A13, Ocupação custa US$250 mil por minuto) apresenta alguns fatos interessantes sobre custo da guerra:

=> O custo médio de um soldado no Iraque aumentou para 390 mil dólares por ano, conforme um estudo do Congressional Research Service.

=> O custo total será, em 2007, de $135 bilhões, o que significa um pouco mais de 250 mil dólares por minuto.

=> O gasto total da guerra seria suficiente para financiar a saúde dos norte-americanos que não possuem segupo por 30 anos.

Provavelmente nestes dados não constam o custo que será incorrido no futuro, como as pensões para os soldados mortos.