Translate

19 abril 2007

Vale a pena abrir o capital?

Enquanto a imprensa destaca a abertura de capital de várias empresas, outras preferem fugir do mercado acionário. Do Estado de S. Paulo de 19/04/2007 (Por quê não ir à Bolsa, Patrícia Cançado) os motivos para não abrir o capital são custo (advogados, bancos, relações com investidores etc), necessidade de expor informações importantes e pressão por resultados por parte dos investidores.

Enquanto um número nunca antes visto de companhias brasileiras estréiam na Bolsa de Valores, há um movimento na contramão dessa grande onda. São empresas que têm porte para abrir o capital, vivem franco crescimento e atuam em setores cobiçados por investidores. Mas, ao contrário da maioria, ainda não estão dispostas a vender parte de suas ações, gastar dinheiro para manter uma empresa aberta, dar satisfação aos acionistas ou não querem pressão por retorno. Vista de fora, a Racional Engenharia é uma dessas estranhas no ninho. Apesar de prever faturamento de mais de meio bilhão de reais neste ano, uma receita alta para o setor, ela não está entre as 18 companhias do ramo imobiliário listadas até ontem na bolsa. "Eu fui muito procurado por bancos. Eles diziam que a minha empresa valia entre R$ 500 milhões a R$ 1 bilhão", diz o engenheiro Newton Simões Filho, que fundou a Racional em 1971, no auge do chamado milagre econômico brasileiro. "Mas eu não quero pressão por estar com dinheiro em caixa. O mercado onde eu atuo (construções sob medida para empresas) não é linear."

A principal razão para o desembarque em massa das empresas imobiliárias na bolsa é o acesso ao capital barato. No caso da Racional, dinheiro também faz falta. Simões, no entanto, pretende consegui-lo por meio de alianças com fundos imobiliários. O empresário acabou de fechar a primeira parceira com o Banco Pátria para a construção de um centro de distribuição da Kimberly Clark, e negocia aliança com outros três fundos especializados. "Esses fundos conhecem melhor o meu negócio, sabem que o retorno é de longo prazo", diz. O empresário não descarta a abertura de capital no futuro. Quando isso ocorrer, ele o fará para resolver a sucessão da Racional. Simões está com 60 anos e não pretende se aposentar tão cedo, mas seus dois filhos mais velhos não trabalham no ramo. "A bolsa não é o único caminho. A empresa tem ganho de capital e de imagem, mas não funciona necessariamente para todos no mesmo momento", diz o sócio da Bernhoeft Consultoria, Wagner Teixeira.

A aliança com fundos pode ser um estágio intermediário do processo. A entrada recente de fundos do GP no capital do Boticário está levando a companhia a montar um conselho de administração, uma das inúmeras exigências feitas às empresas listadas em bolsa. "A venda de 2,41% do capital para o fundo foi uma maneira de experimentar a governança corporativa", diz o vice-presidente e um dos sócios da companhia, Artur Grynbaum. " O Boticário tem estrutura familiar de capital fechado e pretende manter essa condição." A empresa, que tem 2.400 lojas espalhadas pelo Brasil, não precisa da bolsa para financiar seu crescimento. Afinal, o grosso do dinheiro para a expansão vem dos donos das franquias.

PRESSÃO

Para o coordenador do Centro de Finanças da Fundação Getúlio Vargas (FGV/Eaesp), William Eid, a onda atual de aberturas de capital é provocada pelos bancos de investimento. "Em geral, são eles que vão até às empresas convencê-las a entrar na bolsa. Esse é o negócio deles", diz Eid. Segundo fontes do mercado, a comissão dos bancos sobre a captação varia entre 6% e 7%. "Para os bancos, o IPO (oferta inicial de ações) é o fim. Para as empresas, é só o começo", diz um alto executivo do Grupo Maeda, do agronegócio, que nos últimos tempos tem sido muito assediado. "O custo para manter uma empresa aberta é alto. Se ela não estiver realmente pronta, pode ter suas ações desvalorizadas."

O Grupo André Maggi, também do agronegócio, tem sido procurado por bancos nos últimos dois anos. Até agora, não cedeu ao discurso. "Para continuar como está, a empresa não tem necessidade de abrir capital. A gente ainda precisa saber o que fazer com o dinheiro, se vamos usá-lo para aquisição ou expansão geográfica", diz o presidente do grupo, Pedro Jacyr Bongiolo. "O momento é positivo, mas precisamos estudar bem esse passo."

18 abril 2007

Ipiranga

Os jornais anunciaram a decisão parcial do Cade quanto ao processo da Ipiranga. Achei interessante a ênfase. Para a Folha, o Cade "decidiu impor proibições temporárias". Para o Valor, "suspendeu os efeitos da compra da Ipiranga". Sutilmente diferente.

Novos investidores

Da Gazeta Mercantil de 18/04/2007 (Novos Investidores, novas necessidades, Finanças eMercados, p.4), e segundo o relatório do ombudsman da Bovespa:

"O número de reclamações praticamente dobrou de 2005 para 2006, sendo que as mais freqüentes recaíram sobre as corretoras e, principalmente, sobre seus sistemas de home broker."


A explicação para isto, segundo a Bovespa, deve-se:

"aumento do número de investidores individuais e o surgimento de novos desafios de infomação, educação e de atendimento desse público"

Links

1. Replica em Economia

2. Nem todos os cisnes são brancos ou é necessário prudência com os modelos de riscos bancários, por John Kay

3. Os celulares estão interferindo na vida das abelhas. Seriam os novos SUV?

4. Saiba mais sobre as abelhas e sua importância para a vida do planeta

5. Filhos ruins? Treinem os pais - crianças com comportamento anti-social podem melhorar através do treinamento dos seus pais, segundo o British Medical Journal

Mais um que caiu

Mais um blog acreditou na história de Fama: Crossing Wall Street

Não entendeu? Clique aqui, aqui e principalmente aqui

17 abril 2007

Menos páginas

O número de páginas nas dissertações (e trabalhos científicos que não possuem limitação de páginas) está caindo. É uma constatação empírica, mas para ter certeza fiz um cálculo simples.

Tomei as 105 dissertações do mestrado Multiinstitucional (clique aqui para ter acesso) e peguei os número de páginas. Para simplificar não fiz distinção entre páginas de anexo, elementos textuais e outros.

Sei que a amostra é limitada, mas o que encontrei está de acordo com a minha teoria. O primeiro gráfico mostra todas as dissertações em ordem de defesa e o número de páginas de cada trabalho.



Como o número de pontos é razoavelmente grande, não é possível perceber uma tendência. Entretanto, nos anos recentes, tivemos algumas das dissertações com menor número de páginas.

O segundo gráfico permite uma visualização melhor. Para cada ano, exceto 2007 que possui 2 dissertações, foi calculada a mediana de páginas das dissertações. De uma mediana de 150 páginas em 2002, o ano de 2006 trouxe uma mediana de 122 páginas.



Qual a possível explicação para isso? Se acreditarmos no Padre Vieira, os alunos agora possuem mais tempo para escrever menos. Uma outra possível explicação é que estamos aprendendo com outras áreas, em particular a economia, que uma dissertação não precisa ter mais de 150 páginas para ser uma boa dissertação. Ou seja, não existe, aparentemente, relação entre qualidade e número de páginas. Pode ser também que os alunos já estão aprendendo que não é preciso ser extensivamente longos para serem corretos.

Meio-ambiente

Da Gazeta de 17/04/2007 (Mercado falha em cobrar boas práticas, diz diretor do IMD, Aluisio Alves, Gazeta Mercantil/Finanças & Mercados - Pág. 4)

Pelo lado positivo, aponta que diversas companhias globais estão genuninamente empenhadas em questões como ética, cidadania corporativa e responsabilidade social e ambiental, por entender que avanços nessas áreas lhes dão reputação. (...)

Por outro lado, pouco desse movimento resulta de maior pressão dos stakeholders.