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14 janeiro 2007

Dívida perdoada

Da Veja dessa semana (via blog do Reinaldo Azevedo):

Num dos períodos mais lucrativos para os usineiros de cana-de-açúcar no país, o Banco do Brasil concedeu ao setor perdão de dívidas superior a R$ 1 bilhão, segundo documentos obtidos pela Folha.O benefício foi garantido em repactuações de débitos fechadas no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, sobretudo entre 2004 e 2006, referentes a empréstimos e financiamentos contraídos ou renegociados na década de 90.De 2003 para cá, o banco selou acordo com pelo menos 20 produtores, a maior parte do Nordeste. Apenas em quatro casos, a redução no valor alcança cerca de R$ 400 milhões.Dois advogados ouvidos pela Folha com vários clientes nessa situação, que pediram para não ter seus nomes divulgados, disseram que o perdão para os 20 usineiros ultrapassa facilmente R$ 1 bilhão. O grupo pernambucano União, por exemplo, pagou apenas 1,77% (R$ 3,7 milhões) dos R$ 208,63 milhões que devia originalmente.

Eu costumo usar o exemplo dos usineiros em sala da aula para comentar como é difícil fazer análise de balanços. A frase que fazer dívida é ruim (consequentemente endividamento quanto menor, melhor) não é válida. E cito o exemplo dos usineiros, que fazem dívida e não pagam. Fazer dívida pode ser bom.

Pan

Do Estado de hoje:

A seis meses da abertura do Pan-Americano, o Rio entra na reta final de preparação sem dinheiro para o término de todas as obras e outra vez apela para o governo federal, que já investiu cerca de R$ 1,5 bilhão no evento. De todos os equipamentos, a reforma do Complexo do Maracanã (estádio, ginásio e parque aquático) se tornou a principal incógnita para os organizadores, principalmente depois de anunciarem que são necessários mais R$ 84 milhões para a conclusão.

O novo governo estadual admite que não ainda sabe como fazer para saldar as dívidas e culpou a gestão anterior por supostamente ter deixado de pagar várias contas. Na semana passada, a União liberou R$ 30 milhões que não estavam previstos para o Complexo do Maracanã. Desse total, R$ 23 milhões serão destinados só para o Maracanãzinho.

(...) Em 2003, a reforma no Maracanãzinho foi orçada em R$ 17,9 milhões. Hoje, atingiu a cifra de R$ 33 milhões e estima-se que o custo total será de R$ 86 milhões. A origem do valor faltante para o término das obras - R$ 53 milhões - também é uma incógnita. A opção inicial do governo estadual é tentar captá-lo também junto à União.

13 janeiro 2007

Freakonomics processado

Quem leu o best-seller Freakonomics deve ter achado interessante o capítulo sobre aborto e crime. Pesquisas posteriores mostraram que talvez a pesquisa tinha problemas. Na segunda edição (ainda não traduzida para o português) os autores afirmaram que Lott falsificou seus resultados. Lott não gostou do texto e entrou na justiça. (clique aqui)

Pesquisador famoso x novato 2

Ainda sobre a questão do pesquisador famoso x novato 2 (clique aqui para o anterior), se você descobrisse uma anomalia no mercado que poderia render um retorno anormal em relação ao risco, você publicaria?

Se você responde não, poderia ganhar muito dinheiro. Publicando, outras pessoas começam a usar da informação e o retorno anormal desapareceria.

Para ler mais, clique aqui

Governança nas empresas tradicionais

Um artigo de Alexandre Di Miceli da Silveira, Professor da Fipecafi, na Gazeta de 12/01, explica a relação entre empresas tradicionais e níveis de governança (esse é o título). Apesar do número crescente de empresas nos níveis mais avançados de governança, a proporção ainda é pequena em relação ao total (13% das empresas).

i) "por que uma taxa maior de empresas tradicionais (com capital aberto há mais tempo) não vem migrando para os níveis mais avançados de governança?; ii) como incentivar tal migração, tendo em vista os benefícios não apenas para as companhias, mas para todo o mercado?

Em relação à primeira pergunta, uma resposta econômica simples seria a de que os controladores das companhias tradicionais provavelmente ainda não percebem, do seu ponto de vista, que os benefícios superam os custos (explícitos e implícitos) de tal migração. A própria existência do Nível 1 de governança, aliada à baixa capacidade de diferenciação entre os níveis por parte da grande maioria dos investidores, faz com que muitas empresas já pertencentes a este segmento não migrem para o Nível 2 ou Novo Mercado (...)

Em relação à segunda pergunta, a resposta também é simples do ponto de vista econômico: aumentando os benefícios relativos de se estar no Nível 2 ou Novo Mercado. (...)"


São questões interessantes que merem uma análise mais profunda.