Translate

10 janeiro 2007

Baixo crescimento do Brasil

Artigo no Valor de hoje sobre as baixas taxas de crescimento do Brasil, apesar de todas as condições favoráveis:

"A tese predominante (...) é de que as nações emergentes tendem a alcançar taxas de crescimento maiores do que os países do mundo desenvolvido, dando margem a processos de "emparelhamento", devido basicamente a três razões. A primeira razão prende-se ao fato de que nos países emergentes o retorno dos investimentos tende a ser maior e o estoque de capital acumulado tende a ser pequeno e, por isso mesmo, encontra bastante espaço para crescer. Como resultado, esses países costumam apresentar um ritmo de acumulação de capital muito mais intenso que o conseguido pelos países desenvolvidos, que já contam com aparelhos produtivos consolidados e sistemas completos de infra-estrutura. A segunda razão é de natureza demográfica e está relacionada à possibilidade de absorção na população economicamente ativa de grandes contingentes populacionais, abrindo igualmente espaço para uma taxa de expansão do emprego consistente com uma alta velocidade de crescimento econômico. A terceira razão é relacionada aos efeitos positivos da difusão internacional do progresso técnico, que permite a essas nações se beneficiarem de vias rápidas de redução do hiato de produtividade que as separa das nações desenvolvidas.

No caso brasileiro, nenhum desses mecanismos que teoricamente deveriam favorecer o processo de emparelhamento parece estar funcionando adequadamente."


David Kupfer, Em busca da produtividade perdida

09 janeiro 2007

O que vale é o fundamento

Por Angelo Pavini

Aos poucos, o investidor brasileiro começa a olhar para o mercado acionário com mais confiança. A imagem de jogo de cartas marcadas, de cassino, onde as regras de mercado não valiam e o pequeno investidor só entrava para financiar a saída dos grandes especuladores ficou para trás.

Essa incerteza torna mais importante estudos como o do professor da FEA USP e pesquisador da Fundação Instituto de Pesquisas Atuariais e Financeiras (Fipecafi) Alexsando Broedel Lopes, em parceria com o professor da Fundação Instituto Capixaba de Pesquisas (Fucapi) e doutorando da FEA Fernando Galdi.

Eles analisaram todas as empresas da Bovespa e procuraram dar notas a cada uma de acordo com nove critérios financeiros de desempenho. Depois, pegaram as companhias com as três maiores notas e com menores preços no mercado (de acordo com a relação Preço/Valor Patrimonial) e montaram uma carteira que foi atualizada em janeiro de cada ano de 1994 até 2004. O resultado foi que a carteira com as empresas com melhores indicadores teve um ganho 34% superior ao do Índice Bovespa no período. Isso significaria um retorno nominal de 872,54%, para um Ibovespa de 623,03% no período.

O estudo mostrou ainda que o investidor poderia ter usado o mesmo critério para ganhar também com os papéis que levaram bomba nas notas. Quem tivesse montado uma carteira alugando os papéis com notas abaixo de 3 e vendendo-os no mercado (isso é chamado de ficar vendido) teria obtido um ganho de 17,71% acima do Ibovespa. Fazendo uma carteira long/short, vendida nos papéis com piores notas e comprada na dos melhores, o ganho final teria sido ainda maior, 52,22% acima do Ibovespa. Isso significaria um retorno nominal de 1.000,6%.


Fonte: Valor Econômico, 09/01/2007

O sítio Contas Abertas comprova o que todos sabemos: num jogo de azar, a banca nunca quebra, nunca perde.

Mega-Sena: o governo é o grande premiado

É evidente que os valores dos prêmios são em sua maioria altos, porém, a quantia bruta arrecadada chega a ser até 72 % maior que o prêmio líquido pago aos ganhadores.(...) sobra para o pagamento do prêmio, até 60 %, sem descontar o Imposto de Renda e outros.

Agência de viagens e comissão


O jornal Valor de ontem (clique aqui para ler) publicou sobre a briga entre as agências de viagens e as companhias aéreas. A Folha de hoje traz mais informações:

As agências de viagem e as empresas aéreas estão em pé de guerra: na busca pela redução de custos, a Gol diminuiu a comissão paga a agentes de viagem, o que lhe renderá boicote de quatro dias. A TAM, por seu lado, negocia com a Abav (Associação Brasileira dos Agentes de Viagem) a possibilidade de o consumidor pagar diretamente ao agente a comissão.

Neste último caso, a comissão seria simplesmente "deslocada": na prática, o consumidor não pagaria um preço mais alto, já que atualmente a comissão já é embutida no preço da passagem. A diferença seria de ordem contábil para a companhia aérea e daria mais "transparência" ao processo, como defendem as empresas aéreas.

De acordo com especialistas no setor, entretanto, essa seria uma forma de deixar claro ao passageiro o quanto pagam pelo serviço da agência de viagem e estimulá-lo a comprar diretamente da companhia.

A Gol, por seu lado, resolveu reduzir o percentual de pagamento das comissões para 7% em bilhetes domésticos e 6% em bilhetes internacionais.

Sustentabilidade

Temas como esse estão sujeitos a juízos de valores. Veja um trecho de artigo publicado hoje na Gazeta:

É um avanço, mas, se por um lado vemos o setor privado preocupado com o tema de sustentabilidade, não vemos ainda muitos governantes tomando ações ou colocando esse tema como prioridade em suas agendas. Um grande exemplo são os Estados Unidos, que tentam ignorar e fechar os olhos para uma realidade que nos mostra diariamente a evolução danosa e perigosa a que estamos expostos.


E as medidas tomadas pelo governo da Califórnia? Não seriam um exemplo contrário a essa tese? E os avanços da Exxon-Mobil, que tem financiado a divulgação de notícias contrárias a sustentabilidade?

Governança 2


A pulverização do capital das companhias, a exemplo do que ocorreu nos Estados Unidos e na Europa, é uma tendência que começa a se instalar também no Brasil. A Eternit foi a pioneira a compartilhar seu controle e nos últimos dois anos, três companhias - Perdigão, Lojas Renner e Embraer - deixaram de ter um único proprietário. Para 2007, é esperada uma aceleração desse movimento. Isso faz com que agentes do mercado se preocupem desde já com problemas que esse tipo de organização societária trouxe para as empresas lá de fora.


Fonte: Controle pulverizado cria "ditadura" dos analistas de mercado,Gazeta Mercantil

O problema considerado seria a ênfase nas projeções e no acompanhamento trimestral.

Governança


O histórico da governança corporativa até o momento é bom:

Empresas anunciando práticas de governança corporativa viraram moda no mercado de capitais Brasileiro. Os investidores que apostaram no Índice de Ações com Governança Corporativa Diferenciada da Bolsa de Valores de São Paulo estão acumulando ganhos. Em 2006, o indicador superou o Ibovespa, com alta de 41,3%, ante 33%.

Desde que foi lançado, em junho de 2001, até dezembro do ano passado teve uma valorização de 416,9% contra 205,9% do Ibovespa. (...)

Como nem tudo são flores no mercado de ações, algumas delas também registraram consideráveis quedas como UOL (-41,1%), e seguem com Braskem ON (-21%) e Suzano Petroquímica PN (-17,6%).


Fonte: Governança faz ação disparar, Beatriz Salles, Panorama Brasil, 08/01/2007