"A tese predominante (...) é de que as nações emergentes tendem a alcançar taxas de crescimento maiores do que os países do mundo desenvolvido, dando margem a processos de "emparelhamento", devido basicamente a três razões. A primeira razão prende-se ao fato de que nos países emergentes o retorno dos investimentos tende a ser maior e o estoque de capital acumulado tende a ser pequeno e, por isso mesmo, encontra bastante espaço para crescer. Como resultado, esses países costumam apresentar um ritmo de acumulação de capital muito mais intenso que o conseguido pelos países desenvolvidos, que já contam com aparelhos produtivos consolidados e sistemas completos de infra-estrutura. A segunda razão é de natureza demográfica e está relacionada à possibilidade de absorção na população economicamente ativa de grandes contingentes populacionais, abrindo igualmente espaço para uma taxa de expansão do emprego consistente com uma alta velocidade de crescimento econômico. A terceira razão é relacionada aos efeitos positivos da difusão internacional do progresso técnico, que permite a essas nações se beneficiarem de vias rápidas de redução do hiato de produtividade que as separa das nações desenvolvidas.
No caso brasileiro, nenhum desses mecanismos que teoricamente deveriam favorecer o processo de emparelhamento parece estar funcionando adequadamente."
David Kupfer, Em busca da produtividade perdida