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03 janeiro 2007

Créditos vencidos


Deslancha a venda de créditos vencidos
3 Janeiro de 2007
Valor Econômico

O forte crescimento das operações de crédito abriu espaço para a expansão de um novo negócio no mercado brasileiro: a venda de operações vencidas, ou NPL,s na sigla em inglês para "non performing loans", para reduzir o volume de calote nos balanços dos bancos. Especialistas calculam que o volume de negócios com créditos inadimplentes pelo menos dobrou no ano passado para R$ 10 bilhões a R$ 12 bilhões em comparação com R$ 5 bilhões de 2005.

Os bancos têm interesse em vender essas operações mesmo com deságio para limpar o balanço, recuperando ao menos parte da perda, e, eventualmente, auferir vantagens fiscais. Investidores, inclusive fundos estrangeiros, compram os créditos na expectativa de ter sucesso na cobrança.

O novo mercado tem um potencial expressivo de negócios, afirmou o diretor responsável pela área de reestruturação de créditos da KPMG, Salvatore Milanese.

O crédito para pessoa física cresceu cerca de 160% desde 2001 atingindo R$ 240 bilhões em junho. Com isso, cresceu a inadimplência também. No mesmo espaço de tempo, o estoque de créditos com atraso de 90 dias a 180 dias cresceu 75% apenas nos 25 maiores bancos, de R$ 18,1 bilhões para R$ 31,7 bilhões, sem contar o que foi baixado para prejuízo, informou Milanese.

O potencial é muito maior, disse o especialista, levando em conta o volume de créditos já baixados para prejuízo. A legislação permite que o crédito seja retirado do balanço e baixado como prejuízo após 360 dias de atraso, sendo então contabilizado na conta de compensação. O diretor da KPMG calcula que o volume baixado para prejuízo seja equivalente a dez vezes o valor do crédito classificado na categoria H, que inclui as operações com atraso superior a 180 dias e é a pior da escala de nove degraus do BC, que começa em AA. Os 25 maiores bancos analisados pela KPMG contabilizaram na categoria H cerca de R$ 15 bilhões. O potencial para negociação no mercado de créditos inadimplentes sobe então para R$ 150 bilhões.

A maior parte das vendas de créditos vencidos e não pagos tem sido realizada "in house", isto é, para uma empresa do grupo. Foi o que fez no ano passado o Banco Itaú, ao vender R$ 1 bilhão em créditos vencidos para uma securitizadora do conglomerado. Segundo o consultor Gustavo Durazzo, a securitização in house é uma prática relativamente antiga de "administrar os resultados do balanço e aproveitar benefícios fiscais". Mas, acrescentou Milanese, a Fazenda "não vê com bons olhos as vendas in house e tem orientado os bancos a evitar essa alternativa".

A nova tendência é a venda dos créditos para investidores e empresas especializadas, inclusive do exterior. Nos Estados Unidos, esse mercado movimenta US$ 3 trilhões. Uma das operações mais comentadas do ano passado foi a venda de uma carteira de R$ 1,7 bilhão de saldo contábil de operações de crédito não pagas de 711 mil clientes do ABN AMRO Real.

A executiva do banco Cynthia Camargo explicou que o principal objetivo do banco ao vender os créditos foi reduzir os custos de operacionais de cobrança e processamento de carteira. Além disso, o banco pretendia se concentrar na originação do crédito e canalizar os esforços das terceirizadas para cobrar dívidas com prazos menores de atraso, quando as chances de recuperação são maiores.

"A venda abre espaço para aproveitar oportunidades de crescimento. Mas, é preciso amarrar tudo muito bem para evitar problemas", disse Milanese.

O benefício fiscal é ponto importante da operação e pode ser planejado, segundo os especialistas. A legislação limita os prazos e condições em que créditos em liquidação podem ser deduzidos. Se a crédito for vendido, porém, o deságio é dedutível no ato. "O spread costuma triplicar", disse Milanese, acrescentando que o momento ideal para fazer isso é pouco antes do fechamento do balanço.

A Lei 9.430 só permite baixar o crédito a prejuízo após 360 dias de atraso; antes disso apenas em determinadas condições. Enquanto o crédito não é baixado, o banco precisa fazer as provisões exigidas pelo Banco Central (BC), acumulando créditos tributários. O crédito tributário, porém, tem um peso de 300% para efeito do cálculo do capital mínimo de adequação dos bancos às regras da Basiléia.

Países tentam rastrear fortuna de Saddam

Jamil Chade

Investigadores de vários países que tentam traçar o percurso da fortuna de Saddam Hussein lamentaram a morte do ex-ditador. Eles temem perder o rastro do dinheiro, que a revista Forbes estimou em 2003 em pelo menos US$ 2 bilhões - há versões de que seria de US$ 7 bilhões. Na Suíça, nos EUA e em outros países, as buscas continuam. Enquanto isso, governos e grupos já se apresentam como “legítimos herdeiros” dos recursos.

Segundo a empresa de espionagem americana Kroll, Saddam acumulou uma fortuna graças ao tráfico de petróleo, de cigarros e cobrando entrada em lugares santos para xiitas. A Kroll calcula que um volume substancial ainda esteja depositado em contas secretas em paraísos fiscais em nome de sociedades e fundações. De acordo com a Forbes, a fortuna de Saddam chegou a US$ 20 bilhões nos anos 80, mas foi reduzida com as guerras e com o embargo econômico imposto pela ONU ao Iraque após a invasão do Kuwait, em 1990.

Na Suíça, o principal processo aberto em relação ao Iraque se refere ao programa da ONU de troca de Petróleo por Alimentos, que vigorou durante a década de 90 e teria sido a forma que o ex-ditador encontrou para desviar quase US$ 2 bilhões. O programa foi criado pela ONU para possibilitar que o embargo imposto ao Iraque em 1990 não significasse o fim do abastecimento de alimentos para a população. O acordo estabelecia que Saddam poderia vender petróleo em troca de alimentos e remédios.

Mas, nos bancos suíços, parte do dinheiro depositado por empresas de todo o mundo como pagamento por petróleo iraquiano nunca foi transformada em alimento. Alguns dos processos indiciaram executivos de companhias que teriam colaborado com o esquema de corrupção. O problema é que as contas encontradas em diversos países europeus estavam em nome de sociedades ou fundações, que agora estão sendo investigadas para saber quem mais teria direitos sobre os recursos. “A morte de Saddam pode dificultar as investigações, mas os processos que já estão abertos em relação ao programa Petróleo por Alimentos não vão parar”, disse ao Estado um representante da Justiça suíça.

Mesmo que o dinheiro seja encontrado, a disputa não cessará. A outra briga será em relação a quem terá direito a utilizá-lo. Cerca de 40 países se queixam de que as dívidas do Iraque com seus governos e empresas precisaria ser quitada com o dinheiro roubado por Saddam.

Funcionários na ONU defendem que os recursos sejam usados na reconstrução do país.

Nos tribunais iraquianos, um processo que chamou a atenção nos últimos dias é o que foi aberto contra o banco francês BNP Paribas, que teria cooperado com Saddam no desvio de recursos do programa Petróleo por Alimento.


Fonte: Estado de S. Paulo, 03/01/2007

Gosto nas palavras

Como os neurônios associam gosto às palavras

Fernando Reinach*

Quando somos estimulados através de um sentido percebemos o estímulo através do mesmo sentido. Se nos mostram uma imagem, “vemos” a imagem, e se colocam um chocolate em nossa boca sentimos “gosto” de chocolate. Entretanto, um pequeno número de pessoas tem seus sentidos “cruzados”. Algumas, quando ouvem uma nota musical “vêem” uma cor. Outras, quando ouvem uma palavra sentem um gosto específico. Pela primeira vez um experimento permitiu dissecar quando o cérebro realiza estas associações cruzadas.

O experimento foi realizado com seis pessoas que associam palavras a gostos. Essas pessoas “sentem” um gosto quando falam uma palavra. Quando mostramos a elas a figura de um chocolate, elas falam a palavra “chocolate” e sentem gosto de chocolate. Esse efeito ocorre também com outras palavras que possuem sílabas semelhantes. Quando mostramos a figura de um chocalho ou de um cachalote, no momento em que elas falam a palavra associada à imagem elas sentem o gosto de chocolate.

Para cada uma dessas seis pessoas os cientistas selecionaram centenas de imagens onde cada imagem era associada a uma palavra e a um gosto. Quando elas viam uma das cartelas elas a identificavam pronunciando a palavra e reportavam o respectivo gosto.

Feita essa enorme tabela que relacionava figuras, palavras e gostos, os cientistas mandaram as pessoas para casa.

Depois de muitos meses, cada uma das pessoas do grupo foi convidada a voltar ao laboratório e a identificar a palavra associada a cada uma das figuras. Na maioria dos casos a palavra associada à imagem era lembrada facilmente e o gosto, confirmado.

Entretanto, em 89 casos, as pessoas não se lembravam imediatamente da palavra, como ocorre com todos nós quando tentamos nos lembrar do nome de uma pessoa. Nestes casos costumamos dizer que a “palavra está na ponta da língua”, mas não nos lembramos dela.

Desses 89 casos, em 15 ocasiões as pessoas nunca se lembraram da palavra e nos outros 74 casos as pessoas se lembraram da palavra após alguns minutos. Quando ocorria esse lapso de memória, os cientistas perguntavam à pessoa se apesar de não se lembrarem da palavra elas sentiam algum gosto. Na maioria dos casos as pessoas sentiam o gosto “correto” mesmo não se lembrando da palavra.

IMAGEM E CONCEITO

Esse resultado demonstra que a associação cruzada ocorre antes de a palavra estar disponível no cérebro para ser pronunciada. Provavelmente é o momento em que o cérebro associa a imagem a um conceito existente na memória, mas antes desse conceito ser associado a uma palavra.

É fácil de entender: imagine duas pessoas que falam línguas diferentes. Mostramos a elas a figura de uma vaca. Ambas vão associar esta imagem à memória de um animal, a brasileira subseqüentemente associa essa imagem à palavra “vaca” e a inglesa, à palavra “cow”.

O que o experimento parece demonstrar é que existe uma etapa no processamento da memória que ocorre antes dessa memória ser associada a uma palavra. É nessa etapa que, no caso das pessoas pesquisadas, a informação retirada da memória é associada, de maneira cruzada, a um sabor.

É com experimentos como este que os cientistas estão aos poucos dissecando como funciona nosso cérebro. Mais informações em: The taste of words on the tip of the tongue. Nature volume 444, página 438, de 2006.

02 janeiro 2007

Concentração no ensino


Cenário atual do setor de ensino superior privado
O Estado de São Paulo

Foi fácil prever o fim da expansão da demanda para o setor. Bastou acompanhar os indicadores demográficos, de matriculados no ensino médio e de renda. Dessa forma, desde 2001 já sabíamos que a partir de 2005 o crescimento da demanda de ingressantes seria muito pequeno, quando comparado com o período de 1997 a 2003, que chegou a ser de mais de 150% no total.

Também foi fácil concluir que muitas instituições de ensino superior (IES) iriam passar por dificuldades a partir de 2005. E, inclusive, ousar prever o fechamento de algumas centenas dessas instituições. Bastou para isso perceber o movimento de abertura de novas IES e do aumento do número de cursos e vagas, muito acima dos porcentuais de crescimento da demanda. Bastava um simples raciocínio para verificar que uma brutal "diluição da demanda" se estava configurando no horizonte das IES privadas, com conseqüente aumento da taxa de ociosidade para patamares insustentáveis (hoje mais de 50% das vagas do setor privado estão ociosas).

Atualmente, no entanto, ocorre um movimento mais impactante do que os descritos acima, que não foi identificado nem previsto por ninguém. Trata-se da consolidação do setor. A consolidação aqui se refere ao movimento de ampliação, aquisição e fusão de IES, gerando grandes instituições que passam a concentrar boa parte do alunado do País. (...)

De um lado, temos as grandes IES, em permanente expansão com o objetivo de atuarem em todo o território nacional. Nessa categoria estão a mantenedora da Universidade Estácio de Sá, com os seus 180 mil alunos espalhados por 56 unidades em 11 unidades da Federação. Está igualmente a Universidade Luterana do Brasil (Ulbra) com seus mais de 50 mil alunos, presente em seis Estados e também no Uruguai.

Além das grandes IES, surgem no mercado as "holdings educacionais", que, em sua maioria, são conjunto de instituições mantidas pela mesma mantenedora, que passam a atuar no modelo de holding. (...)

O resultado disso (além da consolidação) é a geração de economia em escala com pressão sobre os valores médios de mensalidades, que tenderão a cair ainda mais, dificultando a vida das pequenas IES.

Há pouco tempo não se falava em "economia de escala" do setor, pois o maior custo é a folha de pessoal e nesta não se aplicava o ganho em escala. Com a inserção das novas tecnologias da informação no contexto da relação ensino-aprendizagem, integradas a projetos de unificação de matrizes curriculares, o ganho em escala passou a ser mais significativo no setor educacional.

Multis brasileiras e bancos


Internacionalização das empresas leva bancos brasileiros ao exterior
Valor Econômico

À medida que mais empresas brasileiras tornam-se multinacionais, os bancos estão reforçando a estrutura para acompanhá-las.

As instituições mais ativas no atacado estão avalizando empréstimos em moedas exóticas e fechando parcerias com instituições de varejo no exterior que praticamente não atuam nos mercados internacionais.

Clima


Artigo na Gazeta de hoje questiona as mensurações sobre o clima no planeta:

"A afirmação de que o século XX, a década de 90 e o ano de 1998 foram os mais quentes do milênio, implica que as temperaturas dos últimos mil anos são conhecidas o suficiente para permitir uma comparação precisa das temperaturas do século XX, com os séculos, décadas e anos anteriores. Este não é o caso. Uma série de medições diretas das temperaturas só existe a partir do ano de 1861. E há razões para questionar a precisão destes dados para o cálculo de temperaturas médias globais".

Estes resultados são forte evidência de que o clima do século XX foi normal, e se manteve dentro do intervalo experimentado nos últimos mil anos".