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25 dezembro 2006

Contabilização das doações

No último número da revista Rolling Stone Brasil uma reportagem de Gustavo Krieger mostra a importância da prestação de contas das eleições. Alguns trechos a seguir:

"A quinta maior bancada da Câmara dos Deputados é a da CVRD. A sigla não identifica nenhum partido político, mas a Companhia Vale do Rio Doce. A mineradora financiou a eleição de 46 deputados federais. Mais do que o PP, PSB, PTB, PL e outros 13 partidos. A representação da Vale no Congresso é maior que a do estado do Rio de Janeiro. (...)

Alguém se lembra do discurso duro feito pelo presidente Lula no segundo turno da campanha eleitoral contra as privatizações feitas pelos tucanos? Ironicamente, seu maior financiador de campanha foi a Vale, privatizada em 1997 no governo Fernando Henrique. Se continuasse estatal, a empresa estaria proibida por lei de distribuir mimos aos políticos.

Em 2002, as doações eleitorais da empresa totalizaram R$590 mil. Quatro anos depois, foi de R$25,7 milhões (...)

Gerdau também é um pequeno partido. Neste ano, investiu [sic] R$16,5 milhões em doações eleitorais. Ajudou a eleger 27 deputados federais. No Rio Grande do Sul, onde está sua base empresarial, contribuiu com as campanhas de 10 dos 30 deputados eleitos. É a maior força política gaúcha. (...)

Neste ano os dez maiores doadores despejaram nada menos que R$114 milhões. Em comum, duas características. Pertencem a setores que dependem de decisões do governo e escolhe os candidatos vencedores com o mesmo cuidade com que decidem em que ações investirão no mercado. (...)


Alguém duvida que é importante a evidenciação das contas eleitorais?

Gamecorp 2

Continuação...

Sócio diz que lucro virá em 2007 e política atrapalha
Clarissa Oliveira

O quadro deficitário registrado pela Gamecorp em seu primeiro ano de atuação deve perdurar até o segundo semestre do ano que vem, de acordo com o presidente da empresa, Leonardo Eid, que se juntou a Fábio Luis Lula da Silva - filho do presidente Lula - e a outros sócios, para criar o negócio no final de 2004. A expectativa é de que a companhia alcance o equilíbrio das contas somente no segundo semestre de 2007. Admitindo que as discussões políticas surgidas em torno da empresa geraram alguns obstáculos, ele insistiu que o saldo negativo das contas reflete principalmente o fato de a Gamecorp ser uma empresa jovem, inserida em um mercado completamente novo. "Isso tudo está dentro do planejado. A receita vem depois das despesas", disse o empresário, destacando, entretanto, que a Gamecorp já melhorou significativamente sua situação financeira desde 2005.

Para ele, o saldo negativo daquele ano não significa que os investimentos feitos na empresa - como os aportes de uma subsidiária da Telemar - não se justifiquem. "Isso se justifica plenamente. Há bons negócios, que precisam de um fôlego, mas que no futuro vão dar retorno." Questionado sobre sobre o impacto das denúncias envolvendo a Gamecorp sobre o balanço da companhia, Eid admitiu que surgiram alguns percalços no meio do caminho. Isso se refletiu, por exemplo, na maior dificuldade na captação de recursos e investimentos, segundo o empresário. "Qualquer passo nosso é mais vigiado", afirmou. Mas a empresa, de acordo com ele, tem sido capaz de lidar com a situação. "Conseguimos superar isso tudo."

Gamecorp 1


Já o Estado faz uma análise rápida das demonstrações contábeis da Gamecorp:

Gamecorp teve R$ 3,5 mi de prejuízo MÍDIA Empresa do filho de Lula apresentou mau resultado em 2005, mesmo ano em que Telemar injetou R$ 5 milhões
Roberto Lira

SALTO - Em 2004, Fábio Luis e sócios tinham R$ 10 mil de capital

A Gamecorp, empresa que tem entre seus sócios Fábio Luis Lula da Silva, filho do presidente Lula, teve R$ 3,479 milhões de prejuízo em 2005. O mau resultado aconteceu no mesmo ano em que a Telemar virou acionista da companhia, comprando 35% de participação por R$ 2,5 milhões. Também em 2005, o filho de Lula e seus sócios originais aumentaram o capital da companhia em outros R$ 2,7 milhões, depois de terem recebido recursos da Telemar a título de exclusividade pelo conteúdo que produzissem. O balanço da Gamecorp foi publicado na seção empresarial do Diário Oficial do Estado de São Paulo no sábado, dia 23 de dezembro. A empresa é sociedade anônima, mas não tem ações em Bolsa, o que a dispensa de publicar balanços com a regularidade exigida pela Comissão de Valores Mobiliários. Apesar do prejuízo de 2005 - superior até ao valor de sua participação no negócio -, a Telemar decidiu colocar mais R$ 5 milhões na Gamecorp no ano seguinte, dessa vez por meio de contratos de publicidade. Segundo o presidente da Gamecorp, Leonardo Eid, também em 2006 houve prejuízo. A Telemar é concessionária do serviço público de telefonia celular, regulado pelo governo federal. Antes dos negócios com a operadora, o capital do filho de Lula e seus sócios era de R$ 10 mil.

A Gamecorp, criada em outubro de 2004, produz conteúdo para o público jovem e aluga um espaço na grade da PlayTV, antiga Rede 21. Surgiu da criação da BR4, uma associação entre a empresa G4, que tinha como sócios o filho de Lula e os irmãos Kalil e Fernando Bittar, e a Espaço Digital, que pertencia a Leonardo Badra Eid.

Ela iniciou suas operações em março de 2005. O prejuízo de quase R$ 3,5 milhões desse ano se explica por uma receita operacional líquida de R$ 2,358 milhões, contra custos de serviços vendidos de R$ 2,948 milhões e despesas operacionais de R$ 2,889 milhões. A compra de ações pela Telemar entra em outra conta, a do patrimônio.

Nas notas do balanço, a Gamecorp informa que fechou o ano com R$ 49 mil em salários a pagar e R$ 31 mil de pró-labore - a retirada dos sócios.

Políticos e doação


Passadas as eleições torna-se claro o papel importante da contabilidade para entender o cenário político. Hoje a Folha mostra uma reportagem que compara a doação de campanha e os projetos/trabalhos realizados pelos políticos no Congresso. A seguir trechos selecionados:

Senadores captam doações de interessados em seu projetos

RUBENS VALENTE

LEANDRO BEGUOCI

Pelo menos 17 senadores que disputaram cargos nas eleições de 2006 e 2002 receberam doações de empresas que têm interesses em projetos relatados por eles ou em seu trabalho em comissões temáticas da Casa.

"Você vai se interessar em ajudar alguém que você nunca mais vai encontrar na vida? Não, então eles olham quem são os parlamentares que têm potencialidade, que têm poder, e ajudam alguns. É mais uma aposta no futuro que uma relação imediata", disse Ney Suassuna (PMDB-PB), que recebeu R$ 128 mil de empresas farmacêuticas em sua campanha à reeleição ao Senado, neste ano, e relatou projetos sobre propaganda do setor. Ele não foi reeleito e disse ter votado contra os interesses das empresas.

Maguito Vilela (PMDB-GO), vice-presidente da CPI dos Correios, recebeu R$ 50 mil de Flávio Guimarães, presidente do conselho de administração do BMG, um dos alvos da CPI que ele eventualmente presidia. Foi a única doação feita pessoalmente pelo banqueiro. "Não tenho conhecimento dessa doação", disse ele, que recebeu os recursos para a sua campanha (derrotada) ao governo de Goiás neste ano.

A empresa de segurança privada Protege colaborou com uma única campanha no país, a do senador Aloizio Mercadante (PT-SP) ao governo de São Paulo. O primeiro repasse, de um total de R$ 62 mil, ocorreu em agosto. Dois meses antes, Mercadante havia relatado na CCJ um projeto de impacto direto nas empresas de segurança.

Menos verba à União

O Estatuto do Desarmamento havia previsto, a partir de emenda de Mercadante, o pagamento de uma taxa anual de R$ 1.000 por arma adquirida por empresas de segurança privada. Em junho, o senador, já candidato ao governo paulista, mudou de idéia: sugeriu que a taxa ficasse em 20% do previsto. Há cerca de 255 mil armas em poder das empresas de segurança. Com a redução, o valor anual pago pelas empresas à União cairia de R$ 255 milhões para R$ 51 milhões. O senador não vê problema por ter aceitado as doações da Protege logo após o relatório: "Isso não vai interferir no meu mandato. Vou fazer conforme minha consciência como sempre fiz."

Mercadante também rejeitou proposta que previa a inclusão, nas embalagens de bebidas alcoólicas, de avisos sobre os efeitos perniciosos do álcool. O parecer alegava "erros jurídicos" no projeto e não impediu que ele recebesse doação de R$ 300 mil da AmBev em 2006.

(...)

"É melhor buscar as coisas legalmente que por caixa dois", diz Demóstenes Torres (PFL-GO), que obteve R$ 12,5 mil de fábricas de armamento durante sua campanha ao governo de Goiás, neste ano, e relatou no Senado projeto sobre porte de armas em ônibus.


As empresas naturalmente negam qualquer relação:

Empresas negam elo entre doações e ação parlamentar

"A doação realizada pelo doutor Flávio Guimarães para campanhas eleitorais atendeu rigorosamente aos preceitos da legislação eleitoral (...). O doutor Flávio não discutirá o mérito de doações específicas, limitando-se a esclarecer que a doação indagada ocorreu em período posterior à aprovação do relatório final da CPI dos Correios, não tendo por óbvio influência no seu resultado", disse a assessoria do BMG.

A Protege informou que "os interesses do Grupo Protege eram e continuam sendo a favor da isenção total do pagamento das taxas. O parecer do senador Aloizio Mercadante foi contrário ao nosso pleito, propondo taxação de 20%".

O Banco Itaú, que comprou o Banestado, disse que se reserva "o direito de concentrar seu apoio a candidatos e partidos que, no seu julgamento, oferecem os programas e as idéias mais eficientes para melhoria das condições de vida da sociedade. Em linha com seu processo de governança corporativa e de transparência, o Itaú define os apoios num comitê composto por conselheiros e vários executivos. O Itaú jamais solicitou qualquer vantagem como compensação às contribuições que faz".

O estaleiro Rio Maguari, que doou R$ 150 mil para Luiz Otávio (PMDB-PA) -relator de projeto que destina dinheiro à companhia de navegação do rio São Francisco-, disse que a doação não tem ligação com o fato de o senador relatar projetos desse tipo. "Luiz Otávio é comprometido com os assuntos paraenses. Ele vinha ocupando a presidência da CAE, e é difícil um político paraense ter o destaque que ele tinha".

A CBF nega ligação entre doação e atuação parlamentar: "Nunca vi uma ação que é feita a posteriori. Seria um prêmio pelo trabalho dele? A CPI do Futebol fez investigar as coisas", disse Rodrigo Paiva.

A AmBev diz que "Mercadante era candidato ao governo do maior Estado pelo maior partido, por isso doou. Não tem qualquer relação com projetos". Sobre Romero Jucá, a AmBev diz que "distribui regionalmente, por partido, e eqüanimemente. Não tem relação com projetos".

24 dezembro 2006

Bom Natal para todos os leitores deste blog

Ilusão de ótica

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Dilema da Nike


A questão social pode apresentar certos dilemas para uma empresa. Considere o caso da Nike, uma empresa que já foi acusada de explorar mão-de-obra infantil por diversas vezes.

Esta empresa tem um procedimento de terceirizar a produção de diversos artigos vendidos com sua marca. Na fronteira da Cashimira, no Paquistão, estão localizadas diversas marcas esportivas que fabricam bolas de futebol. Cerca de 80% da produção mundial é realizada nesta região, o que faz com que as cidades próximas sejam prósperas em relação a outras cidades paquistanesas.

Em novembro a Nike acusou a Saga Sports de expor a Nike a ameaça de violar leis de trabalho infantil, entre outras. Entretanto, uma medida mais severa por parte da Nike pode ter conseqüências graves em termos de desemprego, pobreza e avanço do terrorismo islâmico. O contrato com a Saga deverá terminar em março. A ruptura irá significar impactos sobre 20 mil famílias, segundo informações da própria Saga.

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