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22 dezembro 2006

Relatório Stern


O relatório Stern - cujo nome é devido ao coordenador do grupo responsável pela elaboração - causou um grande debate sobre o aquecimento da terra, suas conseqüências econômicas e o que pode ser feito. Entretanto sua metodologia tem sido largamente contestada. A seguir uma reportagem do Valor Econômico de hoje:

Relatório Stern sobre aquecimento global tem inconsistências

(...) o grande relatório de Nicholas Stern sobre mudanças climáticas, publicado em outubro pelo governo britânico, obrigou ambientalistas desmiolados a ingerir uma dose adicional de hermetismo multicultural: em cena, o alfabeto grego.
Na realidade, apenas duas letrinhas já serão suficientes: delta e eta. Os caracteres são a abreviatura convencional de Stern para dois conceitos. Delta assinala o peso que ele atribui ao bem-estar das gerações futuras que, como ainda não estão aqui, não têm como defender seu próprios interesses. Eta baliza a resposta de Stern a uma questão distinta: qual peso deveria ser dado ao consumo dos ricos em comparação com o dos pobres?
Apenas para recapitular, o relatório Stern conclui que, se as emissões de gases que provocam o efeito estufa continuarem na sua atual tendência, o custo em termos de produção perdida no decorrer dos próximos séculos poderá ser colossal. Mas os custos de mais curto prazo decorrentes de um abandono dos hidrocarbonetos não seriam gigantescos.
(...)
O peso que Stern dá às gerações futuras é alto demais para o gosto de William Nordhaus, da Universidade Yale. Em contraste, o valor atribuído por Stern ao eta é muito baixo para Partha Dasgupta, da Universidade de Cambridge, que atribuiria ao consumo dos pobres uma ponderação um pouco maior do que Stern faz em seu relatório.
Stern considera que uma pessoa nascida em 2106 deveria valer tanto quanto outra nascida em 2006. Em sua defesa, ele cita alguns grandes estudiosos, entre eles Roy Harrod, economista britânico conhecido principalmente como teórico do crescimento e biógrafo de John Maynard Keynes, para quem aplicar taxas de desconto a gerações futuras era apenas uma "referência eufemística a voracidade".
Ele admite existir uma modesta probabilidade de que tais gerações em potencial na realidade podem não existir: a Terra pode, por exemplo, ser arrasada por um meteoro. Por isso, e apenas por esse motivo, ele aplica uma taxa de desconto de apenas 0,1% ao bem-estar das futuras gerações para cada ano transcorrido até a chegada de cada nova geração de humanos.
(...)
A geração atual merece um respiro por outra razão, afirma Nordhaus. As gerações futuras não apenas nascerão mais tarde do que nós, como também serão mais ricas - muito mais ricas. Ele enfatiza que, se o consumo por pessoa crescer 1,3% ao ano, crescerá de US$ 7,6 mil, atualmente, para US$ 94 mil em 2200. Apesar disso, Stern convida a geração atual a fazer um sacrifício econômico para ajudar seus descendentes mais ricos.
Uma redistribuição dos mais pobres para os mais ricos parece algo um tanto perverso. A maioria das pessoas aceita que um dólar tem mais valor para um mendigo do que para um plutocrata. Mas, quanto mais? Stern atribui o valor 1 a eta, e por isso um dólar vale dez vezes mais para alguém com um décimo de renda. Essa pode parecer uma grande diferença. Mas significa que um aumento de 10% no consumo dos pobres - dez centavos de dólar a mais para alguém vivendo com US$ 1 por dia - não vale mais, em seu cálculo moral, do que um bônus de 10% para os ricos: mais US$ 100 para alguém com um orçamento diário de US$ 1 mil.
Partha Dasgupta acha que isso é desfavorável aos pobres. Ele argumenta que um eta entre dois e quatro produz "conseqüências mais eticamente satisfatórias". Se eta fosse igual a dois, um dólar valeria cem vezes mais para alguém dez vezes mais pobre.
Os torpedos disparados contra o relatório Stern vêm das mais diversas origens, mas Nordhaus e Dasgupta concordam num ponto: as escolhas de Stern contêm contradições internas. (...)

Aqui o relatório: www.hm-treasury.gov.uk/independent_reviews

Mudam as prioridades nos celulares


A alteração na regra do setor faz com que as operadoras passem a valorizar os clientes do pré-pago, anteriormente desprezados.

"especialmente aquelas pessoas que têm popularidade e recebem muitas ligações - voltaram a ser valorizados pelas teles. (...)

resultado das novas regras de interconexão na telefonia móvel, que entraram em vigor em meados deste ano e passaram a ter impacto nos balanços das companhias no terceiro trimestre.
A Anatel eliminou o chamado "bill & keep" parcial, no qual as teles faziam um acerto de contas somente entre o que excedia um determinado limite na interconexão (tarifa cobrada quando uma utiliza a rede da outra para completar uma chamada). Uma operadora só pagava quando as ligações originadas em sua rede ultrapassavam 55% do tráfego total entre ela e outra empresa.
(...)
Esse limite acabou. Agora, todas as receitas e todos os custos de interconexão são contabilizados. Os pacotes foram remodelados de acordo com a nova realidade, na qual receber ligações de uma outra rede tornou-se muito interessante, pois elas são uma fonte de receita de interconexão.
A nova regra do jogo, para qualquer operadora, é vender planos que incentivem o tráfego na própria rede e procurem estimular o recebimento de chamadas feitas por clientes de outras operadoras. Daí o valor que ganharam os "pais-de-santo", já que eles são clientes que mais recebem do que fazem chamadas.
(...)
"Há clientes que só recebem. Estimulá-los é bom. A gente já vinha tentando fazer isso mesmo antes das mudanças", diz o gerente de marketing de pré-pago da Vivo, Alex Kanfir. Ele acrescenta que adeptos dos planos de cartão não são sinônimo de clientes piores. Na operadora, 20% deles geram receita média mensal igual à dos assinantes pós-pagos.


(Valor Econômico, 22/12/2006)

21 dezembro 2006

Imagem que prova o aquecimento global (fonte: blue bus)

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Vale em dívida?


O liqüidante da Interunion Capitalização ingressou na CVM com pedido de suspensão do processo de emissão de novas debêntures pela Companhia Vale do Rio Doce, enquanto não forem pagas debêntures emitidas pela Companhia Paulista de Ferro Ligas (subsidiária integral da Vale), vencidas e não pagas desde setembro de 2002. Alega o liquidante que precisou recorrer a uma ação judicial para receber os papéis, hoje no valor de R$ 250 milhões, e que o atraso no pagamento causa prejuízo ao processo de liquidação extrajudicial, com milhares de credores esperando para receber o que já teria sido pago se os títulos tivessem sido honrados no vencimento.

Fonte: Gazeta de hoje

Custo do apagão aéreo


Notícia da Gazeta de hoje sobre o custo do apagão:

Desde outubro, as companhias aéreas contabilizam um prejuízo de R$ 80 milhões com apagão. As companhias aéreas já têm pronto um plano de contingência para tentar pelo menos minimizar os efeitos da crise do setor aéreo no período de festas de fim de ano. O presidente do Sindicato Nacional das Empresas Aeroviárias (Snea), Marco Antonio Bologna, revelou que o prejuízo das companhias com a crise, deflagrada em outubro pelo acidente da Gol, já chega a R$ 80 milhões. O executivo, que também preside a TAM, admitiu que a situação em todos os aeroportos só deverá voltar à normalidade no primeiro semestre do próximo ano.

(...) Com relação às perdas das companhias aéreas com a crise, Bologna confirmou que ocorrem não só por conta do aumento dos chamados custos variáveis - com a compra de combustíveis, alimentação e reservas em hotéis -, como também pela queda de receita potencial. Como mesmo reconheceu o executivo, muitos passageiros optam por outros meios de transporte, ou simplesmente por não viajar, diante dos problemas nos aeroportos.

Custo da mão-de-obra


O custo da mão-de-obra está criando a mobilidade da mão-de-obra. Veja trechos da reportagem do O Globo:

Firjan admite que mão de obra brasileira não é competitiva
Ramona Ordoñez - O Globo
20/12/2006
Agência O Globo

(...) A ãlemã Tyssen, junto com a Vale do Rio Doce, contratará uma empresa chinesa para uma das etapas das obras que trará 600 trabalhadores chineses.

- Nós lamentamos, mas entendemos que o empresário tem sua estratégia para realizar o investimento ao menor custo e ser mais competitivo. Cabe a nós advogar pela redução do nosso custo de trabalho - disse Eduardo Eugênio.

O vice-presidente da Firjan, Carlos Mariani Bittencourt, destacou que esse feñômeno não é novo, principalmente em relação à China.

Um dos primeiros casos foi na construção do pólo petroquímico de Triunfo, no Rio Grande do Sul, há 30 anos.

Uma empresa de Taiwan propunha uma associação com empresários nacionais para construir uma fábrica de PVC. Uma das condições foi que eles pudessem importar toda a mão de obra,

Outro caso aconteceu com a companhia siderúrgica do Maranhão, da Vale do Rio Doce, a Arcelor e a chinesa Bao Steel.

- O investimento desse projeto no Maranhão feito com tecnologia e mão de obra chinesa. O custo sai pela metade - explicou Bittencourt.

Segundo a Firjan já é um fenômeno que está acontecendo no mundo: a mobilidade de mão-de-obra, o que até pouco tempo não acentecia.

- É até aceitável. O que nos chama atenção é que não é razoável imaginar que o Brasil tenha escassez de mão-de-obra. Isso levanta a discussão do custo do trabalho no país.

(...)