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19 dezembro 2006

Capitalização do Mercado


A seguir as empresas mais capitalizadas do SP500 (ordem, empresa, capitalização em $ milhões)

1   ExxonMobil - 451 bilhões
2   General Electric - 385 bilhões
3   Citigroup - 266
4   Microsoft - 255
5   Bank of America - 239
6   Procter & Gamble - 203
7   Johnson & Johnson - 192
8   American Int'l. Group - 188
9   Pfizer - 185
10   Altria - 179

Fonte: Capitalization Analysis

Bancos com lucro


Uma entrevista do jornal português Diario Economico (18/12/2006) sobre lucros, bancos e contabilidade.


"Estamos a dar a ideia de que ter lucros é mau"
Sílvia de Oliveira
Diário Económico

João Salgueiro, em entrevista, afirma que os clientes pouco ganham com as medidas para a banca.

A banca tem sido acusada pelo Governo e associações de consumidores do pagamento de poucos impostos, práticas lesivas e falta de transparência.

O Governo, pela voz do primeiro-ministro, referiu, que não se tratava de nenhum ataque à banca.

Se não foi, pareceu.

Realmente pareceu. Os portugueses são capazes de ter tirado três conclusões erradas: que a banca tem um sistema fiscal especial; que paga poucos impostos e que há pouca transparência.

E as práticas são lesivas?

Se este sector tem, é difícil encontrar um que não tenha. Primeiro, não há nenhum regime fiscal especial. A banca tem questões em que os impostos são agravados. Não deduz inteiramente o IVA, tem uma contribuição anormal para a Segurança Social, através do CAFEB e é o inteiro responsável pelas despesas de saúde e de Segurança Social dos trabalhadores e famílias e dos reformados. A carga fiscal é pior. Em segundo lugar, dizem que a banca paga pouco. Só vi mostrarem que a taxa efectiva na banca é inferior à nominal, o que normalmente é a regra. E depois, apresentaram meia dúzia de sectores com taxas equivalentes. Mas isso não diz nada. Há que analisar com coisas comparáveis. Se se comparar com os bancos estrangeiros, a nossa taxa de rentabilidade e os valores absolutos não sugerem que estejamos a ter lucros anormais.

Mas há bancos que têm uma taxa efectiva de IRC abaixo dos 10".

As autoridades têm elementos suficientes para saber se os impostos que estão a ser pagos são os devidos. E são.

Mas os bancos aproveitam a lei para pagar menos impostos?

A optimização é uma obrigação. E não se pode comparar com os lucros declarados, mas sim com os lucros tributáveis.

Os resultados divulgados não têm correspondência com os lucros tributáveis?

Em alguns casos, não. Por duas razões: há rendimentos que já vêm tributados, como os de subsidiárias, ou filiais no estrangeiro; e porque, até agora, grande parte das contribuições para os fundos de pensões, ia directamente do balanço e não passava pela conta de resultados. Mas isso é um custo. Portanto, quando somávamos aos custos contidos no balanço os custos que estavam directamente registados no balanço, a taxa tinha que ser inferior. De qualquer maneira, a relação entre lucro tributável e lucro declarado vai ser mais uniformizada. Com as novas regras de contabilidade (IAS/IFRS), todos os custos são logo contidos nos resultados anuais. A taxa efectiva vai subir já este ano.

Por força das IAS?

Sim. Não sei se as IAS são melhores, se piores. Facto é que os lucros tributáveis vão aproximar-se dos lucros declarados. Um banco teve lucros em Portugal e prejuízos nos EUA, com regras contabilísticas igualmente sãs.

Fala do BCP.

Se isso aconteceu, não há nada que espantar que em Portugal, uma taxa seja alta ou baixa.

O Governo diz é que a banca paga poucos impostos.

Nunca ouvi dizer isso.

Disse mais: havia que pôr a banca a pagar mais.

O que é que isso quer dizer? A banca não tem um regime especial, está em linha com as outras empresas cotadas e não está acima dos bancos estrangeiros.

Há bancos com taxas efectivas de cerca de 8".

Com certeza que há uma razão para isso, porque senão o banco teria sido obrigado a pagar.

As acusações não são de violação da lei.

O que não pode ser dito da maior parte dos sectores.

O que o Governo critica é que a taxa efectiva seja muito abaixo.

Calculada como? O Fisco pode aceder a uma série de dados. A divulgação de dados não comparáveis não é positiva. Os principais bancos enviaram, nos últimos 16 meses, todos os elementos que o Fisco pediu. A ideia era ver se a maneira como se interpretava a lei era a mesma.

E era?

Não foi dito nada. Concluímos que se fossem necessários mais elementos, ou se houvesse discrepâncias nos teria sido comunicado e não foi.

Na sua opinião, a banca paga os impostos justos?

Quem tem que ter opinião é a Direcção-Geral de Impostos. Ao avolumar a questão, não se está a prestar um bom serviço ao país.

Quais são as consequências?

Este é um dos sectores em que todos estamos de acordo que é moderno, bem gerido e que está ao nível europeu. Se um sector que vive uma forte concorrência, consegue ter lucros, isso deveria ser dado como exemplo e não o contrário. Estamos a dar a ideia de que ter lucros é mau. Dá-se uma ideia errada, de que não se deve ter lucros, o que é uma ideia que faz o país andar para trás. E não melhora a imagem da banca.

A imagem foi afectada?

Acho que não. Os bancos têm um bom 'rating'.

E junto dos clientes?

Esse problema é mais complicado. O Governo tem seguido uma regra de conflitualidade, o que não ajuda o país. Quando se lança suspeitas sobre várias camadas da população portuguesa.

Nomeadamente, sobre a banca.

E não só. Parte dos conflitos não tem justificação.

Vê qualquer outro objectivo?

Pode ser sincero. Mas também pode ser um estilo de gerir a agenda pública.

Mas voltando à imagem da banca. Foi afectada?

Não tenho nenhum dado de alteração de comportamentos. Por exemplo, o tema dos arredondamentos foi apresentado erradamente. O dinheiro tem um custo e os arredondamentos são, apenas, uma parte da fixação do preço ao cliente. Se os clientes optavam por determinada prática é porque entendiam que era a melhor proposta. Pode-se dizer que os clientes portugueses são tão estúpidos, que optam pela pior prática? Não.

O cliente irá sempre suportar o facto de ter direito a um arredondamento mais favorável, à milésima?

A banca é o intermediário entre o dinheiro que compra e o que vende. Não pode perder dinheiro. A menos que o Estado queira subsidiar a banca, o que não me passa pela cabeça.

Os custos do crédito manter-se-ão?

Não conheço as propostas dos bancos .

A relação cliente/banco é analisada em "pacote".

O que posso garantir é que o custo do dinheiro não baixou por isso. E os bancos não podem vender abaixo do custo.

Um arredondamento à milésima, traduz-se num 'spread' mais alto, em mais comissões.

Ou na prestação de mais garantias.

Afinal as novas regras dos arredondamentos acabam por ser neutras para o cliente.

A táctica do Governo só tem a vantagem de passar a existir maior igualdade de condições.

E os 'spreads' já começaram a subir, por força da prática do arredondamento à milésima?

Vão subir um bocadinho, necessariamente. Ou os 'spreads' aumentam, ou o prazo tem que ser mais curto, ou as garantias maiores. Os bancos não vão trabalhar com prejuízos.

Afinal o consumidor ganhou alguma coisa?

Tem menos trabalho ao comparar condições. Haverá casos em que o crédito ficou mais caro e outros em que terá ficado igual. Os clientes piores têm preços mais caros. As autoridades sabiam do problema e se não legislaram foi porque não quiseram. Não podem é dizer que a culpa é da banca.

Os bancos foram utilizados politicamente?

Não sei se foi consciente. Pode ter sido para mostrar que não estavam só a sair medidas que penalizavam os mais desfavorecidos.

Outra alteração recente foi a da data-valor dos cheques. Com as novas regras, os bancos têm que disponibilizar o dinheiro num dia.

Há situações em que esse um dia não é realista, como os cheques vindos do estrangeiro.

Dificulta o combate ao branqueamento ? [??]

Não será possível controlar a qualidade daquele dinheiro.

Os bancos poderão cumprir todos os requisitos?

Provavelmente não. Num caso ou noutro, poderá fazer-se um contacto directo. Não se pode assegurar que em todos os casos seja cumprida a lei que obriga a certos controlos.

O Governo insiste no combate ao crime económico, surge a "Operação Furacão". Esta lei pode prejudicar esta política?

Não digo que possa prejudicar, mas não permite um controlo total. Tudo tem um 'trade off'. O Governo quis dar maior importância à disponibilização dos meios do que ao controlo da sua origem.

A banca alertou para os riscos das novas regras?

Sim. Estando em preparação uma directiva sobre os meios de pagamento para o final do ano, teria sido razoável que a nossa alteração se fizesse como transposição da directiva. Corremos o risco de ter que alterar a lei.

Mas concorda que cinco dias para compensar um cheque também era muito?

Era a prática tradicional. Outra coisa que se falou foi a dos 360/365 dias na contagem de juros dos créditos e depósitos. Também são normas do comércio desde o século XIX. Não é uma invenção da banca.

A evolução, por vezes, exige-se.

As coisas devem evoluir. O que é mau é fazer uma descoberta e dizer que a banca introduziu práticas pouco legais.

Mas essa diferença é desfavorável para os clientes.

Quando se dá por um lado tira-se por outro. Os custos são claros.

Resumindo, os clientes não beneficiarão de nenhuma destas alterações?

Sou partidário de práticas mais uniformes e mais transparentes. Acho bem que se caminhe nesse sentido, mas não atribuindo culpas. Mas o dinheiro não é dos bancos. Os clientes ganham apenas no facto de verem facilitadas as comparações. Agora a ideia do coitadinho do cliente que não sabe interpretar as condições... As pessoas não são estúpidas. Não há ninguém, a não ser que esteja distraído, que não peça propostas a três ou quatro bancos quando faz um empréstimo a longo prazo. O que existe agora é menos variáveis na negociação. Não é uma mudança de moral, mas de regulamentos.

O Governo anunciou ainda, no âmbito do OE, uma série de medidas que atingem a banca...

Não vi nada especificamente para a banca. As reacções vieram dos advogados e consultores.

Obrigatoriedade de informar as operações de planeamento fiscal, inspecção tributária obrigatória a todas as operações de transmissão de prejuízos fiscais superiores a um milhão de euros relativas a operações de reestruturação societária.

Essas operações já têm que ser autorizadas. As outras [planeamento] não sei o que são. Só quando vir o projecto de decreto-lei.

Afectam a banca?

Não sei o que vai ser legislado. Mas é bizarro porque, actualmente, todos os bancos são objecto de fiscalização da Direcção-Geral de Impostos. É preciso mais do que isto?

O Governo analisa a descriminalização total dos cheques e o fim do pagamento obrigatório até 150 euros. Qual a sua opinião?

A lei actual não é a melhor. Encoraja o uso o cheque, ao contrário do que se está a passar na Europa. O cheque é um meio de pagamento à distância e foi criado quando não havia meios electrónicos. Hoje, é mais seguro o cartão de débito, mesmo para os comerciantes. E aumenta a conflitualidade. O cheque é uma ordem de pagamento sobre uma conta. Se não há provisão, não há pagamento. Quando se cria a obrigatoriedade de pagamento, está a dizer-se que o detentor do papel tem direito de conceder crédito a si próprio. Isto acaba em tribunal, de uma maneira ou der outra.

Qual é a solução desejável?

Acabar com a obrigatoriedade do pagamento até 150 euros, o que fará com que os comerciantes sejam mais prudentes na aceitação de cheques A descriminalização tem a ver com a ordem jurídica e não com os bancos. Para os bancos tanto faz.

O Multibanco implica um investimento dos bancos. Os clientes devem pagar pelo serviço?

Esse é um problema comercial. Não sou partidário de que se esteja a regular tudo. Os bancos devem ter liberdade de cobrar ou não. Em Espanha, é geral a cobrança de comissões ao cliente fora da rede do seu banco.

É justa a gratuitidade do sistema?

É uma despesa e quem a paga é o conjunto dos clientes. Os bancos não vivem de subsídios.

Concorda com a regra do utilizador-pagador?

Admito que alguns bancos fizessem como se fez em Espanha. O tratamento dado a uma pessoa que faz três ou quatro operações por mês não deveria ser o mesmo de uma pessoa que faz uma série de operações por dia. Este traduz-se num custo grande que os outros clientes também estão a pagar. Talvez fosse positiva a introdução de uma taxa moderadora, como existe na Saúde. Mas não sei se faz parte da estratégia de algum banco.

Os bancos estão preparados para Basileia II?

É tradição anteciparmos as mudanças com sucesso. A única novidade séria é na avaliação dos riscos.

Os grandes bancos apontam para a utilização de modelos avançados.

Porque existe a convicção de que estes modelos permitirão economizar capital.

Quais as estimativas de poupanças de capital?

Não tenho dados. Nem sei se os bancos já têm esses dados porque os modelos têm que ser validados pelo Banco de Portugal, o que ainda não foi feito.

Os bancos também poderão ajustar a política comercial. Os 'spreads' vão baixar para os segmentos de menor risco, como o crédito à habitação?

Sim, não muito porque já temos vindo a reduzir. Mas é possível algum ajuste porque o capital necessário será menor.

E em relação às PME?

Se não tiverem feito um trabalho de transparência e profissionalismo vão ver agravados os seus custos.

Com consequências para a economia portuguesa, cujo tecido empresarial é dominado por PME.

É um desafio mais exigente.

As PME têm noção desta consequência?

Ainda não acreditaram que vai ser assim.

Qual será o impacto na economia?

Isto deveria ser um estímulo para as PME tentarem ter 'rating'. Seria bom que os portugueses que, normalmente, só reagem à última da hora, fizessem uma análise para ver o que têm que melhorar nas suas práticas para não verem agravado o custo do capital alheio. É que os bancos não têm a liberdade para não praticar Basileia II.

Considera as novas regras positivas?

Tem aspectos positivos. Mas nas IAS, por exemplo, vi aspectos muito negativos.

Quais?

É pro-cíclica, por causa das imparidades. O sistema de provisões era muito melhor. O regulador era muito prudente e obrigava a constituir provisões que nas épocas de crise se mostravam necessárias. As imparidades, nas épocas boas, não obrigam a criar provisões nenhumas e o Fisco também não considera isso como custo. Isso quer dizer que nas épocas boas os bancos se descapitalizam e nas épocas más não têm recursos para fazer face aos imprevistos. Vão ter que agravar os custos, entrar em incumprimentos e podem até vir a ter prejuízos em muitos anos. Somos o único país europeu que não teve um grande banco com problemas de falência. Porque o regulador foi muito prudente e obrigou a reestruturações muito profundas. As regras eram tão restritas que alguns bancos desapareceram.

E Basileia II?

É positivo na medida em que contribui para afinar os critérios de risco, mas a diferenciação no preço do dinheiro é capaz de ter ido para um mundo ideal que não corresponde à realidade.

Porquê?

Porque valia mais encorajar o crédito às empresas do que o crédito a habitação. O risco sobrevalorizou tudo o resto. A banca podia ter outro papel.

Têm sido as IAS que têm permitido aos bancos apresentar crescimentos recorde dos lucros?

Sim e não foi só cá. Estes crescimentos não têm que ver com a conta de exploração.

Este ritmo não é sustentável?

Claro que não é. Os lucros justificam-se com a alteração das regras.

As IAS tornaram o sector mais vulnerável?

Menos seguro. Acabou-se com a provisão para riscos gerais de crédito, que era uma garantia importante. Aumentaram-se as provisões específicas e reduziram-se os prazos de incumprimento. Os resultados de 2005 e 2006 não são comparáveis, pelo que as taxas de crescimento não fazem sentido.

E a estratégia?

A inexistência de uma estratégia para o sector financeiro seria uma erro crasso, segundo João Sal gueiro. "As consequências serão muito sérias", disse o presidente da APB, cons tatando as diferenças entre Espanha e Portugal neste 'dossier'. "Não sabemos qual é [a estratégia do Governo]. Sei, por exemplo, que as caixas em Espanha não podem comprar bancos. Em Portugal podem ou não? As OPA hostis devem ser aceitáveis ou não no sector financeiro? Em Espanha não são", disse o economista. Salgueiro relembra que a compra de bancos espanhóis por estrangeiros, na prática, só se faz se as autoridades espanholas o quiserem. "A estratégia espanhola é a de fazer grandes empresas mundiais a partir de Espa nha", adiantou o presidente da APB. Por oposição, existe, na sua opinião, a sensação de que, em Portugal, "se pratica a opção contrária: condenar os lucros, des confiar das empresas, criar problemas". Questionado sobre se a CGD deveria ou não assumir o papel de braço do Estado na con cretização de uma estratégia para o sector, João Salgueiro limitou-se a relembrar a sua experiência enquanto antigo presidente do banco público. "Quando aceitei a presidência da CGD, foi com base numa estratégia aprovada pelo ministro das Finanças e publicada em Diário da República. Como a assembleia geral da CGD não é pública entendi desejável ver a estratégia publicada", explicou.

O presidente da APB recusou comentar a OPA lançada pelo BCP sobre o BPI, limitando-se a constatar que em Portugal o nível de concentração no sector está de acordo com a média comunitária.

Portugal patológico

Portugal é um "caso patológico" na Europa. Na opinião de João Salgueiro, a economia portuguesa está numa situação muito complicada, da qual os portugueses ainda não tomaram inteira consciência. "Estamos a divergir há quatro anos, já nos dizem que vamos divergir mais dois. É um caso patológico na Europa. Tínhamos atenuantes porque estávamos associados à França e à Alemanha, agora somos o único caso. A partir de Janeiro de 2008, quando acabar a presidência portuguesa, qualquer incumprimento nosso vai para a primeira página da Comissão", alertou o economista. O presidente

da APB considera ainda que o país tem estado muito polarizado "por uma estratégia de conflitualidade" e que tem vivido muito do pro tago nismo do Governo". Sobre José Sócrates, o economista sublinha as suas qualidades de líder, mas alerta para os riscos de "um excessivo protagonismo do Governo", que só acentua uma cultura de dependência. Segundo João Salgueiro, o país é que será o motor da mudança: "Precisamos é de regras de aplicação geral, claras e estáveis", diz. Isto porque, adianta o mesmo respon sá vel, "Todos os milagres eco nómicos que houve no Mun do resultaram de alterações importantes no compor ta mento dos agentes econó micos". Na sua opinião, o equilíbrio das contas pú bli cas é indispensável, mas não é o mais importante. "Crucial é criar condições de com pe titividade. E não é só na ques tão da fiscalidade que estamos a perder compe titi vidade", defendeu.

Perfil: João Salgueiro

O presidente da Associação de Bancos Portugueses foi o fundador da Associação para o Desenvolvimento Económico e Social (SEDES). Nascido em Braga, em Setembro de 1934, licenciou-se em Economia pelo Instituto Superior de Ciências Económicas e Financeiras, tendo completado pós-graduações na Holanda e em Stanford, na Califórnia. Ocupou os cargos de subsecretário de Estado do Planeamento, entre 1969 e 1971, e de ministro de Estado, das Finanças e do Plano, no VIII Governo Constitucional, entre 1981 e 1983. João Salgueiro foi, ainda, economista do Banco de Fomento, director do Departamento Central de Planeamento, vice-governador do Banco de Portugal, presidente do Banco de Fomento e da Caixa Geral de Depósitos.

Insegurança jurídica no Brasil


As empresas de telefonia estão reclamando da insegurança jurídica no Brasil (Estado, 19/12/2006):

'Dinheiro não tolera desaforo'

Operadoras de celulares reclamam de insegurança jurídica no Brasil

Gerusa Marques

O presidente da Associação das Operadoras Celulares (Acel), Ércio Zilli, criticou ontem a insegurança jurídica e regulatória para o setor de telefonia no País, que, segundo ele, contribuem para afugentar investidores. A indefinição de regras, segundo ele, também incentiva movimentos de fusão e concentração entre empresas, como a eventual venda da TIM para a Claro, que ocupam a segunda e a terceira posição entre as maiores empresas que operam no Brasil.

'Dinheiro não tolera desaforo', disparou Zilli, em entrevista coletiva. Além disso, diz, o mercado brasileiro não comporta quatro ou cinco operadoras de telefonia celular em cada região, como defende a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). No Brasil, operam três grandes grupos nacionais, Vivo, TIM e Claro, e empresas regionais, como a Oi, a Brasil Telecom, a Telemig Celular e a Amazônia Celular.

As operadoras, segundo a Acel, têm investido de 25% a 30% de sua receita todo ano na ampliação de suas redes e da cobertura dos serviços. Zilli disse que nos últimos cinco anos as companhias acumulam um déficit de R$ 8 bilhões em seu fluxo de caixa, uma vez que investiram R$ 38 bilhões e geraram R$ 30 bilhões em receitas. 'Do ponto de vista do retorno, os movimentos de concentração são bastantes plausíveis e prováveis.' (...)

Petrobrás será indenizada


Depois de meses, o ministro do governo boliviano diz novamente que a Petrobrás será indenizada. Fica a impressão de que o acionista da Petrobrás perdeu e continuará perdendo com tudo isto.

Petrobrás será indenizada, diz ministro de Evo

Carlos Villegas, de Hidrocarbonetos, afirmou que o seu governo contratará uma consultoria para definir o valor

Denise Chrispim Marin

O ministro de Hidrocarbonetos da Bolívia, Carlos Villegas, garantiu ontem que a Petrobrás será indenizada pela nacionalização de suas duas refinarias de petróleo em Santa Cruz de la Sierra. Ao final de um encontro de duas horas com o ministro de Minas e Energia, Silas Rondeau, Villegas anunciou a jornalistas que o governo boliviano contratará uma consultoria para definir o valor de mercado das duas unidades.

Essa tarefa deverá ser concluída até a primeira semana de fevereiro. (...)

As contrapartidas acenadas pelo Brasil foram os novos investimentos da Petrobrás na produção de gás na Bolívia e a possível construção de um pólo gasoquímico por empreendedores privados brasileiros do lado boliviano da fronteira.

'Falava-se muito sobre o pólo gasoquímico, deixou-se de falar (com a nacionalização do setor de gás) e voltou-se a falar por iniciativa do próprio Evo Morales. A Petrobrás também contempla novos investimentos', afirmou o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim. 'Há três meses, seria difícil falar nesse assunto. Mas houve uma evolução importante, que não é definitiva. Há uma disposição nova.'

Embora não afaste o risco de novas ações unilaterais do governo boliviano contra interesses brasileiros, Amorim acredita que há condição para se criar um 'clima positivo'. O próprio chanceler Choquehuanca afirmou que ambos os países começaram uma fase superior, baseada na solução de todas as questões por meio do diálogo. 'O diálogo é o oposto de medida unilateral. Alguns anseios históricos da Bolívia foram tratados de forma abrupta (pelo governo Morales). Com o tempo, as coisas voltam ao leito normal', declarou Amorim à imprensa.

As refinarias foram compradas pela Petrobrás em 1999, para atender a pressões do governo boliviano, por US$ 100 milhões. A companhia brasileira, até então, resistia a ingressar no segmento de refino de petróleo na Bolívia. Em maio deste ano, as refinarias tornaram-se emblemas do processo de nacionalização do gás e do petróleo pelo governo Evo, ao serem ocupadas por militares. Nesse processo, tornou-se claro que a YPFB passaria a controlar 51% das ações das refinarias. Mas a indenização da companhia pela perda de patrimônio ficou em aberto, sem garantias claras do governo boliviano.

15 dezembro 2006

Investidor humano

Investidores, afinal, são seres humanos
Por Luciana Monteiro
14/12/2006

É preferível ganhar R$ 80 mil ou ter 80% de chance de ganhar R$ 100 mil? Certamente, a grande maioria das pessoas escolherá a primeira opção. E entre perder R$ 80 mil e a probabilidade de 80% de perder R$ 100 mil? Sem dúvida, a maioria escolherá a segunda alternativa. As respostas dadas a essas perguntas, feitas em pesquisa conduzida por Amos Tversky, fundador da teoria financeira comportamental, mostram que, em qualquer parte do mundo, a reação do investidor será a mesma: ele não está disposto a correr risco para obter ganhos.

Esse padrão de comportamento ratifica a essência daquela teoria, segundo a qual as decisões econômicas não se pautam apenas por motivos racionais. Em seu livro, o economista Aquiles Mosca, estrategista de investimentos pessoais da ABN Amro Asset Management, usa essa premissa como moldura de recomendações que faz ao investidor individual.

Mosca fez uma coletânea de artigos que publicou na coluna "Palavra do Gestor", do Valor, para mostrar como o investidor pode orientar suas aplicações por princípios de análise comportamental e como é importante considerar contextos que recomendam essa opção - inclusive, para evitar decisões mal fundamentadas.

Um dos erros mais comuns está associado ao entendimento equivocado do que o economista chama de "representatividade" - a tentativa de prever o futuro com base em resultados passados. Mosca cita como exemplo um mês em que a bolsa de valores tenha apresentado um bom desempenho. "Com certeza, haverá um maior fluxo de recursos para fundos de ações no período seguinte." O problema, no entanto, é que o investidor estará entrando em bolsa num momento de alta, quando é justamente o oposto que deveria fazer.

Outra armadilha se apresenta quando o investidor se amedronta diante de eventos raros, que o autor chama de "saliências". "São eventos com baixa probabilidade de se repetir, mas que, como são muito divulgados, influenciam o comportamento do investidor", diz. Basta lembrar a forte queda dos papéis da área de aviação após o acidente com o avião da Gol no fim de setembro.

As pessoas também têm uma forte tendência de agir conforme a maioria, o que provoca o chamado efeito manada. "É muito confortável agir em conformidade com um grupo", diz. Nos investimentos, é muito mais aceitável a perda quando todo mundo está perdendo, mas ao fazer isso o aplicador não está levando em conta que poderia estar ganhando se tivesse assumido o risco de agir diferente.

Outro erro comum é a dificuldade de aceitar que se está errado. A "teoria do arrependimento", diz o autor, faz o investidor persistir numa estratégia incorreta por não assumir que errou. "As pessoas acreditam que há um momento peculiar para investir, e não admitem que erraram", diz o estrategista da ABN Amro Asset. "Todo fim de mês, os investidores tentam adivinhar o que acontecerá no mês seguinte, o que é um erro." Segundo Mosca, as pessoas têm uma tendência de superestimar o próprio conhecimento.

A cultura do curto prazo, ainda dominante entre os investidores no Brasil, potencializa a possibilidade de erros ao se adotar essa estratégia, lembra o executivo. "É a tentativa de adivinhar o que acontecerá com a economia num prazo de 22 dias úteis", afirma Mosca. Além disso, o aplicador acostumou-se com as altas taxa de juros pagas pelos papéis do governo. "Com juros agora mais baixos, será preciso assumir mais riscos para bater o CDI."

A dificuldade em lidar com o dinheiro, no entanto - que é, no fundo, o que determina o comportamento do investidor - não é característica exclusiva do brasileiro. Pesquisadores da Universidade de Cambridge constataram que 50% dos entrevistados, numa amostra tomada para estudo de comportamento, apresentaram aceleração significativa no ritmo cardíaco quando tiveram de organizar suas finanças. Outros 15% ficaram imóveis e sequer tentaram analisar os dados antes de desistirem por completo. Quando o assunto é dinheiro, mudanças comportamentais ocorrem e podem impedir que a pessoa tome as melhores decisões, usando a mesma desenvoltura com que trata de outros assuntos, escreve o autor.

Para o economista, o primeiro passo para fugir desses comportamentos de risco é tomar consciência do problema, perceber os sintomas e decidir com a maior clareza possível de objetivos.

"Investimento Sob Medida" - De Aquiles Mosca. Lazuli/CEN, 110 págs. R$ 25
Valor Econômico


Enviado por Ricardo Viana (grato)

14 dezembro 2006

Economia é fábula


De Ariel Rubinstein

As in the case of a good fable, a good model can have an enormous influence on the real world, not by providing advice or by predicting the future, but rather by influencing culture. Yes, I do think we are simply the tellers of fables, but is that not wonderful?

Fonte: Marginal Revolution

Citação


Life is a business that does not cover the costs

Schopenhauer, The World as Will and Representation (Via Marginal Revolution)