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14 dezembro 2006

Custo de um soldado

Reportagem interessante do Wall Street Journal sobre o custo de um soldado norte-americano:

Caixa, o ponto fraco do Exército americano
December 14, 2006 4:05 a.m.

Por Greg Jaffe
The Wall Street Journal

FORT STEWART, EUA — Apenas seis semanas antes de partir para o Iraque, os 3.500 soldados da 1a Brigada da Terceira Divisão de Infantaria do Exército americano deveriam estar aprendendo sobre Ramadi, bastião dos rebeldes iraquianos onde eles passarão um ano.

Muitos dos soldados nem sabem qual é a mistura de etnias que forma essa cidade de maioria sunita. "Não passamos tanto tempo quanto gostaríamos aprendendo sobre a cultura local, a língua, a política — todas as coisas que demoram para se aprender", diz o tenente coronel Clifford Wheeler, que comanda um dos batalhões de 800 soldados da brigada.

Em vez disso, a tropa está aprendendo a usar equipamentos com os quais deveriam, numa situação ideal, ter começado a treinar no início do ano, dizem seus comandantes. Muitos soldados receberam apenas recentemente os novos fuzis M-4 e as miras telescópicas, que estão em falta porque o Exército dos Estados Unidos passa por um aperto de caixa. Alguns ainda estão sem metralhadoras ou sistemas de vigilância usados para identificar rebeldes colocando bombas nas estradas. Eles foram informados que receberão a maioria desses equipamentos quando chegarem ao Iraque.



As dificuldades aqui em Fort Stewart (Estado da Geórgia) — uma das maiores bases militares dos EUA — aparecem em todo o Exército. Elas confirmam uma situação histórica: a Guerra do Iraque expôs mais de uma década de falhas e cálculos errôneos que agora estão minando a força militar mais poderosa do planeta.

Nos 15 anos seguintes à Guerra Fria, os planejadores militares de alto escalão e os oficiais civis do departamento da Defesa dos EUA não prepararam o Exército para enfrentar conflitos de guerrilha longos e desgastantes, como no Iraque e Afeganistão. Em vez disso, apostaram em guerras rápidas, dominadas por armamento de alta tecnologia.

O resultado é que num período em que a guerra no Iraque está se aprofundando, e o debate sobre a retirada das tropas está se intensificando, o custo crescente de levar a luta adiante está estourando até o enorme orçamento do Exército americano. A falta de recursos está provocando a falta de equipamentos e de pessoal importantes.

De 1990 a 2005, os militares americanos torraram dinheiro em destróieres, aviões de caça e sistemas antimísseis bilionários. Os partidários desses programas dizem que os EUA enfrentam vários tipos de ameaças e devem estar preparados para todas. Armamentos de alta tecnologia contribuíram para a derrubada rápida dos regimes ditatoriais no Iraque e no Afeganistão, mas têm ajudado pouco na tarefa mais difícil de estabilizar os dois países.

Dos US$ 1,9 trilhão gastos pelos EUA com armamentos nesse período, com correção monetária, a Força Aérea recebeu 36% e a Marinha, 33%. O Exército informou que recebeu 16%. Apesar das guerras no Iraque e no Afeganistão, ambas dominadas por tropas no solo, a relação não mudou muito.

Previsões otimistas demais do governo Bush — e do Exército — pioraram o arrocho no orçamento do Exército. Ambos acreditavam que o número de soldados no Iraque iria cair significativamente em 2006 e que o Exército não precisaria de tanto dinheiro como havia pedido inicialmente. Em vez disso, os custos foram às alturas.

O custo do equipamento básico que os soldados levam para a batalha — capacete, fuzil, colete à prova de balas — passou de US$ 7.000 em 1999 para US$ 25.000. O custo de pagar e treinar as tropas aumentou de US$ 75.000 em 2001 para US$ 120.000 por soldado. Nas tropas reservistas, os custos dobraram desde 2001 para US$ 34.000 por soldado.

Fiesp e a pirataria


Notícia do Estado de hoje:

Fiesp se rende à invasão chinesa

Entidade critica importação, mas distribui brindes feitos na China

Nem a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) consegue resistir à invasão chinesa. Ontem, o presidente da entidade, Paulo Skaf, reclamou que os preços dos produtos chineses são baixos e o volume importado pelo Brasil é muito grande porque a China usa de “banditismo” e práticas desleais de comércio ao manter sua moeda desvalorizado de forma artificial.

No entanto, a organização do almoço de fim de ano da entidade cometeu uma gafe. Depois da reclamação, ofereceu pen drives (pequenos dispositivos de armazenamento de dados para computadores) de origem chinesa, como brinde aos jornalistas. “Eu desconhecia esse fato, mas, certamente, esse produto não é pirata e foi comprado com nota fiscal”, afirmou Skaf, visivelmente constrangido.

Anne Warth
Jander Ramon
SÃO PAULO

Valor de Itiquira


Recentemente coloquei na minha página um comentário sobre um texto do Ipea, onde os autores mensuravam o valor do parque estadual de Itaúnas, no Espírito Santo.

Li uma dissertação de mestrado onde a autora, Arlete de Freitas Botelho, utiliza o método custo de viagem para mensurar o valor do parque municipal de Itiquira ("Método Custo de Viagem na Valorização do Parque Municipal de Itiquira", de 2005, do mestrado em Economia do Meio Ambiente, orientação do prof. Jorge Nogueira).

Este é um exemplo típico da dificuldade de mensurar o valor do meio-ambiente. Como Itiquira fica próximo de Brasília, apesar de ser o segundo maior salto do País, este método irá apresentar um valor muito reduzido. Segundo a autora, R$785 mil.

A imagem é do Salto de Itiquira

Diversas notícias

SEC afrouxa regra

A SEC, órgão regulador do mercado de capitais nos Estados Unidos, afirmou que as empresas não mais precisarão de duas opiniões, por parte de seus auditores, sobre a eficácia de seus controles internos. As companhias argumentam que realizam checagens custosas sobre esses controles, porque as diretrizes da lei Sarbanes-Oxley são vagas, segundo o Financial Times. O aumento dos custos com contabilidade e auditoria tem feito com que as empresas deixem de abrir seu capital nas bolsas de valores americanas. (Valor de hoje)

PwC é multada

A unidade britânica da PwC, a maior firma de auditoria do mundo, recebeu uma multa de 1,5 milhões de libras esterlinas (US$ 2,9 milhões) por ter falhado na identificação de fraudes contábeis na TransTec, em 1999, que levaram ao colapso da empresa. As informações são do Financial Times. (idem)

Siemens declara a descoberta de US$ 554 milhões em pagamentos suspeitos

A gigante alemã Siemens informou hoje que uma auditoria interna detectou cerca de US$ 554 milhões em pagamentos suspeitos na contabilidade da companhia dos últimos sete anos.A auditora interna começou depois que a companhia descobriu um possível desfalque de recursos por parte dos funcionários. Na semana passada, um ex-executivo da área de tecnologia e telecomunicações da Siemens foi preso temporariamente e a procuradoria de Munique investiga também um grupo de cerca de 12 ex-funcionários da empresa que teriam desviado em torno de US$ 265 milhões de recursos da companhia.No mês passado, a Siemens anunciou a republicação de seu balanço anual. Ao invés dos US$ 4 bilhões de lucro líquido declarado em novembro, a companhia revisou o ganho para US$ 3,9 bilhões.(Valor Online, 13/12)

Otimismo


Da Gazeta de hoje (Bolsa terá 5º- ano de alta em 2007)

Presidente eleito da entidade descarta bolha e prevê mais expansão do mercado doméstico. A Bovespa está perto de fechar 2006 com uma sequência de recordes. Quatro anos seguidos de valorização, mais de 70 ofertas públicas de ações e 37 aberturas de capital. Mas para o recém-eleito presidente nacional da Apimec, Álvaro Bandeira, esse ciclo ainda terá novos capítulos. "O mercado de capitais está apenas começando a consolidar sua função de capitalizar as empresas", diz. Para ele, com a ausência de sobressaltos da economia norte-americana, a ampliação da governança corporativa das empresas domésticas e a proximidade de o Brasil conseguir o investment grade das agências de classificação de risco, a tendência é uma entrada cada vez maior de capital externo. Em contrapartida, Bandeira, também diretor da corretora carioca Ágora, diz que ainda há avanços importantes a serem perseguidos pelas empresas em governança corporativa.

E avisa: algumas das novatas na Bolsa estão sobrevalorizadas. "A separação entre o joio e o trigo ainda não aconteceu", afirma.

(Gazeta Mercantil/Finanças & Mercados - Pág. 3)(Aluísio Alves)


Ao mesmo tempo, ontem os acionistas da Submarino aprovaram a fusão com a Americanas.com, anunciada em 23 de novembro. (As ações da empresa saltaram de 52 para 67)

Erros de auditoria


Segundo notícia da Gaceta de los Negocios, de hoje, a maior empresa hipotecária dos Estados Unidos, Fannie Mae, está cobrando da antiga empresa de auditoria, a KPMG, a responsabilidade por negligência e quebra de contrato. A Fannie Mae considera que a KPMB falhou no seu papel de auditoria e não evitou erros na sua contabilidade cujo valor é de 6,3 bilhões de dólares. A Fannie Mae reclama indenização de 2 bilhões.

Já a KPMG afirma que a própria empresa de auditoria também possui reclamação contra a Fannie Mae.

Em dezembro de 2004 a SEC descobriu que executivos da Fannie Mae cometiam irregularidades desde 2001, maquiando os resultados. A empresa teve que pagar uma multa de 400 milhões

Segundo o jornal espanhol (em conjunto com a Bloomberg)

Ahora, la empresa hipotecaria culpa a KPMG de no haber detectado esas anormalidades. “Fannie Mae ha determinado al menos 30 prácticas contables aprobadas por KPMG que no eran acordes a los principios contables generalmente aceptados”, ha señalado en su acusación. “Es difícil imaginar un caso más claro de mala práctica contable”, ha añadido.

Pis/Cofins


Empresas podem reverter provisões
Valor Econômico - 14/12/2006

O Instituto dos Auditores Independentes do Brasil (Ibracon) mudou sua interpretação sobre a manutenção de provisões em disputas tributárias e abriu caminho para que as empresas melhorem os resultados em seus balanços de 2006. A Interpretação Técnica Ibracon nº 02, de 30 de novembro, flexibiliza a norma contábil e altera diretamente a forma de tratamento, pelas companhias, dos passivos referentes ao alargamento da base de cálculo do PIS/Cofins. O Supremo Tribunal Federal (STF) já deu ganho de causa ao contribuinte, mas a decisão foi tomada em um recurso extraordinário, que vale apenas para ações individuais. Por isso, o Ibracon, referendado em seguida pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), proibiu a reversão destas provisões até que cada empresa tenha seu próprio caso julgado no Supremo.

Estes passivos podem fazer uma diferença considerável nos resultados das companhias abertas. Uma breve leitura das notas explicativas dos balanços do terceiro trimestre deste ano das empresas mostra bilhões represados em provisões. A Braskem é um bom exemplo, pois atravessa um ano difícil devido ao alto custo de sua principal matéria-prima, a nafta, e à valorização do real frente ao dólar. De janeiro a setembro, o resultado da companhia ficou em apenas R$ 6 milhões. Segundo a nota explicativa do balanço de setembro, em fevereiro deste ano a companhia teve o trânsito em julgado de seis ações que envolviam o alargamento da base de cálculo do PIS/Cofins e conseguiu reverter R$ 90,9 milhões de provisões. Diz a nota que o impacto positivo, em seu resultado, de ações ainda em curso seria de R$ 106 milhões, o que pode evitar um prejuízo contábil neste ano.

O especialista Ari Carrion, do escritório Polonio Advogados, lembra que toda empresa, ao reverter provisões, melhora seus resultados contábeis e, por consequência, afeta os valores dos dividendos a serem distribuídos. Ele diz ainda que há uma vantagem fiscal na reversão, já que esse resultado diminui o lucro considerado para cálculo do imposto de renda. Além disso, Carrion diz que a nova interpretação também melhora a condição das empresas que não constituíram as provisões para fazer frente à discussão do alargamento. E os próprios auditores sabem que existem grandes esqueletos não representados nos balanços.

O presidente da diretoria nacional do Ibracon, Francisco Papellás, que assina a Interpretação Técnica nº 02, explica que havia muita confusão sobre a Norma e Procedimento de Contabilidade nº 22, aprovada pela CVM na Deliberação nº 489 do ano passado. As normas exigem que as empresas que questionam tributos estabelecidos em leis os tratem como uma "obrigação tributária" e, assim, mantenham provisões até que tenham as ações transitado em julgado. Papellás diz que as empresas poderão fazer uma nova avaliação sobre a necessidade de manter ou não a provisão referentes a essas obrigações tributárias em discussão na Justiça sempre que houver um novo evento sobre o caso analisado.

Esse novo evento, no caso do alargamento da PIS/Cofins, é a publicação, em agosto, do acórdão da decisão do pleno do Supremo, que pacifica a questão, e o trânsito em julgado do caso, em setembro. O tributarista Roberto Haddad, da KPMG, diz que essa nova interpretação do Ibracon esclarece todas as dúvidas que ainda existiam sobre o assunto nas empresas. Alguns advogados chegaram a entender que toda e qualquer disputa tributária teria que ser provisionada. Mas fica claro agora que são apenas aquelas disputas que questionam uma lei. A grosso modo, as causas que, em última instância, chegariam ao Supremo para discussão de inconstitucionalidade de lei. Além disso, Haddad diz que a norma prevê que um especialista tributário faça a análise e não o advogado que patrocina a causa.

A análise para a reversão de provisão ou até mesmo para não se constituir provisão de causas que envolvam uma obrigação tributária deve ser feita com base em três pontos: a existência de jurisprudência pacificada nos órgãos que tenham o poder de deliberar de forma definitiva sobre a questão, a opinião dos advogados patrocinadores sobre a inexistência de falhas processuais e ainda evidências de que não haverá redução patrimonial futura.

A questão do alargamento não só já foi definida pelo Supremo - que já sinalizou transformar a questão em súmula vinculante - como a própria Procuradoria Geral da Fazenda Nacional (PGFN) já manifestou diversas vezes a intenção de desistir de recursos sobre essa causa. Só não o fez ainda porque a conta do governo pode ser afetada, já que a desistência significaria o levantamento de bilhões de reais em depósitos judiciais que estão nas contas do Tesouro.

Os contribuintes que travam disputas tributárias com a Fazenda não necessariamente precisam fazer depósitos judiciais, porque muitas vezes a Justiça não exige. As companhias fazem então as provisões para que, quando tiverem que pagar o fisco, caso percam a causa, não tenham seus balanços afetados. Na outra mão, quando ganham, revertem as provisões e melhoram resultados. Das grandes companhias abertas com os maiores valores provisionados relativos à disputa do alargamento estão Ambev, Aracruz, CSN, Embraer, TAM, Votorantim Celulose e Papel (ver tabela acima). Outras companhias, como o Pão de Açúcar, incluem na provisão uma causa já perdida, a majoração da alíquota da PIS/Cofins, também prevista na Lei nº 9.718, de 1998, e que teve sua constitucionalidade afirmada no mesmo julgamento que declarou a inconstitucionalidade do alargamento. Isso significa que boa parte da provisão de R$ 991 milhões não poderá ser revertida. Outro caso diferenciado é o da Petrobras, que pagou o tributo e só depois que o Supremo declarou inconstitucional o alargamento é que entrou com a ação. Por isso terá que esperar o trânsito em julgado da ação para fazer a devida compensação do que pagou a maior com outros tributos, segundo exigência da Receita.