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12 dezembro 2006

Notícias diversas




(1) Petrobras e SOX

(2) A importância da Sustentabilidade

(3) A importância do Tag Along

Tata X CSN

Segundo os jornais de hoje informam, a CSN cobriu a oferta da Tata pela Corus.

"Apenas um dia depois da nova proposta do grupo indiano, empresa brasileira eleva oferta para US$ 9,6 bilhões" (Estado de S. Paulo, CSN cobre oferta da Tata pela Corus, Agnaldo Brito)

"A CSN anunciou ontem uma nova proposta de 515 pence (centavos de libra) por ação da Corus, o que dá à empresa um valor total de US$ 9,6 bilhões (R$ 20,5 bilhões). A oferta revisada da Tata, anunciada no domingo, era de 500 pence por ação, ou US$ 9,2 bilhões.

A primeira oferta da Tata, pela Corus, anunciada no final de outubro, era de 455 pence por ação. A CSN entrou na briga no meio de novembro, anunciando que faria uma proposta de 475 pence por ação. Mas antes que oficializasse a proposta, a Tata deu um novo lance, no domingo. Ontem, a CSN voltou à disputa com uma oferta oficial contando, segundo a empresa, com o apoio de bancos internacionais.

O diretor-financeiro da CSN, Otávio Lascano, disse em teleconferência com analistas que, para garantir o negócio, a companhia já assegurou uma linha de financiamento de US$ 8 bilhões com os bancos Barclays, Goldman Sachs e ING.

Além disso, a empresa firmou uma linha de crédito de cerca de US$ 2,5 bilhões com o UBS e o Citibank. Em adição, a Corus teria US$ 650 milhões para fazer frente às necessidades de capital de giro.

(...) A compra do grupo anglo-holandês, 8º maior do mundo, significaria um enorme salto tanto para a Tata, 52ª maior siderúrgica do mundo, quanto para a CSN, 49ª do ranking: ambas passariam a ocupar o 5º posto na lista das maiores produtoras de aço. Ontem, as ações da Corus subiram 5% por causa do leilão entre as duas empresas.

A disputa acirrada pela Corus, apesar de o mercado não considerar a empresa um ativo de primeira linha, segue a lógica da corrida por fusões e aquisições na siderurgia mundial. As siderúrgicas buscam ganhar escala principalmente para aumentar seu poder de pressão para negociar o preço do minério, cujo mercado está nas mãos de poucas mineradoras.

(...) A CSN, apesar de enfrentar a desconfiança do mercado (as ações da empresa caíram ontem 2,32%), tenta mostrar os ganhos que terá com o negócio. As sinergias somariam US$ 750 milhões até 2009. Deste valor, US$ 450 milhões viriam da elevação do fluxo de caixa da Corus quando a empresa receber minério-de-ferro da Mina Casa de Pedra, da CSN.

Isso permitiria, segundo o presidente da CSN, Benjamin Steinbruch, 'destravar' os ativos de minério-de-ferro e elevar a produção para 50 milhões de toneladas por ano. A outra parte dos ganhos (US$ 300 milhões) viria das economias de uma operação global.

A ponderação mais ouvida entre analistas sobre a elevação do preço pela Corus é a de que essa disputa pode 'destruir valor', ou anular esses ganhos que a CSN imagina obter depois de fechar o negócio. 'Há um limite para estas ofertas, não sei se a CSN chegou nele, mas há um limite', diz Pitchon. O Banco Merrill Lynch distribuiu avaliação de que o limite da siderúrgica brasileira seria de US$ 9,9 bilhões.

Rodrigo Ferraz, analista de siderurgia da Brascan Corretora, diz que os ganhos obtidos pela CSN não se resumem aos US$ 750 milhões. O controle da Corus dará à CSN acesso ao mercado europeu e norte-americano, algo que o Brasil só tem acesso parcialmente. A CSN poderá, no médio e longo prazo, segundo ele, criar novas usinas de chapas no Brasil e mandar para laminação nas plantas da Europa."



Na Folha de hoje (Financiamento da compra é complexo, PETER MARSH, do "FINANCIAL TIMES") informa:

"Tanto para a Tata Steel quanto para a CSN (Companhia Siderúrgica Nacional), descobrir a maneira correta de obter financiamento para suas propostas de adquirir a Corus foi um processo complicado.

O grupo indiano e o brasileiro estão tentando adquirir uma empresa que produz três vezes mais aço do que eles, e era necessário descobrir um mecanismo que permitisse financiar pouco mais de US$ 10 bilhões.

A oferta inicial de US$ 10 bilhões que a Tata Steel apresentou pela Corus praticamente naufragou devido à complexidade do pacote de empréstimos proposto, de acordo com uma pessoa envolvida na transação. O maior problema era criar um conjunto de empréstimos levando em conta a complexa mistura de passivos das usinas da Corus na Holanda e no Reino Unido.

O banco de investimento Credit Suisse foi convocado para especificar um mecanismo que permitisse obter um empréstimo de 3,3 bilhões de libras, que formou a base da proposta da Tata Steel. A dívida seria registrada como parte da contabilidade da Tata Steel e seu ressarcimento seria coberto pelo fluxo de caixa futuro.

O Deutsche Bank e o ABN Amro também forneceram parte do dinheiro envolvido no empréstimo de 3,3 bilhões de libras. Outros 2,2 bilhões de libras foram investidos pelo grupo industrial Tata, principal acionista da Tata Steel. O mesmo pacote básico de financiamento estava em jogo na nova oferta da Tata Steel, no valor de 5,5 bilhões de libras, anunciada no domingo.

A nova oferta da CSN, no valor de 5,7 bilhões de libras, emprega alguns dos mesmos mecanismos que o pacote de financiamento desenvolvido pelo Credit Suisse, a fim de ressarcir parte das dívidas contraídas pela CSN por meio do fluxo de caixa futuro do grupo. A maior parte do dinheiro foi obtida em forma de empréstimo por três bancos -Barclays, ING e Goldman Sachs-, enquanto outra parcela dos recursos viria de um pacote de empréstimos separado no valor de 1,6 bilhão de libras, com dinheiro fornecido pelo Citigroup e pelo UBS.

Tradução de PAULO MIGLIACCI

11 dezembro 2006

As Estatais


Segundo dado do Valor Econômico de 29/11/2006:

Em 2005, as estatais lucraram R$ 35,702 bilhões, mas 65% desse resultado foi gerado por apenas uma empresa - a Petrobras (R$ 23,450 bilhões). Houve prejuízos também - 45 empresas apresentaram resultados negativos, totalizando perda de R$ 1,540 bilhão. O que o governo quer fazer agora é introduzir, na gestão das suas empresas de capital aberto, conceitos modernos, como o de "governança corporativa", já adotados, com sucesso, em duas das estatais - a Petrobras e o BB. (...)

Do governo Collor à gestão Fernando Henrique Cardoso, a União vendeu dezenas de estatais, apurando receita de US$ 56,2 bilhões e transferindo ao setor privado dívidas no valor total de US$ 11,3 bilhões. No mesmo período, os Estados apuraram US$ 27,9 bilhões com suas privatizações e se livraram de dívida de US$ 6,7 bilhões. Àqueles que alegam que essa dinheirama, usada para o abatimento da dívida pública, não impediu que o país quebrasse em 1999 e mesmo em 2002, fica a pergunta: onde estaríamos hoje, sem aqueles recursos?"



(Os planos do governo para as estatais - Cristiano Romero)

Governança Corporativa


Da Gazeta Mercantil de 29/11/2006:

Governança Corporativa - A próxima fronteira na transparência das empresas abertas

São Paulo, 28 de Novembro de 2006 - Atender as exigências dos diferentes níveis de governança da Bovespa já não é suficiente para satisfazer a demanda do mercado por transparência. Entre outras informações, fundos de investimentos e corretoras agora estão cobrando das empresas a divulgação mais freqüente das variações do fluxo de caixa, estratégia de crescimento e avaliação setorial. Essa é uma das conclusões de um worshop sobre a percepção do investidor, realizado ontem pelo Instituto Brasileiro de Relações com Investidores (Ibri). Um exemplo desa tendência é o fundo norte-americano Alliance Bernstein, colosso norte-americano que tem mais de US$ 2 bilhões investidos em ações de companhias domésticas, e que vem cobrando delas informações sobre estratégias de crescimento, capacidade do corpo administrativo, e dinâmica setorial. "A necessidade de fazer projeções de investimentos para prazos longos faz com que as informações não financeiras que recebemos das empresas sejam as mais importantes", avaliou Ana Paula Lanzana, analista da instituição.Já analistas de bancos e de corretoras, que têm no horizonte cenários menos longos, a cobrança por mais detalhes dos dados financeiros tem crescido. "As companhias deveriam publicar trimestralmente o quanto conseguiram de valor adicionado, prática até hoje só adotada pela Petrobras", disse Fábio Anderáos, da Geração Futuro.
De olho nesse movimento, empresas mais ativas em matéria de governança começam a se antecipar para tentar descobrir as matérias de maior interesse do mercado. As elétricas CPFL e Cemig, por exemplo, adotaram ferramentas de gestão que mapeiam as questões que chegam com maior freqüência à área de relações com investidores. "Assim, conseguimos saber mais rapidamente o que nossos acionistas querem saber", afirmou o presidente-executivo da CPFL, Wilson Ferreira Jr. "É um instrumento importante para eliminar o gap de percepção da companhia por parte dos investidores", emendou o diretor financeiro e de relações com investidores da Cemig, Luiz Fernando Rolla.
(Gazeta Mercantil/Finanças & Mercados - Pág. 3)(Aluísio Alves)

Governança Corporativa 01

Da Gazeta Mercantil de 29/11/2006:

"Governança Corporativa - Vendo as outras perspectivas

29 de Novembro de 2006 - Os jornalistas acham que a culpa é das empresas. As empresas acham que a culpa é dos advogados. Estes acham que é em parte das empresas e em parte dos jornalistas. O fato é que muitas empresas em processo de abertura de capital estão tendo seus processos adiados devido a suspensões temporárias da CVM para esclarecimento de dúvidas referentes a declarações feitas para jornais e revistas.
Isso está gerando um clima de terror entre as empresas que estão passando a se recusar a conversar com a imprensa nesse período." (Marcio Verissimo)

Custos do Pan


No dia 26/11 postei o seguinte:

"Os problemas financeiros nas Olimpíadas de Londres alertam para a questão dos jogos Pan-Americanos (alguém já viu alguma prestação de contas?) e para futuras candidaturas brasileiras" (Clique aqui também)

Temos agora um reportagem sobre o assunto, publicada hoje no Estado:

"Rio luta contra prazos e orçamento

Com todos os cronogramas descumpridos e custo que já subiu 13 vezes, Jogos ainda podem ficar sem a vela

Michel Castellar e Sílvio Barsetti

Com todos os prazos de entrega de obras descumpridos e um orçamento que não pára de crescer - o custo do Pan-Americano 2007 subiu 13 vezes, de R$ 386 milhões para R$ 5 bilhões -, os organizadores do evento consideram agora como prioridade a liberação das obras na Marina da Glória. Querem, assim, evitar que o Brasil seja o único país-sede em 55 anos de competição a não promover a tradicional disputa da vela.

O Ministério Público Federal e o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) são contrários às obras na Marina por causa do impacto ambiental e travam na Justiça uma briga com a prefeitura pela não liberação da área para a construção de uma garagem de barcos e de um shopping.

Cinco meses atrás, o Comitê Organizador do Pan (Co-Rio) já temia que os atrasos na Marina só deixariam o local preparado para os competidores de vela em maio, muito próximo do início dos Jogos, em 13 de julho. Com as últimas interrupções - a mais recente ocorreu na quarta-feira, com a ida de policiais federais à Marina -, o assunto voltou a inquietar o comitê.

O Co-Rio nega que haja um plano B para a vela, mas a hipótese não está descartada. O Iate Clube, na Urca, é apontado por alguns velejadores como alternativa e poderia ser utilizado para o Pan em caráter de emergência, desde que passasse também por algumas reformas.

'Há um psicodrama em torno da garagem de barcos. Esse equipamento é exigido no Caderno de Encargos dos Jogos Pan-Americanos para que a Marina da Glória possa receber competições náuticas', disse o secretário municipal de Urbanismo, Alfredo Sirkis, voz destoante no Partido Verde, em defesa do projeto que alteraria a paisagem no parque público.

VELOCIDADE

As obras seguem em ritmo acelerado a 7 meses do Pan. Depois de problemas para a liberação de financiamento da Caixa, no total de R$ 406 milhões, a Vila Pan-Americana está com sete dos seus 16 prédios já em condições de abrigar os atletas. A conclusão das obras no local está prevista para fevereiro. São, ao todo, 1.480 apartamentos.

O Complexo Olímpico do Autódromo de Jacarepaguá, a 3 quilômetros da Vila, é um dos principais centros nervosos dos Jogos - abrigará disputas de basquete, natação, nado sincronizado, ginástica artística, saltos ornamentais e ciclismo de pista. As obras do complexo podem ser consideradas as mais atrasadas: só devem ficar prontas em junho.

No local, a Arena Olímpica, com capacidade para 15 mil pessoas, consumirá R$ 119,2 milhões, e, para evitar novos atrasos no cronograma, o trabalho tem sido realizado todos os dias da semana. No Parque Aquático, com custo de R$ 74,8 milhões, o ritmo também é veloz. A única obra modesta no complexo é o velódromo (R$ 9,8 milhões) - que vai ser construído em 2007.

O Estádio João Havelange, palco do futebol e do atletismo, está em uma fase delicada, com a montagem dos arcos da cobertura. Seu valor pode servir como referência para comparar o salto no orçamento dos Jogos. No lançamento do projeto, em 2003, custaria R$ 166 milhões. Passou para R$ 229,8 milhões, R$ 237 milhões , R$ 305 milhões , R$ 315 milhões e, de acordo com a última estimativa da prefeitura, chegará a R$ 350 milhões.

Responsável pelo Complexo do Maracanã (estádio, Maracanãzinho e Parque Aquático Júlio de Lamare), o engenheiro Sérgio Emilião viu os gastos com reformas no local praticamente triplicarem, de R$ 96 milhões para R$ 250 milhões. O acabamento do complexo só deve ser finalizado em maio. O parque aquático está pronto. O estádio está previsto para ser liberado ainda este mês e o Maracanãzinho, em abril.

Detalhes como pintura e troca de assentos só serão providenciados perto do início dos Jogos. 'Senão, teremos de refazer tudo e gastar mais por causa dos maus torcedores', disse Sérgio Emilião.

CUSTOS

O orçamento do Pan, atualizado, conta com R$ 2 bilhões da prefeitura, R$ 1,4 bilhão da União e R$ 310 milhões do Estado. Completam a receita R$ 690 milhões do Co-Rio e investimentos da iniciativa privada.

Essas cifras não incluem determinados gastos com infra-estrutura, como os R$ 628,5 milhões do Programa de Despoluição da Baía de Guanabara ou os R$ 70 milhões do sistema de monitoramento das ruas por câmeras (220), que o governo do Estado disse ter investido para a realização dos Jogos.


(Grifos meus)

Notícia do Valor de hoje

Empresas buscam contadores com formação global

Durante quase seis meses, a Dupont do Brasil esteve em busca de um profissional de contabilidade para preencher uma vaga em aberto. As exigências: falar inglês, conhecer padrões contábeis internacionais, saber se comunicar e ter poder de liderança. "Achar alguém preparado assim no mercado é como encontrar uma agulha no palheiro", revela Alessandra Sanches Santos, controller da subsidiária brasileira. O problema enfrentado pela multinacional americana é realidade para quase todas as empresas no Brasil. A demanda é maior que a oferta de mão-de-obra qualificada, tanto nas posições mais juniores como nas executivas. Isso porque o mercado de capitais caminha para a harmonização dos padrões contábeis internacionais.

E para aferir maior credibilidade e transparência às demonstrações financeiras, há um esforço das companhias, mesmo aquelas de capital fechado e que não têm ações na bolsa, em se aproximar das normas contábeis americanas (US Gaap) ou européias (IFRS). Pesquisa recente da KPMG no país aponta que 40% das empresas brasileiras, por exemplo, já adotam normas internacionais, ou seja, convertem seus balanços a uma das duas regras. Cenário que é familiar a quem atua nas múlti a bastante tempo.

"Minha equipe é formada por 15 pessoas e todas são obrigadas a ter essas competências, porque reportamos nossas demonstrações em duas moedas, em BR Gaap e a US Gaap", afirma Alessandra, que também dá aula na Trevisan Escola de Negócios. "Hoje, o profissional que quer manter a empregabilidade precisa dominar as práticas de contabilidade internacional, conhecer as normas americanas e européias. Ele precisa ter um perfil global".

Segundo João Márcio Souza, responsável pela divisão de finanças da Hays Brasil, consultoria especializada na seleção de executivos de média gerência, a convergência dos padrões contábeis brasileiros com os internacionais começa a ser foco da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e do Banco Central, exigindo essa prática das empresas de capital aberto.

"As companhias que se encaixam no nível 2 de governança da Bovespa ou no novo mercado já são obrigadas a seguir em paralelo a legislação de balanço local, a norma americana ou a européia de contabilidade", explica Bernardo Cavour, gerente da Michael Page, consultoria de recrutamento voltada para média gerência. A empresa estima fechar o ano com 450 posições na área de finanças, das quais 70% são para controllers, analistas contábeis e contadores plenos. "O mercado está super aquecido para esses profissionais, principalmente de dois anos para cá, depois da explosão de abertura de capital das companhias brasileiras e da internacionalização de grandes grupos nacionais".

Prova disso é que este ano a Michael Page registrou um crescimento de 35% na oferta de vagas em relação a 2005. "E a perspectiva é que tenhamos um aumento de 45% em 2007", diz. Os salários acabam sendo bastante atrativos, sobretudo para aqueles que possuem larga experiência. Não raro, os talentos são roubados das multinacionais, por já dominarem os requisitos do novo perfil desse profissional, chamado de contador global. Um analista contábil júnior ganha, inicialmente, cerca de R$ 2,5 mil enquanto um controller pode ter uma remuneração mensal entre R$ 10 mil e R$ 20 mil, dependendo da sua atuação e do tamanho da companhia em que trabalha.

A PricewaterhouseCoopers prepara os trainees que costumam entrar sem qualquer domínio das normas contábeis internacionais. As firmas de auditoria, aliás, são tradicionais celeiros para a formação de profissionais, justamente por lapidarem os recém-formados. "E muitos deles saem daqui para trabalhar em empresas, o que nos faz todo ano reforçar o processo de contratação", ressalta Fábio Abreu, gerente sênior da Price. Muitos dos profissionais de auditoria, além de aprenderem na prática, são enviados para o programa de intercâmbio, que visa dar essa visão global da área.

Abreu é um caso desses. Foi para os Estados Unidos há dois anos com o objetivo de conseguir um dos mais difíceis certificados direcionados para contadores, o CPA, exame que habilita o profissional a ser contador público norte-americano. "O CPA é uma qualificação reconhecida não apenas nos Estados Unidos, mas também em outros países", afirma. "Com a globalização e os impactos da lei Sarbanes-Oxley, tornar-se um CPA traz grandes vantagens e dá transparência ao trabalho que desenvolvemos". Nos Estados Unidos estima-se que existam mais de 330 mil CPAs e no Brasil cerca de 40.

Para preparar contadores brasileiros a prestar o exame, a Price desenvolveu um treinamento próprio na América do Sul. E apesar desse investimento na qualificação dos profissionais - que também envolve o reembolso de parte da mensalidade em faculdades e curso de inglês -, Abreu reconhece que ainda é complicado ter no mercado gente experiente e qualificada. "Por isso, apostamos no intercâmbio". Entre 2004 e 2006, a Price expatriou 92 brasileiros e 11 estão participando do treinamento global.

O grupo Roche tem três turmas que participam todo ano de treinamentos internacionais. Eles acontecem regionalmente e visam aprimorar o conhecimento dos executivos da área de contabilidade. "As escolas não preparam os profissionais para as regras globais", critica Fernando Mazeo, controller da Roche no Brasil. Apesar de reportar o balanço para a matriz em reais, as regras contábeis precisam se adequar ao padrão europeu, o IFRS. O que torna necessário para sua equipe de sete contadores ter uma visão mais globalizada. O desempenho tem sido tão positivo que a filial ganhou um prêmio por atender a todos os requisitos exigidos na publicação de informações financeiras para o mercado este ano.

De olho na lacuna de formação que existe no país, a Fucape Business School, escola de negócios sediada no Espírito Santo, criou este ano o primeiro curso de graduação com ênfase em contabilidade internacional. Até então, as faculdades no Brasil contavam com disciplinas específicas sobre o assunto ou abordavam o tema na pós-graduação. A Fucape segue o currículo proposto pelo Group of Experts on International Standards of Accounting and Reporting - ISAR, órgão ligado ao United Nations Conference on Trade Development- UNCTAD. "O curso quer formar profissionais para que tenham capacidade de assumir riscos e propor alternativas para a tomada de decisão. Esta é a nova linha de estudos da contabilidade segundo o modelo curricular definido pela ONU", conta Aridelmo Teixeira, doutor em controladoria e contabilidade pela USP e professor da faculdade.

Os alunos têm uma formação global e passam a conhecer mais profundamente as normas de contabilidade internacional, além de áreas vizinhas como administração, economia, tecnologia da informação e métodos quantitativos. Com duração de dois anos, o curso formará a primeira turma de jovens contadores globais no final de 2008 e agora as inscrições para o processo de seleção de 2007. "Fomos até convidados pela ONU para apresentar nossa experiência durante reunião anual, em outubro, do órgão que reúne experts em padrões internacionais de contabilidade das Nações Unidas, no Palácio das Nações, em Genebra, Suíça", lembra.



Na continuação(Precisa-se de contadores globalizados)

"As empresas no Brasil enfrentam dificuldades para encontrar contadores com perfil global, que dominem as novas regras contábeis internacionais. A subsidiária da Dupont levou seis meses para preencher uma vaga que exigia inglês e conhecimento dos novos padrões da contabilidade mundial.

Na Michael Page, empresa de recrutamento no nível gerencial, das 450 colocações deste ano na área de finanças, 70% eram para controllers. Para suprir a falta de profissionais com as novas qualificações, a consultoria PricewaterhouseCoopers e a indústria farmacêutica Roche têm enviado seus contadores para treinamentos no exterior. "