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05 dezembro 2006

Críticas a SOX

Na Folha de S. Paulo de hoje Benjamin Steinbruch, presidente da CSN, num artigo denominado "O controle do controle do controle" diz que:

"Normas de governança são novidade admirável na área corporativa. Mas excessos de burocracia são retrocessos (...)

NÃO VI em jornais brasileiros nenhuma referência a declarações feitas na semana passada pelo ex-presidente do banco central americano Alan Greenspan sobre a Lei Sarbanes-Oxley. (...)

Greenspan disse que a maior parte dessa lei americana, que estabeleceu regras de governança corporativa, é "criadora de custos sem benefícios". Ele tem uma forma jocosa de encarar o problema. Acha que todo o processo de contabilidade imposto pela lei é essencialmente um passatempo que desvia as atenções dos principais executivos das tarefas que eles efetivamente devem realizar, como projetar investimentos.

(...) É uma ótima lei. Ninguém pode ser contra normas que defendam ética, transparência e combate a fraudes. Ocorre que o conjunto de controles internos criados pela SOX gera um sem-número de burocracias de contabilidade que representa enormes aumentos de custos para as empresas e de receitas para os auditores. Segundo a Financial Executive International, uma entidade mundial que reúne diretores financeiros, uma empresa de capital aberto precisa gastar em média US$ 4 milhões por ano para cumprir a lei.

Nada contra as normas de governança. Elas representam uma novidade admirável deste novo século na área corporativa. Mas os excessos de burocracias significam retrocesso. Pela lei, a eficácia operacional das atividades de controle, por exemplo, precisa ser avaliada por equipes que gerenciam os programas de controle. Essas são controladas pelas auditorias independentes. Ou seja, criou-se o controle do controle do controle, com custos e burocracias que atrapalham a funcionalidade das empresas. "

Outras notícias


1. Ibovespa bate recorde - A Ibovespa fecha a segunda acima de 46.500 pontos. Isto significa alta de 1,72% em dezembro e de 27,50% em 2006.

2. Empresas aéreas tentam superar a crise - A TAM conta com novos perfis de tarifas. A Gol prefere concentrar nos clientes corporativos. A estratégia da TAM pode reduzir os custos do programa de milhagem. Segundo informa o Estado hoje, previsão de especialistas mostram que a ocupação média das empresas caiu para 67%, quase 8% abaixo do registrado até outubro.

3. A Telemar marcou para 15 de dezembro a assembléia geral extraordinária para sua reformulação e ingresso no Novo Mercado.

O maior banco privado brasileiro é o Itaú


Depois de dominar o ranking de maior banco privado brasileiro por anos, o Bradesco acaba de perder o posto para o Itaú. A compra do BankBoston fez com que o Itaú assumisse o posto de banco privado número 1 em ativos totais, um dos indicadores de porte do setor (Itaú ultrapassa Bradesco e vira o banco privado nº 1, de Leandro Modé, para o Estado de hoje)

A briga pelo primeiro posto é antiga e na nova posição o Itaú passa a ter ativos de R$ 201,3 bilhões em setembro, ultrapassando inclusive a Caixa Econômica Federal (CEF), atrás somente do Banco do Brasil. Os ativos do Bradesco somam R$ 195,7 bilhões e do Banco do Brasil 281,6 bilhões.

Quando o raking é depósitos, o Bradesco ainda vence o Itaú: R$ 78,9 bilhões versus R$ 56,4 bilhões.

Petrobrás continua discutindo


Notícia do Estado de S. Paulo de hoje informa que a Petrobrás discute com a estatal boliviana (Petrobrás amplia o debate com a YPFB - Estatal é contra reajuste do gás, mas discute novos investimentos, de Nicola Pamplona).

"A Petrobrás e a estatal boliviana Yacimientos Petrolíferos Fiscales Bolivianos (YPFB) têm amanhã um encontro decisivo para as negociações sobre o preço do gás importado pelo Brasil. A estatal brasileira deve reforçar sua posição contra o aumento pedido pela Bolívia, mas, a julgar por declarações recentes de executivos e governos de ambos os países, é possível que a reunião marque o início das discussões sobre novos investimentos da estatal brasileira naquele país e a ampliação das importações do gás boliviano.

O prazo para a definição de preço vence no domingo, e a Petrobrás já vem demonstrando há meses a intenção de não ceder ao apelo por reajustes. Na semana passada, duas declarações vindas da Bolívia indicaram que as conversas podem tomar uma dimensão mais ampla. Na sexta-feira, o vice-presidente Álvaro García Linera disse que o Brasil quer mais gás boliviano a partir de 2012. Dias antes, um dos vice-presidentes da YPFB, Óscar Ortíz, afirmou que as conversas com a Petrobrás não vão tratar de prazos e temas específicos.

(...) O governo da Bolívia já chegou a falar em dobrar o preço do gás vendido ao Brasil, atualmente em torno dos US$ 4 por milhão de BTUs (unidade térmica britânica, usada para medir o volume de gás) . Nos últimos meses, porém, a expectativa era fechar, pelo menos, um valor próximo ao acertado há dois meses com a Argentina, de US$ 5 por milhão de BTUs.

A Petrobrás argumenta que já paga quase US$ 5 na fronteira, incluindo os custos do transporte. Além disso, os argentinos terão poder sobre parte dos líquidos extraídos do gás antes de ser enviado à rede de gasodutos, o que lhes garante rentabilidade adicional."

Reajuste no minério da Vale?


O The Wall Street Journal de 4/12 tratou do possível aumento do minério de ferro (Minério de ferro deve ter aumento menor em 2007, dizem analistas - Por Paul Glader em Pittsburgh, e Patrick Barka em Bangcoc). Especificamente, trata das negociações iniciais entre a Vale do Rio Doce, maior produtora de minério de ferro do mundo, e a Shanghai Baosteel Group Corp., uma das maiores siderúrgicas da China.

Entretanto, ao contrário das vezes anteriores, não se espera um aumento significativo para o produto agora. Estas negociações

"vão determinar o preço do minério para o próximo ano, está surgindo um consenso de que ele vá subir entre 5% e 10%, e portanto que o aumento de quase 20% do ano passado não deve se repetir.

Além disso, as siderúrgicas chinesas, que ano passado não tiveram sucesso em sua tentativa de resistir às demandas das mineradoras, estão decididas a liderar as negociações.

Ao contrário do ano passado, quando as siderúrgicas corriam freneticamente para garantir fornecimento, as negociações do setor este ano acontecem tendo um pano de fundo diferente, em que a demanda por minério de ferro continua forte e a oferta apertada, mas não tão apertada quanto no ano passado. Também se espera que as conversas avancem mais rapidamente este ano do que no ano passado, quando a recusa inicial da China de aceitar um aumento de 19% arrastou-se por meses."


O produto aumentou, segundo a reportagem, 19% em 2004, 71,5% em 2005 e 19% em 2006.

04 dezembro 2006

Valor de reposição


De uma reportagem da Folha de S. Paulo de 30/11:

Para marchand, "valor de reposição" justifica pagar R$ 3.000 para ver BB King

THIAGO NEY
DA REPORTAGEM LOCAL
"Foi a coisa mais excêntrica que já fiz." Mas o empresário, marchand e economista Miguel Salles, 51, diz que não se arrepende de ter pago R$ 3.000 por um par de convites para assistir hoje ao show da turnê de despedida de BB King, no Bourbon Street, em São Paulo.
"A questão é o valor de reposição", ele justifica, em vocabulário próprio de economista. "Neste caso, é infinito, pois não vai acontecer mais. É uma coisa que não tem preço. Quanto valeria ter visto o último show do Sinatra? Ou dos Beatles? Tem gente que vai assistir ao Cirque du Soleil e paga isso... Em termos de custo-benefício, é uma relação excelente."


(...) Para esse show, foram colocados à venda 180 convites. A maior parte custava R$ 900. Os 40 lugares das mesas localizadas na frente do palco foram leiloados -o valor mais alto foi R$ 4.605, por um par.
Salles comprou seu par no leilão. "Abro mão de algumas coisas em função de outras."
Edgard Radesca, proprietário do Bourbon, diz que o último show da casa que teve convites a preços semelhantes foi o de Ray Charles, em 1995. Um ingresso chegou a custar, na época, R$ 500.


É isto mesmo: valor de reposição!

Crédito pode mudar o setor bancário brasileiro


Uma reportagem do jornal Valor Econômico de 30/11 afirma que o crescimento do crédito no Brasil está pressionando o capital dos bancos. Como o aumento do crédito esbarra nos limites impostos pelo Banco Central (e pelo Acordo de Basiléia), os bancos menores estão utilizando um instrumento denominado FIDCs. Para isto é necessário o rating no mercado externo e as agências que atribuem ratings anunciam um crescimento no número de pedidos destes bancos. A longo prazo a saída seria a concentração do mercado, conforme afirma o seguinte trecho do artigo:

Mas há limites regulatórios para a dívida subordinada e as mudanças esperadas nas regras de cessão de carteira podem inibir sua expansão. Como muitos bancos médios possuem controle familiar, o reforço do capital poderá ser difícil e a solução, disse Celina, será vender participações acionários para bancos estrangeiros.