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17 novembro 2006

Efeito diploma


Estudo revela queda do 'efeito-diploma' sobre salário

Raquel Salgado
Ter um diploma já não é mais uma vantagem tão grande na conquista de um salário melhor. Como mais pessoas estão se qualificando no país, os ganhos de rendimento relativos ao maior tempo dispensado à escola estão diminuindo. Em 2004, por exemplo, um trabalhador com o ensino superior completo ganhava 19,2% a mais do que aquele que tinha ido até o penúltimo ano desse nível. Em 1982, esse diferencial era muito maior, de 31%.

Um movimento semelhante, mas de menor intensidade ocorreu no ensino médio, chamado antes de colegial. Em 1982, ter completado os três anos desse grau fazia com que o salário subisse 31,8%. Dez anos depois, essa diferença atingiu os 40,5%. Pelos últimos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que são de 2004, o retorno à conclusão do ensino médio caiu para 27,2%. Os dados estão em um estudo dos economistas Anna Crespo e Maurício Cortez Reis.

"A tendência é que o prêmio refletido em salário maior por ter mais escolaridade diminua ao longo do tempo", comenta Reis, que é pesquisador do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Isso tem acontecido porque a população brasileira está cada vez mais educada.

Não adianta nem mesmo completar os quatro anos do primário. Há 14 anos, estudar esses quatro anos levava a um incremento de 3,5% no rendimento. Hoje, esse grau não agrega absolutamente nada ao salário.

Em 1992, 9,6% dos trabalhadores brasileiros tinham completado o ginásio. Em 2004, esse número subiu para 11,6%. No ensino médio, a elevação foi ainda mais significativa no período: de 14,2% para 23,6%. A quantidade de pessoas com um diploma de graduação também cresceu e foi de 5,4% para 6,4%. Em compensação, a quantidade de pessoas com pouca escolaridade tem declinado. No começo da década de 80, 26% dos ocupados tinham cursado os quatro primeiros anos da escola. Dez anos depois, em 1992, esse número cedeu para 21,2% e agora, em 2004, despencou para 13,55%.

A redução do diferencial entre os salários embora pareça algo negativo à primeira vista, é um movimento natural de mercados de trabalho mais desenvolvidos. E, no Brasil, tem tido alguns reflexos positivos. Um deles é ajudar na diminuição da desigualdade social, explica Naércio Aquino Menezes Filho, professor da Universidade de São Paulo e do Ibmec. Quanto maior for a escolaridade, menor será o prêmio por ela. E isso não é ruim, ressalta o economista. "A queda se dá em termos relativos e não significa que uma pessoa graduada está ganhando menos em valores absolutos, mas sim que ela não ganha tão mais que as outras", diz.

Apesar da maior escolarização dos brasileiros e do aumento nos graus de escolaridade, os números ainda são muito precários. Na Argentina, a média da população tem 12 anos de estudo, enquanto no Brasil essa média está em torno de 7 anos, comenta Menezes Filho. A qualidade da educação brasileira também deixa a desejar. Porém, para ele, é melhor colocar todas as crianças na escola ainda que o ensino não seja o ideal. Foi isso o que fizeram países como a Coréia do Sul.

"Não adianta melhorar a qualidade sem antes incorporar todo mundo à escola. Se não for assim, cria-se um estudo de elite, como a que tivemos aqui no passado", diz. Menezes Filho também defende o aumento do tempo que a criança passa na escola e o uso de instrumentos que motivem e avaliam de perto os professores. "O salário deles deveria depender do desempenho dos alunos em testes de proficiência", sugere o professor da USP.


Fonte: Valor econômico, 13/11

Ainda sobre a EcoDiesel



Sobre a EcoDiesel, o Valor do dia 13/11 destaca que:

"A CVM solicitou mais informações à Brasil Ecodiesel depois que reportagem do Valor publicada no dia 8 indicou que um dos sócios controladores da companhia, detentor de 47,7% do seu capital por meio da empresa Eco Green Solutions, tem identidade desconhecida. Adicionalmente, a reportagem relatou a existência de rumores de que o sócio oculto poderia ser o empresário Daniel Birmann, fundador e ex-controlador da Ecodiesel. Ele foi inabilitado pela própria CVM para exercer cargos em companhias abertas depois de condenado por abuso de poder de controle e descumprimento de deveres de diligência e lealdade, entre outros. No total, são quatro processos administrativos, cujas decisões ainda estão sujeitas a recurso.

(...)

No novo prospecto, liberado para os investidores na internet já na sexta, a Brasil Ecodiesel não descarta totalmente a possibilidade de que o empresário ainda seja seu sócio. O texto afirma que "pelo conhecimento da companhia", Daniel Birmann não é mais acionista.

O novo texto deixou ainda mais explícito que não é possível determinar a identidade do proprietário da Eco Green Solutions, que detém 47,7% da Ecodiesel. Isso porque a empresa é controlada por um trust com sede na Suíça que, por sua vez, pertence a um segundo trust com sede nas Ilhas Cayman. "De acordo com as leis que regem o domicílio e a administração do Cayman Trust, não é permitido divulgar quaisquer informações adicionais a respeito da propriedade das ações da Eco Green." A Deutsche Fiduciary Services, do Deutsche Bank, é o agente fiduciário do trust suíço e responsável pelas tomadas de decisão.

(...)

Embora não figure mais como acionista da Brasil Ecodiesel, Daniel Birmann ganhou algumas páginas com informações a seu respeito no novo prospecto - muito mais do que qualquer dos outros acionistas controladores (o fundo Zartman e o presidente da empresa, Nelson Cortês da Silveira). Boa parte do espaço contém detalhes dos processos administrativos da CVM em que Birmann foi condenado.

O novo prospecto trouxe também amplo detalhamento dos contratos de opção de fornecimento obrigatório firmados entre a Ecodiesel e o grupo Enguia Power, do qual Birmann é acionista e administrador. "


fonte: Valor Econômico, 13/11/2006

A História da Avestruz Master


A Avestruz Master levou milhares de investidores a perderem seus recursos com a promessa de uma milagre financeiro: retornos acima do mercado. A situação atual da empresa foi analisada pelo Valor Econômico:

Agonia do avestruz

Por Danilo Fariello
Passado um ano desde o início da crise da Avestruz Master, em que investidores viram voar para longe cerca de R$ 350 milhões aplicados na criação dos animais, os aplicadores têm poucas esperanças de receber ao menos parte desse valor num horizonte de curto prazo. De um ano para cá, a empresa passou por um processo de recuperação judicial que fracassou e não evitou que a Avestruz Master tivesse sua falência decretada. A Justiça também determinou que os mais de 50 mil portadores de Contratos de Investimento Coletivo (CICs) assumissem o controle dos bens e dos animais em posse da empresa, mas a massa falida ainda é controlada por um administrador judicial, aprovado pelo tribunal de Goiânia (GO), onde fica a sede da empresa.

Muitos investidores têm fé na iminência de um contrato de venda maciça e permanente da carne dos animais para clientes estrangeiros, com tradição no consumo da ave. Essa é a única esperança que têm para receber em um futuro ainda distante parte do valor aplicado ou conseguir administrar a empresa, para que ela possa distribuir lucros. Por enquanto, a Avestruz Master opera com dificuldades porque obtém receita apenas da venda do couro do animal e da distribuição reduzida da carne em hipermercados no Centro-oeste.

"Hoje vivemos um momento crucial, em que estamos às portas de fazer com que o negócio funcione de vez, mas também estamos à beira do abismo", diz o administrador da massa falida da Avestruz Master, Sérgio Crispim. "Não há dinheiro para pagar a folha de salários, mas há a expectativa de aprovação de um pedido feito junto ao Ministério da Agricultura para liberar a produção de nosso frigorífico para exportação." Negociadores interessados da Europa, da Ásia e até do Zimbábue já teriam vindo ao país para analisar a produção de aves da empresa para comprá-las.

Espera-se que a venda de carne para países estrangeiros permita escoar grande parte da produção da empresa, garantindo sua sustentabilidade. No entanto, na situação atual, nenhum cliente estrangeiro está disposto a firmar acordos de longo prazo com a empresa, explica Eduardo Scartezini, presidente da associação de investidores da Anavestruz. Antes de um contrato desse tipo, a Justiça parece estar reticente em determinar a criação da sociedade de credores e transferir a direção da empresa aos aplicadores em situação tão incerta, diz Crispim. Assim, a empresa fica em um teorema sem solução à vista, com o contrato internacional dependendo da definição judicial e vice-versa.

Com boa dose de otimismo, mesmo quando esse estágio estiver superado e considerando-se a produção e exportação contínuas da carne dos avestruzes, só será possível à empresa distribuir algum dividendo, com os aplicadores começando a receber retorno, daqui a uns cinco anos, avalia Amarildo Garcia, presidente da Associavestruz, outra associação de credores da Avestruz Master. "Passou um ano, mas acreditamos que ainda vai demorar muito para começarmos a receber algo", diz Garcia. O sucesso do negócio dependerá da velocidade em que a empresa implementará uma produção integrada dos avestruzes e fechará parcerias, diz Scartezini, da Anavestruz.

O sucesso da produção dos avestruzes é a principal saída para os aplicadores. Se os bens e as aves da empresa fossem vendidos e distribuídos da forma prevista na lei de falências cada investidor receberia algo próximo de 3% ou 4%, na previsão de Scartezini. Segundo Crispim, o administrador da massa, se os bens fossem liquidados, poderiam gerar receita de apenas R$ 20 milhões. "Os investidores têm de ter em mente que já perderam dinheiro na Avestruz Master", diz Crispim.

Se a empresa for vendida funcionando e com bons contratos, o retorno poderia ser de 10%, em caso de venda das partes de cada investidor, prevê Scartezini. Mas, caso a empresa funcione um ano e demonstre que tem bom potencial, o valor de mercado dela poderá triplicar, a algo como 30% do valor aplicado, prevê o presidente da Anavestruz. Sem vender as ações da futura sociedade de credores, os aplicadores teriam retorno apenas com a eventual distribuição de dividendos. "Jamais o negócio será viável a ponto de realizar o pagamento integral dos investidores", ratifica o administrador judicial.

Nos próximos dias, estão previstos leilões judiciais de bens da família de Jerson Maciel da Silva, antigo controlador da empresa. Esses bens teriam sido adquiridos com dinheiro desviado da Avestruz Master. A renda obtida com os leilões vai bancar dívidas trabalhistas e fiscais, diz Crispim. "Se conseguirmos salvar o empreendimento, acredito que a Justiça já se daria por satisfeita. Seria a salvação da criação de avestruzes no Brasil."

Fonte: Valor Econômico, 13/11/2006

16 novembro 2006

Estratégia diferente


A Sony está lançando no mercado mundial o Play Station 3. No Brasil a Microsoft está trazendo, em português, o Xbox. E igualmente no mercado mundial a Nintendo lançou o Wii. Começou a guerra para saber quem deve prevalecer no domínio do jogos eletrônicos. O ganhador leva para casa muitos lucros para os próximos cinco ou seis anos.

A estratégia da Microsoft foi sair primeiro, esperando ganhar mercado enquanto torce pelo atraso dos concorrentes.

A Sony investiu pesado no Play Station e deve lançar seu aparelho com um bom prejuízo por unidade. Esta empresa espera retirar a diferença nos lançamentos de jogos para este console e na consolidação da tecnologia do substituto do DVD.

A visão da Nintendo é diferente da Microsoft e da Sony, segundo reportagem da The Economist de 28/10/2006 (p. 73-74, "Playing a different game"). A empresa acredita que a ênfase do mercado para os amantes de jogos eletrônicos tem afastado os não jogadores, o que compromete o futuro crescimento do negócio. Um dos problemas é que os atuais jogos exigem que os jogadores tenham um tempo disponível enorme, incompatível com os dias atuais. Isto faz com que alguns dos possíveis clientes não queiram arriscar a experimentar os jogos épicos, que levam horas para serem completados. Além disto, as novidades exigem maior complexidade (mais comandos e as vezes acessórios), tornando difícil para as pessoas terem interesse.

Em outras palavras, a Nintendo está buscando o jogador eventual.

Brasil Ecodiesel


A Empresa Brasil Ecodiesel pretende ser a maior empresa brasileira de biodiesel. Para obter recursos, esta empresa decidiu pela oferta pública inicial de ações (IPO, em inglês). Os bancos começaram a convencer seus correntistas a comprar ações desta empresa uma vez que o governo federal está incentivando projetos em biodiesel.

Entretanto um problema alcançou esta oferta pública de ações: dúvidas sobre a identidade dos sócios da empresa! Um sócio desconhecido, Eco Green Solutions, que detém 47,7% do capital, é um dos mistérios. Outro é a saída de um ex-controlador.

Fonte: Estado de S. Paulo, 13/11/2006, p. B7

Milton Friedman


Morreu Milton Friedman, economista norte-americano, defensor do livre mercado.

Vale x governo 3


A versão da Vale sobre o assunto. Será que para uma empresa lucrativa como a Vale é interessante este tipo de confusão?

Mércio desconhece lei, diz Vale

O diretor-executivo para assuntos corporativos da Companhia Vale do Rio Doce, Tito Martins, acusou o presidente da Funai, Mércio Pereira Gomes, de criticar a empresa por desconhecer a legislação. 'Ele claramente está enganado e desinformado. Não conhece a legislação', afirmou o executivo ontem. 'Até hoje, respeitamos todos os acordos. Se estamos tão errados, por que não nos acionam judicialmente?'

Martins disse que o decreto presidencial de 1997 que estabelecia obrigações da Vale com comunidades indígenas foi revisto por um novo acordo entre a empresa e o governo federal no ano seguinte. Na revisão, segundo ele, a referência explícita aos índios foi removida do documento.

A ação da Vale contra o governo federal na OEA foi, segundo Martins, a única via encontrada pela empresa para tentar fazer a União assumir suas responsabilidades. 'Não existe no Brasil instrumento formal para isso. Hoje nos é cobrada responsabilidade sobre comunidades cuja tutela é responsabilidade do governo brasileiro', disse. 'Queremos que haja uma política em relação aos índios, para que não sejamos reféns dessas comunidades.'

O executivo também sustentou que a Vale não tinha a obrigação de reajustar em setembro os pagamentos aos índios. 'O acordo previa que a partir de setembro poderíamos nos reunir para discutir potenciais ajustes. Isso não aconteceu porque os índios invadiram nossas instalações, com a conivência da Funai.'