Ricardo Viana envia uma reportagem do Valor Econômico (Grato!) sobre o Fasb e o usuário. Muito interessante e certamente terá espaço no livro que estou escrevendo com o prof. Katsumi.
Fasb busca aproximação com investidores
David Henry
14/11/2006
Na eterna busca para descobrir quanto as empresas realmente valem, os investidores normalmente encontram-se em uma custosa posição de desvantagem em relação aos executivos que elaboram os balanços financeiros empresariais. Agora, o Conselho de Padrões de Contabilidade Financeira (Fasb), órgão de sete membros encarregado de escrever os Princípios de Contabilidade Amplamente Aceitos (Gaap) dos Estados Unidos e de criar as regras sobre como as empresas contabilizam os lucros, fluxo de caixa e patrimônio líquido, tenta tornar o jogo mais justo.
Ao longo dos anos, o Fasb recebeu muitas críticas por dar muito espaço para que os executivos exagerassem seus resultados. Agora, alguns importantes membros do conselho reconhecem o que os críticos vinham dizendo o tempo todo. Dizem que, uma vez por semana, em média, executivos de várias associações setoriais chegam à sede da Fasb, em Norwalk, Connecticut, para pressionar por mudanças no Gaap que se encaixem a suas necessidades particulares.
Uma comissão da Financial Executives International (FEI), um importante grupo de diretores de finanças e controladores, por exemplo, reúne-se com o Fasb todos os trimestres. "E ouvimos algo das firmas de auditoria todos os dias", diz o presidente do Fasb, Robert H. Herz. Em contraste, os investidores poucas vezes dão a conhecer suas opiniões. "Temos dificuldade para ouvi-los", conta Donald M. Young, outro integrante do conselho.
Agora, Young, encorajado por Herz, busca uma aproximação. Alistou os melhores analistas de balanços financeiros e os maiores investidores institucionais para que digam ao Fasb como o Gaap deveria ser modificado.
Ele trabalha para remodelar o eclético Conselho Consultivo ao Usuário e criar um grupo de especialistas que fique em prontidão para atender as maiores empresas de gestão de fundos.
Young também quer montar uma comissão de contadores públicos favoráveis aos investidores, entre eles o desenfreado Lynn E. Turner, antigo contador-chefe da Securities and Exchange Commission (SEC), órgão regulador do mercado financeiro nos EUA. "Decidimos sair e pegar os investidores e puxá-los para dentro do processo", diz Young.
Um dos motivos para a nova abordagem do Fasb poderia ser a mudança em suas fontes de financiamento. Os críticos há muito tempo sustentavam que a atitude do conselho favorável às empresas decorria do fato de seu financiamento, na maior parte, vir das auditoras, cujos interesses estão alinhados aos dos clientes. A lei Sarbanes-Oxley, de 2002, mudou isso; agora o Fasb é financiado essencialmente por tarifas cobradas das empresas de capital aberto.
Haja conflito de interesses ou não, há uma longa lista de exemplos de influência excessiva dos executivos no Fasb, destaca Paul B.W. Miller, professor de contabilidade na Universidade do Colorado, em Colorado Springs.
O padrão contábil de aposentadorias que distorceu gravemente os balanços patrimoniais das grandes empresas industriais no fim dos anos 90 foi o legado de um forte grupo de pressão lobista das empresas em meados dos anos 80.
A contabilidade de arrendamentos, que mantém muitas dívidas fora dos balanços, também tem história similar. E a atual bagunça com as opções de ações foi alimentada pela iniciativa bem-sucedida dos executivos em retratá-las como se fossem grátis, mantendo seu custo fora das despesas com remuneração nos livros contábeis.
Young diz que chegou a hora, também de mudar a composição tradicional de membros do Fasb. Dos sete membros, três são ex-auditores e dois, ex-executivos. "É uma maioria plena" de pessoas que fizeram suas carreiras na preparação e auditoria de dados financeiros, diz.
Young, um ex-analista de ações e professor de contabilidade, completa o conselho. A outra vaga, que era de um ex-auditor, deverá ser preenchida no próximo ano por um investidor.
Herz, ex-auditor, mas que também foi gestor não chega a recomendar tal mudança; afirma que bons membros avaliam todos os pontos de vista.
A idéia de Young ainda precisa ganhar força entre os 16 representantes que formam a fundação que indica os membros do Fasb e é monitorada pela SEC.
Representantes da SEC não quiseram comentar o assunto.
Valor Econômico
15 novembro 2006
Prêmio da Netflix
A empresa Netflix adotou uma abordagem criativa para resolver seus problemas de software. A empresa dedica-se a "conectar pessoas" para filmes que elas amam através de um sistema de recomendação. Isto é feito através de filmes que uma pessoa gostou (ou detestou) no passado.
Para combater a concorrência, a empresa precisa melhorar o software de previsão do gosto das pessoas através da melhoria da "acurária" (medida de como a previsão está perto do valor real). Sua finalidade é aperfeiçoar seu sistema de indicação em 10%. Isto tomaria tempo que poderia ser meses ou anos. Em lugar de gastar dinheiro contratando alguns programadores ou consultores para melhorar o algoritmo da empresa, a Netflix resolver oferecer ao $1 milhão de dólares para quem conseguisse esta melhoria.
Até o momento a empresa já obteve 5% de melhoria e mais de quinhentas equipes estão concorrendo ao prêmio.
Fonte: Freakonomics
Para combater a concorrência, a empresa precisa melhorar o software de previsão do gosto das pessoas através da melhoria da "acurária" (medida de como a previsão está perto do valor real). Sua finalidade é aperfeiçoar seu sistema de indicação em 10%. Isto tomaria tempo que poderia ser meses ou anos. Em lugar de gastar dinheiro contratando alguns programadores ou consultores para melhorar o algoritmo da empresa, a Netflix resolver oferecer ao $1 milhão de dólares para quem conseguisse esta melhoria.
Até o momento a empresa já obteve 5% de melhoria e mais de quinhentas equipes estão concorrendo ao prêmio.
Fonte: Freakonomics
Assembléia da Telemar
Pelo visto a novela da Telemar e seus minoritários ainda não terminou. Veja reportagem do Estado de hoje:
Telemar remarca assembléias
Datas devem reduzir questionamentos dos acionistas
Graziella Valenti
A Telemar marcou ontem a data para a votação que definirá o futuro da empresa. Maior companhia de telecomunicações do País, a Telemar está em meio a um processo de reestruturação societária que prevê a pulverização do controle da empresa no mercado financeiro. Na segunda-feira, a companhia realizou uma assembléia com acionistas, mas não atingiu o quórum exigido pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Agora, a empresa marcou uma nova assembléia para o dia 24. Caso ainda não se atinja o quórum, uma terceira assembléia será realizada no dia 27.
O anúncio foi interpretado no mercado financeiro como uma estratégia dos controladores da empresa para se precaver contra acionistas minoritários que são contra a operação. Antes, a Telemar havia pedido à CVM a autorização para realizar os encontros no mesmo dia, com o argumento de acelerar o processo. A CVM aprovou o pedido, mas a Telemar voltou atrás.
Na prática, a realização das assembléias no mesmo dia poderia facilitar a aprovação da proposta de reestruturação. Na terceira votação, a CVM exige quórum de 25% dos donos de ações preferenciais, metade do que foi exigido na primeira assembléia.
Os críticos da proposta de reestruturação dizem que controladores da companhia montaram uma estratégia para que não houvesse quórum na segunda-feira, com o objetivo de levar a votação até a terceira assembléia. A Previ (fundo de pensão de empregados do Banco do Brasil) e o BNDES, que fazem parte do grupo de controle da empresa, mas também possuem 6% das ações preferenciais, não participaram do encontro de segunda-feira.
Com as votações em dias separados, a Telemar acaba se prevenindo de questionamentos desse tipo. Seria fácil para os minoritários, por exemplo, questionar a presença na terceira assembléia de grandes acionistas que não participaram da segunda para não dar quórum, se essas fossem realizadas uma após a outra. Minoritários descontentes com o processo já estavam se preparando para questionar a realização das assembléias em um único dia.
Telemar remarca assembléias
Datas devem reduzir questionamentos dos acionistas
Graziella Valenti
A Telemar marcou ontem a data para a votação que definirá o futuro da empresa. Maior companhia de telecomunicações do País, a Telemar está em meio a um processo de reestruturação societária que prevê a pulverização do controle da empresa no mercado financeiro. Na segunda-feira, a companhia realizou uma assembléia com acionistas, mas não atingiu o quórum exigido pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Agora, a empresa marcou uma nova assembléia para o dia 24. Caso ainda não se atinja o quórum, uma terceira assembléia será realizada no dia 27.
O anúncio foi interpretado no mercado financeiro como uma estratégia dos controladores da empresa para se precaver contra acionistas minoritários que são contra a operação. Antes, a Telemar havia pedido à CVM a autorização para realizar os encontros no mesmo dia, com o argumento de acelerar o processo. A CVM aprovou o pedido, mas a Telemar voltou atrás.
Na prática, a realização das assembléias no mesmo dia poderia facilitar a aprovação da proposta de reestruturação. Na terceira votação, a CVM exige quórum de 25% dos donos de ações preferenciais, metade do que foi exigido na primeira assembléia.
Os críticos da proposta de reestruturação dizem que controladores da companhia montaram uma estratégia para que não houvesse quórum na segunda-feira, com o objetivo de levar a votação até a terceira assembléia. A Previ (fundo de pensão de empregados do Banco do Brasil) e o BNDES, que fazem parte do grupo de controle da empresa, mas também possuem 6% das ações preferenciais, não participaram do encontro de segunda-feira.
Com as votações em dias separados, a Telemar acaba se prevenindo de questionamentos desse tipo. Seria fácil para os minoritários, por exemplo, questionar a presença na terceira assembléia de grandes acionistas que não participaram da segunda para não dar quórum, se essas fossem realizadas uma após a outra. Minoritários descontentes com o processo já estavam se preparando para questionar a realização das assembléias em um único dia.
14 novembro 2006
Governo, Eleições nos EUA e impacto econômico
A recente eleições norte-americanas não representa um boa notícia para economia mundial. Pelo menos é o que diz a história. Os governos onde o presidente detinha a maioria no legislativo apresentaram uma maior taxa de crescimento; já os governos com o legislativo contrário significaram um menor taxa. Veja os números:
Governo onde o Partido do Presidente controlava o Legislativo e Taxa de Crescimento
Lyndon Johnson => 4,6%
George Bush Jr.=> 3,1%
Jimmy Carter => 2,9%
Governo onde o Partido do Presidente era minoria no Legislativo e Taxa de Crescimento
Richard Nixon/Gerald Ford => 1,9%
Ronald Reagan => 1,7%
George Bush Senior => 0,6%
Bill Clinton => 0,3%
Fonte> Slivinki/The Economist, 4/11/2006, p. 28
Governo onde o Partido do Presidente controlava o Legislativo e Taxa de Crescimento
Lyndon Johnson => 4,6%
George Bush Jr.=> 3,1%
Jimmy Carter => 2,9%
Governo onde o Partido do Presidente era minoria no Legislativo e Taxa de Crescimento
Richard Nixon/Gerald Ford => 1,9%
Ronald Reagan => 1,7%
George Bush Senior => 0,6%
Bill Clinton => 0,3%
Fonte> Slivinki/The Economist, 4/11/2006, p. 28
Gasto em Pesquisa e Desenvolvimento
A lista das maiores empresas em gasto em Pesquisa e Desenvolvimento, exercício de 2005 ou 2006
1. Ford Motor, Estados Unidos
2. Pfizer, Estados Unidos
3. General Motors, Estados Unidos
4. Daimler Chrysler, Alemanha
5. Microsoft, Estados Unidos
6. Toyota Motor, Japão
7. Johnson & Johnson, Estados Unidos
8. Siemens, Alemanha
9. Samsung Eletronics, Coréia do Sul
10. Glaxo Smith Kline, Inglaterra
11. IBM, Estados Unidos
12. Intel, Estados Unidos
13. Novartis, Suiça
14. Volkswagen, Alemanha
15. Matsushita Electric, Japão
Fonte: DTI, The Economist (4/11/2006)
1. Ford Motor, Estados Unidos
2. Pfizer, Estados Unidos
3. General Motors, Estados Unidos
4. Daimler Chrysler, Alemanha
5. Microsoft, Estados Unidos
6. Toyota Motor, Japão
7. Johnson & Johnson, Estados Unidos
8. Siemens, Alemanha
9. Samsung Eletronics, Coréia do Sul
10. Glaxo Smith Kline, Inglaterra
11. IBM, Estados Unidos
12. Intel, Estados Unidos
13. Novartis, Suiça
14. Volkswagen, Alemanha
15. Matsushita Electric, Japão
Fonte: DTI, The Economist (4/11/2006)
Hedge, derivativos e contabilidade
Um artigo interessante de Alexsandro Broedel, publicado na Gazeta de 07/11/2006:
Governança Corporativa - Hedge, derivativos e questões contábeis
7 de Novembro de 2006 - O mercado financeiro internacional vem assistindo a um crescimento significativo no volume e na complexidade dos chamados instrumentos financeiros derivativos. Usados com finalidade de proteção (hedge), especulação e arbitragem, esses produtos evoluíram muito desde os primeiros instrumentos "plain vanila".
O mercado atualmente opera de forma corriqueira opções exóticas, derivativos climáticos, swaps de crédito entre outros produtos. Essa sofisticação vem atender à demanda das empresas brasileiras que estão em franco processo de internacionalização de suas atividades e conseqüentemente passam a demandar mais proteção. Como conseqüência dessa realidade, existe uma ampla literatura técnica nacional e internacional relacionada ao apreçamento e à gestão de riscos com as operações com derivativos.
Além dessa literatura, o mercado de prestação de serviços especializados também se sofisticou bastante nos últimos anos. Devemos lembrar, no entanto, que os derivativos não são realizados dentro de um vácuo regulatório. A típica empresa moderna que demanda hedge é uma empresa exposta a uma ampla gama de demandas regulatórias.
Para as empresas brasileiras temos a legislação societária, instruções da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), Instruções da Secretaria da Receita Federal e ainda demandas adicionais de agências reguladoras de setores específicos. Se a empresa brasileira possuir Depositary Receipts negociados nas bolsas de valores americanas ela terá ainda que atender às normas do Financial Accounting Standards Board (FASB - órgão normatizador da contabilidade nos EUA), da Securities and Exchange Comission (SEC - Comissão de Valores Mobiliários americana) e da Lei Sarbanes-Oxley (SOX). Se essa empresa for uma subsidiária de empresa européia ou possuir ações negociadas naquele continente terá que atender às normas do International Accounting Standards Board (IASB). Essas normas nem sempre são coerentes no tratamento contábil dos instrumentos financeiros derivativos.
Assim, antes de realizar uma operação de proteção, a empresa deve considerar seus impactos econômico-financeiros, contábeis e tributários. Muitos exemplos recentes de republicações de balanços nos EUA, devido a erros na contabilização de derivativos, ilustram a seriedade do problema.
A solução envolve a integração de questões contábeis, econômicas e tributárias no desenho dessas operações. Para isso, no entan-to, é necessário que tenhamos um realinhamento da formação dos profissionais atuantes no setor.
A observação da realidade das empresas brasileiras e dos currículos de nossos cursos de graduação e pós-graduação mostra uma relativa segmentação da formação de nossos profissionais. Alguns cursos tendem a focar exclusivamente os aspectos operacionais e financeiros das operações, outros tratam somente da contabilidade de ope-rações industriais e comerciais sem se preocupar com o mercado financeiro, enquanto outros se dedicam somente ao estudo da tributação sem um conhecimento mais detalhado da sistemática operacional dos derivativos. Esse novo mercado demanda um profissional mais completo com formação mais sólida e rigorosa.
No caso específico do contador, o profissional precisa, inicialmente, conhecer melhor os instrumentos financeiros. Normalmente fora da grade curricular dos cursos de contabilidade, swaps, swaptions, collars, straddles, etc., devem integrar o repertório de conhecimentos do profissional de contabilidade. Em segundo lugar, o contador precisa entender as normas internacionais (FASB e IASB, principalmente) para poder contextualizar e adaptar a contabilização as características operacionais dos produtos de forma que a contabilidade venha a refletir melhor a essência econômica das operações. Em terceiro lugar, o profissional de contabilidade deve entender os impactos tributários das operações realizadas buscando otimizar a relação entre a operação, a contabilização e a tributação dos produtos.
Finalmente, mas não menos importante, o contador deve assumir uma postura pró-ativa visando a participar do processo de tomada de decisão, aconselhando os responsáveis pelas operações com derivativos acerca das implicações contábeis e tributárias de suas decisões.
(Gazeta Mercantil/Finanças & Mercados - Pág. 3)(Alexsandro Broedel Lopes - Professor da FIPECAFI (Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras) e professor Associado e Livre Docente da FEA-USP (broedel@usp.br))
Governança Corporativa - Hedge, derivativos e questões contábeis
7 de Novembro de 2006 - O mercado financeiro internacional vem assistindo a um crescimento significativo no volume e na complexidade dos chamados instrumentos financeiros derivativos. Usados com finalidade de proteção (hedge), especulação e arbitragem, esses produtos evoluíram muito desde os primeiros instrumentos "plain vanila".
O mercado atualmente opera de forma corriqueira opções exóticas, derivativos climáticos, swaps de crédito entre outros produtos. Essa sofisticação vem atender à demanda das empresas brasileiras que estão em franco processo de internacionalização de suas atividades e conseqüentemente passam a demandar mais proteção. Como conseqüência dessa realidade, existe uma ampla literatura técnica nacional e internacional relacionada ao apreçamento e à gestão de riscos com as operações com derivativos.
Além dessa literatura, o mercado de prestação de serviços especializados também se sofisticou bastante nos últimos anos. Devemos lembrar, no entanto, que os derivativos não são realizados dentro de um vácuo regulatório. A típica empresa moderna que demanda hedge é uma empresa exposta a uma ampla gama de demandas regulatórias.
Para as empresas brasileiras temos a legislação societária, instruções da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), Instruções da Secretaria da Receita Federal e ainda demandas adicionais de agências reguladoras de setores específicos. Se a empresa brasileira possuir Depositary Receipts negociados nas bolsas de valores americanas ela terá ainda que atender às normas do Financial Accounting Standards Board (FASB - órgão normatizador da contabilidade nos EUA), da Securities and Exchange Comission (SEC - Comissão de Valores Mobiliários americana) e da Lei Sarbanes-Oxley (SOX). Se essa empresa for uma subsidiária de empresa européia ou possuir ações negociadas naquele continente terá que atender às normas do International Accounting Standards Board (IASB). Essas normas nem sempre são coerentes no tratamento contábil dos instrumentos financeiros derivativos.
Assim, antes de realizar uma operação de proteção, a empresa deve considerar seus impactos econômico-financeiros, contábeis e tributários. Muitos exemplos recentes de republicações de balanços nos EUA, devido a erros na contabilização de derivativos, ilustram a seriedade do problema.
A solução envolve a integração de questões contábeis, econômicas e tributárias no desenho dessas operações. Para isso, no entan-to, é necessário que tenhamos um realinhamento da formação dos profissionais atuantes no setor.
A observação da realidade das empresas brasileiras e dos currículos de nossos cursos de graduação e pós-graduação mostra uma relativa segmentação da formação de nossos profissionais. Alguns cursos tendem a focar exclusivamente os aspectos operacionais e financeiros das operações, outros tratam somente da contabilidade de ope-rações industriais e comerciais sem se preocupar com o mercado financeiro, enquanto outros se dedicam somente ao estudo da tributação sem um conhecimento mais detalhado da sistemática operacional dos derivativos. Esse novo mercado demanda um profissional mais completo com formação mais sólida e rigorosa.
No caso específico do contador, o profissional precisa, inicialmente, conhecer melhor os instrumentos financeiros. Normalmente fora da grade curricular dos cursos de contabilidade, swaps, swaptions, collars, straddles, etc., devem integrar o repertório de conhecimentos do profissional de contabilidade. Em segundo lugar, o contador precisa entender as normas internacionais (FASB e IASB, principalmente) para poder contextualizar e adaptar a contabilização as características operacionais dos produtos de forma que a contabilidade venha a refletir melhor a essência econômica das operações. Em terceiro lugar, o profissional de contabilidade deve entender os impactos tributários das operações realizadas buscando otimizar a relação entre a operação, a contabilização e a tributação dos produtos.
Finalmente, mas não menos importante, o contador deve assumir uma postura pró-ativa visando a participar do processo de tomada de decisão, aconselhando os responsáveis pelas operações com derivativos acerca das implicações contábeis e tributárias de suas decisões.
(Gazeta Mercantil/Finanças & Mercados - Pág. 3)(Alexsandro Broedel Lopes - Professor da FIPECAFI (Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras) e professor Associado e Livre Docente da FEA-USP (broedel@usp.br))
Risco Brasil aumenta
Agência aponta riscos políticos para negócios no país
MARCO AURÉLIO CANÔNICO
DE LONDRES
A reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva não foi suficiente para reduzir o risco político para quem pretende investir no Brasil.
A avaliação foi feita pela consultoria de segurança Control Risks Group, baseada em Londres, e consta do "Mapa de Risco 2007", divulgado ontem.
O estudo avalia os riscos que os negócios podem enfrentar nas áreas política e de segurança em diversos países do mundo, classificando-os por níveis que vão de "insignificante" até "extremo".
O Brasil foi classificado como sendo de risco político médio, o que significa que há uma chance moderada de que os negócios sejam afetados negativamente por decisões de Executivo, Legislativo ou Judiciário.
A análise política também leva em conta a capacidade de grupos não-estatais -como sindicatos, lobistas, crime organizado- de prejudicarem os investimentos no país.
"A classificação reflete as dificuldades que Lula deve ter em seu segundo mandato, sendo obrigado a negociar para formar uma coalizão", disse Nicholas Watson, analista da Control Risks especializado no Brasil, em entrevista à Folha.
"O risco médio também reflete a persistência da corrupção no sistema político brasileiro, além dos problemas causados pela burocracia do Estado e pela fraqueza de algumas de suas instituições políticas."
O "Mapa de Risco 2007" tem um capítulo dedicado exclusivamente ao Brasil, intitulado "Dores do Crescimento".
Nele, o governo Lula é elogiado por ter aumentado a participação internacional do Brasil, mas há uma crítica ao mau desempenho econômico em comparação com Rússia, Índia e China -os demais países do Bric (bloco das maiores economias em desenvolvimento).
"O Brasil está arriscado a ser visto como o primo pobre do grupo, pois teve o menor crescimento econômico em 2005 e responde por menos de 1% do comércio mundial", diz o texto.
Segurança
Na análise do impacto da segurança para os negócios, o país ganhou classificação geral no nível baixo, mas Rio, São Paulo, Salvador e Recife -além da área da Tríplice Fronteira com Paraguai e Argentina- têm riscos considerados médios.
Os riscos de segurança para os negócios consideram a ação do crime organizado, de seqüestradores, hackers e oficiais corruptos, além da capacidade do governo de agir contra o crime.
Folha de S. Paulo, 08/11/2006
MARCO AURÉLIO CANÔNICO
DE LONDRES
A reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva não foi suficiente para reduzir o risco político para quem pretende investir no Brasil.
A avaliação foi feita pela consultoria de segurança Control Risks Group, baseada em Londres, e consta do "Mapa de Risco 2007", divulgado ontem.
O estudo avalia os riscos que os negócios podem enfrentar nas áreas política e de segurança em diversos países do mundo, classificando-os por níveis que vão de "insignificante" até "extremo".
O Brasil foi classificado como sendo de risco político médio, o que significa que há uma chance moderada de que os negócios sejam afetados negativamente por decisões de Executivo, Legislativo ou Judiciário.
A análise política também leva em conta a capacidade de grupos não-estatais -como sindicatos, lobistas, crime organizado- de prejudicarem os investimentos no país.
"A classificação reflete as dificuldades que Lula deve ter em seu segundo mandato, sendo obrigado a negociar para formar uma coalizão", disse Nicholas Watson, analista da Control Risks especializado no Brasil, em entrevista à Folha.
"O risco médio também reflete a persistência da corrupção no sistema político brasileiro, além dos problemas causados pela burocracia do Estado e pela fraqueza de algumas de suas instituições políticas."
O "Mapa de Risco 2007" tem um capítulo dedicado exclusivamente ao Brasil, intitulado "Dores do Crescimento".
Nele, o governo Lula é elogiado por ter aumentado a participação internacional do Brasil, mas há uma crítica ao mau desempenho econômico em comparação com Rússia, Índia e China -os demais países do Bric (bloco das maiores economias em desenvolvimento).
"O Brasil está arriscado a ser visto como o primo pobre do grupo, pois teve o menor crescimento econômico em 2005 e responde por menos de 1% do comércio mundial", diz o texto.
Segurança
Na análise do impacto da segurança para os negócios, o país ganhou classificação geral no nível baixo, mas Rio, São Paulo, Salvador e Recife -além da área da Tríplice Fronteira com Paraguai e Argentina- têm riscos considerados médios.
Os riscos de segurança para os negócios consideram a ação do crime organizado, de seqüestradores, hackers e oficiais corruptos, além da capacidade do governo de agir contra o crime.
Folha de S. Paulo, 08/11/2006
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