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13 novembro 2006

Governança em Alta

Reportagem da Gazeta Mercantil do dia 6 de novembro mostra como os executivos acreditam ser possível recuperar a repuração de uma empresa abalada por escandâlos:

Governança Corporativa - Pesquisa aponta mudanças na comunicação corporativa

São Paulo, 6 de Novembro de 2006 - Estudo ouviu 950 executivos de onze países; Brasil foi o único participante da América Latina. Um novo mundo corporativo está surgindo da busca pelas melhores práticas de transparência. Entre elas, a comunicação com investidores e demais stakeholders que precisa ser cada vez mais admirável. A mudança já pode ser percebida nas maneiras menos burocráticas e mais contundentes de tratar o público. Antes, para limpar manchas na imagem da companhia, um pedido de desculpas era suficiente. Hoje, ele ainda é importante, mas precisa ser precedido de atitudes mais conseqüentes, como anunciar ações especificas para resolver o problema.
Essa nova governança corporativa na comunicação das empresas foi capturada por uma pesquisa com 950 executivos de 11 países da América, da Europa e da Ásia, realizada pela Weber Shandwick, uma das maiores empresas de relações públicas globais e pela KRC Research. O Brasil foi o único país latino-americano que participou e as entrevistas foram feitas entre 20 de julho e 8 de agosto de 2006.
"Os pedidos de desculpas dos diretores gerais estão perdendo rapidamente o seu poder de aliviar as preocupações do público, agora que existe quase uma obrigação de eles agirem assim quando ocorre uma crise ou as empresas enfrentam acusações de irregularidades", declarou Leslie Gaines-Ross, diretor de estratégia de reputações da Shandwick, à agência PR Newswires.
De acordo com a pesquisa intitulada "Protegendo Reputações", os executivos acreditam que, hoje, as melhores medidas para iniciar um processo de recuperação de reputação são: anunciar as ações específicas que a empresa adotará para resolver o problema (76%); criar um sistema de detecção precoce (76%); e estabelecer procedimentos e políticas que a empresa adotará para comprovar seu compromis-so de agir com a maior transparência (73%).
Outro resultado importante apontado pela pesquisa foi com relação ao comportamento das empresas em relação à midia. Somente um dentre cada cinco (20% do total) dos executivos ainda acredita que manter o diretor geral escondido da mídia após uma crise ajuda a recuperar a reputação. "Os diretores são a face da organização visível para o público e, nos momentos de confusão, espera-se que apareçam e sejam francos a respeito de quaisquer problemas que surjam durante a sua administração", disse Gaines-Ross.
Ainda conforme a pesquisa, as estratégias que tiveram maior número de pontos na pesquisa estão trabalhar em estreita colaboração com a assessoria jurídica na divulgação de declarações públicas (72%), emitir regularmente relatórios públicos de prestação de contas sobre o tratamento dado ao problema (71%) e divulgar rápida e publicamente o que aconteceu (71%).
Muitas destas providências ajudam a prevenir uma cobertura excessiva pela mídia, dando segurança às partes interessadas de que a empresa atua com transparência e iniciativa, dentro do possível nas circunstâncias, de acordo com os organizadores da pesquisa.
A pesquisa revelou também que, a despeito de enormes diferenças nas práticas de negócios, culturas e estilos de trabalho, os dirigentes das companhias têm em comum uma perspectiva global sobre a recuperação da reputação.
Responder blogs
Uma instrumento de comunicação eletrônica, os blogs, que se transformaram numa verdadeira febre da web, não é visto pelos executivos como mecanismo adequado para falar da empresa. A pesquisa mostrou que a maioria dos executivos concorda que responder aos blogs após a crise não é um modo efetivo de iniciar o processo de recuperação, independente da região. "Isto não surpreende, pois a nossa pesquisa revela também que somente uma minoria das empresas acompanha as coberturas online sobre a sua reputação", afirmou Gaines-Ross.
kicker: Executivos não acreditam que manter o diretor geral escondido da mídia, após crise, ajuda a recuperar a reputação
kicker2: Apesar das diferenças de culturas e estilo, executivos têm uma mesma visão sobre a recuperação da reputação da empresa
(Gazeta Mercantil/Finanças & Mercados - Pág. 3)(Lucia Rebouças)

11 novembro 2006

Destaques da Semana

1. Resultados das Empresas - problemas no Pão-de-Açúcar, lucro na Petrobrás. Começou uma temporada de divulgação dos resultados de diferentes empresas, incluindo as justificativas dos seus dirigentes. Tempo de diversão!

2. Agio dos bancos - o lucro dos bancos só não foi maior pelo tratamento dado ao ágio em diversos deles. A opção foi levar tudo ao resultado agora. Como as instituições financeiras não sabem até quando o ambiente será favorável, ao levar o ágio a resultado estão providenciando uma menor variação futura no lucro.

3. O alto spread cobrado pelos bancos brasileiros

4. O protesto da Vale do Rio Doce, que durante a campanha presidencial foi destaque por contrariar os defensores da estatização da economia, criticou o governo pelo câmbio e decidiu entrar com petição contra o mesmo governo.

5. Mercado acionário com prestígio

BNDES lucra mais

O BNDES obteve um resultado de R$5,7 bilhões no ano (acumulado até setembro).


Lucro do BNDES sobe 132% no ano

Segundo Fiocca, solução para pendências antigas ajudou o banco a acumular resultado de R$ 5,7 bi até setembro

Jacqueline Farid

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) anunciou ontem o lucro líquido de R$ 5,7 bilhões no acumulado de janeiro a setembro, um recorde, que significa aumento de 132% ante igual período de 2005. Apenas no terceiro trimestre, o lucro líquido foi de R$ 2,4 bilhões, 276% superior ao do mesmo período de 2005, de R$ 638 milhões.

Segundo o presidente da instituição, Demian Fiocca, o bom desempenho deve-se à melhoria dos resultados das empresas nas quais o banco tem participação acionária e à renegociação de pendências financeiras com clientes. O BNDES tem batido sucessivos recordes de lucro desde 2003, quando alcançou, pela primeira vez, a marca de R$ 1 bilhão. Este ano, até setembro, o resultado é 80% superior ao de ano inteiro de 2005, de R$ 3,2 bilhões.

Fiocca explicou que os resultados refletem a melhor situação financeira das empresas, que reduziram as dívidas e a inadimplência com o banco e possibilitaram a reversão das provisões de despesas no balanço. Nos últimos cinco anos, a despesa média do banco com provisões era de R$ 1,743 bilhão. No terceiro trimestre deste ano, houve receita de R$ 1,1 bilhão com a reversão das provisões, .

Segundo ele, também houve um 'esforço de gestão do BNDES', que solucionou 'pendências antigas'.Como exemplo, citou a participação do banco na reestruturação da Brasil Ferrovias, em maio, com a incorporação da empresa pela América Latina Logística (ALL).

Essa operação levou à troca da totalidade da participação do BNDES na Brasil Ferrovias por ações da ALL negociadas na Bovespa e rendeu ao banco R$ 1 bilhão em ações. 'Houve desempenho muito bom no sentido de renegociar algumas pendências que vinham sendo provisionadas como perdas', disse Fiocca.

O porcentual de inadimplência da carteira de crédito do banco foi de 0,55% no terceiro trimestre e de 0,69% em junho. Com isso, as provisões caíram de 3,83% no segundo trimestre para 3,22% no terceiro.

Além da reversão nas provisões, as operações com renda variável (carteira de ações) tiveram lucro líquido de R$ 3,02 bilhões no acumulado de janeiro a outubro e garantiram o resultado recorde do banco. 'A economia melhorou, as empresas tiveram mais lucro', justificou Fiocca.

Segundo o executivo, o lucro em renda variável 'mostra a qualidade da carteira do BNDES' e reflete o bom desempenho das empresas nas quais o banco tem participação no pagamento de dividendos aos acionistas. Além disso, avalia Fiocca, a 'percepção de solidez e perspectiva positiva das empresas' está se refletindo no seu valor de mercado e engordando as ações.

Os ativos do sistema BNDES totalizaram R$ 181,6 bilhões em setembro deste ano, com aumento de 3,8% ante o valor de R$ 174,9 bilhões de dezembro do ano passado.

Vale x governo

A Vale do Rio Doce esteve envolvida na polêmica da privatização no final da campanha eleitoral brasileira. Naquele instante, candidatos defendiam a estatização de certos setores (ou a não privatização dos bancos oficiais, da Petrobras etc) e a Vale respondeu com a compra da Inco. Na divulgação de seus resultados a Vale criticou o governo, a burocracia e o excesso de normas. Agora esta empresa decidiu entrar com petição contra o governo em virtude dos índios brasileiros. Vide notícia reproduzida abaixo. (Estado de S. Paulo de hoje)

Vale entra com petição contra governo brasileiro na OEA

Direto da fonte

SONIA RACY sonia.racy@grupoestado.com.br

A Vale do Rio Doce está encaminhando petição contra o governo brasileiro, pelo não-cumprimento de suas obrigações com os índios, à Organização dos Estados Americanos. Trata-se da primeira vez, na história do Brasil, que uma empresa brasileira entra com este tipo de ação na Comissão Interamericana da Defesa de Direitos Humanos da OEA. Em última instância, se a União for condenada, poderá perder o direito de captar empréstimos em instituições como o Banco Mundial e BID.

Será o advogado Hélio Bicudo a encaminhar o documento, pessoalmente, segunda-feira, em Washington. Militante histórico do PT e ícone da luta pelos direitos humanos, Bicudo montou a petição em parceria com o advogado Pedro Freitas. Bicudo - que hoje preside a Fundação Interamericana de Direitos Humanos - atesta que a Vale destina R$ 25 milhões por ano aos índios, parte por meio da União, 'que absolutamente não está cumprindo sua parte exigida pelo Estatuto do Índio'.

A Vale chegou ao limite de sua paciência com os estragos financeiros, que vem absorvendo, causados pela ação sistemática dos índios, mesmo com sua colaboração, hoje espontânea. Segundo Freitas, a destinação de R$ 25 milhões aos índios começou em 82, após contrato com o Banco Mundial, que exigiu essa obrigação 'acessória' para aprovar o empréstimo até o fim do pagamento do financiamento em 89. 'Depois disso, resolvemos continuar colaborando dentro do nosso programa de assistência social', diz o advogado da Vale.

Como a petição tramitará na OEA? Explica Bicudo que a comissão, depois de receber o documento e examiná-lo, vai solicitar informações ao governo brasileiro, que terá 60 dias para responder. Na reunião semestral da comissão da OEA, o resultado será debatido em audiência pública. 'Aí farão uma recomendação ao governo brasileiro e, no caso de não-cumprimento, a causa vai para a Corte Interamericana, na Costa Rica, cuja decisão é de força maior, ou seja, não pode ser contestada pelo STF. Se ainda assim o Brasil não cumprir a determinação, o problema segue para a Assembléia-Geral da OEA, que decretará sanções financeiras, como o veto aos empréstimos do BID e Bird', enumera Bicudo.

Dúvida: será o Brasil proativo, antecipando solução para o problema indígena antes que a situação piore ainda mais? Os índios, por serem inimputáveis, têm servido de massa de manobra de 'alguns' poucos brasileiros, com a complacência da Funai. Não faz muito tempo, destruíram parque de pesquisa da Aracruz e chegaram a exigir da Vale avião e pista no Pará. Ontem, índios guaranis invadiram fazenda de monges cistercienses em São Paulo, alegando que as terras eram de seus antepassados. Detalhe: uma população de algo como 400 mil índios possui mais de 10% do território nacional. Do jeito que vai, o problema com os sem-terra vai virar 'fichinha' perto do movimento dos 'com' índios.

Lucro da Petrobrás é de R$20 bilhões

O lucro da Petrobrás foi de R$20 bilhões nos três primeiros trimestres do ano. As explicações foram a alta do preço e maior produção. Mas interessante é a explicação do funcionário da empresa para as perdas na Bolívia e Venezuela: imateriais. Em contabilidade temos o conceito de materialidade e alguns autores fazem distinção entre materialidade e relevância. Talvez R$50 milhões seja imaterial para a empresa (acho que não é), mas é relevante. A seguir reportagem do Estado de S. Paulo de hoje:


Lucro da Petrobrás cresce 33% e supera R$ 20 bilhões

Alta do petróleo e aumento da produção nacional explicam resultado maior entre janeiro e setembro

Nicola Pamplona

A Petrobrás anunciou ontem o lucro recorde de R$ 20,719 bilhões até setembro, 33% maior que o do mesmo período de 2005. Segundo o diretor-financeiro da companhia, Almir Barbassa, o resultado decorre, principalmente, do aumento da produção e das altas cotações internacionais do petróleo.

No terceiro trimestre, o lucro líquido ficou em R$ 7,085 bilhões, 26% superior ao do mesmo período de 2005. Esse resultado ficou abaixo das expectativas do mercado, que esperava um recorde em torno de R$ 8 bilhões. Barbassa explicou que houve gastos extraordinários superiores a R$ 800 milhões, com injeção de gás nos poços e mudança de classificação por parte da Agência Nacional do Petróleo (ANP) de custos recuperáveis do projeto Marlim, maior campo produtor do país.

De janeiro a setembro, a Petrobrás produziu a média de 1,763 milhão de barris de petróleo por dia no Brasil, volume 6% superior ao do mesmo período de 2005. As vendas internas de combustíveis, por outro lado, cresceram só 2% este ano, o que garantiu o saldo de US$ 152 milhões na balança comercial de petróleo e derivados da empresa, com a exportação de 69 mil barris por dia a mais do que importou.

Barbassa admitiu que a empresa não conseguirá cumprir a meta inicial de superávit comercial de US$ 3 bilhões este ano. Segundo ele, as exportações vão crescer no último trimestre, mas o superávit deverá ficar em torno de US$ 500 milhões. 'Temos batido recordes de exportação, com a média de 450 mil barris por dia em outubro', afirmou.

A empresa garante que a auto-suficiência na produção de petróleo será mantida, mesmo que atrasos em algumas plataformas tenham levado a uma redução também das metas de produção, de 1,88 milhão de barris por dia, em média, durante o ano.

O resultado de janeiro a setembro sofreu impacto da alta de 25,92% nas cotações internacionais. Barbassa explicou que a companhia se beneficiou ainda do maior uso de petróleo nacional nas suas refinarias, que garante margem de lucro maior. No terceiro trimestre, o óleo nacional foi cotado por US$ 58,69 o barril, enquanto o Brent, negociado em Londres, ficou em US$ 68,49.

No terceiro trimestre, com a queda das cotações internacionais, a Petrobrás voltou a praticar preços de combustíveis acima da cotação do Brent, depois de quase um ano abaixo. Segundo Barbassa, o fato é um sinal de acerto na política de preços da companhia.

'Mantendo uma média de longo prazo, não transferimos para o Brasil a volatilidade do mercado externo e causamos impacto menor no comportamento dos preços no País', afirmou. A estatal não reajusta os preços da gasolina e do diesel desde setembro de 2005.

O diretor da Petrobrás informou que a empresa teve perdas de R$ 18 milhões no trimestre em relação aos impostos adicionais cobrados sobre a produção de petróleo e gás na Bolívia. No ano, as perdas com Bolívia e Venezuela somaram R$ 50 milhões. 'São imateriais', minimizou o diretor.

10 novembro 2006

Ágio distorce resultado de Bancos

Apesar do ágio, os bancos ainda são lucrativos. A seguir, reportagem do Valor Econômico de hoje:

Ágio distorce resultado dos bancos

Maria Christina Carvalho
Apoiados em confortáveis colchões de lucro, os três maiores bancos privados de varejo - Bradesco, Itaú e Unibanco - realizaram no terceiro trimestre vultosas amortizações de ágios pagos em aquisições. Apesar disso ter implicado em despesas elevadas, a decisão contábil não chegou a empanar os resultados e, de modo geral, não afetou significativamente a distribuição de dividendos para os acionistas.

A onda de amortização de ágio foi desencadeada pelo Itaú que seguiu sua política habitual e anunciou que iria amortizar de uma só vez os R$ 2,7 bilhões de ágio pagos na compra do BankBoston. A despesa reduziu o lucro líquido contábil dos nove meses em 20,835 para R$ 3,03 bilhões em comparação com igual período de 2005.

O Bradesco resolveu acompanhar o movimento e antecipou a amortização integral de seu estoque de R$ 2,11 bilhões em ágio. Com isso, o lucro líquido de nove meses caiu 17,29% para R$ 3,35 bilhões.

Já o Unibanco preferiu antecipar de dez para cinco anos a amortização de R$ 1,062 bilhão em ágio que tinha em estoque, o que previa fazer até 2016. Isso implicou a amortização extraordinária no terceiro trimestre de R$ 464 milhões. Desse modo, o lucro líquido de nove meses caiu 11,63% para R$ 1,17 bilhão.

Não fossem essas medidas, o Bradesco teria aumentado em 34,76% o lucro de nove meses; o Itaú, em 42,65; e o Unibanco, em 23,27%, calculou a consultoria Austin Ratings.

A legislação contábil brasileira permite a amortização de ágio em dez anos; e a fiscal, em cinco anos, no mínimo.

O presidente da consultoria Austin Ratings, Erivelto Rodrigues, afirmou que a decisão facilita a comparação dos resultados dos bancos brasileiros com seus equivalentes internacionais.

Já o vice-presidente do Unibanco, Geraldo Travaglia, afirmou que amortização do ágio é "uma distorção contábil. O normal seria amortizar o ágio de acordo com o resultado obtido com a aquisição. A idéia é que o ganho é suficiente para cobrir o preço pago". O banco só acompanhou os demais, disse, para não distorcer a comparação dos analistas. Os investidores de varejo, acredita, nem compreendem profundamente a operação.

Travaglia também observou que o Unibanco preferiu utilizar o crédito tributário decorrente da amortização do ágio para reforçar as provisões porque considera incoerente contabilizá-lo no ativo, como fizeram os outros bancos.

A amortização de ágio também tem impacto no patrimônio dos bancos, reduzindo o número. Todos, porém, mantiveram a política de distribuição de dividendos.

Para não afetar os acionistas e os indicadores de alavancagem, os bancos tomaram diferentes medidas. O Itaú aumentou o capital com a incorporação do BankBoston; e o Bradesco, com a emissão de ações. O Unibanco informou que, se tivesse amortizado integralmente o estoque de ágio, seu índice de Basiléia teria caído 0,8 ponto para 14,7%. O índice fechou setembro em 15,5%.

Spread Bancário

A taxa de juros está caindo mas o lucro dos bancos continua aumentando. Uma possível explicação é o spread bancário. Reportagem da Folha do dia 06/11 mostra o spread brasileiro está acima de 10%, muito acima da Argentina (1,4%) e mesmo da Venezuela (10,6%). Com diz a sabedoria, o melhor negócio no Brasil é ser dono de um banco; o segundo melhor negócio no Brasil é ser dono de um banco mal administrado. Clique aqui para ler.

Já reportagem do Estado de S. Paulo informa que nosso spread é 19% para 6%. Os números são diferentes, mas a realidade é a mesma: o spread nosso é elevado. Clique aqui para ler.

Uma reportagem do Valor Econômico, do dia 06 de novembro, destaca que pela primeira vez um banco brasileiro informou o efeito da queda da taxa de juros sobre o seu resultado. Segundo o Itaú, cada redução da taxa de juros reduz R$268 milhões da sua receita (mas não lucro):

Bancos apostam no crédito imobiliário

Maria Christina Carvalho
Toda vez que o juro básico cai os analistas perguntam se os bancos vão manter os lucros cintilantes no futuro, à medida que a queda da taxa avançar. Pela primeira vez um banco divulgou exatamente quanto perde com a queda dos juros. Em teleconferência com analistas, na semana passada, o Banco Itaú informou que sua receita consolidada diminui em R$ 268 milhões a cada queda de um ponto da taxa básica de juros. Desde setembro do ano passado, a taxa básica já caiu seis pontos, o que significa uma perda ao redor de R$ 1,6 bilhão para o Itaú. Mas, os lucros do banco não param de subir. Nos doze meses acumulados desde então, o Itaú teve um lucro líquido de R$ 5,847 bilhões, 40% superior aos R$ 4,171 bilhões ganhos nos doze meses anteriores, terminados em setembro de 2005.

O vice-presidente Alfredo Setubal afirmou que o banco pode compensar a perda de receita com o aumento do volume de crédito, oferta de mais serviços aos clientes e forte atuação nos custos. Nos doze meses terminados em setembro, o Itaú ampliou em 28,5% a carteira de crédito, para R$ 79,2 bilhões, sem contar as operações do BankBoston, incorporadas no terceiro trimestre. Somente o crédito para pessoas físicas saltou 41,6%, puxado pelo financiamento de veículos, que deu uma arrancada de 66,7% para R$ 15,766 bilhões. O crédito pessoal aumentou 27% para R$ 12,974 bilhões; e o cartão de crédito quase isso (26,6%) para 12,974 bilhões.

Acredita-se que o desafio será maior quando a taxa cair para um dígito. O professor da PUC-SP e ex-economista-chefe da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Roberto Troster, acredita que a taxa básica de juros chegará a um dígito já em 2008. "Os piores cenários são bons cenários tanto no exterior quanto no mercado interno", disse. Já o professor André Carvalhal, do Instituto Coppead de Administração da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), não espera a queda do juro nominal caia para um dígito antes de três a quatro anos: "Depende da política do futuro governo e o mercado internacional ainda é uma incógnita. Fora nosso dever de casa para fazer".

Valor Econômico de 6/11