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08 novembro 2006

Gerdau e os efeitos da internacionalização

Foi divulgado o lucro da Gerdau, uma das empresas brasileiras mais internacionalizadas: R$2,7 bilhões. Abaixo, reportagem do Estado de S. Paulo de hoje:


Lucro da Gerdau chega a R$ 2,7 bi até setembro

Sandra Hahn

O grupo siderúrgico Gerdau registrou um lucro líquido de R$ 882 milhões no terceiro trimestre, um crescimento de 8,6% na comparação com o mesmo período do ano passado. A receita no período foi de R$ 6,069 bilhões, alta de 19,19% na mesma comparação. No acumulado de janeiro a setembro, o lucro líquido do grupo é de R$ 2,69 bilhões, 7% mais que no mesmo período de 2005, enquanto o faturamento chega a R$ 20,6 bilhões, um crescimento de 5,3%.


O vice-presidente executivo de finanças e diretor de relações com investidores da Gerdau, Osvaldo Shirmer, informou em teleconferência sobre os resultados que o grupo definiu um orçamento de investimentos de US$ 3 bilhões entre 2007 e 2009. Deste total, o Brasil deverá ficar com aproximadamente US$ 2 bilhões. Segundo Schirmer, da verba total, US$ 1 bilhão deve ser aplicado em 2007, US$ 1,1 bilhão em 2008 e o restante em 2009. O orçamento não contempla possíveis aquisições, embora a Gerdau tenha reiterado que avalia algumas oportunidades.

O executivo reiterou o interesse do grupo na argentina AcerBrag (Aceros Bragados) e no mercado mexicano. Ele comentou que a Gerdau teve contato com os controladores da AcerBrag, que não manifestavam intenção de vender a empresa. Se eles decidirem vender, a Gerdau está interessada.

Em relação ao mercado mexicano, Schirmer ressaltou que a região é importante pela localização geográfica e pelo consumo interno. Mas voltou a afirmar que a Gerdau não está em negociações atualmente com a mexicana Sicartsa.

07 novembro 2006

Bradesco

O lucro anunciado do Bradesco sofreu com a amortização do ágio, realizado integralmente neste período. Isto também foi feito pelo Itaú. Entretanto, a distribuição dos dividendos terá como base um lucro maior. Seria esta amortização interessante? A reportagem a seguir, do Estado de hoje, diz que sim.

Com aquisições, lucro do Bradesco cai para R$ 3,35 bi

Sem efeito das amortizações, lucro de janeiro a julho ultrapassou R$ 5 bilhões, 24% maior que o de 2005

Renée Pereira

O lucro líquido do Bradesco, maior banco privado do País, atingiu R$ 3,35 bilhões entre janeiro e setembro deste ano, resultado 17,27% inferior ao de igual período do ano passado. A redução, a exemplo do que ocorreu com o Itaú (que lucrou R$ 3 bilhões), foi provocada pela amortização integral do ágio referente a aquisições feitas no passado, como American Express (Amex) e Banco do Estado do Ceará (BEC). O retorno sobre o patrimônio ficou em 22%.

Sem o efeito das amortizações, o lucro do banco ultrapassou os R$ 5 bilhões, valor 24% superior ao do mesmo período de 2005. 'O resultado veio dentro das expectativas do mercado e foi considerado bastante satisfatório', disse o analista João Augusto Salles, da consultoria Lopes Filho. Com o anúncio do balanço, as ações preferenciais valorizaram 2,25% e as ordinárias, 1,65%. A amortização integral de ágio dá mais transparência aos números dos bancos.

O presidente do Bradesco, Márcio Cypriano, informou que a distribuição de dividendos será feita com base no valor de R$ 4,74 bilhões. Esse é o lucro líquido ajustado, com amortização do primeiro semestre. O executivo destacou ainda que 67% do ganho veio da atividade bancária e 33%, de seguros.

A carteira de crédito, incluindo avais e fianças, mais uma vez foi um dos destaques do balanço, com um avanço de 27,8%, somando R$ 110,30 bilhões. Entre essas operações, o maior crescimento, de 27%, foi detectado no portfólio para pessoa física, especialmente nas linhas de crédito pessoal e veículos. Na modalidade cartão de crédito, houve um salto na carteira de 76,6%, explicado pela aquisição da Amex, explicou Cypriano.

Na carteira para pessoa jurídica, os empréstimos para pequenas e médias empresas aumentaram 25,6%. Já a demanda das grandes empresas atingiu 13,1%, porcentual explicado pelo acesso à modalidades de financiamento no mercado de capitais, observa Cypriano. 'O crédito veio em linha com nossa expectativa de crescer entre 22% e 25% este ano. Para 2007, a previsão é de avanço de 20%.'

Ele destacou ainda que o crédito consignado com carteira adquirida - por meio de parcerias com bancos médios - cresceu bem menos que a carteira com recursos próprios - 7,5% ante 84,7%. 'Hoje esses bancos médios estão encontrando outras formas de se financiarem e não precisam tanto das parcerias com grandes bancos como no passado', explica Cypriano.

Em relação à inadimplência, o índice médio dos atrasos acima de 59 dias atingiu 4,2% em setembro, ante 3,1% em igual período do ano passado. O presidente do banco explicou que esse aumento é resultado do novo mix da carteira de crédito, com maior participação dos empréstimos para pessoa física. Nessas linhas, o risco é maior, mas o retorno compensa, já que os juros são extremamente elevados.

Por causa do aumento da inadimplência e do crescimento da carteira de crédito, o Bradesco elevou em 83% as despesas com Provisão para Devedores Duvidosos, de R$ 1,74 bilhões para R$ 3,22 bilhões. O valor excede em R$ 79 milhões o exigido pelo Banco Central (BC). A notícia positiva, segundo Cypriano, é que a inadimplência se estabilizou em agosto e já apresenta algum recuo.

O executivo também se mostrou otimista em relação ao crédito imobiliário. Ele afirmou que até setembro o volume de financiamento já tinha atingido R$ 1,6 bilhão, esbarrando na meta de R$ 2 bilhões estabelecida para o ano. 'Devemos chegar a esse valor até o fim de novembro.' Cerca de 83% dos empréstimos foram para construtoras e 17%, consumidor final.

Outra conta que teve resultado bastante positivo foi a receita de prestação de serviço, que subiu 21,3%, para R$ 6,47 bilhões. Neste ano, esse faturamento respondeu por 26% do resultado. Os ativos totais somaram R$ 243 bilhões e o patrimônio líquido, R$ 21,77 bilhões.

Vampiros, fantasmas e outros

O professor Costas Efthimiou, da Central Florida University, juntamente com Sohang Gandhi, publicaram um texto denominado "Ghots, Vampires and Zombies". O artigo, que poderia participar perfeitamente do próximo Ignobel, prova que vampiros, zumbis e fanstasmas não podem existir.

Considere o caso dos vampiros. Se cada vampiro mordesse um ser humano por mês, e este ser humano se transformasse em vampiro, basta aplicar um simples cálculo matemático para mostrar esta impossibilidade de existência do vampiro. Neste caso, o crescimento da população de vampiros seria exponencial. Considerando que o mito do vampiro nasceu no século XV, e considerando também o crescimento exponencial da população, em 30 meses toda população humana seria de vampiros.

Clique aqui para ler o texto da pesquisa (PDF e inglês)

O sucesso de Freakonomics

O livro Freaknomics é um sucesso mundial, com mais de 2 milhões de cópias vendidas só nos Estados Unidos e 30 edições estrangeiras. Qual a razão de tal sucesso? Segundo o sítio Economic Principals são diversas as explicações possíveis. O estilo do texto, os temas tratados, a redação da obra etc. Entretanto este sítio destaca a participação decisiva da The New York Times Sunday Magazine. Nesta revista Dubner contou a história de Levitt, que depois foi transformado em livro. Esta mesma revista promoveu, no passado, o também best-seller Chaos, de James Gleick (possui tradução para o português).

06 novembro 2006

Restaurantes brasileiros

Reportagem do Estado de S. Paulo de ontem mostra o bom desempenho das redes de fast-food nacionais. A soma do faturamento do Giraffas, Spoleto, Habib´s e Bob´s atingem a R$1,5 bilhão. Algumas destas redes tem como concorrentes diretos empresa multinacionais. Um ponto comum é a capacidade de adaptação das empresas para o gosto do brasileiro.

Entretanto, salta aos olhos a dificuldade de fazer uma análise maior das próprias empresas. O faturamento é estimado, não existem dados de lucro e investimento e não se percebe uma vontade de colocar para o público as demonstrações contábeis.

A proposta de lei societária exige a divulgação das demonstrações das grandes empresas. Está parada no Congresso e provavelmente não será votada tão cedo.

05 novembro 2006

Duas contabilidades?

O TCU descobriu que os balanços publicados de certas estatais não batem com as operações registradas no Siafi.

Estatais driblam controle com balanços que variam até 3.688%

TCU aponta divergências nos relatórios de 8 empresas federais em relação aos valores que elas registraram no Siafi

Rosa Costa, Adriana Fernandes, BRASÍLIA

Oito empresas estatais apresentam atualmente problemas nos dados financeiros que enviam ao Congresso. Relatório do Tribunal de Contas da União (TCU) aponta disparidades importantes entre os valores registrados pelas estatais federais no Sistema Integrado de Administração Financeira (Siafi) - banco eletrônico cujos dados podem ser livremente fiscalizados pelos parlamentares - e os números declarados pelas empresas em seus balanços. Em termos proporcionais, a maior distorção foi identificada na Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM). Em 2005, a estatal registrou no Siafi que suas obrigações financeiras de longo prazo somavam R$ 2,326 milhões. Ao publicar o balanço, porém, a companhia declarou pendências num total bem superior: R$ 88,114 milhões. Uma diferença de 3.688%.

Os técnicos do TCU analisaram os dados fornecidos no ano passado por dez estatais. Quatro são do grupo das chamadas “dependentes” - aquelas que precisam do dinheiro da União para pagar o salário de seus funcionários e as despesas de manutenção. As outras seis não recorrem a recursos do Orçamento para sobreviver. Em oito delas, foram encontradas discrepâncias entre o registrado no Siafi e declarado nos balanços.

O TCU determinou à Secretaria do Tesouro Nacional, responsável pela contabilidade pública, que adote medidas “necessárias e urgentes” para eliminar as distorções. Estabeleceu como prazo o exercício de 2008. Até lá, o Tesouro terá de “reavaliar as rotinas contábeis atuais aplicáveis às empresas estatais no âmbito do Siafi, bem como na disseminação das informações”. O relatório, assinado pelo ministro Ubiratan Aguiar, foi aprovado por unanimidade na última quarta-feira.

Se nada for feito contra a disparidade de informações, o ministro avisa que o País continuará convivendo com “contabilidades paralelas que impossibilitam o controle real” das empresas. “Mantida a situação atual, não adianta a lei determinar e não haver suporte e controle adequado para a execução das determinações legais”, observa. Deixa ainda patente que as divergências de dados podem comprometer a credibilidade do Siafi.

DESCONTROLE

Já há algum tempo o TCU tinha suspeitas de descontrole contábil das estatais federais, confirmadas agora pelo relatório de Aguiar. Ele servirá de base para o parecer final que o TCU faz anualmente das contas do governo federal. A dúvida maior é se o problema se estende ao registro - e sobretudo à confiabilidade - das contas das estatais no Siafi.

A distorção nos dados foi identificada até mesmo em empresas do porte da Caixa Econômica Federal (CEF) e do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). O lucro líquido da Caixa, em 2005, de acordo com o Siafi, é de R$ 428 milhões. Já o balanço da empresa mostra um desempenho 384,3% maior, de R$ 2,073 bilhões. Os valores do caixa e receitas a receber a curto prazo (ativo circulante) do BNDES no Siafi são de R$ 15,185 bilhões, enquanto no balanço chegam a R$ 38,55 bilhões. A diferença é de 153,9%.

No caso da Empresa Gerencial de Projetos Navais (Emgepron), o lucro líquido declarado ao Siafi foi de R$ 6,14 milhões, mas o do balanço anual foi de R$ 9,8 milhões - diferença de 59,5%. Já a Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) declarou ao Siafi ativo circulante de R$ 1,11 milhão e publicou balanço de ativos de R$ 830 mil, com diferença de 34,4%, só que negativa. Essas disparidades, afirmou Aguiar, abrem brechas no próprio controle dos recursos públicos e possibilitam a criação de passivos e gastos sem dotação orçamentária.

O ministro lembra que as dependentes, por determinação da Lei de Responsabilidade Fiscal, têm necessariamente de “processar toda sua execução financeira no Siafi”. As não-dependentes sem capital aberto - como a Caixa, o BNDES e os Correios -, embora não exista nenhuma lei que determine sua inclusão no Siafi, acabam tendo seus dados publicados no sistema na elaboração do Balanço Geral da União.

No relatório, Aguiar questiona a quem serviria a publicação de dados errados no Siafi e nos balanços das empresas. “Ou se negociam prazos ou formas alternativas para a integração ou perpetua-se a divulgação de dados de qualidade bastante questionável”, adverte .

No relatório, o TCU chama a atenção para o grupo hospitalar Conceição, estatal subordinada ao Ministério da Saúde, que administra os hospitais Cristo Redentor, Nossa Senhora da Conceição e Fêmina, todos no Rio Grande do Sul. Em documentação enviada ao TCU, a empresa admite que realizou “despesas orçamentárias fora do sistema Siafi”.

Como estatal dependente, o hospital não poderia adotar essa prática. Por isso, será punido, conforme determinam as normas de fiscalização pública. O Ministério da Saúde também reconhece em ofício enviado ao TCU que não há respaldo legal para a medida e promete correções no “outro exercício” financeiro, ou seja, em 2007.

REGISTROS

O TCU enfatiza no relatório que as empresas estatais acabam tendo de se submeter a dois tipos diferentes de registro contábil, regidos por leis diferentes: um público e outro comercial. Por isso, admite o tribunal, é natural a ocorrência de diferenças entre os números. Mas as discrepâncias, conforme lembra Aguiar, não podem ser inconciliáveis. Para o tribunal, os balanços devem apontar as razões das diferenças, o que não ocorre hoje. Da mesma forma, os números - pela diferença de legislação - não podem ser totalmente iguais, como foi identificado no caso das estatais Valec Engenharia, Construções e Ferrovias S.A. e a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep).


Fonte: Estado de S. Paulo, 05/11/2006

LRF sob perigo

A Lei de Responsabilidade Fiscal tem sido considerada um avanço na condução política do Estado. Notícia do jornal Estado de S. Paulo de hoje informa que o presidente reeleito "dá sinal verde para aliviar Estados com nova Lei Fiscal". O acordo interessa à oposição, que irá enfrentar o rigor da lei no RS, AL e PB.