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Efeito no Rating
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25 outubro 2006
Vale e Inco 5 - Querer mais
Do Estadão de Hoje
Vale já garantiu o controle e agora quer comprar todas as ações da Inco
Mineradora fechou a compra de 75,6% da empresa por US$ 13,4 bi e estendeu a oferta pelos papéis até novembro
Cris Medeiros
O presidente da Companhia Vale do Rio Doce, Roger Agnelli, presidiu, na tarde de ontem, sua primeira reunião como novo patrão da mineradora canadense Inco. Na sede da Inco em Toronto, localizada numa torre envidraçada da King Street, a principal rua comercial da cidade, Agnelli liderou uma conferência telefônica, respondendo a questões dos funcionários da empresa.
Além dos executivos de Toronto, a conversa incluiu os dirigentes das operações canadenses - em Sudbury, no leste de Ontário, Thompson, na província de Manitoba, e Voisey's Bay, em Labrador - e das internacionais, na Indonésia e no País de Gales. Durante a conversa, que durou mais de uma hora, Agnelli confirmou que deve dissolver a atual diretoria, mas que não haverá demissões nem grande redução do número atual de cargos nos próximos três anos, como previsto no acordo de compra da empresa.
Agnelli chegou ontem mesmo a Toronto, depois que a Vale já havia fechado a compra de 75,6% das ações da Inco, uma operação de US$ 13,4 bilhões. A transação foi concluída à meia-noite de segunda-feira, quando expirava o prazo para que ao menos dois terços das ações fossem adquiridas. Durante todo o dia, os acionistas aceitaram a oferta da empresa por telefone ou e-mail.
Na maioria dos casos, os acionistas foram representados por corretores de valores ou seus conselheiros financeiros. Vários deles, no entanto, esperaram o fechamento do pregão da Bolsa de Toronto, na esperança de que uma valorização do dólar americano tornasse a oferta mais rentável. No final da tarde de segunda-feira, a Vale informou que prolongaria sua oferta de 86 dólares canadenses por ação até o dia 3 de novembro.
A Vale vai adotar uma estratégia agressiva para conquistar o controle integral da Inco. A empresa está disposta a desembolsar mais US$ 4,5 bilhões para atrair o restante dos acionistas que ainda não aderiram à oferta. Assim que a companhia brasileira assumir o controle de 85% das ações da Inco, o balanço comercial da mineradora deixará de ser submetido às autoridades fiscais do Canadá e dos EUA como empresa nacional, passando a ser catalogada como empresa de capital estrangeiro.
O interesse da mineradora brasileira é transformar a produtora de níquel em uma subsidiária integral do grupo, a exemplo do que já ocorreu com outras aquisições, como a Caemi, no Brasil. Em nota, a Vale informou ainda que pretende fechar o capital da empresa nas bolsas de valores de Toronto e de Nova York. A Inco é a segunda mineradora canadense de níquel arrematada pela companhia brasileira. Em dezembro de 2005, o grupo comprou a Canico, dona da mina de Onça Puma, no Pará.
RANKING
Após a conclusão da compra da Inco, a Vale sobe duas posições no ranking das mineradoras mundiais, ficando atrás apenas da anglo-australiana BHP Billiton. Desde 2000, a empresa brasileira vem investindo pesado para consolidar sua participação no segmento de minério de ferro e diversificar sua atuação no mercado de metais.
Entre 2000 e 2002, o grupo comprou a Socoimex, Samitri, Samarco, Ferteco, o projeto de Sossego, parte da Caemi, Salobo e Alunorte. A partir de 2003, a companhia começou a diversificar suas atividades e a olhar mais para o exterior. A primeira aquisição foi uma empresa de ferro-ligas na Noruega chamada Rana. Depois, comprou a empresa de níquel canadense Canico e agora outra canadense, a Inco. Nesse meio tempo, ainda aumentou sua participação na Ferrovia Centro-Atlântica (FCA) e na Valesul.
A analista Cristiane Viana, da Ágora, não acredita em aquisições de peso pela Vale nos próximos dois anos. 'Nesse período, a Vale vai ter de digerir a compra da Inco', disse. 'Se houver alguma compra, não será desse porte.' A corretora reiterou a recomendação de compra dos papéis da mineradora brasileira após a conclusão da oferta pela companhia canadense Inco.
ANÚNCIO
Nesta quarta-feira, Roger Agnelli e o atual presidente da Inco, Scott Hand, farão juntos o anúncio oficial da aquisição da mineradora canadense. O anúncio será feito no salão nobre do Le Royal Meridien King Edward, um dos hotéis cinco estrelas de Toronto, que fica na mesma rua da sede da Inco.
Agnelli e sua comitiva, que inclui o diretor-executivo de finanças, Fabio Barbosa, e o diretor-executivo de assuntos corporativos, Tito Martins, estão hospedados no hotel.
COLABOROU MÔNICA CIARELLI
Vale já garantiu o controle e agora quer comprar todas as ações da Inco
Mineradora fechou a compra de 75,6% da empresa por US$ 13,4 bi e estendeu a oferta pelos papéis até novembro
Cris Medeiros
O presidente da Companhia Vale do Rio Doce, Roger Agnelli, presidiu, na tarde de ontem, sua primeira reunião como novo patrão da mineradora canadense Inco. Na sede da Inco em Toronto, localizada numa torre envidraçada da King Street, a principal rua comercial da cidade, Agnelli liderou uma conferência telefônica, respondendo a questões dos funcionários da empresa.
Além dos executivos de Toronto, a conversa incluiu os dirigentes das operações canadenses - em Sudbury, no leste de Ontário, Thompson, na província de Manitoba, e Voisey's Bay, em Labrador - e das internacionais, na Indonésia e no País de Gales. Durante a conversa, que durou mais de uma hora, Agnelli confirmou que deve dissolver a atual diretoria, mas que não haverá demissões nem grande redução do número atual de cargos nos próximos três anos, como previsto no acordo de compra da empresa.
Agnelli chegou ontem mesmo a Toronto, depois que a Vale já havia fechado a compra de 75,6% das ações da Inco, uma operação de US$ 13,4 bilhões. A transação foi concluída à meia-noite de segunda-feira, quando expirava o prazo para que ao menos dois terços das ações fossem adquiridas. Durante todo o dia, os acionistas aceitaram a oferta da empresa por telefone ou e-mail.
Na maioria dos casos, os acionistas foram representados por corretores de valores ou seus conselheiros financeiros. Vários deles, no entanto, esperaram o fechamento do pregão da Bolsa de Toronto, na esperança de que uma valorização do dólar americano tornasse a oferta mais rentável. No final da tarde de segunda-feira, a Vale informou que prolongaria sua oferta de 86 dólares canadenses por ação até o dia 3 de novembro.
A Vale vai adotar uma estratégia agressiva para conquistar o controle integral da Inco. A empresa está disposta a desembolsar mais US$ 4,5 bilhões para atrair o restante dos acionistas que ainda não aderiram à oferta. Assim que a companhia brasileira assumir o controle de 85% das ações da Inco, o balanço comercial da mineradora deixará de ser submetido às autoridades fiscais do Canadá e dos EUA como empresa nacional, passando a ser catalogada como empresa de capital estrangeiro.
O interesse da mineradora brasileira é transformar a produtora de níquel em uma subsidiária integral do grupo, a exemplo do que já ocorreu com outras aquisições, como a Caemi, no Brasil. Em nota, a Vale informou ainda que pretende fechar o capital da empresa nas bolsas de valores de Toronto e de Nova York. A Inco é a segunda mineradora canadense de níquel arrematada pela companhia brasileira. Em dezembro de 2005, o grupo comprou a Canico, dona da mina de Onça Puma, no Pará.
RANKING
Após a conclusão da compra da Inco, a Vale sobe duas posições no ranking das mineradoras mundiais, ficando atrás apenas da anglo-australiana BHP Billiton. Desde 2000, a empresa brasileira vem investindo pesado para consolidar sua participação no segmento de minério de ferro e diversificar sua atuação no mercado de metais.
Entre 2000 e 2002, o grupo comprou a Socoimex, Samitri, Samarco, Ferteco, o projeto de Sossego, parte da Caemi, Salobo e Alunorte. A partir de 2003, a companhia começou a diversificar suas atividades e a olhar mais para o exterior. A primeira aquisição foi uma empresa de ferro-ligas na Noruega chamada Rana. Depois, comprou a empresa de níquel canadense Canico e agora outra canadense, a Inco. Nesse meio tempo, ainda aumentou sua participação na Ferrovia Centro-Atlântica (FCA) e na Valesul.
A analista Cristiane Viana, da Ágora, não acredita em aquisições de peso pela Vale nos próximos dois anos. 'Nesse período, a Vale vai ter de digerir a compra da Inco', disse. 'Se houver alguma compra, não será desse porte.' A corretora reiterou a recomendação de compra dos papéis da mineradora brasileira após a conclusão da oferta pela companhia canadense Inco.
ANÚNCIO
Nesta quarta-feira, Roger Agnelli e o atual presidente da Inco, Scott Hand, farão juntos o anúncio oficial da aquisição da mineradora canadense. O anúncio será feito no salão nobre do Le Royal Meridien King Edward, um dos hotéis cinco estrelas de Toronto, que fica na mesma rua da sede da Inco.
Agnelli e sua comitiva, que inclui o diretor-executivo de finanças, Fabio Barbosa, e o diretor-executivo de assuntos corporativos, Tito Martins, estão hospedados no hotel.
COLABOROU MÔNICA CIARELLI
Vale e Inco 4 - Efeitos na classificação
Os efeitos da operação:
a) cotação da ação subiu. Mas no dia de ontem. É necessário verificar a cotação de médio prazo;
b) a classificação de risco da empresa ficou prejudicada. Isto aumenta o custo do capital para a empresa, contrariando inclusive a reportagem anterior
Ações sobem 4,6%, mas nota de risco da Vale piora
Os investidores vibraram ontem com a conclusão da operação de compra da mineradora canadense Inco pela Companhia Vale do Rio Doce. As ações da empresa lideraram a alta ontem no Índice Bovespa (Ibovespa). As ações ordinárias da Vale subiram 4,63% e as preferenciais, 3,34%.
Mas o dia não foi totalmente de festa ontem para a Vale. Apesar do entusiasmo do mercado, a agência de classificação de risco Standard & Poor's rebaixou a nota de crédito corporativo da Vale de BBB+ para BBB por causa do aumento da dívida para fechar a operação.
Já a Fitch Ratings rebaixou a classificação em moeda local da empresa. O Rating de Probabilidade de Inadimplência do Emissor para a Vale caiu um grau: passou de BBB para BBB-. Essa decisão, porém, ainda não afeta a condição de 'grau de investimento' da companhia.
Rafael Guedes, diretor-executivo da Fitch, disse que a decisão foi tomada devido à conclusão da operação da Inco. Segundo Guedes, a súbita elevação do endividamento da companhia altera as condições do balanço da mineradora.
A principal mudança, diz Guedes, é a relação entre a dívida e a geração de caixa (Ebitda) da Vale. Sem a Inco, a relação da Vale era inferior a uma vez, ou seja, a empresa gerava recursos em apenas um ano mais do que suficientes para pagar suas dívidas, uma situação muito confortável. 'Agora, essa relação passa a ser três vezes', explica. Embora tenha havido mudança na nota para títulos em moeda local, a Fitch Rating não alterou a avaliação em moeda estrangeira, que continua BBB-.
a) cotação da ação subiu. Mas no dia de ontem. É necessário verificar a cotação de médio prazo;
b) a classificação de risco da empresa ficou prejudicada. Isto aumenta o custo do capital para a empresa, contrariando inclusive a reportagem anterior
Ações sobem 4,6%, mas nota de risco da Vale piora
Os investidores vibraram ontem com a conclusão da operação de compra da mineradora canadense Inco pela Companhia Vale do Rio Doce. As ações da empresa lideraram a alta ontem no Índice Bovespa (Ibovespa). As ações ordinárias da Vale subiram 4,63% e as preferenciais, 3,34%.
Mas o dia não foi totalmente de festa ontem para a Vale. Apesar do entusiasmo do mercado, a agência de classificação de risco Standard & Poor's rebaixou a nota de crédito corporativo da Vale de BBB+ para BBB por causa do aumento da dívida para fechar a operação.
Já a Fitch Ratings rebaixou a classificação em moeda local da empresa. O Rating de Probabilidade de Inadimplência do Emissor para a Vale caiu um grau: passou de BBB para BBB-. Essa decisão, porém, ainda não afeta a condição de 'grau de investimento' da companhia.
Rafael Guedes, diretor-executivo da Fitch, disse que a decisão foi tomada devido à conclusão da operação da Inco. Segundo Guedes, a súbita elevação do endividamento da companhia altera as condições do balanço da mineradora.
A principal mudança, diz Guedes, é a relação entre a dívida e a geração de caixa (Ebitda) da Vale. Sem a Inco, a relação da Vale era inferior a uma vez, ou seja, a empresa gerava recursos em apenas um ano mais do que suficientes para pagar suas dívidas, uma situação muito confortável. 'Agora, essa relação passa a ser três vezes', explica. Embora tenha havido mudança na nota para títulos em moeda local, a Fitch Rating não alterou a avaliação em moeda estrangeira, que continua BBB-.
Vale e Inco 3 - Efeito no custo do capital de terceiros
A reportagem (Estadão de hoje) a seguir informa que o negócio irá trazer benefício para o custo do capital de terceiros pois a Vale seria agora uma empresa internacional. Temos que analisar isto com cuidado pois uma aquisição geralmente aumenta o risco da empresa. Além disto, o mercado acionário geralmente não gosta de empresas compradoras de outras, punindo com a queda na cotação das ações destas empresas.
Com Inco, Vale alcança juros de 1º mundo
Operação abre caminho para que mineradora reduza taxas e tenha custo de financiamento igual ao dos rivais
Agnaldo Brito
Os gastos da Vale do Rio Doce com novos empréstimos no mercado financeiro internacional, o chamado custo de capital de terceiros, devem agora chegar muito próximos aos dos concorrentes diretos da mineradora brasileira, a BHP Billiton, a maior do mundo, e a Rio Tinto (a terceira). A compra de 75,66% do capital da Inco em dinheiro vivo significa mais que a transformação da Vale em segunda mineradora do mundo: é o passaporte para a companhia alcançar níveis de juros só cobrados nos países ricos.
A diversificação geográfica e de produtos reduzirá a expectativa de risco dos investidores em relação à Vale. Hoje, ao se deparar com um papel emitido pela companhia brasileira, o investidor cobra o dobro dos juros que exige para um título emitido pela BHP Billiton. Levantamento feito a pedido do Estado pelo banco de investimentos WestLB mostra o quanto a Vale deve economizar com seus empréstimos no exterior.
A Vale lançou recentemente um título no mercado internacional (bond) de dez anos, com vencimento em 2016. A BHP também lançou um papel em condições semelhantes. Os investidores do chamado mercado secundário de títulos compraram os dois papéis, mas cobraram da Vale 6,25% ao ano, enquanto exigiram da BHP 5,60%.
A mineradora brasileira pagou 1,51 ponto porcentual a mais do que os juros dos títulos do Tesouro americano (a referência nestas operações), enquanto a BHP pagou a metade, 0,73 ponto porcentual. 'A diferença decorre do fato de a Vale ser uma companhia com os pés somente no Brasil. Neste custo de capital mais elevado está embutido o risco país. Com a Inco, a Vale provavelmente chegará muito mais perto da BHP e de outras concorrentes no mundo', explica Claudio Pitchon, diretor responsável por mineração e siderurgia do West LB na América Latina.
Parece uma diferença irrisória, sobretudo no Brasil, onde as empresas pagam juros de 30%, 40% ao ano, ou os consumidores que entram no financiamento rotativo do cartão de crédito são punidos com taxas de 7% a 10% ao mês, ou mais de 100% ao ano. Mas, para operações milionárias (as vezes bilionárias), essa diferença no custo de capital pesa, e muito. Nesta diferença entre os títulos da Vale e BHP, numa operação de US$ 500 milhões, a companhia brasileira pagaria US$ 3,5 milhões acima do que a BHP pagaria ao ano aos investidores.
Custo de capital neste negócio é um fator de competitividade tão importante quanto a eficiência na gestão. 'O fato de ter quase toda a operação no Brasil se torna um grande peso para a Vale. Neste caso, a empresa pode até ser muito competitiva na operação, mas o fato de outras companhias terem maior presença lá fora, garantem a elas custo de capital inferior', diz Pitchon. Por isso, a compra da Inco é um lance tão importante.
GRAU DE INVESTIMENTO
Há um pequeno percalço na aquisição da Inco. A Vale terá reduzida as notas nas agências de classificação de risco. O motivo é o elevado endividamento necessário para a realização do negócio. Entretanto, a Vale não deverá perder a condição de 'grau de investimento', um seleto grupo que paga juros mais baixos. Nem o Tesouro brasileiro alcançou esta condição ainda. Aliás, os investidores que compram papéis da Vale cobram menos do que exigem do Brasil. Um título da Vale com vencimento em 2013 paga 5,7%% ao ano, enquanto o Brasil paga 5,96%.
A entrada da Vale neste seleto grupo mundial de crédito não se deu em pouco tempo. Em 2003, a companhia fez a emissão de papéis com vencimento em 2013. Pagava então 8,43% de juros ao ano. Neste ano, o mesmo papel tem juros menores, 6%. 'Não é pouca coisa, significa economia de US$ 2,43 milhões numa operação de US$ 100 milhões', diz Pitchon.
Com Inco, Vale alcança juros de 1º mundo
Operação abre caminho para que mineradora reduza taxas e tenha custo de financiamento igual ao dos rivais
Agnaldo Brito
Os gastos da Vale do Rio Doce com novos empréstimos no mercado financeiro internacional, o chamado custo de capital de terceiros, devem agora chegar muito próximos aos dos concorrentes diretos da mineradora brasileira, a BHP Billiton, a maior do mundo, e a Rio Tinto (a terceira). A compra de 75,66% do capital da Inco em dinheiro vivo significa mais que a transformação da Vale em segunda mineradora do mundo: é o passaporte para a companhia alcançar níveis de juros só cobrados nos países ricos.
A diversificação geográfica e de produtos reduzirá a expectativa de risco dos investidores em relação à Vale. Hoje, ao se deparar com um papel emitido pela companhia brasileira, o investidor cobra o dobro dos juros que exige para um título emitido pela BHP Billiton. Levantamento feito a pedido do Estado pelo banco de investimentos WestLB mostra o quanto a Vale deve economizar com seus empréstimos no exterior.
A Vale lançou recentemente um título no mercado internacional (bond) de dez anos, com vencimento em 2016. A BHP também lançou um papel em condições semelhantes. Os investidores do chamado mercado secundário de títulos compraram os dois papéis, mas cobraram da Vale 6,25% ao ano, enquanto exigiram da BHP 5,60%.
A mineradora brasileira pagou 1,51 ponto porcentual a mais do que os juros dos títulos do Tesouro americano (a referência nestas operações), enquanto a BHP pagou a metade, 0,73 ponto porcentual. 'A diferença decorre do fato de a Vale ser uma companhia com os pés somente no Brasil. Neste custo de capital mais elevado está embutido o risco país. Com a Inco, a Vale provavelmente chegará muito mais perto da BHP e de outras concorrentes no mundo', explica Claudio Pitchon, diretor responsável por mineração e siderurgia do West LB na América Latina.
Parece uma diferença irrisória, sobretudo no Brasil, onde as empresas pagam juros de 30%, 40% ao ano, ou os consumidores que entram no financiamento rotativo do cartão de crédito são punidos com taxas de 7% a 10% ao mês, ou mais de 100% ao ano. Mas, para operações milionárias (as vezes bilionárias), essa diferença no custo de capital pesa, e muito. Nesta diferença entre os títulos da Vale e BHP, numa operação de US$ 500 milhões, a companhia brasileira pagaria US$ 3,5 milhões acima do que a BHP pagaria ao ano aos investidores.
Custo de capital neste negócio é um fator de competitividade tão importante quanto a eficiência na gestão. 'O fato de ter quase toda a operação no Brasil se torna um grande peso para a Vale. Neste caso, a empresa pode até ser muito competitiva na operação, mas o fato de outras companhias terem maior presença lá fora, garantem a elas custo de capital inferior', diz Pitchon. Por isso, a compra da Inco é um lance tão importante.
GRAU DE INVESTIMENTO
Há um pequeno percalço na aquisição da Inco. A Vale terá reduzida as notas nas agências de classificação de risco. O motivo é o elevado endividamento necessário para a realização do negócio. Entretanto, a Vale não deverá perder a condição de 'grau de investimento', um seleto grupo que paga juros mais baixos. Nem o Tesouro brasileiro alcançou esta condição ainda. Aliás, os investidores que compram papéis da Vale cobram menos do que exigem do Brasil. Um título da Vale com vencimento em 2013 paga 5,7%% ao ano, enquanto o Brasil paga 5,96%.
A entrada da Vale neste seleto grupo mundial de crédito não se deu em pouco tempo. Em 2003, a companhia fez a emissão de papéis com vencimento em 2013. Pagava então 8,43% de juros ao ano. Neste ano, o mesmo papel tem juros menores, 6%. 'Não é pouca coisa, significa economia de US$ 2,43 milhões numa operação de US$ 100 milhões', diz Pitchon.
Vale e Inco 3 - O que significa este valor
O leitor dos jornais necessitam de uma referência para o preço pago pela Vale. O Estadão de hoje fez a seguinte comparação: com este dinheiro a Vale poderia comprar a Gerdau e a VCP. Ou a CSN e a Telemar. Como é feito este cálculo? Toma-se o valor de mercado destas empresas somadas para fazer a comparação. Só que esta comparação é um pouco tosca pois em negócios de aquisição sempre existe a figura do ágio pago sobre o valor de mercado.
De igual modo, a reportagem afirma que a empresa saltará postos na lista dos maiores faturamento. Também é uma conclusão premeditada pelo menos por uma questão lógica: processos de aquisição geralmente levam a enxugamentos em linhas de negócios onde existe duplicidade (e sempre existirá um pouco de duplicidade).
Dinheiro daria para levar VCP e Gerdau
Com compra da Inco, Vale salta 28 postos na lista das maiores receitas
Alberto Komatsu
Os US$ 13,4 bilhões que a Vale do Rio Doce vai desembolsar por 75,66% das ações da canadense Inco dariam para comprar, de uma só tacada, a siderúrgica Gerdau e a Votorantim Celulose e Papel (VCP). O investimento também equivale aos valores de mercado da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) junto com a Telemar Norte Leste, segundo cálculo da consultoria financeira Economática.
Com o negócio, a Vale passou da 102ª posição para o 74º lugar no ranking dos maiores faturamentos de companhias abertas dos Estados Unidos e da América Latina. Ou seja, o negócio representa um salto de 28 colocações na lista das maiores empresas.
A Economática usou o faturamento em dólares como critério na elaboração do ranking, no período de 12 meses acumulados até junho deste ano. Por essa base de comparação, a Vale tem faturamento de US$ 16,4 bilhões. Com os US$ 4,6 bilhões da Inco, são US$ 21 bilhões de receita conjunta. A empresa brasileira melhor colocada nesse levantamento é a Petrobrás, que está na 15ª posição, com US$ 68,47 bilhões.
Com o faturamento conjunto com a Inco, a mineradora brasileira ultrapassou a receita mundial da Coca-Cola (US$ 19,18 bilhões) e da Goodyear (US$ 19,96 bilhões). Ficou apenas uma posição atrás da rede de fast food McDonald's (US$ 21,23 bilhões). A Vale também 'roubou' a colocação da Bellsouth, empresa americana de telecomunicações, que registrou vendas de US$ 20,69 bilhões.
VALORIZAÇÃO
'Embora a cotação do dólar em relação ao real tenha registrado queda, a receita da Vale ficou positiva por causa da alta do preço do minério de ferro no mercado mundial', afirma Einar Rivero, gerente de relacionamento institucional da Economática. Ele também destaca que a ação mais negociada da Vale (PNA), que não dá direito a voto, 'foi umas das poucas' que registraram valorização acima do Certificado de Depósito Interbancário (CDI) de 2001 a 2005.
O maior valor de compra de uma empresa já oferecido em todos os tempos por corporações na América Latina também daria para comprar a siderúrgica Usiminas mais a fabricante de cosméticos Natura. Ou, então, as companhias aéreas TAM e Gol, juntamente com a locadora de carros Localiza. No setor de energia elétrica, o investimento poderia ser usado para a aquisição de duas distribuidoras: a mineira Cemig e a paulista CPFL. Outro trio que poderia ser adquirido com esse dinheiro é composto por Banespa, Sabesp e Grupo Pão de Açúcar.
De igual modo, a reportagem afirma que a empresa saltará postos na lista dos maiores faturamento. Também é uma conclusão premeditada pelo menos por uma questão lógica: processos de aquisição geralmente levam a enxugamentos em linhas de negócios onde existe duplicidade (e sempre existirá um pouco de duplicidade).
Dinheiro daria para levar VCP e Gerdau
Com compra da Inco, Vale salta 28 postos na lista das maiores receitas
Alberto Komatsu
Os US$ 13,4 bilhões que a Vale do Rio Doce vai desembolsar por 75,66% das ações da canadense Inco dariam para comprar, de uma só tacada, a siderúrgica Gerdau e a Votorantim Celulose e Papel (VCP). O investimento também equivale aos valores de mercado da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) junto com a Telemar Norte Leste, segundo cálculo da consultoria financeira Economática.
Com o negócio, a Vale passou da 102ª posição para o 74º lugar no ranking dos maiores faturamentos de companhias abertas dos Estados Unidos e da América Latina. Ou seja, o negócio representa um salto de 28 colocações na lista das maiores empresas.
A Economática usou o faturamento em dólares como critério na elaboração do ranking, no período de 12 meses acumulados até junho deste ano. Por essa base de comparação, a Vale tem faturamento de US$ 16,4 bilhões. Com os US$ 4,6 bilhões da Inco, são US$ 21 bilhões de receita conjunta. A empresa brasileira melhor colocada nesse levantamento é a Petrobrás, que está na 15ª posição, com US$ 68,47 bilhões.
Com o faturamento conjunto com a Inco, a mineradora brasileira ultrapassou a receita mundial da Coca-Cola (US$ 19,18 bilhões) e da Goodyear (US$ 19,96 bilhões). Ficou apenas uma posição atrás da rede de fast food McDonald's (US$ 21,23 bilhões). A Vale também 'roubou' a colocação da Bellsouth, empresa americana de telecomunicações, que registrou vendas de US$ 20,69 bilhões.
VALORIZAÇÃO
'Embora a cotação do dólar em relação ao real tenha registrado queda, a receita da Vale ficou positiva por causa da alta do preço do minério de ferro no mercado mundial', afirma Einar Rivero, gerente de relacionamento institucional da Economática. Ele também destaca que a ação mais negociada da Vale (PNA), que não dá direito a voto, 'foi umas das poucas' que registraram valorização acima do Certificado de Depósito Interbancário (CDI) de 2001 a 2005.
O maior valor de compra de uma empresa já oferecido em todos os tempos por corporações na América Latina também daria para comprar a siderúrgica Usiminas mais a fabricante de cosméticos Natura. Ou, então, as companhias aéreas TAM e Gol, juntamente com a locadora de carros Localiza. No setor de energia elétrica, o investimento poderia ser usado para a aquisição de duas distribuidoras: a mineira Cemig e a paulista CPFL. Outro trio que poderia ser adquirido com esse dinheiro é composto por Banespa, Sabesp e Grupo Pão de Açúcar.
Vale e Inco 2 - Problemas da Inco
Continuando a série de reportagens sobre o negócio da Vale com a Inco, o texto a seguir - do Estado de hoje - lista alguns problemas da Inco. Destaca o texto o grau de conhecimento técnico da empresa juntamente com a má qualidade dos gestores. Além disto, parece que o peso trabalhista pode ser um problema, juntamente com as questões ambientais.
Uma empresa que já foi odiada pelos canadenses
Com a Inco, Vale incorpora os melhores técnicos de níquel do mundo e também muitos problemas com comunidades locais na mina de Goro
Mariana Barbosa
Ao adquirir a Inco, a Vale incorpora a seus quadros os melhores engenheiros e técnicos do mundo na área de níquel. Já os administradores da mineradora canadense não são lá muito conceituados. A avaliação é do analista em mineração da corretora canadense Salman Partners, Raymond Goldie, autor de um livro sobre a Inco. 'Os executivos estão mais disciplinados e já não cometem tantos erros estúpidos como no passado quando, por exemplo, entraram no mercado de baterias e perderam muito dinheiro', avalia Goldie, que não conseguia esconder sua tristeza.
Como a Inco não será mais negociada na bolsa de Toronto, Goldie deixará de acompanhar a mineradora - fato que faz parte de sua rotina há mais de 20 anos. 'O mercado financeiro e os advogados canadenses estão de luto', disse.
Goldie lembra que há duas décadas a Inco era odiada pelos canadenses. 'As pessoas pichavam 'Eu odeio a Inco' nos muros'. Hoje, porém, a imagem da empresa está bem melhor. 'Existem três vezes mais aposentados do que pessoas empregadas em Sudbury (sede da Inco, 400 km ao norte de Toronto). São os impostos da Inco que pagam as pensões', diz o analista financeiro.
Goldie alerta ainda que a Vale herdará uma companhia que possui um histórico 'bastante complicado' de relações com comunidades locais, meio ambiente e trabalhadores. Esses problemas, explica, têm provocado atrasos de vários anos nos cronogramas de implantação de importantes projetos de mineração. A mina de Labrador, no Canadá, por exemplo, adquirida em 1996, deveria ter iniciado produção em 1998, mas atrasou sete anos. 'A produção começou apenas no ano passado, pois a empresa subestimou os problemas que iria enfrentar com as comunidades locais.'
O mesmo, avalia, está acontecendo na mina de Goro, em Nova Caledônia, maior projeto de níquel em fase de implantação do mundo, com capacidade de extração de 55 mil toneladas a 60 mil toneladas ano. 'A relação com comunidades locais, trabalhadores e ambientalistas está muito ruim e, para ter sucesso, a Vale terá de reconstruir esse diálogo', diz. Ele lembra ainda que a mina está localizada em um território francês no Pacífico, onde a legislação trabalhista restringe a jornada nas minas a 35 horas semanais. 'Os trabalhadores franceses vêem com bastante suspeita a cultura trabalhista anglo-saxônica.' Além de constantes protestos e paralisações de trabalhadores, a Vale terá de enfrentar a resistência de ambientalistas da Austrália e da Nova Zelândia e dos nativos do grupo Rheebu Nuu, que se opõem ao projeto e querem ver a Inco fora do território.'
A previsão da Inco é de começar a extrair níquel de Goro já no início de 2008. No entanto, devido a esses conflitos, analistas como Ray Goldie já falam em um início de produção apenas em 2009. Se o atraso realmente acontecer, o preço do níquel deverá permanecer no atual patamar - o maior em 19 anos. 'O que não é de todo ruim para a Vale', diz Goldie.
FUSÕES E AQUISIÇÕES
A atual movimentação de fusões e aquisições no setor de mineração nada mais é do que um reflexo dos altos custos socioambientais da implementação de novos projetos, avalia Sophie Spartalis, da consultoria australiana Macquarie Research. 'Os produtores se saem melhor adquirindo ativos e tecnologias do que se comprometendo com um projeto novo, com todos os custos ambientais envolvidos', diz a analista, em relatório distribuído a clientes. Com a aquisição da Inco, a Vale irá justamente acelerar seu processo de diversificação. 'Com a Inco, a Vale se transformará no maior produtor global de níquel, evitando os custos envolvidos em uma estratégia de crescimento orgânico, diferentemente do que foi feito na área de cobre. Na avaliação dela, a experiência da Inco poderá complementar e contribuir para acelerar o desenvolvimento das reservas de níquel da Vale no Pará, os projetos Vermelho e Onça Puma.
Uma empresa que já foi odiada pelos canadenses
Com a Inco, Vale incorpora os melhores técnicos de níquel do mundo e também muitos problemas com comunidades locais na mina de Goro
Mariana Barbosa
Ao adquirir a Inco, a Vale incorpora a seus quadros os melhores engenheiros e técnicos do mundo na área de níquel. Já os administradores da mineradora canadense não são lá muito conceituados. A avaliação é do analista em mineração da corretora canadense Salman Partners, Raymond Goldie, autor de um livro sobre a Inco. 'Os executivos estão mais disciplinados e já não cometem tantos erros estúpidos como no passado quando, por exemplo, entraram no mercado de baterias e perderam muito dinheiro', avalia Goldie, que não conseguia esconder sua tristeza.
Como a Inco não será mais negociada na bolsa de Toronto, Goldie deixará de acompanhar a mineradora - fato que faz parte de sua rotina há mais de 20 anos. 'O mercado financeiro e os advogados canadenses estão de luto', disse.
Goldie lembra que há duas décadas a Inco era odiada pelos canadenses. 'As pessoas pichavam 'Eu odeio a Inco' nos muros'. Hoje, porém, a imagem da empresa está bem melhor. 'Existem três vezes mais aposentados do que pessoas empregadas em Sudbury (sede da Inco, 400 km ao norte de Toronto). São os impostos da Inco que pagam as pensões', diz o analista financeiro.
Goldie alerta ainda que a Vale herdará uma companhia que possui um histórico 'bastante complicado' de relações com comunidades locais, meio ambiente e trabalhadores. Esses problemas, explica, têm provocado atrasos de vários anos nos cronogramas de implantação de importantes projetos de mineração. A mina de Labrador, no Canadá, por exemplo, adquirida em 1996, deveria ter iniciado produção em 1998, mas atrasou sete anos. 'A produção começou apenas no ano passado, pois a empresa subestimou os problemas que iria enfrentar com as comunidades locais.'
O mesmo, avalia, está acontecendo na mina de Goro, em Nova Caledônia, maior projeto de níquel em fase de implantação do mundo, com capacidade de extração de 55 mil toneladas a 60 mil toneladas ano. 'A relação com comunidades locais, trabalhadores e ambientalistas está muito ruim e, para ter sucesso, a Vale terá de reconstruir esse diálogo', diz. Ele lembra ainda que a mina está localizada em um território francês no Pacífico, onde a legislação trabalhista restringe a jornada nas minas a 35 horas semanais. 'Os trabalhadores franceses vêem com bastante suspeita a cultura trabalhista anglo-saxônica.' Além de constantes protestos e paralisações de trabalhadores, a Vale terá de enfrentar a resistência de ambientalistas da Austrália e da Nova Zelândia e dos nativos do grupo Rheebu Nuu, que se opõem ao projeto e querem ver a Inco fora do território.'
A previsão da Inco é de começar a extrair níquel de Goro já no início de 2008. No entanto, devido a esses conflitos, analistas como Ray Goldie já falam em um início de produção apenas em 2009. Se o atraso realmente acontecer, o preço do níquel deverá permanecer no atual patamar - o maior em 19 anos. 'O que não é de todo ruim para a Vale', diz Goldie.
FUSÕES E AQUISIÇÕES
A atual movimentação de fusões e aquisições no setor de mineração nada mais é do que um reflexo dos altos custos socioambientais da implementação de novos projetos, avalia Sophie Spartalis, da consultoria australiana Macquarie Research. 'Os produtores se saem melhor adquirindo ativos e tecnologias do que se comprometendo com um projeto novo, com todos os custos ambientais envolvidos', diz a analista, em relatório distribuído a clientes. Com a aquisição da Inco, a Vale irá justamente acelerar seu processo de diversificação. 'Com a Inco, a Vale se transformará no maior produtor global de níquel, evitando os custos envolvidos em uma estratégia de crescimento orgânico, diferentemente do que foi feito na área de cobre. Na avaliação dela, a experiência da Inco poderá complementar e contribuir para acelerar o desenvolvimento das reservas de níquel da Vale no Pará, os projetos Vermelho e Onça Puma.
Vale e Inco - 1 - Cotação de Níquel
A viabilidade da aquisição da Inco está relacionada ao comportamento futuro do principal produto da empresa, o níquel. A reportagem a seguir, do Estadão de hoje, informa que o níquel deve ter uma alta de 50%. Entretanto, existe aqui um engano. O que é interessante saber é se a cotação continuará em alta em 2007 pois o aumento de 2006 provavelmente não trará nenhum benefício para Vale. Caso a cotação continue no mesmo patamar de 2006 a aposta da Vale foi errada.
Cotação do níquel deve fechar 2006 com alta de 50%
Produto é usado na siderurgia para a fabricação do aço inoxidável
Nilson Brandão Junior
A cotação média do níquel deverá fechar o ano quase 50% acima da cotação do ano passado, conforme estimativas do Standard Bank. A demanda está aquecida principalmente por causa da demanda da siderurgia, que usa o produto para fabricar aço inox. Apenas a China consome 17% de todo o níquel produzido no mundo e a demanda deverá continuar forte pelo menos nos próximos dois anos, estima o analista Luiz Manreva. A canadense Inco, agora da Vale, é a segunda maior produtora mundial do produto.
A avaliação é de que o momento é favorável para as commodities metálicas. Manreva explica que, de forma geral, estas commodities tiveram um cenário positivo este ano. Os principais motivos são a forte demanda, problemas localizados de oferta, principalmente no caso do cobre, e uma grande liquidez internacional de recursos, usados em investimentos em commodities. No ano passado, a cotação média do níquel foi de US$ 14,735 mil por tonelada, e deverá fechar este ano em US$ 21,8 mil, conforme as estimativas do banco.
As mesmas projeções indicam que a cotação média do alumínio deverá fechar o ano 30% acima do valor do ano passado, do cobre 83% e do zinco, 127%. No caso do cobre, além da demanda favorável, greves por reajustes nas principais minas do Chile, grande fornecedor do produto, afetaram os preços.
Quase dois terços do níquel produzido no mundo seguem para o setor siderúrgico, para a produção de aço inox. O níquel é resistente à corrosão e funciona como um elemento de liga na fabricação do aço inox.
As indústrias de infra-estrutura e de base da China são grandes compradoras de níquel. Da produção total de 1,419 milhão de toneladas no ano passado, o país asiático comprou 251 mil toneladas e os Estados Unidos, 148 mil. Segundo um analista financeiro, a demanda chinesa tende, contudo, a reduzir um pouco no ano que vem, caso se confirme uma leve desaceleração do crescimento da economia do país, de perto de 11% este ano para um patamar próximo dos 9%.
Nesse cenário, poderia haver um 'pequeno' reajuste de preços para baixo. 'Não quer dizer que seja ruim. Existe hoje uma demanda muito maior do que o atendimento, o que causa preços maiores', afirmou o analista. Como a Vale, principal mineradora do País, não atuava ainda fortemente no níquel, o acompanhamento de preços do produto não é comum entre os analistas. Com o avanço da empresa brasileira no níquel e no cobre, os produtos passarão a ser acompanhados mais de perto pelo mercado.
A Fundação Getúlio Vargas (FGV) começou a acompanhar há dois meses, em separado, a variação de preços do níquel e do manganês, que tiveram pouca variação nas duas primeiras coletas de preço no mercado interno. Dos três minérios que a fundação acompanha, a maior variação no atacado foi do cobre (66,16%) este ano, seguido do minério de ferro (5,39%) e do alumínio (4,38%).
Cotação do níquel deve fechar 2006 com alta de 50%
Produto é usado na siderurgia para a fabricação do aço inoxidável
Nilson Brandão Junior
A cotação média do níquel deverá fechar o ano quase 50% acima da cotação do ano passado, conforme estimativas do Standard Bank. A demanda está aquecida principalmente por causa da demanda da siderurgia, que usa o produto para fabricar aço inox. Apenas a China consome 17% de todo o níquel produzido no mundo e a demanda deverá continuar forte pelo menos nos próximos dois anos, estima o analista Luiz Manreva. A canadense Inco, agora da Vale, é a segunda maior produtora mundial do produto.
A avaliação é de que o momento é favorável para as commodities metálicas. Manreva explica que, de forma geral, estas commodities tiveram um cenário positivo este ano. Os principais motivos são a forte demanda, problemas localizados de oferta, principalmente no caso do cobre, e uma grande liquidez internacional de recursos, usados em investimentos em commodities. No ano passado, a cotação média do níquel foi de US$ 14,735 mil por tonelada, e deverá fechar este ano em US$ 21,8 mil, conforme as estimativas do banco.
As mesmas projeções indicam que a cotação média do alumínio deverá fechar o ano 30% acima do valor do ano passado, do cobre 83% e do zinco, 127%. No caso do cobre, além da demanda favorável, greves por reajustes nas principais minas do Chile, grande fornecedor do produto, afetaram os preços.
Quase dois terços do níquel produzido no mundo seguem para o setor siderúrgico, para a produção de aço inox. O níquel é resistente à corrosão e funciona como um elemento de liga na fabricação do aço inox.
As indústrias de infra-estrutura e de base da China são grandes compradoras de níquel. Da produção total de 1,419 milhão de toneladas no ano passado, o país asiático comprou 251 mil toneladas e os Estados Unidos, 148 mil. Segundo um analista financeiro, a demanda chinesa tende, contudo, a reduzir um pouco no ano que vem, caso se confirme uma leve desaceleração do crescimento da economia do país, de perto de 11% este ano para um patamar próximo dos 9%.
Nesse cenário, poderia haver um 'pequeno' reajuste de preços para baixo. 'Não quer dizer que seja ruim. Existe hoje uma demanda muito maior do que o atendimento, o que causa preços maiores', afirmou o analista. Como a Vale, principal mineradora do País, não atuava ainda fortemente no níquel, o acompanhamento de preços do produto não é comum entre os analistas. Com o avanço da empresa brasileira no níquel e no cobre, os produtos passarão a ser acompanhados mais de perto pelo mercado.
A Fundação Getúlio Vargas (FGV) começou a acompanhar há dois meses, em separado, a variação de preços do níquel e do manganês, que tiveram pouca variação nas duas primeiras coletas de preço no mercado interno. Dos três minérios que a fundação acompanha, a maior variação no atacado foi do cobre (66,16%) este ano, seguido do minério de ferro (5,39%) e do alumínio (4,38%).
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