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25 outubro 2006

Vale e Inco 2 - Problemas da Inco

Continuando a série de reportagens sobre o negócio da Vale com a Inco, o texto a seguir - do Estado de hoje - lista alguns problemas da Inco. Destaca o texto o grau de conhecimento técnico da empresa juntamente com a má qualidade dos gestores. Além disto, parece que o peso trabalhista pode ser um problema, juntamente com as questões ambientais.

Uma empresa que já foi odiada pelos canadenses

Com a Inco, Vale incorpora os melhores técnicos de níquel do mundo e também muitos problemas com comunidades locais na mina de Goro

Mariana Barbosa

Ao adquirir a Inco, a Vale incorpora a seus quadros os melhores engenheiros e técnicos do mundo na área de níquel. Já os administradores da mineradora canadense não são lá muito conceituados. A avaliação é do analista em mineração da corretora canadense Salman Partners, Raymond Goldie, autor de um livro sobre a Inco. 'Os executivos estão mais disciplinados e já não cometem tantos erros estúpidos como no passado quando, por exemplo, entraram no mercado de baterias e perderam muito dinheiro', avalia Goldie, que não conseguia esconder sua tristeza.

Como a Inco não será mais negociada na bolsa de Toronto, Goldie deixará de acompanhar a mineradora - fato que faz parte de sua rotina há mais de 20 anos. 'O mercado financeiro e os advogados canadenses estão de luto', disse.

Goldie lembra que há duas décadas a Inco era odiada pelos canadenses. 'As pessoas pichavam 'Eu odeio a Inco' nos muros'. Hoje, porém, a imagem da empresa está bem melhor. 'Existem três vezes mais aposentados do que pessoas empregadas em Sudbury (sede da Inco, 400 km ao norte de Toronto). São os impostos da Inco que pagam as pensões', diz o analista financeiro.

Goldie alerta ainda que a Vale herdará uma companhia que possui um histórico 'bastante complicado' de relações com comunidades locais, meio ambiente e trabalhadores. Esses problemas, explica, têm provocado atrasos de vários anos nos cronogramas de implantação de importantes projetos de mineração. A mina de Labrador, no Canadá, por exemplo, adquirida em 1996, deveria ter iniciado produção em 1998, mas atrasou sete anos. 'A produção começou apenas no ano passado, pois a empresa subestimou os problemas que iria enfrentar com as comunidades locais.'

O mesmo, avalia, está acontecendo na mina de Goro, em Nova Caledônia, maior projeto de níquel em fase de implantação do mundo, com capacidade de extração de 55 mil toneladas a 60 mil toneladas ano. 'A relação com comunidades locais, trabalhadores e ambientalistas está muito ruim e, para ter sucesso, a Vale terá de reconstruir esse diálogo', diz. Ele lembra ainda que a mina está localizada em um território francês no Pacífico, onde a legislação trabalhista restringe a jornada nas minas a 35 horas semanais. 'Os trabalhadores franceses vêem com bastante suspeita a cultura trabalhista anglo-saxônica.' Além de constantes protestos e paralisações de trabalhadores, a Vale terá de enfrentar a resistência de ambientalistas da Austrália e da Nova Zelândia e dos nativos do grupo Rheebu Nuu, que se opõem ao projeto e querem ver a Inco fora do território.'

A previsão da Inco é de começar a extrair níquel de Goro já no início de 2008. No entanto, devido a esses conflitos, analistas como Ray Goldie já falam em um início de produção apenas em 2009. Se o atraso realmente acontecer, o preço do níquel deverá permanecer no atual patamar - o maior em 19 anos. 'O que não é de todo ruim para a Vale', diz Goldie.

FUSÕES E AQUISIÇÕES

A atual movimentação de fusões e aquisições no setor de mineração nada mais é do que um reflexo dos altos custos socioambientais da implementação de novos projetos, avalia Sophie Spartalis, da consultoria australiana Macquarie Research. 'Os produtores se saem melhor adquirindo ativos e tecnologias do que se comprometendo com um projeto novo, com todos os custos ambientais envolvidos', diz a analista, em relatório distribuído a clientes. Com a aquisição da Inco, a Vale irá justamente acelerar seu processo de diversificação. 'Com a Inco, a Vale se transformará no maior produtor global de níquel, evitando os custos envolvidos em uma estratégia de crescimento orgânico, diferentemente do que foi feito na área de cobre. Na avaliação dela, a experiência da Inco poderá complementar e contribuir para acelerar o desenvolvimento das reservas de níquel da Vale no Pará, os projetos Vermelho e Onça Puma.

Vale e Inco - 1 - Cotação de Níquel

A viabilidade da aquisição da Inco está relacionada ao comportamento futuro do principal produto da empresa, o níquel. A reportagem a seguir, do Estadão de hoje, informa que o níquel deve ter uma alta de 50%. Entretanto, existe aqui um engano. O que é interessante saber é se a cotação continuará em alta em 2007 pois o aumento de 2006 provavelmente não trará nenhum benefício para Vale. Caso a cotação continue no mesmo patamar de 2006 a aposta da Vale foi errada.


Cotação do níquel deve fechar 2006 com alta de 50%

Produto é usado na siderurgia para a fabricação do aço inoxidável

Nilson Brandão Junior

A cotação média do níquel deverá fechar o ano quase 50% acima da cotação do ano passado, conforme estimativas do Standard Bank. A demanda está aquecida principalmente por causa da demanda da siderurgia, que usa o produto para fabricar aço inox. Apenas a China consome 17% de todo o níquel produzido no mundo e a demanda deverá continuar forte pelo menos nos próximos dois anos, estima o analista Luiz Manreva. A canadense Inco, agora da Vale, é a segunda maior produtora mundial do produto.

A avaliação é de que o momento é favorável para as commodities metálicas. Manreva explica que, de forma geral, estas commodities tiveram um cenário positivo este ano. Os principais motivos são a forte demanda, problemas localizados de oferta, principalmente no caso do cobre, e uma grande liquidez internacional de recursos, usados em investimentos em commodities. No ano passado, a cotação média do níquel foi de US$ 14,735 mil por tonelada, e deverá fechar este ano em US$ 21,8 mil, conforme as estimativas do banco.

As mesmas projeções indicam que a cotação média do alumínio deverá fechar o ano 30% acima do valor do ano passado, do cobre 83% e do zinco, 127%. No caso do cobre, além da demanda favorável, greves por reajustes nas principais minas do Chile, grande fornecedor do produto, afetaram os preços.

Quase dois terços do níquel produzido no mundo seguem para o setor siderúrgico, para a produção de aço inox. O níquel é resistente à corrosão e funciona como um elemento de liga na fabricação do aço inox.

As indústrias de infra-estrutura e de base da China são grandes compradoras de níquel. Da produção total de 1,419 milhão de toneladas no ano passado, o país asiático comprou 251 mil toneladas e os Estados Unidos, 148 mil. Segundo um analista financeiro, a demanda chinesa tende, contudo, a reduzir um pouco no ano que vem, caso se confirme uma leve desaceleração do crescimento da economia do país, de perto de 11% este ano para um patamar próximo dos 9%.

Nesse cenário, poderia haver um 'pequeno' reajuste de preços para baixo. 'Não quer dizer que seja ruim. Existe hoje uma demanda muito maior do que o atendimento, o que causa preços maiores', afirmou o analista. Como a Vale, principal mineradora do País, não atuava ainda fortemente no níquel, o acompanhamento de preços do produto não é comum entre os analistas. Com o avanço da empresa brasileira no níquel e no cobre, os produtos passarão a ser acompanhados mais de perto pelo mercado.

A Fundação Getúlio Vargas (FGV) começou a acompanhar há dois meses, em separado, a variação de preços do níquel e do manganês, que tiveram pouca variação nas duas primeiras coletas de preço no mercado interno. Dos três minérios que a fundação acompanha, a maior variação no atacado foi do cobre (66,16%) este ano, seguido do minério de ferro (5,39%) e do alumínio (4,38%).

Operação Financeira na compra da Inco

A aquisição da Inco mostrou a necessidade da Vale realizar uma operação para levantar recursos. Segundo a reportagem a seguir, do Estadão de hoje, a operação pode significar uma abertura de portas para outras empresas brasileiras.


Operação financeira da Vale bate recorde global

Com o maior empréstimo sindicalizado da história de países emergentes, a Vale abre caminho para empresas brasileiras no mercado internacional

A compra da Vale pela Inco deve abrir caminho para outras empresas brasileiras no exterior. Na avaliação de João Roberto Teixeira, vice-presidente do Atacado do banco ABN Amro Real, a operação é um 'marco histórico'. O ABN Amro Real foi um dos quatro bancos,_ além do Santander, do CSFB e do UBS,_ que montaram a operação financeira para viabilizar a oferta da Vale.

No passado, diz Teixeira, quem abria mercado no exterior era o Tesouro Nacional, com a venda de títulos no exterior. As condições obtidas pelo Tesouro, principalmente a taxa de juros e o prazo de pagamento da dívida, serviam como referência para as operações das empresas brasileiras. Agora, a Vale foi além e abriu mercado para outras companhias nacionais.

'O ponto mais importante dessa operação é que não foi apenas um bom negócio para a Vale, foi para o País também', disse o vice-presidente do ABN Amro Real. 'Não tenho a menor dúvida que empresas brasileiras com bom histórico e que demonstrem competência terão boa receptividade no mercado internacional.'

UMA SEMANA

Os quatro bancos deram à Vale a garantia de que a empresa teria os US$ 18 bilhões necessários para fazer sua oferta em dinheiro pela Inco. O próprio ABN Amro levou apenas uma semana para aprovar a linha de crédito para participar da operação, no valor de aproximadamente US$ 4,5 bilhões. 'Acreditamos na operação desde o início', diz o executivo.

Num segundo momento, os quatro bancos líderes da operação ofereceram a participação no financiamento para outras instituições no mercado internacional. Ao final, 34 bancos se candidataram a entrar com recursos no financiamento do negócio e colocaram à disposição da mineradora brasileira US$ 34 bilhões para fechar negócio.

'Foi impressionante a diversidade geográfica dos grupos que quiseram participar do empréstimo sindicalizado', diz Teixeira. 'Não participaram apenas grupos que atuam no Brasil.'

Segundo Teixeira, a operação demonstra que a imagem da Vale hoje está dissociada dos limites tradicionais dos países emergentes. 'Essa é a maior operação de empréstimo sindicalizado já feita em um país emergente e a quinta maior operação sindicalizada global', diz. 'É a prova de que a Vale entrou no mundo de grandes empresas globalizadas.'

Gerdau, a nossa maior multinacional

Diante da notícia da aquisição da empresa canadense Inco por parte da Vale cresce o interesse pelas multinacionais brasileiras. A Gerdau é um dos destaques nesta lista, que inclui a Petrobrás, Odebrecht, Marcopolo, entre outras.

O caminho para o exterior é importante para expansão de uma empresa quando o mercado doméstico está estagnado.

Veja a reportagem completa do Estadão a seguir:

Gerdau lidera ranking de empresas mais internacionalizadas do País
Empresa sai na frente porque tem boa parte da operação no exterior, segundo a Fundação Dom Cabral

Patrícia Cançado

Enquanto a Vale do Rio Doce anunciava a compra da Inco no Canadá, a Gerdau estudava oportunidades na China e no Leste Europeu. Pouco tempo antes, a Natura inaugurava um laboratório na França e a Sadia iniciava a construção de uma fábrica na Rússia. As empresas brasileiras mudaram, definitivamente, de patamar no tabuleiro global. Elas deixaram de ser apenas exportadoras para fincar raízes no exterior.

O nível de internacionalização das empresas levou a Fundação Dom Cabral a elaborar o primeiro ranking sobre o assunto. Entre as 24 companhias que participaram do levantamento, a Gerdau aparece em primeiro lugar, seguida pela Construtora Odebrecht, Vale, Petrobrás e Marcopolo, nessa ordem.

'O Brasil ainda tem um longo caminho a percorrer, mas fez um enorme progresso a partir dos anos 90', diz o coordenador do ranking da Dom Cabral, Álvaro Cyrino. 'Algumas empresas estão encarando a internacionalização como estratégia principal de crescimento.'

A Gerdau foi uma das primeiras empresas a se aventurar no exterior, ainda nos anos 80. Listada na bolsa de valores de Nova York desde 1999, já investiu mais de US$ 1,7 bilhão em aquisições no exterior. A maior parte das suas usinas hoje está fora do País. No primeiro semestre, 60% do faturamento veio da atuação internacional.

O avanço da Vale certamente vai alterar a pontuação da companhia no ranking, mas provavelmente não deve tirar o posto da Gerdau. Apesar de ter uma operação maior que a da Gerdau, a Vale ainda tem boa parte dos seus ativos e do faturamento ligado ao Brasil.

A Fundação Dom Cabral levou em conta sete critérios para elaborar o ranking. O primeiro - o percentual de receita com vendas externas - indica o estágio mais básico de internacionalização de uma empresa.

Ter um alto percentual de vendas no exterior, no entanto, não é suficiente. A empresa também precisa ter ativos no exterior. E essa foi uma das grandes evoluções dos últimos tempos. 'Hoje há empresas com quase metade dos ativos lá fora, um sinal de amadurecimento', diz Cyrino. 'Se a empresa só exporta, pode abandonar o mercado quando as coisas não vão bem.'

Nesse quesito, a Marcopolo foi destaque. Segundo Cyrino, ela tem 46% dos seus ativos fora do País. A sua última investida foi na Índia, com uma joint venture com a Tata Motors. Ela também tem fábricas de ônibus no México, Colômbia, Portugal, África do Sul e Rússia.

Uma empresa que só vende no exterior é muito diferente daquela que dá assistência técnica, faz marketing, fabrica, compra de fornecedores ou investe em pesquisa lá fora. Quanto mais atividades na cadeia de valor, mais inserida a empresa está no contexto internacional. Esse foi o ponto onde mais companhias ganharam nota máxima.

O tempo de atividade e o percentual de funcionários no exterior são outros sinais de globalização. No critério recursos humanos, as notas foram baixas de forma geral. A Gerdau teve a melhor avaliação, pois já tem cerca de 40% da sua força de trabalho fora do Brasil.

Na avaliação de Cyrino, as brasileiras também estão atrasadas no quesito dispersão geográfica e governança corporativa (número de mercados de ações onde a companhia está listada). 'Elas ainda estão muito concentradas na América Latina', diz o professor.

A Sabó, fabricante de autopeças, se destacou nesse ponto. A empresa tem fábricas na Argentina, Alemanha, Áustria e Hungria, além de uma em construção nos EUA . Em fevereiro de 2007, vai abrir um escritório no Japão. A China também faz parte dos planos. 'A Sabó se move dessa maneira porque o próprio setor automotivo exige', diz Antonio Carlos de Souza, diretor-geral da Sabó.

INDÚSTRIA

As empresas mais bem posicionadas no ranking são majoritariamente de base industrial. Esse resultado já era esperado, pois é típico de países jovens. Para Cyrino, o grande desafio será aumentar o nível de internacionalização de empresas de bens de consumo. 'Embraer, Sadia, Natura e Alpargatas já deram um passo nesse sentido', diz Cyrino.

A Sadia vende no exterior com o nome próprio e com as marcas Hilal, Corcovado, Sahtein e Rezende. 'A construção de marca no exterior depende de continuidade e permanência. A marca não pode desaparecer de tempos em tempos', diz José Augusto de Sá, diretor de mercado externo da Sadia. 'A empresa também tem de conhecer a cultura e os costumes dos países e se adaptar a eles.'

Morre um dos idealizadores da Lei 6404

Criador da Lei das S.A. morre aos 82 anos

Bulhões Pedreira foi um dos idealizadores da legislação societária do País

Mônica Ciarelli

Um dos idealizadores da Lei das Sociedades Anônimas, o advogado José Luiz Bulhões Pedreira, morreu ontem de câncer, aos 82 anos. O corpo do jurista foi enterrado no mesmo dia, às 16 horas, na capela 6 do cemitério São João Batista, na zona sul do Rio.

Jurista renomado, trabalhou com o professor de Direito Alfredo Lamy Filho na elaboração das regras que balizam o mercado de capitais brasileiro. Considerada inovadora para 1976, a lei deu respaldo à criação da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), órgão que fiscaliza e desenvolve o setor.

'Ele contribuiu muito para o Direito Comercial brasileiro e vai fazer uma falta grande. Deixou uma marca muito importante no Direito do País', comentou o ex-presidente da CVM Francisco da Costa e Silva.

Segundo Costa e Silva, a modernização da estrutura jurídica brasileira, principalmente na área de mercado de capitais, veio com o projeto da Lei das S.A. e da legislação que criou a própria CVM, ambas em 1976.

Na prática, o Banco Central (BC) era, até então, o responsável pela fiscalização do setor, ainda que seu papel principal fosse de autoridade monetária do País.

A necessidade da modernização da legislação veio à tona com a crise da bolsa brasileira de 1971. Houve um consenso, à época, da necessidade de avançar na regulação do mercado de capitais. Na época, o ministro da Fazenda era o economista Mario Henrique Simonsen, considerado um 'apaixonado pelo tema', diz Costa e Silva.

O escritório Bulhões Pedreira, Bulhões Carvalho, Piva, Rosman & Souza Leão é um dos mais ativos na área do Direito societário e tem entre seus quadros o ex-presidente da CVM José Carlos Piva.


Fonte: Estado de S. Paulo, 25/10/2006

Estoques das montadoras

Reportagem do Wall Street fala sobre o problema dos estoques das montadoras.

Estoque em concessionárias pode ser problema maior do que Detroit admite
October 25, 2006 4:05 a.m.

Por Neal E. Boudette
The Wall Street Journal

Os estoques de veículos que as três grandes montadoras americanas estão acumulando nos pátios de suas concessionárias podem ser um problema maior do que os números das empresas indicam, dizem algumas pessoas no setor, e podem causar a elas mais dano financeiro em 2007.

A General Motors Corp., a Ford Motor Co. e a Chrysler Group, esta controlada pela alemã DaimlerChrysler AG, cortaram produção no terceiro e quarto trimestres na esperança de entrar no próximo ano com baixos estoques, o que as ajudaria a firmar os preços, e seus veículos a manter o valor.

Mas algumas pessoas na indústria automobilística acreditam que o método de Detroit para calcular os estoques resulta num quadro exageradamente favorável, porque agrega veículos vendidos a operadoras de frotas, como empresas de aluguel de carros. Uma melhor contagem envolveria apenas carros e caminhões que estão nos pátios das concessionárias, diz Michael J. Jackson, a maior rede de concessionárias de automóveis dos Estados Unidos, e uma grande varejista de marcas de Detroit como Ford, Chevrolet, Jeep e Chrysler.

"Se você simplesmente olhar o (número de) veículos que estão sendo vendidos para os clientes de verdade nas concessionárias, o que é um indicador real da demanda do consumidor, os estoques delas estão muito maiores do que deviam", disse Jackson.

As montadoras de Detroit geralmente reconhecem ter estoques maiores que os de rivais como a Toyota Motor Corp. Mas cortá-los pode ser mais difícil no próximo ano, porque muitos analistas prevêem que as vendas de veículos nos EUA vão declinar em conseqüência de um enfraquecimento do mercado imobiliário e uma desaceleração da economia. Ronald Tadross, um analista do Bank of America, disse esperar que as três grandes de Detroit reduzam a produção novamente no primeiro semestre do ano, em 8%.

Porta-vozes da Ford e da Chrysler disseram que suas empresas esperam que os atuais cortes de produção reduzam os estoques a níveis aceitáveis até o fim do ano. O porta-voz da Ford disse que é possível que a produção da montadora seja em alguns trimestres de 2007 menor que os níveis deste ano, por causa do desaquecimento da economia. Um porta-voz da GM disse que a empresa ainda não concluiu seus planos de produção para o primeiro trimestre .

Mas a Ford defendeu o padrão da indústria para calcular o estoque. A medida que Jackson sugeriu não leva em conta veículos que continuam no pátio das concessionárias, mesmo que estejam lá há meses, distorcendo a média porque alguns modelos vendem mais rápido, disse o analista-chefe de vendas da Ford, George Pipas.
[inventory]

A GM deve divulgar hoje um lucro trimestral, ante um gigantesco prejuízo no terceiro trimestre de 2005. A Chrysler previu um prejuízo operacional de US$ 1,5 bilhão, embora sua controladora DaimlerChrysler deva continuar lucrativa. A Ford divulgou um prejuízo de US$ 5,8 bilhões na segunda-feira e disse que o quarto trimestre será ainda mais fraco, mas a GM e a Chrysler vêm prevendo que o pior ficará logo para trás.

As montadoras registram receita dos veículos que produzem, não das vendas nos pátios das concessionárias. Mas altos estoques podem deixar os concessionários relutantes em aceitar mais veículos, forçando as montadoras a desacelerar a produção.

Há décadas que Detroit calcula seu estoque tomando a média de veículos que vende a cada dia e dividindo-a pelo estoque total. Isso resulta no número de dias que levaria para vender todo o estoque. Cerca de 60 a 65 dias de estoque é considerado normal.

No fim de setembro, a GM, por exemplo, tinha 76 dias de estoque, segundo a firma de pesquisa de mercado Autodata. Mas contando os carros no pátio da concessionária, os veículos da GM vendidos em setembro ficaram no pátio 88 dias antes de serem vendidos, um número monitorado pela Edmunds.com, um site de venda de carros.

Previsão

Em nota colocada no passado, falava da dificuldade de fazer previsão em cinema. Sai agora uma reportagem na revista New Yorker comentando da possibilidade de construir uma máquina para prever filmes.

Já existe um software capaz de prever um sucesso musical (Clique aqui para ler). A tentativa é criar algo capaz de chegar a um bom resultado com roteiros de filmes. Clique aqui para ler o artigo da New Yorker