Translate

10 outubro 2006

Machismo

Reportagem do Valor Econômico de hoje fala sobre o machismo na gestão das empresas brasileiras:

Perfume de mulher

Por Daniele Camba
O mercado de capitais no Brasil é conhecido como um segmento em que os homens reinam e as mulheres ainda são exceção. A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) - o xerife do mercado - é uma boa fotografia dessa relação desigual. Nos 30 anos da autarquia, o percentual de mulheres aprovadas em concursos que exigem nível superior evoluiu, mas num ritmo muito lento para um período tão longo. No primeiro concurso da CVM, em 1978, das 146 vagas, 12% foram ocupadas por mulheres. No último, em 2003, 17% das 108 vagas ficaram com o público feminino. Mas se numericamente elas ainda são minoria, nos últimos anos, já têm ocupado cargos importantes, como os de diretoria. Dos 57 profissionais que chegaram à direção da autarquia, apenas quatro são mulheres - Flora Valladares Coelho, Maria Isabel do Prado Bocater, Maria Cecília Rossi e Norma Jonssen Parente. A quinta é Maria Helena Santana, que este ano deixou a Bovespa a caminho do órgão regulador.

Algumas dessas mulheres viram a CVM nascer. Em 1978, a ex-diretora Norma Parente era funcionária do banco Banerj e fez parte da equipe de cinco advogados emprestados para a autarquia, até que os concursados começassem. O que era para ser transitório durou sete anos. Em 1985, já como gerente jurídica, Norma deixou a autarquia para ser procuradora do Estado do Rio e trabalhar no escritório de seu colega Nelson Eizirik.

Quinze anos depois, em 2000, Norma cogitou que talvez fosse hora de voltar, só que desta vez como diretora. "Pensei em pedir para o meu primo Pedro Parente (na época ministro-chefe da Casa Civil) que me indicasse, mas logo mudei de idéia", confessa Norma. Não foi preciso ter um padrinho: no mês seguinte, José Luis Osório tomou posse como presidente e convidou-a para fazer parte da diretoria. "Apenas liguei para tia Bebel (mãe de Pedro Parente) pedindo que avisasse ao Pedro, que estava no governo, que eu seria diretora da CVM", recorda a advogada.

Recém-formada, Maria Isabel Bocater viu na autarquia a chance de uma carreira promissora. "A idéia era muito atraente, acompanhar de perto a formação do principal órgão do mercado, a criação das primeiras regras e ainda ser bem remunerada por isso", diz Maria Isabel, que lembra que os salários eram ótimos no início e foram sendo achatados no decorrer dos anos. Ela foi um dos 20 advogados que passaram no primeiro concurso da autarquia, em 1978. Diferentemente dos outros concursos, desse total, a maioria (12) era de mulheres. Pouco tempo depois, Maria Isabel licenciou-se para acompanhar seu marido, que estava de mudança para Nova York.

Quando regressou ao Brasil, assim como Norma, Maria Isabel voltou para a CVM como gerente jurídica. Foi galgando postos até ganhar a cadeira de diretora, na qual permaneceu de 1993 a 1999 - o maior mandato entre todas as mulheres do colegiado.

Além das diretoras, outras mulheres fizeram carreira na CVM e hoje ocupam postos importantes. Elizabeth Machado entrou no primeiro concurso como analista de mercado e hoje é superintendente de Relações com Empresas. Isso significa que tudo que diz respeito a companhias abertas necessariamente passa por suas mãos. Nesses 26 anos ininterruptos de CVM, Elizabeth pensou algumas vezes em deixar a autarquia - principalmente na década de 80, quando os salários estavam muito achatados -, para ter uma vida mais tranqüila e cuidar dos três filhos.

"Ainda bem que ficou apenas no pensamento, os meus filhos estão grandes e o lado profissional ganhou ainda mais peso na minha vida", diz Elizabeth. Além dela, há apenas mais uma superintendente mulher: Lúcia Amorim, responsável pela regional de Brasília.

Apesar do número de diretoras caber nos dedos de uma única mão, essas mulheres testemunharam e foram peças imprescindíveis em fatos que fizeram a história do mercado. Antes de ser diretora, Norma acompanhou, por exemplo, o julgamento da primeira oferta de compra hostil no mercado, quando a Cemig tentou adquirir a Companhia Mineira de Eletricidade, e também o primeiro caso de informação privilegiada da diretoria da Cervix Engenharia.

Já como diretora, Norma lidou com questões importantes, como a reformulação da Lei das Sociedades Anônimas (S.A.), sendo a representante da autarquia junto aos deputados e senadores em Brasília. "Eu discuti com políticos importantes que faziam lobby para derrubar alguns avanços da Lei, aprendi muito com tanta pressão", diz Norma, que foi diretora por cinco anos, deixando a autarquia no ano passado para ser consultora. Conhecida como "a defensora dos minoritários", Norma comprou boas brigas em prol do mercado, como a multa histórica de R$ 62,5 milhões que aplicou ao empresário da Bombril Sérgio Cragnotti. Sem contar os desafetos que deve ter angariado nas empresas de consultoria, como ferrenha defensora do rodízio de auditores.

Na época como superintendente jurídica, Maria Isabel Bocater acompanhou de perto o caso Naji Nahas. "Foi um golpe muito duro, a CVM estava enfraquecida, com os quadros de técnicos esvaziados pelos baixos salários, e tendo de cuidar de uma fraude sem precedentes", lembra ela. Já como diretora, Maria Isabel pegou toda a fase de privatização, em que a CVM atuou ativamente em questões como a definição do valor do "tag along" aos minoritários das estatais. Hoje, como sócia do escritório Bocater Camargo Costa e Silva Advogados, ela acredita que os anos de CVM contribuem para que ela preveja quais serão as indagações da autarquia nos casos dos seus clientes.

Enquanto algumas passaram boa parte de sua vida profissional a serviço da CVM, outras vieram do mercado. Antes da autarquia, Maria Cecília Rossi passou pela BM&F, onde ajudou a criar os contratos futuros. Depois, foi ser gerente de novos produtos da Bovespa. Na CVM, Maria Cecília acompanhou toda a abertura do mercado, com a criação do Anexo IV, instrumento que regulamentou a entrada de capital estrangeiro no país, e os ADRs, recibos de ações negociadas no exterior. "A CVM foi um divisor de águas na minha carreira, passei a ter uma visão mais global do mercado e a entender as preocupações de um órgão fiscalizador", diz Maria Cecília, que hoje tem uma consultoria - a Interlink.

A atual diretora, Maria Helena Santana, também veio da Bovespa, onde era superintendente de relações com empresas e foi uma das grandes responsáveis pela criação do Novo Mercado. Flora Valladares Coelho foi diretora da CVM entre 1991 e 1992 e hoje é secretária de Gestão Administrativa do Estado do Acre.

09 outubro 2006

Mea Culpa 02

As palavras que coloquei no Mea Culpa também são das professoras Ducineli e Fernanda, ambas da UnB, que se sentiram prejudicadas com o ocorrido.

Aproveito para agradecer o apoio de Rodrigo Rodrigues Pereira e de Olavo Pereira Gomes.

Ações da Gol caem após o acidente



Ações da Gol caem após acidente, em dia de alta na Bovespa

Segunda-feira 2 de Outubro, 2006 2:01 GMT

SÃO PAULO (Reuters) - As ações da Gol foram bem movimentadas na bolsa paulista e chegaram a sofrer queda acentuada na abertura desta segunda-feira, primeiro pregão após o acidente com o vôo 1907, em que morreram 155 pessoas que estavam a bordo, conforme informações da Força Aérea Brasileira.

Ao longo da manhã, porém, a desvalorização arrefeceu e, às 13h54, os papéis da companhia aérea operavam em baixa de 1,45 por cento, a 73,91 reais, após escorregar 4,65 por cento, para 71,51 reais, nos primeiros minutos de negócio.

O Ibovespa, que desde o início do dia operava em forte alta, subia 2,08 por cento

Para um analista que acompanha o setor, a queda brusca dos papéis da Gol foi um reflexo instantâneo do mercado e tende a ser absorvido nos próximos dias.

"A gente pegou oito acidentes nos últimos anos e percebeu que, nesses casos, as ações caíram 5 por cento na primeira semana de negociação... é uma reação extremamente de curto prazo", disse o especialista, que não quis se identificar. "Não vejo razão para a demanda no Brasil e a demanda por vôos da Gol serem afetados."

Segundo ele, em alguns acidentes aéreos até a demanda por vôos em geral chegou a ser abalada, mas havia o temor de ataques terroristas envolvidos.

"No caso do Brasil não tem nada disso, então não acredito numa queda mais longa das ações", acrescentou.

De acordo com a Bovespa, os papéis iniciariam em baixa de quase 6 por cento, o que os levou automaticamente a leilão e retardou sua abertura para 10h18. Segundo a bolsa, o limite de oscilação para papéis de liquidez como os da Gol é de 3 por cento, entre um negócio e outro.

As ordens na pré-abertura estavam acima desse limite e se deu início ao leilão, que dura inicialmente 5 minutos. Depois disso, a operação foi prorrogada por 13 vezes, por um minuto cada. As extensões se deveram, disse a bolsa, a ordens colocadas no final do tempo. Quando finalmente abriram, as ações caíam 3,3 por cento.

Toda a agitação da manhã colocou os papéis da companhia aérea, que não fazem parte do Ibovespa, entre os mais negociados na bolsa. O giro era de 30,9 milhões de reais dos 1,35 bilhão de reais de volume financeiro do pregão.

O Boeing 737-800, que caiu no norte do Mato Grosso após colidir com um Legacy, de fabricação da Embraer, havia sido entregue à Gol em 12 de setembro e tinha 234 horas de vôo, conforme a própria Gol.

O Legacy também era novo, acabara de deixar o hangar da fabricante brasileira, em São José dos Campos, e resistiu à colisão, pousando na base aérea da Serra do Cachimbo, no sul do Pará.

As ações da Embraer, que fazem parte do Ibovespa, apresentavam alta de 0,52 por cento, e giro financeiro de 10,097 milhões de reais.

(Por Marcelo Mota)


(Enviado por Pedro Duarte. Grato.)

Encontro do Mestrado de Ciências Contábeis

Será realizado, na UERJ, nos dias 23 e 24 de novembro de 2006, o "VIII
Encontro do Mestrado em Ciências Contábeis". Para este ano foi escolhido o
tema "A Contabilidade no Século XXI: Os Desafios da Inserção Profissional e
Acadêmica". As inscrições são gratuitas e o prazo para envio de trabalhos vai
até o dia 20 de outubro de 2006. Mais informações:

Secretaria do Mestrado em Ciências Contábeis da UERJ:
Tel. (21) 2587-7362

ou no sítio do congresso, clique aqui

Normas internacionais em Português

Acabo de receber do professor Uverlan (do Ceará) uma versão das normas internacionais do IASB em português, de Portugal.

Grato.

Nobel de Economia

Parece que as previsões falharam: Phelps é o vencedor do Nobel de Economia.

Análise Técnica

Será que a análise técnica pode funcionar? Um dos problemas para verificar isto é a dificuldade de testar a análise técnica. Uma das formas que os pesquisadores encontraram para testar é através da verificação se os números de Fibonacci funcionam no mercado.

Fibonacci foi um italiano que estabeleceu uma seqüência de números formados pela soma dos anteriores. Os primeiros números da seqüência de Fibonacci são 1, 1, 2, 3, 5, 8 e assim por diante. O número 5, por exemplo, é formado pela soma de 2 mais 3. O número 8 é resultante de 3 mais 5, e assim por diante. A matemática já descobriu que a relação entre os componentes tende a 1.618 e este número é conhecido como golden ratio na arquitetura e desenho.

Alguns investidores passaram a acreditar que o movimento futuro dos preços das ações pode ser decorrente dos dados passados. Um estudo de Batchelor e Ramyar não encontrou nenhuma evidência que os números de Fibonacci funcionam no mercado de capitais dos Estados Unidos. O período coberto pelos pesquisadores foi de 1914 a 2002. Os defensores da análise técnica tendem a contra argumentar com a seguinte questão: “se a análise técnica não funciona, por que existem pessoas que ficaram ricas utilizando-a”? Obviamente que isto é um típico problema de viés de sobrevivência pois ignora os inúmeros investidores que, utilizando a análise técnica, saíram do mercado.

Para os pesquisadores, o problema é que a análise técnica não estabelece regras claras que possam ser usadas para testar de forma científica se a mesma funciona ou não. A regra dos números de Fibonacci é uma exceção e por isto a preferência dos testes neste sentido. Um trabalho de revisão destas pesquisas foi realizado por Park e Irwin em “The profitability of technical Analysis: a review.

Fonte: The Economist, Technical Failure, 23/09/2006, p. 85