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02 outubro 2006

Venda de uma cidade

LEILãO
Cidade à venda em Minas

Cemig anuncia vila operária com 70 casas, hotel, igreja, escola e um único morador. Lance mínimo é de R$ 6 milhões

Trancar as portas de casa ao sair e usar cinto de segurança enquanto dirige pelas ruas arborizadas. A rotina do engenheiro Nilton Braz, 48, seria comum se ele não fosse o único morador de um vilarejo com jeitão de cidade no Estado de Minas Gerais. Esse lugar em que só o engenheiro vive foi colocado à venda em leilão por, no mínimo, R$ 6 milhões. A venda deve acontecer em março de 2007.

A Vila Residencial Jaguara pertence ao Município de Sacramento, e fica a dez quilômetros do centro. A "cidade" de Braz tem área de 238 hectares - o equivalente a 310 campos de futebol -, 70 casas de três e quatro quartos, hotel, igreja, escola, ambulatório, clube, lago para lazer, aeroporto, infra-estrutura de água, esgoto, asfalto e iluminação.

A vila foi construída em 1970 para abrigar trabalhadores da usina hidrelétrica de Jaguara, implantada pela Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig). Até a década de 90, cerca de 400 moradores faziam do local uma verdadeira cidade, mesmo sem a área aparecer no mapa do Estado. A comunidade nem precisava sair de Jaguara para tratar da saúde, passear, ir à igreja ou às compras.

Por um programa de incentivo da empresa, ainda na década de 90, os moradores começaram a se mudar para cidades próximas, como Uberaba, Rifaina e Sacramento, em busca da casa própria. Desde então, ninguém nada mais nas piscinas do clube, as casas estão fechadas, a igreja não tem mais padre nem fiéis e o salão de festas não realiza mais bailes.

Mas o técnico industrial da hidrelétrica Júlio César de Oliveira, 43, tem um bom motivo para não esquecer de Jaguara: ele se casou na igreja da vila em 1986. Antes, quando solteiro, dividia uma casa de três quartos com outros amigos de trabalho. "Escolhi a igreja porque era bonita e diferente", relembra.

Segundo o gerente regional das usinas da Cemig, Márcio José Peres, as vilas construídas para abrigar os trabalhadores foram perdendo a importância com o passar dos anos, já que o sistema de transporte público evoluiu e os empregados hoje podem ir para as usinas somente para trabalhar.

Espaços comuns
Em Jaguara, ninguém podia escolher casa e não havia distinção de classe. Morar em uma casa de três ou quatro quartos só dependia do tamanho da família. Do operário ao diretor, todos podiam usufruir dos espaços comuns.

"Ficava tudo cheio de barco, as mulheres tomando sol e as pessoas nadando no rio. Tinha muita criança de bicicleta pelas ruas. Quem vê isso aqui hoje não imagina como era", afirma Braz. Atualmente, apenas ele e as 51 crianças que estudam na escola rural, que fica na vila, impedem que Jaguara se transforme numa cidade fantasma.

A Vila Residencial Jaguara vai a leilão pela segunda vez. A primeira foi no ano passado, mas não apareceram compradores. Segundo Braz, faltou divulgação para mostrar os benefícios que o empreendimento pode trazer ao turismo. Em outras vilas desativadas pela empresa, os imóveis foram vendidos separadamente. A usina Jaguara está no quarto lugar do ranking da Cemig de produção energética, com 424 mil kw.

Enviado por Caio Tibúrcio
Publicado em: 24/09/2006 no Jornal de Brasília

01 outubro 2006

Cartel e Xadrez


Xadrez e Fraude - 02/10/2006 - Dois pesquisadores da Universidade de Washington, Charles Moul e John Nye, estudaram a possível existência de cartel entre os jogadores da antiga União Soviética no período da guerra fria. - Clique aqui para ler

Rir é o melhor remédio - 06


A luz no fim do tunel da Tese. Você pode ver?

29 setembro 2006

Quando a sigla é importante

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Ética HP

Mea Culpa

Mea Culpa

Na quinta-feira, dia 21 de setembro de 2006, fui alertado para o artigo FIC-A-1124, que seria apresentado no 30ª. Enanpad, com o título “Estudo Empírico do Grau de Compreensibilidade e de Legibilidade dos Relatórios de Administração e da Escala de Locus de Controle nos Cursos de Administração e Ciências Contábeis”. O alerta dizia respeito das “coincidências” existentes entre este texto e o artigo “Analise de Compreensibilidade e da Legibilidade dos Relatórios da Administração das Empresas de Capital Aberto do Setor de Energia Elétrica”, apresentado no 29ª. Enanpad.
O primeiro artigo foi apresentado para a comissão de avaliação como sendo de autoria de Patrícia de Souza Costa, Valéria Melo Claudino Xavier, Robson Santos Morais e Carmen Sylvia Borges Tibério. O segundo artigo é de minha autoria, em conjunto com Patrícia de Souza Costa e Fernanda Fernandes Rodrigues.
Diante da situação, consultei a pessoa que iria apresentar o primeiro artigo no 30º. Enanpad, mostrando as “coincidências” descobertas. Tive que escutar desculpas e ouvir algo como “meu currículo é bom e um artigo a mais ou a menos não faria falta”. No dia seguinte, na terça-feira, nenhum dos autores compareceu para a apresentação do artigo, talvez com receio de ser interpelado publicamente sobre as “coincidências” dos dois artigos.
Ao voltar de viagem do Enanpad tive a desagradável surpresa de saber que os problemas eram mais graves. Em primeiro lugar, descobri que parte do texto que imaginei ter produzido em conjunto com Patrícia de Souza Costa na verdade foi retirado, integralmente, da monografia de graduação de Antonio Carlos de Sousa e Silva, cujo título “Análise de Compreensibilidade dos Relatórios da Administração das Empresas Brasileiras do Setor de Energia Elétrica”. Esta monografia foi defendida na Universidade de Brasília, sob orientação de Patrícia de Souza Costa, em janeiro de 2005.
Meses depois combinei com Patrícia de Souza Costa e Fernanda Fernandes Rodrigues produzir um artigo para o Enanpad, que foi feito e apresentado no 29º. Enanpad.
Minha surpresa foi mais além ao constatar que estas coincidências atingiam vários artigos publicados desde então por Patrícia de Souza Costa, a saber:

• Análise dos Níveis de Compreensibilidade dos Relatórios de Administração da Petrobrás – Uma Pesquisa Empírica entre os Alunos do Curso de Ciências Contábeis da Universidade Federal do Rio Grande do Norte – Autoria de Patrícia de Souza Costa, Ducineli Regis Botelho de Aquino, Anelissa Roberta Gadelha Palmeira e Diogo Henrique Silva de Lima, apresentado no 29º. Enanpad
• O teste de Cloze na Avaliação de Aprendizagem: O caso dos Alunos do Curso de Ciências Contábeis da Universidade Federal do Rio Grande do Norte – de autoria de Patrícia de Souza Costa, apresentado no Congresso USP de Contabilidade
• O teste de Cloze na Avaliação de Aprendizagem: O caso dos Alunos das disciplinas de Contabilidade de Custos 1 do curso de Ciências Contábeis da Universidade Federal do Rio Grande do Norte – de autoria de Patrícia de Souza Costa, Ducineli Botelho de Aquino, Diogo Henrique Silva de Lima e Josicarla Soares Santiago, apresentado no IX Congresso Internacional de Custos, em 2005

Ou seja, a revisão bibliográfica feita pelo aluno de graduação Antonio Carlos de Sousa e Silva serviu para que Patrícia de Souza Costa participasse como co-autora de mais cinco artigos.
Em minha opinião isto é uma questão que fere a ética acadêmica e assim que soube do fato, decidi divulgar de forma ampla. Além disto, retirei a referência do trabalho do meu currículo Lattes. Também decidi solicitar ao editor da RAC, que aprovou o trabalho apresentado no 29º. Enanpad para publicação, a retirada do texto. Sinto-me constrangido pelo fato de ter sido orientador desta pessoa e ter incentivado a sua busca pela pesquisa. Entretanto, o seu comportamento não é condizente com uma pessoa que deseja prosseguir na profissão do ensino.
Sei que ao reconhecer este fato provoca, da minha parte, certo constrangimento. Mas, conforme os dizeres de um amigo, “mais vale um rubor de agora do que um amarelo de vergonha pela vida inteira”.