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27 setembro 2006

Matemática é último reduto masculino

Reportagem enviada por Ducineli (grato!) sobre a matemática.

Matemática é último reduto masculino

ANTÔNIO GOIS
enviado especial da Folha de S.Paulo a Caxambu (MG)
VINICIUS ABBATE
colaboração para a Folha de S.Paulo

Não há área de ensino no Brasil em que as meninas não estejam dominando - ou muito próximas disso. Elas são maioria no ensino superior, têm taxas de evasão e reprovação menores no ensino médio e se saem melhor do que os meninos em quase todos os testes que avaliam aprendizado no ensino fundamental. Mas um setor resiste a essa supremacia: o aprendizado de matemática.

Esse quadro não é exclusivo do Brasil. Dos 42 países avaliados no Pisa (exame da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico que analisa o desempenho de alunos), os meninos foram melhor em matemática em 33.

Em alguns casos, a diferença não é estatisticamente significativa, mas, em 12 deles, não há dúvidas de que as meninas estão aprendendo menos. Já nos oito casos em que a diferença é a favor das meninas, em um deles, a Albânia, ela é significativa.

O Brasil aparece com destaque na tabela comparativa em matemática porque aqui a diferença a favor dos meninos é a maior entre todos os países analisados, ao lado de Áustria e Coréia do Sul. Esse melhor desempenho masculino, no entanto, não se repete em todas as áreas. Pelo contrário, em testes de leitura, a situação se inverte e a supremacia feminina é incontestável em todos os países.

Razões

Foi esse quadro que instigou os pesquisadores Márcia Andrade, Creso Franco e João Pitombeira de Carvalho, da PUC-RJ, a buscar razões que nos levam a ter uma das maiores diferenças do mundo em matemática. O trabalho foi apresentado no 15º Encontro Nacional de Estudos Populacionais, que aconteceu na semana passada em Caxambu (MG).

Estudos sobre essas diferenças têm gerado debates, principalmente quando se discute se essas diferenças são fruto de aspectos culturais ou biológicos.

O estudo da PUC quis verificar se variáveis socioeconômicas ou do ambiente escolar explicavam o resultado. Eles trabalharam com dados do Saeb (exame que avalia a qualidade) no último ano do ensino médio. Como o Pisa, ele mostra significativas diferenças a favor dos meninos em matemática.

A primeira hipótese era se o melhor desempenho não era causado pelo fato de muitos dos meninos mais pobres abandonarem a escola antes de completar o ensino médio, algo menos intenso entre meninas.

Isso se justifica porque o que mais interfere no desempenho escolar é o nível socioeconômico. Se há menos garotos pobres que concluem o ensino médio, espera-se que, quando é feito um exame entre os que chegaram lá, a nota média aumente por haver menos alunos em condições desfavoráveis, que puxariam a média para baixo.

Para evitar que isso influenciasse no resultado, a pesquisa só comparou estudantes de mesmo nível socioeconômico e que estavam na mesma escola. Os dados mostraram que a distância entre eles e elas diminuiu, mas, ainda assim, meninos se saíam melhor.

Iguais

O segundo passo foi separar escolas que atendem crianças de baixo poder aquisitivo das onde os alunos têm nível socioeconômico mais alto. A partir daí, constatou-se que, nas escolas onde estudam os mais pobres, a diferença persistia.

No entanto, nas escolas para alunos de renda mais alta, a diferença se torna desprezível, com meninos e meninas tendo quase o mesmo desempenho.

Uma hipótese é que, nesse ambiente, as famílias apóiem e aceitem mais o interesse de meninas pela matemática. "Freqüentemente estão em condições materiais e ideológicas mais favoráveis para o rompimento de papéis tradicionais em relação a gênero", afirmam.

O estudo aponta também que o professor pode ser fundamental para reverter esse quadro. Em escolas onde havia mais cobrança de deveres de casa, a diferença diminuía.

Aprender

Hoje a iniciativa de dois professores da UnB, Athail Pulino e Leonardo Lazarte, completa dois anos. Estes professores decidiram utilizar o poder da internet para melhorar a qualidade do ensino superior através da plataforma Moodle. Nesta data existem 788 cursos, 18921 usuários que já utilizaram o sistema, 15399 inscrições, 1872 professores/tutores, 16706 questões e 9067 materiais disponíveis.

O Moodle é um sistema muito interessante e vale a pena conhecê-lo.

26 setembro 2006

Enanpad

O Enanpad deste ano está ocorrendo em Salvador. No primeiro dia de apresentação de trabalhos algumas pesquisas interessantes.

A primeira sessão da área de Contabilidade para Usuários Externos teve cinco trabalhos, a maioria na área social. O primeiro trabalho, no entanto, fala do uso de análise discriminante para prever insolvência bancária. De Domingos Pandelo Jr, do Ibmec, o estudo tentou verificar quais a variáveis que explicam a falência das instituições financeiras no Brasil. O autor descobriu que no Brasil, ao contrário de outros países, a principal variável é a estrutura de custos. Isto é explicado pela normatização da provisão para crédito de liquidação duvidosa que existia até 2000. Um fato que dificulta inferências refere-se ao pequeno número de entidades que participaram do estudo, que pode ser crítico no uso da técnica de análise discriminante.

O segundo trabalho da sessão - Evidenciação Social Corporativa: Estudo de caso da Empresa Petróleo Brasileiro S.A - é de Adolfo Henrique Coutinho e Silva e Moacir Sancovschi. O primeiro autor foi aluno da UnB e da UFRJ e está vinculado ao BNDES. O segundo autor é docente da UFRJ. A pesquisa foi realizada nos relatórios da Petrobrás e como esta empresa faz a evidenciação dos seus problemas ambientais. No período analisado a Petrobrás evitou falar destas questões para os usuários externos. Este trabalho está vinculado ao texto apresentando pela doutoranda Darliane Ribeiro Cunha e pelo seu orientador José Mariano Moneva, da Universidad de Zaragoza, com o título La Divulgación de Información Medioambiental: un Estudio Comparativo del Sector Petrolero. No estudo de Cunha e Moneva faz-se uma comparação entre Petrobrás e Repsol em termos da divulgação ambiental ao longo do tempo.

Sady Oliveria e João Eduardo Tinoco, da Unichapecó, fez um estudo comparativo entre a literatura especializada de balanço social e a visão que os gestores da Unichapecó possuem sobre o assunto. Apesar da conclusão no sentido de que existe uma coesão entre as informações que devem ser divulgadas - na literatura e na visão dos gestores - a conclusão não pode ser extrapolada.

Pesquisadores do Mackenzie fizeram um trabalho denominado Estudo sobre Divulgação dos Investimentos em Capital Humano (Disclosure) e Desempenho Empresarial. Usando como variável dependente o desempenho econômico e como variável independente os investimentos em capital humano, mais especificamente os gastos em treinamento, a pesquisa encontrou uma baixa relação quando se utiliza medidas tradicionais de rentabilidade, como é o caso do ROI. Mas a correlação foi significativa quando se utiliza o Market Value Added (MVA). Temos aqui um possível problema em decorrência do tamanho pequeno da amostra: 28 empresas.

No início da tarde de segunda tivemos o trabalho que talvez tenha despertado mais polêmica. Erasmo Carvalho e Valmor Slomski pesquisaram os bens públicos de infra-estrutura. Houve um questionamento do debatedor, prof. Reinaldo Guerreiro, se o trabalho teria utilidade. Apesar disto, é importante que trabalhos na área pública sejam publicados neste tipo de evento.

Na metade da tarde tivemos duas sessões distintas. A primeira focada em avaliação de empresas. Um trabalho de Sautes, Schvirck e Machado mostraram uma pesquisa realizada entre os analistas para determinar qual o método de avaliação usado por profissionais de investimento. O resultado foi o Fluxo de Caixa Descontado da Empresa.

A segunda sessão foi sobre Contabilidade Internacional. Um trabalho, de Fábio Costa, Luis Santos, Alfredo Sarlo Neto e Eduardo Barbosa, discutiu a questão do conservadorismo e da oportunidade nas empresas com ADRs na Bolsa de Nova Iorque.

24 setembro 2006

Arcabouço Contábil

Os Princípios de Contabilidade do CFC x a Estrutura Conceitual Básica de Contabilidade, de Jorge Katsumi Niyama e César Augusto Tibúrcio Silva. Aceitam-se críticas e sugestões.

Clique aqui para ler - em PDF

Petrobrás e o Mercado


O gráfico mostra o comportamento da cotação das ações da Petrobrás no mercado norte-americano nos últimos três meses (linha PBR, azul) e o próprio comportamento do mercado (índice SP500, linha vermelha).

Pode-se observar que os preços das ações da empresa estão em baixa, num momento em que o mercado de petróleo é favorável para estas empresas. Reflexo da Bolívia?

23 setembro 2006

Garch e risco


O modelo GARCH tem sido utilizado em análise de risco. A idéia é que o risco depende do retorno do período anterior e do risco do período anterior. Uma característica importante do modelo é o fato de que o mesmo dá um peso maior para as últimas informações, ao contrário do que ocorre na regressão.

Quando fazemos uma regressão, o peso de um ponto de novembro de 1995 é igual ao peso da observação de setembro de 2006. No GARCH isto não ocorre. Consequentemente, o GARCH permite avaliar o "humor" do risco no atual momento.

Entretanto, o modelo possui algumas limitações. Recentemente o sítio Mahalanobis discutiu o fato de que a estimativa deste modelo somente deve ser feita com um número muito grande de observações: pelo menos 4.000. Entretanto, na prática, tem-se utilizado, em vários casos, cerca de mil observações.

Clique aqui para ler no sítio, em inglês.

(A figura representa o GARCH para bolsa brasileira)

Sobre o custo da Sarbox


Uma das grandes discussões hoje na contabilidade norte-americana é o custo da Sarbox. Esta lei, criada após os escandâlos contábeis e, por isto mesmo, destinada a evitar novos problemas contábeis, tem sido acusada de aumentar o custo da informação.

O Presidente do IBEF, num artigo publicado na Gazeta Mercantil, afirma que "os custos para adaptação à Sarbanes-OxIey têm reduzido a probabilidade de as empresas americanas abrir seu capital, restringindo potencialmente seu acesso aos recursos necessários para expansões". Clique aqui para ler.

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Esta discussão do custo tem levado a diferentes estimativas. Um estudo encontrou que o custo de ser uma empresa aberta para uma receita de $1 bilhão aumentou em 33% em 2004, de 2,6 milhões de dólares para 3,4 milhões. Clique aqui para ler em inglês.