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15 setembro 2006

Fazendo negócios

Sairam as estatísticas sobre as facilidades e dificuldades de fazer negócios no Brasil. O país ainda possui muitos entraves para o empresário pois para começar uma empresa são necessários 17 procedimentos, levando 152 dias, que custa 9,9% da renda per capita. Nos países mais desenvolvidos (OECD) os números são 6,2 procedimentos, 16,6 dias e 5,3% da renda per capita. Os problemas também são encontrados com o registro de propriedade, em conseguir crédito, em proteger os investidores, em pagar impostos, fazer contratos e fechar uma empresa.

É interessante notar que na parte de proteção ao investidor os resultados não são tão desanimadores: o índice de evidenciação brasileiro é de 5, contra 6,3 da OECD e 4,3 da região, o que coloca o Brasil em 60o. no ranking. O índice geral de fazer negócios no Brasil é de 121.

Clique aqui para ter acesso as dados (em português)

14 setembro 2006

Capacete de ciclista e a contabilidade: existe uma ligação?


Qual a relação entre o capacete de um ciclita e a contabilidade financeira? Vamos por partes. Em primeiro lugar, é necessário informar uma interessante pesquisa realizada por um "maluco" que tentou medir o efeito do ciclita que usa capacete sobre o perigo numa estrada. O que ele encontrou é mais intrigante ainda: o ciclista que utiliza capacete está mais propenso a ser atropelado por um automóvel.

Ian Walker, um pesquisador prático na área de psicologia do tráfego, utilizou uma bicicleta para medir a distância que os carros passavam dele. Esta medição da distância foi feita através de sensores instalados na bicicleta. Na metade das vezes que ele fez a medida, Walker utilizou o capacete; na outra metade ele arriscou sua vida andando de bicicleta sem o capacete. Walker encontrou que ciclistas que usam capacete tem maior probabilidade de sofrerem um acidente do que aqueles que não usam. O motivo é que os motoristas dos automóveis tendem a passar muito mais perto do ciclista quando ele está com o capacete.

Na experiência de Walker, a adoção de medidas que reduzam o risco levou a um efeito contrário exatamente em razão das pessoas envolvidas acreditarem nesta redução e não serem mais tão cuidadosas.

É o famoso efeito do freio no automóvel, descrito no passado por Robert Simmons no seu livro de controladoria. Se sabemos que o freio de um automóvel é confiável podemos correr mais.

Numa empresa que adota sistemas de redução de risco operacional e outros instrumentos modernos de gestão de risco pode-se talvez esperar algo parecido. Os investidores podem acreditar que o sistema é seguro e confiar excessivamente na empresa. Suas ações serão mais valorizadas, apesar das fragilidades não percebidas. É como o ciclista que usa capacete, que irá proteger o mesmo de uma queda menor mas não de uma batida frontal com um automóvel. Os investidores poderiam ser, então, comparados com os motoristas, que acreditam na segurança do ciclita/empresa e reduz a margem de segurança.

Será que existe mesmo uma ligação?

Clique aqui para ler a reportagem no Times

Clique aqui para ler comentário do sítio de Estatística

Outro comentário do Mahalanobis

Esportes


O que podemos apreender com os esportes? Algumas pesquisas interessantes nesta área têm sido úteis para os gestores, inclusives para aqueles que lidam com o mercado financeiro. É o que afirma o blog Traderfeed.

Segundo este blog estudos em esportes mostram que as atividades que requerem grande esforço físico e concentração mental são as mais agradáveis. As pesquisas também têm demonstrado que a prática contínua no esporte é uma aliada do sucesso.

13 setembro 2006

HP 3

Reportagem do Estadão de hoje:

Espionagem derruba a presidente da HP

Patricia Dunn foi forçada a renunciar após determinar investigações irregulares que atingiram diretores da empresa e jornalistas

Agências internacionais

Um escândalo de espionagem interna derrubou a presidente do conselho de administração da fabricante de computadores Hewlett-Packard (HP), Patricia Dunn. A empresa anunciou ontem que ela deixa o cargo em janeiro. Os problemas que levaram à queda de Patricia começaram no ano passado. Ao descobrir que o conteúdo de reuniões privadas do conselho de administração haviam vazado para a imprensa, a executiva determinou uma investigação interna para descobrir a fonte desses vazamentos.

O problema é que essa investigação, feita por uma agência de detetives, envolveu grampos e métodos ilegais para se ter acesso aos telefonemas dados por diretores. Jornalistas da Cnet, uma revista online de tecnologia com sede em São Francisco, do The New York Times, do The Wall Street Journal e da Business Week, que teriam recebido as informações, também foram investigados.

O caso veio à tona em maio deste ano, quando a empresa anunciou que havia descoberto a fonte dos vazamentos: o conselheiro George Keyworth. A princípio, Keyworth se negou a deixar o cargo. Ontem, porém, com o rumo que os acontecimentos acabaram tomando, decidiu deixar o conselho. Mas não sem se defender: segundo ele, suas informações à mídia não tinham nenhum dado confidencial ou que pudesse causar danos à empresa.

O anúncio da descoberta da fonte de vazamentos, porém, chamou a atenção das autoridades americanas. A HP, então, começou a ser investigada pelo Departamento de Justiça americano, pela Promotoria da Califórnia e pelo FBI. Com o aumento da exposição, diretores da própria empresa começaram a fazer pressão pela saída de Patricia Dunn, o que acabou sendo anunciado ontem.

Patricia, que deixa a presidência mas permanecerá no conselho, será substituída pelo atual presidente-executivo da companhia, Mark Hurd, que acumulará os dois cargos. “Já estou tomando as providências para garantir que essas técnicas de investigação inadequadas não sejam mais empregadas”, disse Hurd em nota.

O executivo pediu desculpas pela investigação. “Infelizmente, essas investigações, que foram conduzidas por uma outra empresa, incluíram técnicas inapropriadas. Isso foi muito além do que nós consideramos apropriado, e por isso pedimos desculpas a todos os atingidos.”

Hurd, de 49 anos, tornou-se presidente-executivo da HP no ano passado, com a saída da executiva Carly Fiorina, que comandou a fusão da HP com a Compaq. E os dois não poderiam ser mais diferentes: enquanto Carly gostava dos holofotes - o que a tornou uma das executivas mais conhecidas dos EUA -, Hurd foge deles. O que talvez combine mais com a situação atual da empresa.

HP 2






HP mexe no conselho para conter escândalo, mas questões permanecem
September 13, 2006 4:05 a.m.

Por Don Clark, Jim Carlton, John Emshwiller, Peter Waldman e Joann Lublin
The Wall Street Journal.

A Hewlett-Packard Co. informou que Patricia Dunn vai deixar em janeiro a presidência de seu conselho de administração, a mais recente vítima de um escândalo gerado por uma investigação sobre vazamentos de informações que usou registros telefônicos pessoais dos próprios conselheiros e de nove jornalistas.

A HP disse que esses registros foram obtidos por investigadores externos que usaram uma prática imprópria: eles se fizeram passar por conselheiros e jornalistas para solicitar os dados das empresas telefônicas.

Mark Hurd, o diretor-presidente e superintendente da HP, vai acumular a presidência do conselho a partir de uma reunião do grupo em 18 de janeiro.

Outro personagem envolvido, George Keyworth II, ex-conselheiro de ciência da presidência dos EUA que era membro do conselho da HP desde 1986, deve se demitir também. Durante a investigação dos vazamentos lançada por Dunn, Keyworth foi identificado como fonte das informações dadas à imprensa.
[hp2]

Um porta-foz da HP disse que Dunn se demitiu voluntariamente do cargo para minimizar as distrações para a companhia por causa de um imbróglio que resultou numa série de investigações de autoridades estaduais e federais. Ela disse que sabia que os registros telefônicos dos conselheiros estavam sendo investigados, mas não percebeu que os registros haviam sido obtidos de maneira imprópria.

Dunn, que continuará fazendo parte do conselho, disse num comunicado que a investigação era necessária para resolver o problema de persistentes vazamentos de informação confidencial. "Infelizmente, a investigação, que foi conduzida por terceiros, incluiu certas técnicas impróprias", disse ela. "Essas foram além do que supúnhamos que fossem, e eu peço desculpas por elas terem sido empregadas."

Hurd, também em pronunciamento previamente preparado, acrescentou: "Estou agindo para garantir que técnicas impróprias de investigação não serão usadas novamente. Elas não têm lugar na HP."
[hp]

A HP ainda enfrenta conseqüências legais da investigação, e uma série de questões que não foram publicamente respondidas. Entre elas: quem sabia na empresa e no conselho que registros telefônicos pessoais estavam sendo verificados? Por que essa prática não disparou alertas, mesmo que não esitvesse claro se os registros foram obtidos pela prática de se passar por outro. Por que Hurd, que ficou sabendo dos resultados da investigação dois meses antes de eles serem apresentados ao conselho, em maio, não matou a investigação antes que ela estourasse?

Um comitê da Câmara dos Deputados americana está buscando informações da HP sobre a questão. Um porta-voz da Procuradoria-Geral da Califórnia disse que a investigação do escritório sobre a questão continua.

Dunn, que era uma alta executiva da Barclays Global Investors em São Francisco, foi indicada como presidente do conselho sem cargo na diretoria em fevereiro de 2005, depois que a companhia demitiu Carly Fiorina, que então acumulava as presidências do conselho e executiva.

Keyworth, protegido de um dos fundadores da HP, David Packard, é de longe o membro mais antigo do conselho. Depois que os resultados da investigação de Dunn foram apresentados ao conselho em maio, os conselheiros pediram a Keyworth que se demitisse, mas ele recusou.

Naquela reunião, um amigo de Keyworth, o investidor de capital de risco Thomas Perkins, renunciou a seu assento em protesto contra a condução da investigação, que a HP confirmou envolver a aquisição das informações telefônicas pessoais de conselheiros e de alguns jornalistas usando meios irregulares.

As ações da HP subiram 2,3% ontem na Bolsa de Nova York.

Diversão...


Enviado por Nelma Tibúrcio:

Presado Cenhor,
Quero candidatarme pra o lugar de ceqretária que vi no jornau. Eu teclo muito de pressa con um dedo e fasso contas ben.
Axo que sou boa ao tefone em bora seija uma peçoa sem muito extudo.
O meu salario tá aberto há discução pra que o senhor possa ver o que mi pode pagar e o Cenhor axar qui eu meresso.
Pósso comessar imediatamente. Agradessida em avanso pela sua resposta.
Cinceramente,
Catia Vanessa Estrela
PS : Como o meu currico é muinto piqueno, abaicho tem 1 foto minha.




Resposta do Empregador:
Querida Catia Vanessa,
O emprego é seu. Nós temos correção automática no word. Compareça já amanhã.

Mercado Eficiente e Cadeia

Notícia enviada por Gustavo Catão, publicada na the Economist e traduzida pelo Valor Econômico:



Jamie Olis sabe melhor que muita gente que as idéias maquinadas pelos economistas em suas torres de marfim podem ter um grande efeito no mundo real. Esse contador, condenado por fraude na época em que trabalhava na Dynergy, uma trading de energia, está preso desde março de 2004, em boa parte graças a uma teoria econômica controversa, a hipótese do mercado eficiente. Em outubro, uma corte de apelação anulou a condenação de Olis a 24 anos de prisão porque o juiz Sim Lake, que o sentenciou, fez uma interpretação econômica errada. Olis continua preso, aguardando nova sentença, de novo pelo juiz Lake. Ela será precedida de uma nova audiência, prevista para amanhã, que deve ser dominada pelo debate sobre eficiência do mercado.
Em resumo, a hipótese da eficiência do mercado, desenvolvida nos anos 50 e 60, diz que, sob certas condições, o preço de mercado de um ativo, uma ação, por exemplo, reflete integral e acuradamente todas as informações relevantes disponíveis sobre o seu valor. Num mercado eficiente, a única razão para que um preço mude é a divulgação de novas informações.
Essa hipótese influenciou imensamente o mundo das finanças, tornando-se base para outras teorias sobre temas como seleção de portfolios e precificação de opções. Mais relevante para Olis, ela tem a rara distinção, para um teoria econômica, de ter a aprovação da Suprema Corte americana.
Em 1988, ao julgar o caso Basic Inc. x Levinson, a corte endossou a teoria conhecida como "fraude contra o mercado", que se escora na hipótese do mercado eficiente. Como os preços de mercado refletem todas as informações disponíveis, disse a corte, informações enganosas de uma empresa vão afetar o preço de suas ações. Assim, informações enganosas lesam os compradores de ações da empresa, mesmo que eles não dependam diretamente dessas informações ou não estejam a par delas.
Essa decisão se mostrou uma mina de ouro para os advogados nos EUA, que ganharam fortunas processando empresas por prejuízos quando notícias (na prática, em geral, uma revisão de balanços das empresas) derrubam os preços de ações. A queda é tratada como uma prova de superavaliação devida a informação inicial incorreta.
Com freqüência, uma lógica similar tem sido usada em ações penais, como Olis descobriu. A sua sentença de 24 anos deriva de um cálculo do prejuízo financeiro causado aos investidores na Dynergy pelo Projeto Alfa, uma fraude contábil da qual Olis participou. Esse prejuízo foi estimado usando a queda no preço das ações da Dynergy após se noticiar que o Projeto Alfa era uma fraude. Para o juiz Lake, o prejuízo foi tão grande que, pelas diretrizes para sentenças então em vigor, Olis teria de ficar preso por um longo tempo.
Ao anular a sentença, a corte de apelo afirmou que o juiz Lake atribuiu um peso demasiado ao Projeto Alfa na queda das ações da Dynergy, e considerou pouco outras causas. Esta semana, a defesa e a acusação vão ambas usar economistas como testemunhas para debater exatamente quanto do prejuízo pode ser atribuído ao Projeto Alfa. Isso colocará em evidência várias questões técnicas espinhosas da aplicação da hipótese do mercado eficiente em casos de fraudes.
Segundo o especialista chamado pela Promotoria, Frank Graves, da consultoria Brattle Group, o Projeto Alfa foi responsável por US$ 4,45 dos US$ 11,13 de queda nas ações da Dynergy em 25 e 26 de abril de 2002, após a empresa anunciar que estava reduzindo sua previsão de lucro devido à fraude. Para a promotoria, isso justifica uma pena de 15 anos para Olis.
Mas num estudo elaborado a pedido de Olis, Joseph Grundfest, professor de direito na Universidade Stanford e ex-comissário da Securities and Exchange Commision (SEC, a CVM americana), diz que Graves cometeu vários erros técnicos. Se corrigidos, diz Grundfest, que está trabalhando "pro bono", a conclusão é bem diferente: Graves, ele diz, "não conseguiu provar em qual momento nem por qual valor o Projeto Alfa inflou as ações da Dynergy" nem que "alguma porção da queda no preços das ações da Dynergy" nas datas em questão possa ser atribuída ao Projeto Alfa.
Entre outras coisas, Grundfest notou que o mercado já estava digerindo notícias bem mais sérias: que a Dynergy estava sendo investigada pela SEC por negócios não relacionados ao Projeto Alfa; e a ameaça do então governador da Califórnia, Gray Davis, de que tentaria recuperar na Justiça o lucro obtido por traders de energia, incluindo a Dynergy e sua rival, a Enron, com a exploração das falhas na regulamentação do setor de energia no Estado.
Mais importante, o Projeto Alfa foi criado para antecipar a data na qual alguns lucros poderiam ser contabilizados nos balanços da Dynergy; mas o seu efeito geral no fluxo de caixa da empresa ao longo desse período foi neutro.
Certamente, num mercado eficiente, os investidores olhariam além do balanço, para a realidade econômica subjacente, argumenta Grundfest, assim que o efeito da fraude no preço das ações seria negligenciável. De fato, ele observa, o preço das ações da Dynergy não caiu em 3 de abril, quando a imprensa noticiou pela primeira vez os problemas com o Projeto Alfa, o que não foi considerado na avaliação feita por Graves.
Nenhuma dessas objeções desafia o uso da hipótese do mercado eficiente. Ainda assim, há anos a hipótese está sob crescente e intenso ataque no meio acadêmico, o que vem sendo ignorado pelo Judiciário.
Num estudo recente, Bradford Cornell, do Instituto de Tecnologia da Califórnia, e James Rutten, do escritório de advocacia Munger, Tolles e Olson, de Los Angeles, argumentam que, mesmo mercados financeiros altamente desenvolvidos, como a Bolsa de Valores de Nova York, não são eficientes o suficiente para permitir que os tribunais usem as quedas no preço das ações para calcular o prejuízo financeiro causado por uma fraude.
Em especial, os mercados com freqüência reagem desproporcionalmente às notícias, especialmente às notícias ruins. Portanto, eles concluem que estimativas de prejuízos baseadas na hipótese e na oscilação do preço das ações serão exageradas. Se o juiz Lake tiver passado os últimos meses se atualizando em economia, talvez Olis saia da prisão muito antes do que pensava.