Translate

06 setembro 2006

Minoritários nas Americanas 2

Lojas Americanas igualam direitos de acionistasEMPRESAS - Ações prefereneciais da empresa sobem
8,18%, cotadas a R$ 92,50; ONs caem 8,08%, a R$ 91,90
JULIANA ENNES
DO JORNAL DO COMMERCIO


Todos os acionistas minoritários das Lojas Americanas terão os mesmos direitos dos majoritários em caso de venda de controle da empresa. A empresa publicou comunicado ao mercado em que propõe alterações estatutárias para a ampliação dos 100% de tag along dos acionistas ordinários aos preferenciais. Ou seja, os donos de Lojas Americanas PN terão o mesmo direito de prêmio em caso de venda da empresa que os acionistas controladores.

O mercado reagiu ao comunicado. Ontem, as ações preferenciais subiram 8,18%, cotadas a R$ 92,50, aproximando-se do preço-alvo estabelecido anteriormente pelos analistas da Ágora Corretora, de R$ 93,26. Durante o dia, as ações chegaram a ser negociadas a R$ 94,30.

Em contrapartida, as ações ordinárias desvalorizaram-se 8,08%, a R$ 91,90. A tendência, principalmente se a proposta for aceita na Assembléia de acionistas, é de que os preços das duas ações fiquem equiparados, já que teriam os mesmos direitos financeiros. Os acionistas ordinários terão a mais apenas o poder de voto.

O comunicado da empresa avisa ainda que os detentores de papéis preferenciais perderão o direito de receber dividendos em valor 10% superior aos dos acionistas ordinários. Todos os acionistas passariam a participar da divisão de dividendos de forma igualitária. De acordo com a empresa, a proposta tem por "objetivo alinhar os interesses de todos os acionistas da companhia, sejam controladores, minoritários ou titulares de ações preferenciais".


A ampliação das práticas de governança corporativa foi bem recebida pelo mercado, por indicar preocupação com o acionista. Além disso, pode ser a sinalização de uma futura entrada no Nível 2 de governança da Bolsa de Valores de São Paulo ou até mesmo no Novo Mercado, o que, neste caso, obrigaria a troca de ações, por serem permitidos apenas papéis ordinários neste nível.


Mudança de tag along é bem recebida pelo mercado


- O mercado tinha o receio de que a empresa fosse vendida no médio e longo prazo. O acionista preferencial poderia ter perdas em relação aos demais, em caso de mudança de controle. Com a extensão do tag along, os minoritários pegam carona em possível prêmio a ser pago aos controladores. Abre-se ainda espaço para possível pulverização de controle - disse Alexandre Garcia, analista da Ágora Corretora.

A corretora Planner recomendou a compra das ações preferenciais das Lojas Americanas. "A decisão do bloco de controle de conceder tag along de 100% às ações PN e ON visa ao alinhamento de direitos dos acionistas e segue uma tendência do mercado. Sendo este o primeiro passo no sentido melhorar a governança corporativa e o ingresso no nível 2 da Bovespa como alternativa no futuro", informou a corretora em comunicado divulgado ao mercado.

As perspectivas para as ações das Lojas Americanas são positivas. "As medidas aproximam os interesses dos dois lados, dos acionistas minoritários e dos controladores. O aumento da governança corporativa faz com que se aceite pagar mais pelo papel, o que dá melhor projeção", disse Garcia.

Além disso, a expectativa de aumento da renda do trabalhador e redução do custo do crédito faz com que as projeções para o setor de consumo interno sejam otimistas.

A tendência do mercado é a migração para níveis avançados de governança corporativa. Trata-se de uma exigência do próprio mercado. Com o tempo, ao invés de ações de empresas com boas práticas de governança serem beneficiadas, as demais é que terão um desconto, preço pago pela menor transparência e pela falta de alguns direitos igualitários entre acionistas.

Por enquanto, ainda é comum as ações preferenciais negociadas na Bovespa terem maior liquidez, mas isso também é resultado da concentração de papéis, já que para o controle de uma empresa é preciso que o acionista majoritário tenha maior parte das ações com direito a voto.

De qualquer forma, a tendência de modernização já se reflete nos lançamentos de ações na Bovespa, cuja maioria das ações entra diretamente para o Novo Mercado, nível máximo de governança da Bolsa.
=======================
Jornal do Comercio 31/8/2006

Minoritários na Americanas

A questão dos Minoritários nas Americanas, segundo a Gazeta Mercantil de 31 de agosto:

Governança Corporativa - Tag along eleva cotação da Americanas
São Paulo, 31 de Agosto de 2006 - Com o incentivo aos minoritários, rede quer aumentar interesse dos estrangeiros. Com a concessão de tag along de 100% para todos os acionistas, aprovada na última terça-feira, a Lojas Americanas quis eliminar a desvantagem em relação a suas principais concorrentes do setor varejista no mercado de ações. Natura, Lojas Renner e Submarino, empresas que embarcaram na Bovespa desde 2004, já fazem parte do Novo Mercado, segmento que tem o tag along como um de seus pré-requisitos. O mecanismo - que garante aos minoritários o direito de receber o mesmo valor pago às ações do bloco de controle, em caso de venda da empresa - é um dos itens mais considerados pelos investidores estrangeiros, público que detém 35% das ações preferenciais da Lojas Americanas em circulação no mercado. A mesma classe de investidores tem 90% das ações da Lojas Renner. "Nós eliminamos a maior diferença entre nós e eles", diz Roberto Martins, diretor de relações com investidores da empresa.
Em relatório, o Unibanco recomendou fortemente a compra das ações da varejista, avaliando que a decisão pode corrigir a demanda reprimida pelas ações, especialmente por parte de investidores estrangeiros. Segundo o banco, a medida abre caminho para futuras captação no mercado via emissão de novas ações, hipótese que a companhia negou. "Nossa geração de caixa é suficiente para abertura de novas lojas e investimento em e-commerce", diz Martins.
O diretor de RI da companhia também evitou falar sobre a possibilidade de reestruturação societária, com a conversão de todo o seu capital em ações com direito a voto, ou na adesão ao Novo Mercado. Adiantou, porém, que novas medidas de aproximação com os investidores estão sendo preparadas. "O passo mais importante foi tomado. Agora temos que elevar o grau de disclosure", disse, referindo-se à divulgação de informações ao mercado.
A companhia não faz parte dos níveis de governança corporativa da Bovespa, mas já adota outras práticas previstas nesses segmentos, como a de ter um membro independente no conselho de administração e no conselho fiscal. Com anúncio do tag along os preços das ações PN subiram 8,2%, a R$ 92,50, enquanto o da ON cedeu 8,1%, a R$ 91,90.
(Gazeta Mercantil/Finanças & Mercados - Pág. 3)(Aluísio Alves)

Telemar


A Batalha da Telemar contra os minoritários foi muito bem relatada pela The Economist. A seguir a reportagem da revista publicada/traduzida pelo Valor Econômico de 31 de agosto:

Minoritários tentam barrar o "vencer ou vencer" das empresas
The Economist
Parecia o tipo de coisa que normalmente os investidores aprovariam. A Telemar, maior companhia de telecomunicações do Brasil, decidiu se livrar de sua pesada estrutura acionária, envolvendo três companhias diferentes e cinco classes de ações. Em vez disso, uma única empresa com nome novo e gracioso - Oi - iria emitir uma classe de ações no Novo Mercado, a parte do mercado de ações brasileiro que possui os padrões de governança corporativa mais exigentes. Com isso, a Telemar se juntaria ao clube das empresas brasileiras (que vem crescendo rapidamente) que oferecem a todos os acionistas um benefício garantido a apenas uns poucos: direito de voto.

Mas foi um problema. Ao abraçar a nova ética do acionista, os controladores da Telemar tentaram lucrar com a velha. Sob o "swap" (troca) de ações proposto em abril, os investidores que hoje controlam a companhia com participação financeira de apenas 14,7% ganhariam 31% da Oi (assumindo a participação de todos os acionistas); outros acionistas com direito a voto veriam sua participação crescer de 13,8% para 23,7%. Mas os investidores com ações preferenciais, sem voto, teriam suas participações bastante diluídas, com a fatia destes caindo de 71,5% para 45,4%. Para tornar a transação ainda mais atraente para os acionistas controladores, a Telemar permitiu a eles vender ações por meio de uma oferta secundária.
Uma queda do mercado de ações em maio e junho atrapalhou a distribuição secundária. A Telemar a cancelou em 17 de agosto. Enquanto isso, uma administradora de fundos da Califórnia chamada Brandes, que controla 9% das American Depositary Shares (ADS) da Telemar, queixou-se à Securities and Exchange Commission (SEC) sobre os termos de troca de ação. Em 18 de agosto, a Comissão de Valores Mobiliário (CVM) interveio.

Numa decisão que interpretou a lei corporativa do Brasil, mas que não mencionou a Telemar pelo nome, ela disse que em fusões que beneficia injustamente uma classe de acionistas às custas de outra, os beneficiados não podem votar na transação. A decisão tirou quase 20% do valor das ações ordinárias da Telemar em 21 de agosto e lançou incertezas sobre a sua reestruturação. Os investidores comemoraram uma vitória importante em uma longa campanha para melhorar dos direitos dos acionistas minoritários.

A CVM deu à panelinha que controla a Telemar uma escolha entre oferecer condições iguais aos acionistas sem direito a voto ou deixá-los decidir se aprovam ou não a transação. Mesmo assim, a Telemar decidiu continuar. O plano é "vencer ou vencer", diz Roberto Terziani da Telemar: os controladores trocam poder por uma participação econômica maior, os preferenciais fazem o contrário.

A decisão da Telemar provavelmente vai dar início a uma negociação na qual os acionistas preferenciais agora possuem mais poder, afirma Alexandre Garcia, da corretora Ágora. Ela também estabelece um precedente num sistema em que as ações com direito a voto podem responder por apenas um terço do capital de uma companhia e apenas metade disso é necessário para se ter o controle. A igualdade entre os acionistas é especialmente importante para os investidores estrangeiros, que respondem por 30% a 40% do giro do mercado de ações brasileiro. A migração proposta da Telemar para o Novo Mercado foi precedida pela Embraer e pela Perdigão. Ninguém reclamou porque os detentores de ações preferenciais receberam condições atraentes.

Investidores minoritários estão agora se voltando para a CVM prosseguir em mais uma luta, com a Mittal Steel, uma companhia siderúrgica global que recentemente assumiu o controle de uma outra, a Arcelor. Os acionistas com direito a voto da principal subsidiária brasileira da Arcelor alegam que têm o direito de participar da mesma oferta que os acionistas controladores da companhia tiveram. A CVM decidiu provisoriamente a favor deles. Segundo algumas estimativas, isso poderá custar à Mittal um extra de ? 5 bilhões. Em visita ao Brasil, Lakshmi Mittal, o presidente da Mittal, disse não, alegando que a empresa se fundiu com a Arcelor, e não assumiu seu controle. A batalha pelos direitos dos acionistas ainda não terminou.
(Tradução Mário Zamarian)

Nível de corrupção

Já se sabe que o nível de corrupção reduz a eficiência de um país, que reduz seu crescimento, os investimentos estrangeiros e que pode ter efeitos regressivos sobre a renda das pessoas.

Jennifer Hunt, uma pesquisadora da McGill University, Canadá, acredita que o nível de corrupção tem uma relação com o azar ou eventos adversos que uma pessoa está experimentando. Uma pessoa nesta situação pode necessitar mais de um serviço público. Por exemplo, vítimas de um crime podem precisar de ajuda da polícia; pessoas com doença podem necessitar de auxílio médico num hospital público; etc. Pessoas com estes problemas tem maior possibilidade de corromper um funcionário público (policial, médico etc).

O tamanho da importância do evento adverso pode depender não somente da importância do problema mas também da instituição que a pessoa irá recorrer.

Jennifer Hunt utilizou dados do Peru e mostrou que as vítimas são mais prováveis de corromper funcionários públicos. O efeito é mais forte na polícia.

Para ler, clique aqui - em PDF e inglês

Uma conclusão parecida chegou dois pesquisadores da West Virgina (Peter Leeson e Russell Sobel) ao analisarem os desastres naturais e a ajuda pública, segundo informa a The Economist (2/9/2006, p. 28). Estados dos EUA com muitos desastres são mais corruptos. Quando o desastre natural ocorre, o governo federal dispensa uma série de requisitos para gastar o dinheiro nas áreas afetadas através de uma agência de emergência chamada FEMA. Isto causa corrupção, segundo os pesquisadores.

Países artificiais


Um país "artificial" pode ter mais problemas (guerra, fome, subdesenvolvimento) do que um país formado de maneira natural? Esta pergunta foi realizada por três pesquisadoras da Harvad e New York University, Alberto Alesina, William Easterly e Janina Matuszeski.

Elas tentaram construir uma aproximação desta medida de artificialidade mensurando se as fronteiras de um determinado país são artificiais ou não. Uma primeira medida utilizada foi se um grupo étnico foi cortado por uma fronteira política. A repartição da Índia e do Paquistão em 1947 seria um exemplo. A América Latina também pode ser considerado um exemplo no caso da Espanha. (A Espanha criou no passado regiões administrativas que não tinha nenhuma relação com grupos indígenas existentes. Quando da independência, estas regiões transformaram-se em países, guardando a mesma demarcação da época colonial).

As autoras propuseram também uma outra medida de artificialidade: se a fronte de um país é fractal ou não. Uma fronteira recortada significaria um país menos artificial; uma fronteira reta indicaria a existência de um país artificial. O Chad, país da África, cujo mapa acompanha este texto, seria o exemplo maior de artificialidade medida pelo fractal. Observe que a fronteira deste país é uma linha reta. (após o Chad as autoras encontraram o Equador, a Guiné Equatorial, a Eritreia, a Guatemala, a Jordânia, o Mali, o Marrocos, a Namíbia, o Níger, o Paquistão, o Sudão e o Zimbabwe).

Entretanto, apesar do fato de que a proposta das autoras ser altamente criativa, os resultados foram "decepcionantes". Existe relação com medidas como fragmentação étnica e status colonial, mas não se pode concluir nada sobre a ocorrência de guerras.

Clique aqui para ler em PDF e inglês