06 setembro 2006
Telemar
A Batalha da Telemar contra os minoritários foi muito bem relatada pela The Economist. A seguir a reportagem da revista publicada/traduzida pelo Valor Econômico de 31 de agosto:
Minoritários tentam barrar o "vencer ou vencer" das empresas
The Economist
Parecia o tipo de coisa que normalmente os investidores aprovariam. A Telemar, maior companhia de telecomunicações do Brasil, decidiu se livrar de sua pesada estrutura acionária, envolvendo três companhias diferentes e cinco classes de ações. Em vez disso, uma única empresa com nome novo e gracioso - Oi - iria emitir uma classe de ações no Novo Mercado, a parte do mercado de ações brasileiro que possui os padrões de governança corporativa mais exigentes. Com isso, a Telemar se juntaria ao clube das empresas brasileiras (que vem crescendo rapidamente) que oferecem a todos os acionistas um benefício garantido a apenas uns poucos: direito de voto.
Mas foi um problema. Ao abraçar a nova ética do acionista, os controladores da Telemar tentaram lucrar com a velha. Sob o "swap" (troca) de ações proposto em abril, os investidores que hoje controlam a companhia com participação financeira de apenas 14,7% ganhariam 31% da Oi (assumindo a participação de todos os acionistas); outros acionistas com direito a voto veriam sua participação crescer de 13,8% para 23,7%. Mas os investidores com ações preferenciais, sem voto, teriam suas participações bastante diluídas, com a fatia destes caindo de 71,5% para 45,4%. Para tornar a transação ainda mais atraente para os acionistas controladores, a Telemar permitiu a eles vender ações por meio de uma oferta secundária.
Uma queda do mercado de ações em maio e junho atrapalhou a distribuição secundária. A Telemar a cancelou em 17 de agosto. Enquanto isso, uma administradora de fundos da Califórnia chamada Brandes, que controla 9% das American Depositary Shares (ADS) da Telemar, queixou-se à Securities and Exchange Commission (SEC) sobre os termos de troca de ação. Em 18 de agosto, a Comissão de Valores Mobiliário (CVM) interveio.
Numa decisão que interpretou a lei corporativa do Brasil, mas que não mencionou a Telemar pelo nome, ela disse que em fusões que beneficia injustamente uma classe de acionistas às custas de outra, os beneficiados não podem votar na transação. A decisão tirou quase 20% do valor das ações ordinárias da Telemar em 21 de agosto e lançou incertezas sobre a sua reestruturação. Os investidores comemoraram uma vitória importante em uma longa campanha para melhorar dos direitos dos acionistas minoritários.
A CVM deu à panelinha que controla a Telemar uma escolha entre oferecer condições iguais aos acionistas sem direito a voto ou deixá-los decidir se aprovam ou não a transação. Mesmo assim, a Telemar decidiu continuar. O plano é "vencer ou vencer", diz Roberto Terziani da Telemar: os controladores trocam poder por uma participação econômica maior, os preferenciais fazem o contrário.
A decisão da Telemar provavelmente vai dar início a uma negociação na qual os acionistas preferenciais agora possuem mais poder, afirma Alexandre Garcia, da corretora Ágora. Ela também estabelece um precedente num sistema em que as ações com direito a voto podem responder por apenas um terço do capital de uma companhia e apenas metade disso é necessário para se ter o controle. A igualdade entre os acionistas é especialmente importante para os investidores estrangeiros, que respondem por 30% a 40% do giro do mercado de ações brasileiro. A migração proposta da Telemar para o Novo Mercado foi precedida pela Embraer e pela Perdigão. Ninguém reclamou porque os detentores de ações preferenciais receberam condições atraentes.
Investidores minoritários estão agora se voltando para a CVM prosseguir em mais uma luta, com a Mittal Steel, uma companhia siderúrgica global que recentemente assumiu o controle de uma outra, a Arcelor. Os acionistas com direito a voto da principal subsidiária brasileira da Arcelor alegam que têm o direito de participar da mesma oferta que os acionistas controladores da companhia tiveram. A CVM decidiu provisoriamente a favor deles. Segundo algumas estimativas, isso poderá custar à Mittal um extra de ? 5 bilhões. Em visita ao Brasil, Lakshmi Mittal, o presidente da Mittal, disse não, alegando que a empresa se fundiu com a Arcelor, e não assumiu seu controle. A batalha pelos direitos dos acionistas ainda não terminou.
(Tradução Mário Zamarian)
Nível de corrupção
Já se sabe que o nível de corrupção reduz a eficiência de um país, que reduz seu crescimento, os investimentos estrangeiros e que pode ter efeitos regressivos sobre a renda das pessoas.
Jennifer Hunt, uma pesquisadora da McGill University, Canadá, acredita que o nível de corrupção tem uma relação com o azar ou eventos adversos que uma pessoa está experimentando. Uma pessoa nesta situação pode necessitar mais de um serviço público. Por exemplo, vítimas de um crime podem precisar de ajuda da polícia; pessoas com doença podem necessitar de auxílio médico num hospital público; etc. Pessoas com estes problemas tem maior possibilidade de corromper um funcionário público (policial, médico etc).
O tamanho da importância do evento adverso pode depender não somente da importância do problema mas também da instituição que a pessoa irá recorrer.
Jennifer Hunt utilizou dados do Peru e mostrou que as vítimas são mais prováveis de corromper funcionários públicos. O efeito é mais forte na polícia.
Para ler, clique aqui - em PDF e inglês
Uma conclusão parecida chegou dois pesquisadores da West Virgina (Peter Leeson e Russell Sobel) ao analisarem os desastres naturais e a ajuda pública, segundo informa a The Economist (2/9/2006, p. 28). Estados dos EUA com muitos desastres são mais corruptos. Quando o desastre natural ocorre, o governo federal dispensa uma série de requisitos para gastar o dinheiro nas áreas afetadas através de uma agência de emergência chamada FEMA. Isto causa corrupção, segundo os pesquisadores.
Jennifer Hunt, uma pesquisadora da McGill University, Canadá, acredita que o nível de corrupção tem uma relação com o azar ou eventos adversos que uma pessoa está experimentando. Uma pessoa nesta situação pode necessitar mais de um serviço público. Por exemplo, vítimas de um crime podem precisar de ajuda da polícia; pessoas com doença podem necessitar de auxílio médico num hospital público; etc. Pessoas com estes problemas tem maior possibilidade de corromper um funcionário público (policial, médico etc).
O tamanho da importância do evento adverso pode depender não somente da importância do problema mas também da instituição que a pessoa irá recorrer.
Jennifer Hunt utilizou dados do Peru e mostrou que as vítimas são mais prováveis de corromper funcionários públicos. O efeito é mais forte na polícia.
Para ler, clique aqui - em PDF e inglês
Uma conclusão parecida chegou dois pesquisadores da West Virgina (Peter Leeson e Russell Sobel) ao analisarem os desastres naturais e a ajuda pública, segundo informa a The Economist (2/9/2006, p. 28). Estados dos EUA com muitos desastres são mais corruptos. Quando o desastre natural ocorre, o governo federal dispensa uma série de requisitos para gastar o dinheiro nas áreas afetadas através de uma agência de emergência chamada FEMA. Isto causa corrupção, segundo os pesquisadores.
Países artificiais
Um país "artificial" pode ter mais problemas (guerra, fome, subdesenvolvimento) do que um país formado de maneira natural? Esta pergunta foi realizada por três pesquisadoras da Harvad e New York University, Alberto Alesina, William Easterly e Janina Matuszeski.
Elas tentaram construir uma aproximação desta medida de artificialidade mensurando se as fronteiras de um determinado país são artificiais ou não. Uma primeira medida utilizada foi se um grupo étnico foi cortado por uma fronteira política. A repartição da Índia e do Paquistão em 1947 seria um exemplo. A América Latina também pode ser considerado um exemplo no caso da Espanha. (A Espanha criou no passado regiões administrativas que não tinha nenhuma relação com grupos indígenas existentes. Quando da independência, estas regiões transformaram-se em países, guardando a mesma demarcação da época colonial).
As autoras propuseram também uma outra medida de artificialidade: se a fronte de um país é fractal ou não. Uma fronteira recortada significaria um país menos artificial; uma fronteira reta indicaria a existência de um país artificial. O Chad, país da África, cujo mapa acompanha este texto, seria o exemplo maior de artificialidade medida pelo fractal. Observe que a fronteira deste país é uma linha reta. (após o Chad as autoras encontraram o Equador, a Guiné Equatorial, a Eritreia, a Guatemala, a Jordânia, o Mali, o Marrocos, a Namíbia, o Níger, o Paquistão, o Sudão e o Zimbabwe).
Entretanto, apesar do fato de que a proposta das autoras ser altamente criativa, os resultados foram "decepcionantes". Existe relação com medidas como fragmentação étnica e status colonial, mas não se pode concluir nada sobre a ocorrência de guerras.
Clique aqui para ler em PDF e inglês
05 setembro 2006
Valor Oculto
Duas reportagens do jornal Valor Econômico de 28 de agosto sobre o valor oculto
Clique aqui para ler a primeira
Clique aqui para ler a segunda
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Clique aqui para ler a segunda
04 setembro 2006
Diversão
Ainda sobre Cinema
Na revista Veja desta semana um artigo com o título "O Superdesempregado", falando sobre a dispensa, pela Paramount, de Tom Cruise. Num dos trechos, a articulista fala: "quanto mais os matemáticos e estatísticos que observam a indústria do entretenimento fazem suas contas, mais elas apontam para a mesma e supreendente direção - os astros deixaram de ser garantia de bilheteria."
Mais adiante a articulista informa: "Há muitos os economistas perceberam que a escalada desenfreada de uma tendência - como a dos salários astronômicos de Hollywood - quase sempre é sinal de sua culminação e esgotamento".
Pelo visto a articulista não sabe que isto denomina-se contabilidade. Parece que seu conhecimento - se é que existe - resume-se ao cinema.
Mais adiante a articulista informa: "Há muitos os economistas perceberam que a escalada desenfreada de uma tendência - como a dos salários astronômicos de Hollywood - quase sempre é sinal de sua culminação e esgotamento".
Pelo visto a articulista não sabe que isto denomina-se contabilidade. Parece que seu conhecimento - se é que existe - resume-se ao cinema.
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