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24 agosto 2006

Valor do Cliente e outras notícias

A imprensa noticiou a briga entre o Santander Banespa e a Nossa Caixa pelos clientes, mais especificamente, o servidor público do estado de São Paulo.

Quando o Banespa foi privatizado, junto com os outros ativos, o Santander levou o direito de ter a conta salário dos funcionários do estado de São Paulo por alguns anos. Este direito está terminando agora e o governo paulista pretende repassá-lo para a Nossa Caixa. E o Santander não quer perder este privilégio.

As razões são simples: um funcionário que recebe seu salário por uma instituição financeira gera receita.

Clique aqui para ler estas notícias.

Também foi notícia a questão do risco e do seguro pelo risco político. Isto afeta diretamente a taxa de desconto das empresas brasileiras. Clique aqui para ler a reportagem

Carbono neutro e chutes

Uma reportagem do Valor Econômico fala sobre o Carbono Neutro. Num dos trechos a reportagem afirma que "o custo da emissão de carbono pode corroer até 45% do lucro das companhias. É impossível imaginar que isso não se reflita no preço das ações."

Parece um grande chute. Mas clique aqui se quiser ler a reportagem.

Quer ler mais, clique aqui.

Normas brasileiras de Contabilidade e o CPC

A imprensa anunciou o lançamento do Comitê de Pronunciamentos Contábeis, que terá como um dos objetivos buscar a convergência das normas contábeis brasileiras com os padrões internacionais. Clique aqui para ler as notícias.
Uma pergunta que não quer calar: não seria mais fácil adotar simplesmente as normas do IASB?

Enquanto isto, discutimos a questão das provisões. Clique aqui para ler.

Os resultados de duas estatais brasileiras


Notícia da imprensa afirma que a análise de resultado do Banco do Brasil publicada na internet traz números menos favoráveis do que os divulgados na entrevista coletiva concedida para apresentar o resultado do banco no primeiro semestre. A diferença foi notada por investidores que compararam os dois conjuntos de dados. Clique aqui para ler a notícia completa.

Enquanto isto a Petrobrás reconhece que o preço da gasolina está defasado. Para a PEtrobrás, a empresa não repassa preços em momentos de pico, sendo a atual alta sazonal e temporária. Clique aqui para ler e refletir.

Esquenta a discussão sobre juros no Brasil


Isto afeta o desempenho das empresas brasileiras: esquenta a briga sobre os juros no Brasil.

O economista da Febraban, a entidade que defende os banqueiros, criticou as medidas que o governo anunciou para reduzir o spread bancário, afirmando que não levarão a uma redução significativa das taxas cobradas ao consumidor. Logo depois, a própria Febraban desautorizou o seu técnico. Clique aqui para ler a notícia.

Dias depois, Gustavo Loyala, ex-presidente do Banco Central, escreveu um artigo para confirmar que o spread é elevado, mas elogia o BACEN por uma série de iniciativas, entre elas o estudo sobre as causas do spread. Loyala cita um estudo recente do BACEN que concluiu que os juros no Brasil não são tão elevados. Para os autores deste estudo, o problema está na métrica. Clique aqui para ler o artigo de Loyala.

No mesmo dia Marcos Cintra escreve um artigo em que lembra da questão da falta de concorrência entre os bancos, leia-se cartel, para explicar os juros elevados. Clique aqui para ler o artigo.

23 agosto 2006

AOL e a Invasão de Privacidade


Parece que a AOL está envolvida num escândalo de divulgação de informações dos clientes. Notícia publicada na imprensa informa que a empresa liberou para "pesquisa" milhares de consultas de busca dos seus clientes. Através destas consultas seria possível mapear os relacionamentos, os gostos, as indiscrições e as necessidades dos clientes.

Vide a seguir trecho da reportagem publicada no Estado de hoje. Grato a Beatriz por alertar para o insólito da notícia:

Invasão de privacidade na AOL

Três pessoas deixaram a empresa após vazamento de informações de 650 mil clientes

Tom Zeller Jr.

A AOL anunciou na segunda-feira a saída de sua diretora de tecnologia, Maureen Govern, duas semanas depois de a empresa ter sido alvo de intensas críticas por ter liberado na internet centenas de milhares de consultas de busca de seus clientes. Um pesquisador que põe as consultas online e um supervisor do projeto também deixaram a empresa.

A AOL, uma unidade da Time Warner, disse que planeja intensificar a proteção à privacidade dos dados, reconsiderar o período de tempo que retém os milhões de consultas de busca que os clientes fazem todos os dias e reeducar seus funcionários sobre a sensibilidade dos dados pessoais.

"Esse incidente aconteceu porque alguns funcionários não fizeram uso do bom discernimento nem consultaram nossa equipe encarregada da privacidade", disse o presidente da empresa, Jonathan F. Miller, numa mensagem enviada aos empregados na segunda-feira. "Estamos tomando medidas adequadas em relação aos funcionários responsáveis."

Maureen Govern havia sido contratada há menos de um ano para suceder a John McKinley. McKinley, que vinha comandando a divisão de serviços digitais, voltará ao antigo posto, segundo o memorando de Miller.

Kevin Bankston, advogado da Electronic Frontier Foundation, entidade de defesa dos direitos digitais que protocolou queixa na Comissão Federal do Comércio por causa da divulgação dos dados, disse que a reorganização na AOL não ataca a questão subjacente. "A troca de funcionários não vai chegar à raiz do problema", disse. "É um problema que atinge a toda a indústria de pesquisa, não apenas a AOL."

No fim do mês passado, quase 20 milhões de consultas representando os hábitos pessoais de busca na internet de mais de 650 mil clientes da AOL reunidos durante um período de três meses foram postados por um pesquisador da empresa, Abdur Chowdhury, num site acessível ao público.

Não foram acrescentados os nomes dos usuários nos dados da consulta, que se destinavam a ser usados por pesquisadores no universo acadêmico. Mas o conteúdos dos dados - que forneceram uma visão íntima e, às vezes, perturbadora do que os americanos buscam na web - se espalharam pelo circuito dos blogs e imediatamente começaram a levantar questões sobre a privacidade a que os consumidores têm direito quando usam os mecanismos de busca.

A AOL retirou os dados e desculpou-se pelo erro, dizendo que a divulgação não fora aprovada pela diretoria. Poucos dias depois, os dados foram descarregados, postados novamente e tornados passíveis de consulta em vários sites.

Balanço Social


Uma reportagem do Estadão de 23/agosto informa que nas grandes empresas a publicação de balanço social tem motivações econômicas.

Como é normal, não informa onde foi realizada a pesquisa, quando foi realizada, onde podemos obter uma cópia (fica parecendo coisa de consultoria, que deseja aparecer para a imprensa ou defender seus interesses).

Mas a reportagem informa que os analistas "esperam ver números claros sobre como o desempenho socioambiental impacto o valor da empresa". Acho esta afirmação contraditória pois a informação do impacto deve ser inferida pelos próprios analistas. A seguir a reportagem completa.

Balanço social, para render bem
Informações socioambientais são usadas como diferencial para atrair investidores
Andrea Vialli

Um estudo internacional realizado pela consultoria KPMG com 1,6 mil grandes empresas mostrou que 74% delas publicam relatórios de sustentabilidade (ou balanços sociais, como são mais conhecidos no Brasil) com objetivos econômicos - ou seja, tentam garantir com as informações socioambientais um diferencial para suas ações no mercado.

No Brasil, desde a década de 1990 as empresas vêm incorporando a tendência de publicar relatórios sociais, que já são usados pela comunidade financeira para avaliar a empresa a longo prazo. No entanto, ainda falta informação em conformidade com a realidade dos analistas de mercado, que esperam ver números claros sobre como o desempenho socioambiental impacta o valor da empresa.

“Falta transformar a responsabilidade social em números e mostrar seus impactos na produtividade, nos custos e nos riscos da operação da empresa”, diz Roberto Gonzalez, assessor de sustentabilidade da Apimec, associação que reúne os profissionais do mercado de capitais.

Segundo González, um dos pontos críticos é o fato de que esses relatórios só fornecem as informações socioambientais uma vez por ano, geralmente junto com o balanço financeiro anual. “O ideal seria se as informações fossem prestadas trimestralmente, como fazem as empresas de capital aberto em relação aos dados financeiros.”

Para isso, a Apimec negocia com a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para que as empresas passem a prestar contas, voluntariamente, de seu desempenho também no campo socioambiental, junto com o balanço financeiro do trimestre.

“Com essa medida, teríamos um mercado de capitais mais interessado nesse tipo de informação”, diz. “Ainda há muito ceticismo quanto aos balanços sociais. Muitos analistas pensam que se trata de mais uma ação de marketing da empresa.”

FUNDOS

Um dos termômetros para o interesse no desempenho socioambiental das empresas é a criação dos fundos de investimento socialmente responsável (SRI, na sigla em inglês), que reúnem ações de empresas focadas em responsabilidade social. Desde 2002, cinco grandes bancos criaram carteiras com esse perfil que, juntas, acumulam um patrimônio líquido estimado em R$ 600 milhões.

“A médio e longo prazo, a tendência de análise de relatórios sociais deve se firmar no Brasil, pois os documentos já vêm ganhando maior credibilidade”, afirma o diretor da KPMG do Brasil, Alexandre Heinermann. Assim como os balanços financeiros, os relatórios sociais já têm de passar por auditorias para comprovar a veracidade das informações prestadas.

Para Luiz Maia, vice-presidente da Associação Nacional dos Bancos de Investimentos (Anbid), a publicação de relatórios sociais mostra que a empresa busca ser transparente. “Informações financeiras, todas as empresas de capital aberto prestam. Mas a informação socioambiental já é percebida pelo investidor como um diferencial para a empresa”, diz. “A maneira que ela lida com o meio ambiente, por exemplo, traz para os investidores uma noção do risco a longo prazo.”

NÚMEROS

1,6 milempresas foram pesquisadas pela consultoria suíça KPMG
80%das empresas publicaram relatórios sociais em 2005
50%das empresas haviam publicado relatório social em 2002, ano do estudo anterior
74%das companhias publicam relatórios por razões econômicas