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21 agosto 2006

Novamente os Juros

Reportagem do Estadão de hoje (p. B5) fala de oligopólio como justificativa para os juros:

Oligopólio freia a queda dos juros
Irany Tereza
Estudo inédito concluído em dezembro pelo Banco Central (BC) mostra que, das 49 financeiras em operação no País, as 9 ligadas a conglomerados bancários respondem por 83% dos ativos totais do setor, avaliados em R$ 38,29 bilhões. A distribuição de mercado no setor se assemelha a um oligopólio. Só o peso da Itaucard, com ativo total de R$ 19,6 bilhões em dezembro, representa 51,1% do segmento.Situação que, na opinião de Erivelton Rodrigues, da consultoria Austin Asis, reflete o fenômeno global de concentração no mercado bancário. "Essa constatação não chega a surpreender e a tendência é de o segmento ficar ainda mais concentrado. O que não quer dizer que não haja concorrência, porque os grandes players estão brigando por uma fatia cada vez maior do mercado", diz.A concentração é o resultado das recentes aquisições de financeiras por bancos, de olho no crescimento do crédito para a população de baixa renda, em sua maioria "desbancarizada". Foi assim que o Bradesco comprou a Zogbi; o HSBC, a Losango; e assim por diante. O empréstimo de pequenas quantias a muitos clientes transformou-se num lucrativo filão e atraiu o interesse dos grandes bancos. Os altos spreads (remuneração bancária) cobrados compensam o risco de inadimplência.O chefe do Departamento de Supervisão Indireta e Gestão de Informações (Desig) do BC, Cornélio Pimentel, evita falar em concentração, embora reconheça que a situação reproduz o que já ocorre no sistema bancário."O que acontece nesse setor específico não difere do nível de concentração do sistema financeiro como um todo, que busca escala para competir. Mas é bom salientar que a carteira movimentada pelas instituições de crédito, em torno de R$ 20 bilhões, não representa quase nada se comparada aos mais de R$ 700 bilhões do sistema financeiro total."O texto do relatório do BC diz que, apesar de representar apenas 5% dos ativos totais de financeiras, o grupo de privados independentes é o que "conta, de longe, com maior número de instituições (33) e talvez aquele que mais se assemelhe a um segmento".Segundo Pimentel, o estudo, que pode virar uma série, é a primeira experiência feita para dar mais transparência ao setor e teve o foco mais na qestão do risco de crédito. "Há muito tempo não fazíamos um diagnóstico como esse."O fato é que pactuar empréstimo na rua como quem compra banana na feira já é comum nas grandes cidades brasileiras. Sem agiota, tudo por financeiras legalizadas. É prova do aumento de acesso ao crédito. A um custo muito superior à inflação: entre 6,99% e 9,99% ao mês. Este ano, o pico da taxa mensal do IPCA foi de 0,59% em janeiro. Em julho, ficou em 0,19%. No ano, acumula 1,73%.TÁTICASPara atrair os tomadores de empréstimo, os bancos adotaram táticas de comércio popular: os clientes são praticamente laçados na rua, em geral abordados por jovens uniformizados e equipados com pranchetas com as propostas de negócio. Na maior parte das vezes, são empréstimos entre R$ 1 mil e R$ 2 mil, com a única exigência de apresentação de comprovante de renda, de residência, CPF e identidade. São chamados de empréstimos fáceis: financiamentos sem burocracia, com prazos longos e módicas parcelas de pagamento.O estudante Leandro de Souza interessou-se pelas condições da financeira Ibi. Ele foi abordado na Cinelândia, centro do Rio, por um vendedor e fez cadastro na hora. "É uma maneira fácil de comprar um carro, fazer uma viagem. Funciona como se eu fosse correntista normal. Recebo um cartão e posso sacar o dinheiro nas agências. No meu caso, pago a parcela em faturas, por isso é maior."Com desconto em folha, os juros ficam entre 6,9% e 8,9% ao mês. Na fatura, aumenta para 9,9%. De qualquer forma, é um empréstimo muito caro. Quem toma R$ 1 mil para pagar em 12 vezes acaba pagando R$ 1.502, na melhor das hipóteses, e R$ 1.752, na pior.Mas quase ninguém faz as contas na hora de pegar o dinheiro. Mesmo assim, uma atendente da Taií, do Grupo Itaú, diz que não é fácil convencer clientes no início. "Poucas pessoas param para falar conosco, mas, no fim do mês, o número de novos clientes é satisfatório", diz ela, que pediu para não ser identificada. "Recebemos um salário fixo, mas temos uma cota mínima. Em geral, conseguimos superá-la. Quanto mais clientes cadastramos, mais bônus ganhamos."Para Rodrigues, há um grande potencial de crescimento no segmento das financeiras. E nem mesmo as medidas para reduzir o spread bancário tentadas pelo governo poderão frear essa elevação. "O governo está mexendo para aumentar a competitividade e isso é positivo."Não será por meio de medida provisória que o spread irá baixar, mas outras medidas podem ajudar, como o cadastro positivo e o DOC reverso. O consumidor também deve pesquisar preços para trocar de financeira de acordo com a proposta apresentada, diz o executivo.
COLABOROU PILAR MAGNAVITA


Em 12 anos, juro acumula alta de até 511.000%
E o rendimento do aplicador em fundos foi de no máximo 793%
Sérgio Gobetti, , Ribamar Oliveira
País com a maior taxa real de juros do mundo, o Brasil também se notabiliza pela diferença entre taxas cobradas dos devedores e pagas aos investidores. Projeções realizadas por economistas do mercado financeiro a pedido do Estado mostram que, desde o início do Plano Real, em 1994, o rendimento líquido dos fundos oferecidos pelos bancos chegou a 793%. Já os juros de operações de crédito pessoal acumulam variação fora do normal, de 511.734%, como se o Brasil continuasse na época da hiperinflação.Um brasileiro que, em julho de 1994, tenha tomado um empréstimo desse tipo no valor de R$ 50 mil e tenha começado a pagar parcelas de R$ 2 mil por mês, corrigidas pela inflação, ainda hoje não terá conseguido quitar sua dívida, que já estará em R$ 111 milhões, apesar dos pagamentos somarem R$ 590.492 - quase 12 vezes mais que o empréstimo original.Embora seja difícil encontrar alguém nessa situação, pois os bancos tendem a negociar os débitos, o exemplo mostra como os juros no Brasil se desprenderam de qualquer parâmetro real. Nos 12 anos em que os juros sobre o crédito especial somaram 511.734%, a inflação acumulada foi de 201%.A diferença entre as taxas de juros e a inflação mostra o tamanho do ganho de quem, no início do Plano Real, vendeu um apartamento e outros ativos e aplicou o dinheiro em títulos públicos. Uma quantia de R$ 50 mil aplicada em fundos de renda fixa, vinculados aos Certificados de Depósitos Interbancários (CDI), valeria hoje R$ 446.635. Descontando a inflação, que faz os R$ 50 mil de 1994 equivalerem a R$ 150 mil em 2006, quem apostou nos juros altos conseguiu triplicar seu patrimônio original em 12 anos.O Brasil é o único país do mundo que manteve uma taxa de juro real (descontada a inflação) acima de 10% ao ano por 12 anos seguidos. Desde o início do Plano Real, a taxa básica de juro (Selic) não cai abaixo desse patamar. Em vários momentos, ultrapassou os 20% ao ano, como nas crises de 1997 e 1999.Economistas apresentam várias explicações para os juros altos, mas é quase unanimidade que uma das principais razões seja a pressão do setor público sobre o mercado, em busca de recursos para financiar seus gastos. "O setor público brasileiro gasta demais", sintetiza o economista chefe da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Roberto Troster."Não dá para termos um terço do PIB em gasto corrente do governo, que sistematicamente cresce duas a três vezes mais do que o PIB, ainda mais quando precisamos desviar uma fatia do crescimento para investimentos", avalia o economista Fernando Montero, da corretora Convenção.Para o ex-presidente do Banco Central Gustavo Loyola, parte da explicação está no excessivo endividamento do setor público. Ele observa ainda que, quanto mais alta é a dívida, maiores os riscos de inadimplência, percepção do mercado que é agravada pelo histórico do País, que já registrou até o confisco de ativos no governo Collor.Loyola alerta também para os riscos macroeconômicos do País, que embora tenham caído nos últimos anos, ainda criam incertezas entre os investidores. Ele destacou ainda o perfil do endividamento do setor público brasileiro, em que predominam títulos com prazo curto e com alta liquidez.POLÊMICAO Brasil é recordista também de "spread" bancário. Segundo a Febraban, as taxas de juros para pessoas físicas em junho estavam em 35,8% ao ano nas operações do crédito consignado, de 145,1% nas operações com cheque especial, 77,7% no crédito pessoal e de 57,5% nas aquisições de bens.A Febraban trava, atualmente, uma discussão com o governo sobre as razões de tamanha diferença. Na semana passada, Troster criticou duramente as medidas estudadas pelo governo para reduzir o spread bancário, anunciadas pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega. O economista foi desautorizado pela direção da Febraban, que disse ter Troster expresso uma opinião pessoal.

Dívida de R$ 1 mil em 1994 sobe para R$ 1,6 bi em 2006
Nenhuma aplicação financeira ganharia do juro cobrado pelo cheque especial no mesmo período
O brasileiro que devia R$ 1 mil no cheque especial em 1º de julho de 1994, no início do Plano Real, e não renegociou a dívida, migrando para linhas de crédito mais baratas, acumularia hoje uma dívida impagável. Simulação feita pelo vice-presidente da Associação Nacional dos Executivos de Finanças (Anefac), Miguel Ribeiro de Oliveira, a pedido do Estado, mostra que, 12 anos depois, a dívida que começou com R$ 1 mil seria hoje de R$ 1,6 bilhão. Para os cálculos, foi considerada taxa média mensal do cheque especial no período de 10,3%. “Éuma situação hipotética, uma dívida que nenhum banco se atreveria a cobrar”, diz Oliveira. No mesmo período, nenhuma aplicação financeira chegou perto do ganho que teria sido proporcionado ao setor financeiro pelo cheque especial. A melhor aplicação, em Fundos DI, rendeu R$ 14,5 mil. Na caderneta de poupança, o rendimento seria de R$ 4,2 mil.O lanterninha dos investimentos é o dólar. Por conta do real valorizado, para uma aplicação de R$ 1 mil em moeda americana o investidor teria rendimento de apenas R$ 1,1 mil.MÁRCIA DE CHIARA

Ensino que dá lucro

Na reportagem abaixo percebam que entre os nomes do Pitagóras encontra-se o do filósofo Renato Janine. Atualmente, além das atividades no Pitagóras, Janine também é Diretor da CAPES. Existiria conflito de interesse? Seria irônico o senhor Janine participar da CAPES, que cuida da pós-graduação no Brasil, e também ser professor de uma instituição de ensino que não quer fazer pesquisa? Ou será que seu nome foi utilizado inadequadamente pela instituição de ensino?

Ensino Superior que dá lucro

Reportagem do Estado de S. Paulo de hoje (21/08, p. A12) fala sobre as instituições de ensino que dão lucro.


Contra crise no setor, qualidade e boa gestão
Particulares sobrevivem em meio a vagas demais e alunos de menos
Renata Cafardo
Para seguir no concorrido mercado de ensino superior privado brasileiro, com vagas demais e alunos de menos, sobrevivem os bons não apenas em qualidade, mas em gestão. O último mês foi marcado por movimentos de universidades e faculdades para fugir da crise, com junção de instituições, dispensa de alunos e busca de capital no mercado financeiro. O Estado agora mostra o outro lado, de particulares que deram certo, contabilizando lucros e credibilidade no ensino.Por muito tempo, instituições de ensino superior faturaram relativamente fácil porque havia uma grande demanda reprimida, atendida com um boom no setor - entre 1994 e 2004, o número de instituições cresceu 200% no País. Dez anos depois, a situação se estabilizou e a oferta tornou-se excessiva. Sobrevivem os bons.A Faculdade de Campinas (Facamp) e o Ibmec São Paulo são exemplos disso. Os cursos, em números e em diversidade, se multiplicaram. Áreas exploradas pela Universidade Anhembi Morumbi, como moda e hotelaria, cresceram mais de 1.000%.“Além de crescer em ritmo maior que a demanda, tínhamos o romantismo do educador, dávamos bolsas para amigos”, diz o presidente do Sindicato dos Mantenedores de Estabelecimentos de Ensino do Estado de São Paulo (Semesp), Hermes Figueiredo. Só no Sudeste, o setor cresceu 104% depois que o Ministério da Educação (MEC) mudou as regras e permitiu a criação de novas universidades, faculdades e centros universitários. “Podem me culpar por aumentar a concorrência, não pelas instituições que não deram certo”, diz o ex-ministro Paulo Renato Souza, responsável pela expansão.RECEITAS DE SUCESSO“A gente não investe em tijolo”, conta o diretor de operações do Ibmec, José Antonio Capito. O campus de 10 mil metros quadrados e custo de R$ 50 milhões aberto neste ano na Vila Olímpia foi construído por outra empresa e alugado pelo Ibmec. “A demanda pode migrar para outra parte da cidade e perderíamos o investimento aqui”, justifica.“Cada vez que o aluno aperta o botão do elevador, perde-se dinheiro”, diz o economista João Manuel Cardoso de Mello, que inaugurou a Facamp em 2000 em prédios térreos. Com investimento inicial de US$ 6 milhões e 18 sócios, já dá lucros e começará a remunerar acionistas. “Ensino de qualidade barato é balela. É preciso pagar bons professores, novos currículos, ótima estrutura”, diz. As mensalidades de Ibmec e Facamp giram em torno de R$ 2 mil.Para o especialista em educação superior da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Abílio Baeta Neves, é possível oferecer qualidade não só para elite, mas as instituições precisam entender que os alunos não chegam com boa formação do ensino médio. “Uma saída é uniformizar os anos iniciais com cursos básicos, desenvolver currículos e material de apoio.” A Faculdade Pitágoras cresce apostando nisso. Cobra em média R$ 600 e tem programas feitos por nomes como Renato Janine Ribeiro ou Roberto DaMatta. “A orientação deles pode levar a uma aula melhor. É a industrialização do ensino”, diz o educador Claudio Moura e Castro, consultor do Pitágoras.


Qualidade do Ibmec ficou conhecida no boca-a-boca
Renata Cafardo
Em 2004, o Ibmec São Paulo, criado pelo investidor Cláudio Haddad e outros sócios, tornou-se uma instituição sem fins lucrativos. A faculdade já existia desde 1999, mas fazia parte de um grupo que tinha também filiais no Rio e em Minas.Hoje, sem vínculo com as outras empresas, tem uma receita de R$ 63 milhões, vindos exclusivamente das mensalidades pagas por cerca de 2.500 alunos e totalmente reinvestida.O Ibmec é atualmente o primeiro exemplo citado por muitos no País ao falar de ensino privado de qualidade. Quando surgiu, ficou conhecido por roubar grandes professores de instituições como Universidade de São Paulo (USP) e Fundação Getulio Vargas (FGV). Segundo o diretor José Antonio Capito, a escola focou apenas dois cursos, Administração de Empresas e Economia. Quase sem propaganda - como é de praxe entre instituições de excelência - foi ganhando status no boca-a-boca. Principalmente depois que os primeiros formandos deixaram a escola para as grandes empresas."Temos que manter o aluno satisfeito. Isso não quer dizer que fazemos o que ele quer, mas sim que temos de dar respostas", diz Capito. Segundo ele, 20% do orçamento é gasto com pagamento de professores, que são enviados freqüentemente à Universidade Harvard para se aperfeiçoar.Para os estudantes, existe a chamada nota por participação, já que são estimulados a se preparar previamente para as aulas e emitir opiniões. "Eles vão levar o sobrenome Ibmec para sempre. Não é como um carro, que ele compra agora e depois, quando vende, não tem mais vínculo nenhum com a empresa."


Anhembi faz parceria com instituição estrangeira
Renata Cafardo
Os 12 prédios da Universidade Anhembi Morumbi são propriedades particulares do reitor Gabriel Rodrigues. Ele os aluga para a instituição, que não é mais só dele. No ano passado, 51% dela foram vendidos ao grupo americano Laureate, no primeiro grande negócio envolvendo compra de instituição de ensino brasileira por capital estrangeiro. "A universidade vai crescendo e precisa de gente mais preparada. Não adianta mais só a família", diz Rodrigues.Para ele, que procurava há cinco anos um parceiro internacional, muitas instituições brasileiras cresceram sem qualquer planejamento e por isso estão em má situação hoje.Com uma receita bruta atual de R$ 245 milhões e consolidação em áreas novas, como Moda, Turismo e Gastronomia, a universidade agora se prepara para oferecer cursos feitos parte no Brasil, parte do exterior."O segredo é trabalhar com cabeça de administrador, definindo metas claras", completa o diretor acadêmico da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), Alexandre Gracioso. A instituição tem 3 mil alunos, mensalidade de R$ 1.650 e nunca cresceu mais que o planejado. Os três cursos - Administração, Design e Propaganda - tem um mesmo foco: o Marketing. "Temos obsessão de refletir em nossos programas o que está acontecendo nas empresas. Todo semestre há alteração no currículo", conta.Com receita anual de cerca de R$ 80 milhões, a ESPM inaugura até o fim do ano um novo prédio, que custou R$ 20 milhões. Uma das novidades é a abertura de um curso de Relações Internacionais, com foco em marketing, claro.


Facamp inova com currículo básico para todos os cursos
Renata Cafardo
Nos últimos meses, investidores internacionais tentaram comprar quatro vezes a Faculdade de Campinas (Facamp). E a instituição não está à venda, diz o diretor e proprietário João Manuel Cardoso de Mello. A Facamp tem hoje 1.500 alunos em quatro cursos - Administração, Economia, Jornalismo e Design - e só 2% de inadimplência, um recorde no setor. Com a alta rentabilidade, Mello já planeja abrir o capital da empresa na bolsa.Além de investir no treinamento do pessoal administrativo - o diretor recusou qualquer funcionário que já tivesse trabalhado em universidades porque "não queria vícios" - a Facamp tem currículos diferenciados. O período de aula é sempre integral e todos os alunos precisam cursar aulas de português, inglês e filosofia."Um professor tem que pedir a minha autorização para usar data show aqui. Isso é instrumento de gente preguiçosa, que fica só lendo a aula projetada", diz Mello. Ele conta que fez uma criteriosa análise de demanda antes de decidir em que áreas atuar e, no ano que vem, vai abrir o último curso, de Engenharia de Produção. "O currículo da Poli (Escola Politécnica) está atrasado; o nosso será de vanguarda. É uma carreira que está em ascensão no mundo todo, que junta administração e economia."Mello e seu sócio Luiz Gonzaga Belluzzo formavam a equipe econômica de José Sarney e também ajudaram a fundar o Instituto de Economia da Unicamp, hoje vizinha da Facamp. Ele oferece bolsas de estudo, mas tem consciência que oferece algo acessível para poucos. "Só dá para oferecer ensino de qualidade para os pobres se o Estado pagar."


Pitágoras evita pesquisa e investe só no ensino
Renata Cafardo
A Faculdade Pitágoras tem crescido tanto que já faz o caminho inverso das instituições brasileiras em prejuízo. Em 2001, surgiu como uma parceria entre a Apollo International, que mantém a Universidade de Phoenix e tem 150 mil alunos nos Estados Unidos, e o Grupo Pitágoras, um dos maiores do País no ensino privado. Há poucos meses, a parte americana foi comprada pela brasileira e a expectativa é aumentar dos atuais 6 mil para 50 mil alunos em 10 anos.O educador Cláudio de Moura e Castro, um dos mais conhecidos do País, assina o projeto pedagógico inovador que contrata grandes nomes para elaborar currículos e orientar os professores. Ele explica que o objetivo da Pitágoras não é se tornar uma universidade, como fizeram muitas das instituições no fim dos anos 90 quando mudaram as regras no MEC.Uma universidade, diferentemente da faculdade, pode criar cursos sem prévia autorização do governo, mas tem a exigência de fazer pesquisa. "Somos uma instituição de ensino, como são as écoles francesas. O setor privado brasileiro não tem financiamento para fazer pesquisa", afirma, citando as instituições estrangeiras que também não são universidades e formam em ensino superior.Para crescer tanto, Castro diz que a faculdade terá uma parte dos cursos a distância, incorporando as disciplinas básicas. "Temos que preparar o aluno para o primeiro emprego, estudando literatura, cultura brasileira, não adianta só focar em engenharia. Muitos deles vão mudar de área."

Os Maiores na Web 2.0


Eis os maiores sítios da Web 2.0, segundo o Seeking Alpha

20 agosto 2006

O Narcisismo e a Contabilidade


Qual a influência do narcisismo na contabilidade? Um estudo tentou verificar a influencia do narcisismo e foi apresentado no encontro anual da American Academy of Management. Este estudo procurou relacionar o efeito do narcisismo no desempenho da empresa.

Arijit Chatterjee e Donald Hambrick, da Universidade da Pensilvânia, estudaram o narcisismo em 105 empresas na área de computação e software. Para obter o narcisismo ele procuraram a existência de uma foto destacada do chefe no relatório anual, a sua presença nos comunicados à imprensa, o tamanho da sua entrada no "Who´s Who", a frequência do uso da primeira pessoa do singular nas entrevistas e a relação entre a sua remuneração e do segundo executivo mais bem pago.

Os autores encontraram que empresas com chefes narcisistas tendem a ter maiores mudanças (em termos de aquisição e fusão, investimentos em pesquisa e desenvolvimento etc) e seus resultados são mais extremados: grandes perdas ou grandes ganhos. Ou seja, o desempenho é mais volátil. Para os acionistas isto pode ser bom ou ruim.

A foto acima é de Larry Ellison. Qual a diferença entre Deus e Ellison? Deus não acredita que seja Ellison.

Fonte: The Economist, p. 51, 14/08/2006

O segredo do óleo negro


Qual a maior empresa de petróleo do mundo? A Exxon Mobil é a maior empresa em faturamento e em valor de mercado, com $412 milhões. Mas considerando a quantitade de reserva que a empresa possui, a Exxon é a 14a, muito distante da primeira colocada. Todas as 13 empresas com maiores reservas que a Exxon são National Oil Companies (NOCS), termo para designar empresas sob a influencia de um país. Estas empresas controlam 90% de óleo e gás do mundo e são responsáveis pela influencia nos preços. Apesar de terem maiores reservas e influenciarem o preço, as NOCS são mal gerenciadas, não sabem investir, sofrem influencia política e corrupção.

Um exemplo de um NOCS é a PDVSA, a empresa que controla o petróleo da Venezuela. A Venezuela exporta óleo desde o século XVI e nos anos de 1930 o país já era o segundo maior produtor do mundo. Na década de 1970 a Venezuela nacionalizou sua indústria. Entretanto, como os campos da Venezuela são difíceis de serem mantidos, o produto tem menor qualidade.

Outro problema da PDVSA é a influência política, em especial do atual governo Chávez. Isto torna a empresa ineficiente em relação a outras empresas. Nem todas NOCS possuem este problema mas em alguns países a dificuldade é séria. A Indonésia, por exemplo, tornou-se importadora de óleo em razão dos problemas da Pertamina.

São exemplos de bom desempenho, segundo a revista The Economist, as empresas da Malasia e do Brasil. Os dois países já possuiam uma economia forte e diversificada antes da descoberta de petróleo. Além disto, a revista considera que a competição ajuda muito. No caso da Petrobrás, mesmo com competição, como a empresa conhece mais as condições e geologia do solo brasileira, ainda assim existe uma grande vantagem em relação a outras empresas. Mas a presença de multinacionais ajuda a desenvolver parcerias e disseminar novas tecnologias e idéias.

Tanto o Brasil quanto a Malásia são citados como exemplos de países onde a existência de uma NOC não atrapalhou o desenvolvimento do petróleo. (Talvez a revista tenha esquecido os problemas da Petros na sua análise). Conforme a revista muito do óleo da Petrobrás vem dos campos da costa do Atlântico. Isto tem ajudado nas concorrências internacionais com outros países. A existência de muito petróleo não parece, portanto, requisito para competência. Pelo contrário, pode ajudar a criar a incompetência.

A importância da evidenciação


Reportagem da The Economist de 12 de Agosto comenta as diferentes atitudes dos governos com respeito a possíveis pandemias. Alguns países não gostam de confessar que estão passando por problemas na área de saúde e a revista lista alguns dos possíveis motivos para isto:

1. Alguns países acreditam que a informação pode causar pânico local e redução no fluxo dos turistas;
2. A FAO, uma organização da ONU, observa que o medo de perder as exportações seja outro fator;
3. Existe um terceiro motivo, pouco defensável, que é a vaidade. Pesquisadores e instituições acadêmicas e governamentais querem a glória e os recursos por solucionar o quebra-cabeça de uma nova epidemia, além da glória da primeira publicação.

Um bom estudo sobre as vantagens e desvantagens da evidenciação.