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14 agosto 2006

Vale tudo para

Outra reportagem do Estado de S. Paulo

Vale-tudo na disputa entre Banespa e Nossa Caixa por servidor público

Santander Banespa inicia ofensiva para não perder a conta de 600 mil funcionários públicos para a Nossa Caixa

Patrícia Cançado

O Santander Banespa e a Nossa Caixa começaram a travar, neste fim de semana, uma batalha comercial nas ruas de São Paulo. Em várias cidades do Estado, os dois bancos colocaram funcionários para trabalhar fora do horário comercial para disputar a mesma clientela.

O que está em jogo é a conta de 600 mil funcionários públicos estaduais, hoje nas mãos do Santander Banespa. De acordo com uma determinação do governo estadual, as contas de depósito de salário passarão para a Nossa Caixa até janeiro de 2007, com o início da transferência em massa previsto para agosto.

Esse é um duro golpe para o Santander, que pagou R$ 7 bilhões para comprar o antigo banco estadual Banespa, há seis anos, justamente para administrar a massa de clientes do funcionalismo público.

No ano passado, o banco já havia perdido a exclusividade das contas dos servidores da prefeitura de São Paulo para o Itaú. Agora seu direito às contas dos servidores expirou e está brigando para não deixar a Nossa Caixa levar sua principal freguesia.

A disputa esquentou no sábado, quando a Nossa Caixa abriu 40 agências em regime de plantão na capital e em cidades do interior. Já o Santander enviou seus funcionários para fazer marcação cerrada na porta das agências do concorrente.

“Estamos confiantes que vamos manter esses clientes, que são muito importantes para nós”, disse Flávio Netto, gerente geral da agência do Santander do bairro Freguesia do Ó, que passou o sábado em pé, debaixo de sol forte, distribuindo folhetos e conversando com clientes na porta da agência da Nossa Caixa.

SORTEIO DE CARRO
O Santander não pode evitar a migração das contas salário, mas quer convencer os servidores a manter suas operações financeiras no banco. Para isso, está fazendo de tudo, de visitas pessoais a promoções financeiras, além de iniciativas raras em bancos, como sorteios de carros e descontos em supermercados e postos de gasolina.

Na quarta-feira, o Santander promete lançar um pacote generoso de vantagens para o funcionalismo. O pacote deve incluir promoções no cartão de crédito, descontos de tarifas e empréstimos com taxas de juros mais baixas para os servidores.

Desde junho, o banco está premiando seus clientes fiéis. Todas as semanas, o Santander sorteia carros zero quilômetro e aparelhos de DVD. Até outubro, pretende entregar 46 carros e 576 aparelhos de DVD, no chamado “Programa Amigo”.

Os servidores começaram a receber também telefonemas dos gerentes oferecendo um cartão de crédito exclusivo para o funcionalismo. Além da anuidade gratuita, o cartão de crédito Premium oferece 2% de desconto em compras em postos de gasolina e supermercados.

“O cartão é parte de um compromisso com os clientes, mas o melhor ainda está sendo preparado. Esse programa é só um aperitivo”, diz Román Blanco, vice-presidente de Projetos Especiais do Santander Banespa.

“Eu recebi uma carta com uma oferta de cheque especial com limite maior e juros menores. O Banespa está fazendo agora coisas que nunca fez antes para nós”, diz Elizabeth Dutra, professora da rede estadual.

O banco está cercando os clientes como pode. Gerentes estão visitando servidores no trabalho. Para os clientes mais graduados, a visita é feita por executivos de primeira linha do Santander.

Enquanto o Santander tenta bajular de todas as maneiras a clientela, a Nossa Caixa segue confiante que, seis anos depois, os servidores voltarão a um banco estatal. Para recebê-los , a Nossa Caixa serve sucos e biscoitinhos em suas agências.

Risco Brasil

Reportagem do Estado de S. Paulo de hoje.

Brasil precisa de mais crescimento para ter 'upgrade'

Segundo as agências de classificação de risco, grau de investimento exige que País cresça bem mais que 3%

Patrícia Campos Mello

Se o próximo presidente da República quiser exibir o trunfo do "grau de investimento" durante seu mandato, ele vai ter que pôr o Brasil para crescer bem mais do que parcos 3% ao ano. E, para isso, o novo governo não vai escapar das dolorosas reformas necessárias, principalmente de um ajuste fiscal mais profundo e de maior qualidade.

Esse é o diagnóstico das três principais agências de classificação de risco, responsáveis pelo cobiçado carimbo de grau de investimento, que equivale a um sinal verde para os investidores e reduz o custo de captação de recursos. Tanto a Standard & Poor's, como a Fitch e a Moody's, que esquadrinham os indicadores econômicos dos países e as perspectivas das economias de 100 nações para elaborar seus pareceres.

Segundo analistas ouvidos pelo Estado, existe a possibilidade de o Brasil ser promovido a grau de investimento até 2010 - mas não será nada fácil. "A diferença é que, dois ou três anos atrás, seria impossível pensar no Brasil chegando a grau de investimento", diz Mauro Leos, da Moody's. "Agora, com todas as melhoras do País, já se pode falar nisso."

Para Lisa Schineller, diretora de rating soberano da Standard & Poor's, países na mesma faixa de classificação do Brasil hoje levam, em média, 5 anos para chegar ao grau de investimento. Mas o México levou 7 anos e a África do Sul, pouco menos que seis anos - os dois países têm taxas de crescimento relativamente baixas, semelhantes às brasileiras. Outros países, como a Rússia e o Casaquistão, chegaram ao grau de investimento em apenas 3 anos. Mas eles crescem muito rápido e foram beneficiados pelos altos preços do petróleo.

"O principal é melhorar o lado fiscal", diz Lisa. "Com a redução do endividamento e dos gastos do governo, além de diminuição da carga tributária, seria possível ter uma queda nas taxas de juros, que permitiria um crescimento mais acelerado."

Para Roger Scher, responsável pela área de Ratings Soberanos da América Latina da Fitch, o maior obstáculo para a promoção do Brasil a grau de investimento é o baixo crescimento do PIB. O crescimento médio do Brasil nos últimos 10 anos foi de 2% a 3%. Este ano, deve chegar a 3,5%. A média de crescimento dos países com a mesma classificação que o Brasil é 5,8%.

"É preciso fazer as reformas que vão possibilitar esse maior crescimento", diz Scher. Um crescimento maior ajudaria a reduzir a relação dívida PIB. Além disso, sem expansão mais rápida do PIB, será difícil equacionar o problema de má distribuição de renda no País e investir em infra-estrutura.

"O próximo governo precisa pôr na agenda um banco central independente, reforma trabalhista, tributária e da Previdência, se o País quer crescer mais e chegar a grau de investimento", diz Scher. Segundo ele, o "Brasil está correndo, correndo, só para ficar parado no mesmo lugar." "Para realmente andar pra frente, precisa fazer mais do que está fazendo, e isso implica reformas estruturais." Scher diz que, desde 2004, não há avanço nas reformas.

Mesmo assim, há que se dar o crédito devido. A promoção para grau de investimento nunca esteve tão próxima, por causa de uma série de progressos dos últimos anos. A principal foi a redução da vulnerabilidade externa - o Brasil passou de déficits em conta corrente para superávit, graças ao ótimo desempenho das exportações. Houve também uma melhora da estrutura da dívida doméstica, com redução da parcela indexada à taxa Selic, eliminação da parte atrelada ao dólar e aumento dos prazos. Mesmo a relação dívida PIB, ainda alta em cerca de 50%, era de 70%. A dívida externa do setor público caiu de 100% do PIB para menos de 20%. "O setor público se desalavancou", diz Lisa.

BRICs
Fora o Brasil, todos os outros chamados BRICs são grau de investimento. Um relatório preparado por economistas da Goldman Sachs há três anos projetou que Brasil, Rússia, Índia e China (batizados de BRICs) terão o maior crescimento entre os países do mundo e se tornarão as maiores economias globais neste século.

Entre os BRICs, a China é a que tem a melhor classificação, seguida de Rússia e Índia. "O fato é que o Brasil ainda é mais arriscado do que todos os outros BRICs, em termos de capacidade do governo de pagar suas dívidas", diz Lisa.

A China, por exemplo, tem um sistema financeiro problemático, cheio de créditos podres, e riscos políticos, por causa do regime autoritário. Mas a inflação do país e a dívida do governo são muito baixas (ver arte) e a economia cresce 10% ao ano. E, o principal: tem reservas de mais de US$ 800 bilhões, que deixam qualquer credor tranqüilo.

A Rússia também tem riscos políticos e problemas de propriedade privada, como mostrou o caso Yukos. Mas o país tem enormes reservas de petróleo, o governo tem um superávit nominal do orçamento de mais de 6% do PIB e um superávit em conta corrente de 10,6%.

A Índia é o caso mais controverso, porque tem problemas de déficit orçamentário, infra-estrutura e legislação trabalhista. O déficit do governo foi de 7% do PIB, superior ao brasileiro, e a relação dívida bruta sobre o PIB é de 82,5%, também acima do Brasil. Mas o país praticamente não tem dívida externa, sua taxa de juro real é baixa e a poupança é alta. E, principalmente, a Índia cresce 8% ao ano. "Com essa taxa de crescimento, a Índia terá a mesma relação dívida PIB que o Brasil em três anos", diz Scher.

Risco Brasil na Avaliação

Qual o impacto do risco Brasil no processo de avaliação de empresas? O risco Brasil interfere negativamente pois imagina-se que fazer negócios no nosso país não é tão seguro quanto num país desenvolvido.

O risco Brasil é considerado na taxa de desconto e temos três formas de cálculo

1 - Utilizando uma taxa de desconto como se a empresa estivesse operando num país desenvolvido e acrescentando, ao final, a diferença de risco em termos percentuais. Neste caso o título sem risco é o do governo norte-americano e o beta é o da empresa no mercado local;

2 - Utilizando uma taxa de desconto como se a empresa estivesse operando num país desenvolvido, mas utilizando o beta da empresa na bolsa norte-americana. Neste caso utiliza o título sem risco do governo norte-americano e o risco estaria no beta;

3 - Utilizando o título sem risco do Brasil (CDI, por exemplo) e o beta da empresa no mercado acionário brasileiro. Neste caso não é necessário nenhum acréscimo adicional.

Em todos os casos, o reflexo do risco Brasil está numa taxa de desconto maior para nossas empresas, o que reduz o valor.

Qualquer notícia de redução do risco Brasil significa que nossas empresas passam a ter uma valor maior.

13 agosto 2006

Só na Suiça bancos têm rentabilidade maior

Reportagem do Estado de 13/08 aponta que a rentabilidade dos bancos brasileiros é enorme:

"Os bancos brasileiros só perdem em rentabilidade - e por uma pequena diferença - para os suíços. São tão eficientes quanto os melhores do planeta, mas gastam muito para fazer frente ao calote."

"O trabalho revela que as altas taxas de juros cobradas no Brasil são um fardo pesadíssimo para o devedor e acabam tendo impacto negativo sobre as operações das instituições financeiras."

"EFICIÊNCIA - É medida pela divisão das despesas operacionais pelas receitas operacionais. (...) Nesse quesito, os bancos brasileiros atingiram eficiência comparável à dos grandes bancos internacionais."

"CUSTO OPERACIONAL/ATIVOS - (...) Os bancos brasileiros apresentam a pior posição. (...) por trás desse mau desempenho está o elevado nível de calote dos devedores, o que, por sua vez, decorre dos juros excessivamente altos."

"Rentabilidade - É tão alto o retorno dos bancos brasileiros que em apenas quatro anos os lucros dobram o patrimônio. "

"Provisões - Essas provisões são campeãs do mundo (16,9% contra média de 4,5%). De novo, isso ocorre porque os juros cobrados são o que são. Mas não é só isso. Há razões para acreditar que as provisões dos bancos brasileiros estejam inchadas porque eles escondem parte dos lucros."

"é inevitável o prosseguimento da concentração. Segunda, Banco do Brasil, Itaú, Bradesco e, talvez, Unibanco "terão de aumentar a atuação no exterior para ganhar escala e amplitude geográfica"."

Clique aqui para ler a reportagem toda

As diversas conclusões da Ciência


Reportagem de hoje do Estadão questiona as contradições das pesquisas científicas. Utilizando exemplos das ciências da saúde, a discussão ficou bastante interessante.

A ciência é assim mesmo. Essas discussões só se resolvem ao longo do tempo", afirma Flavio Edler

Estas confusões são resultados do aumento no número de pesquisas, como aponta o texto. Mas existe também o fato de que as pesquisas tornaram-se mais específicas. O exemplo disto é o efeito do café. Uma pesquisa da UnB apontou que o café é benéfico. Mas a conclusão ainda está em elaboração.

Um dica da reportagem é acreditar nas pesquisas que foram repetidas. Atenção para o quadrinho abaixo da reportagem, onde o professor Dórea da UnB fala sobre a abordagem sistemática de resultados, um nome elegante para a replicação de uma pesquisa já realizada.

Toda a discussão também é válida para área da contabilidade financeira.

Clique aqui para ler a reportagem

Market timing

Artigo enviado por Ricardo Vianna

"Market timing" e a análise fundamentalista de ações
Letícia Caravaggi
09/08/2006

Comprar ações quando começam a subir e vendê-las no início da baixa é uma regra simples e fundamental para ganhar dinheiro no mercado acionário de qualquer lugar do mundo. Basta saber identificar o início do movimento de alta ou de queda e estar atento à tendência do mercado. Conhecido como "market timing", essa é uma das estratégias amplamente utilizadas por gestores e investidores. O presente artigo não tem a pretensão de discorrer a respeito do sucesso ou não dessa estratégia, mas sim apontar que, para aqueles que seguem a filosofia fundamentalista e almejam retornos de longo prazo, o "market timing" se torna praticamente irrelevante.

A maioria dos praticantes do "market timing" utiliza ferramentas de análise técnica, também chamada de análise gráfica, para a definição de tendências e de padrões de comportamento dos preços com base no passado, os quais direcionarão sua alocação de portfólio. Os gestores fundamentalistas são aqueles que, por filosofia, procuram empresas sub-avaliadas e que, no longo prazo, tendem a refletir o valor justo do negócio. Dentro desse contexto, o "timing" de entrada torna-se pouco importante. Na verdade, para os fundamentalistas, ele está diretamente relacionado à identificação dessas ações e à análise do seu potencial de valorização ("upside"), este sim, fator decisivo para um papel fazer parte da carteira de investimento (estratégia de "stock picking", que consiste na escolha de ações com destacado potencial de valorização através de critérios técnicos e/ou fundamentalista). Desta forma, o investidor que almeja retornos consistentes no médio e longo prazos não deve se ater ao histórico do ativo e ao seu nível atual de preço, mas sim na sua capacidade de gerar resultados ainda melhores no futuro.

Por exemplo, uma ação cujo "upside" é expressivo (expressivo, nesse caso, significa com potencial de valorização necessariamente maior do que o do Índice Ibovespa, caso contrário, não justificaria sua compra) com bons fundamentos, mas que já tenha um passado vitorioso, ainda pode ser uma excelente opção de investimento.

A escolha criteriosa dos ativos é fator determinante para o sucesso dos investimentos. A volatilidade do mercado, entretanto, não deve ser desprezada. Aproveitar-se de distorções exageradas de preços para reforçar ou diminuir a exposição em um determinado papel é uma forma de potencializar o retorno da carteira. Importante deixar claro que não estamos falando em acertar o momento de entrada ou saída, mas apenas giros de curto prazo a partir de oscilações nos "upsides" das ações.

Para seguir essa filosofia fundamentalista, uma análise profunda e cuidadosa das empresas é o trabalho de base que envolve tanto critérios quantitativos como qualitativos. O conhecimento do mercado no qual ela está inserida, sua estratégia, vantagens comparativas e riscos do negócio são essenciais para a definição mais precisa possível do seu valor justo (entenda-se como o valor esperado para os próximos doze meses, descontando o fluxo de caixa projetado ao custo médio ponderado de capital). A utilização de mais de um modelo de avaliação (múltiplos de mercado, fluxo de caixa), aliado ao acompanhamento da empresa e constantes revisões de sua projeção faz com que as chances de sucesso nos investimentos em ações sejam ainda maiores.

Por último, cabe destacar que, em nenhum momento, estamos considerando excludente a utilização da estratégia de "market timing" com a escolha de empresas a partir de análise fundamentalista. A idéia em si é mostrar que, para aqueles que procuram rentabilidade de longo prazo, o importante é saber reconhecer se a ação realmente está sub-avaliada e, por isso, tende a corrigir seu preço ao longo do tempo. Além disso, negar a eficiência e o sucesso dessa estratégia também seria um erro muito grave, principalmente considerando a vasta utilização que ela tem por gestores de renda variável. Investidores, no entanto, devem estar conscientes do seu risco. É preciso, sim, estar atento à volatilidade do mercado, mas tentar antecipar tendências, nesse caso, demanda um esforço irrelevante nesse tipo de investimento.

Letícia Caravaggi é gestora da Focus Invest
E-mail letícia@focusinvest.com.br

Este artigo reflete as opiniões do autor, e não do jornal Valor Econômico. O jornal não se responsabiliza e nem pode ser responsabilizado pelas informações acima ou por prejuízos de qualquer natureza em decorrência do uso destas informações.

Valor Econômico

Custo da Sox


Uma legislação contábil pode afastar as empresas do mercado aberto. Isto já foi discutido exaustivamente na contabilidade e a legislação conhecida como SOX é uma boa oportunidade para novos estudos. Existem discussões sobre os efeitos da SOX, criada após os escandâlos contábeis da Enron e outras grandes empresas norte-americanas, e o custo contábil.

Um dos efeitos da SOX tem sido o desinteresse das empresas estrangeiras pelo mercado norte-americano. A reportagem a seguir mostra este problema e foi publicada no dia 11/agosto na Gazeta Mercantil:

Governança Corporativa - SEC flexibiliza Sox e tenta estancar fuga de Wall Street

São Paulo, 11 de Agosto de 2006 - Alongamento de prazos pode interessar a uma parte das empresas brasileiras. A Securities and Exchange Comission (SEC), órgão regulador do mercado de capitais nos EUA, voltou a flexibilizar nesta semana as exigências da lei Sarbanes-Oxley (também conhecida por Sox) para empresas já listadas ou que pretendam lançar ações nas bolsas de Wall Street.

Foi a segunda vez que a instituição ampliou os prazos para as companhias se enquadrarem à seção 404 da lei, que exige detalhada certificação dos controles das companhias listadas contra fraudes e erros contábeis, item apontado como o principal inibidor de novas emissões, dados os custos embutidos. Profissionais de grandes empresas de auditoria calculam que essa exigência custa entre 0,5% a 5% do faturamento anual, dependendo do tamanho da empresa.

O grau de flexibilização depende do tamanho das empresas. Na prática, nada muda para aquelas com valor de mercado superior a US$ 700 milhões, o que significa 18 das 35 companhias brasileiras com ADR em Nova York. Três delas já se anteciparam e estão quites com a exigência: Itaú, Braskem e GOL.

Companhias cuja capitalização vai de US$ 75 milhões a US$ 700 milhões terão que apresentar no começo do ano que vem uma certificação feita internamente. A certificação de uma auditoria independente agora só será obrigatória um ano depois. "Empresas nessas condições estão estudando se vão utilizar esse prazo adicional, porque em algumas o trabalho da auditoria já começou", diz o sócio da KPMG nas áreas de governança corporativa e gerenciamento de risco, Sidney Ito.

A SEC ainda colocou em audiência pública uma proposta de estender em um ano, até o início de 2009, o prazo estabelecido para que empresas com capitalização inferior a US$ 75 milhões também apresentem a certificação feita internamente pelo conselho, sugestão que vale igualmente para companhias norte-americanas. O órgão regulador também propõe que as novas empresas, independente do tamanho, só sejam sujeitas à seção 404 em seus balanços divulgados no ano seguinte à abertura de capital, além de sinalizar com facilidades adicionais a serem adotadas nos próximos meses.

O objetivo é combater o desinteresse das empresas, especialmente de fora do país, pelo mercado norte-americano, desde a vigência da Sarbanes-Oxley, lei societária que surgiu em resposta aos escândalos que resultaram na quebra da Enron e da WorldCom. No ano 2000, nove em cada dez IPO de grandes empresas não americanas listaram-se em Nova York. No ano passado, 24 das 25 maiores optaram por outros mercados, especialmente Londres e Luxemburgo.

"As medidas reduzem os custos iniciais das empresas que estão abrindo o capital, permitindo diferir parte dos custos em mais tempo", diz Bruce Mescher, sócio da área de auditoria da Deloitte.

(Gazeta Mercantil/Finanças & Mercados - Pág. 3)(Aluísio Alves)