Translate

03 agosto 2006

Livro de Graça

O último livro do William Sharpe, Nobel de Economia, está disponível gratuitamente na internet.

Efeito Cinto

Quando temos uma teoria para comentar é interessante dar uma nome.

A utilização do cinto de segurança induz as pessoas a dirigir de forma menos segura. Uma outra pesquisa mostrou que motoristas de veículos com tração nas quatro rodas (4WD)tem maior probabilidade de usar telefone celular. E o uso de celular está associado ao aumento do risco de acidente. Embora os veículos 4WD sejam mais seguros numa batida, os seus donos e as pessoas dos outros veículos passam a ter mais risco de acidente. O risco aumenta pois as pessoas pensam que estão mais seguras e podem ver melhor.

Este fenômeno já tinha sido observado antes por autores de controladoria. Simmons afirmava que quando temos um sistema de freio adequado num automóvel podemos correr mais rápido. Ele utilizava esta comparação para ressaltar a importância de um sistema de controle interno numa empresa. Ter um bom sistema de controle pode significar que a empresa pode correr mais rápido.

Será possível que esta analogia pode ser transferida para os bancos? Ao desenvolverem sistemas de risco, os bancos estão talvez aumentando o risco sistêmico. Para reflexão...

01 agosto 2006

Política afeta o valor da empresa?

Pode a política aumentar o valor de uma empresa? Esta questão foi estudada recentemente por três pesquisadores da Universidade da Carolina do Norte, Eitan Goldman, Jorg Rocholl e Jongil So. Estes pesquisadores decidiram verificar se uma eleição apertada, onde uma empresa que escolheu apoiar o partido vencedor, teve ganho de valor após a sua escolha acertada.

Para isto escolheram a eleição presidencial dos Estados Unidos de 2000, que foi decidida por uma margem pequena de votos. Já se sabia que em países onde o sistema legal é fraco e existe um maior nível de corrupção, que a ligação com o sistema política era importante para o sucesso de uma empresa. Mas este aspecto ainda não tinha sido testado num país com um sistema político estável e um capitalismo desenvolvido.

Os autores fizeram uma analise das 500 maiores empresas norte-americanas e sua conexão com um dos dois partidos: o republicano, vencedor das eleições de 2000, ou o democrata. Para determinar a conexão de uma empresa com um dos dois partidos os autores utilizaram duas medidas:

a) a participação no seu conselho de um membro de um destes partidos; e
b)o volume de doações realizadas para os partidos.

O resultado comprova a existência de uma estreita ligação entre o desempenho da empresa e sua ligação com o partido republicano, o vencedor das eleições. O desempenho da empresa é medido pelo comportamento do mercado, basicamente o preço das ações. Se este preço aumenta considera-se que o valor aumentou e o desempenho melhorou.

A ligação foi considerada como estatísticamente significante, mesmo quando os autores isolaram os efeitos no valor de outras variáveis como tamanho e setor.

A explicação para a ligação entre a política e o valor da empresa pode ser explicada pela percepção que os investidores possuem de que uma empresa ligada ao partido vencedor irá receber maiores benefícios futuros. Existe, no entanto, uma outra explicação. Quando uma eleição é apertada, uma empresa irá apoiar o partido que adotará políticas que serão mais benéficas para sua atuação futura. Por exemplo, uma empresa na área de defesa irá apoiar o candidato que possui maior possibilidade de aumentar os gastos com armamentos. A eleição deste candidato reflete naturalmente no mercado.

Um artigo muito interessante que sugere uma pesquisa que ainda necessita ser realizada no Brasil: a conexão entre os conselhos das empresas e a ligações com a burocracia.


(*) Does Political Connectedness Affect Firm Value? - Trabalho apresentado no encontro de finanças AFA 2007 e disponível em http://ssrn.com/abstract=891426 em PDF e inglês.

Banco Imobiliário aceita cartão de débito


Segundo o sítio Bluebus, o Banco Imobiliário, numa nova versão lançada na Inglaterra, denominada Monopoly, substituiu o papel moeda por cartões de débito. A operação foi bancada pela Visa, que assim promove o seu cartão. Os jogadores digitam o valor num terminal e passam o cartão para finalizar a operação.

É uma idéia para reforçar a idéia do uso do cartão de débito, que cada vez mais ganha novos adeptos.

Ver a notícia do sítio do dia 27/junho

31 julho 2006

Relatório Anual, Facilidade de Leitura, Lucro e Retorno das ações

A pesquisa das informações contábeis divulgadas por uma entidade geralmente foca principalmente os números do balanço patrimonial e da demonstração do resultado. Pouco se tem avançado nas outras informações constantes das demonstrações financeiras, incluindo aqui o relatório de administração, as notas explicativas e outras informações, quantitativas e não quantitativas.

Um excepcional esforço tem sido feito pela pesquisadora Fernanda Fernandes Rodrigues, que defendeu sua dissertação de mestrado na área de relatório de administração. A pesquisa de Rodrigues centrou nas caraterísticas do texto deste relatório e a relação com o desempenho da empresa.

Uma pesquisa no mesmo sentido foi recentemente divulgada por um pesquisador norte-americano, professor da Universidade de Michigan, Feng Li. Com o título Annual Report Readability, Earnings, and Stock Returns, Li tentou verificar a importância do relatório anual ser facilmente legível, tentando responder se existe uma relação entre a legibilidade e o desempenho.

Inicialmente é importante destacar que a determinação de legibilidade é uma tarefa difícil. Usualmente utiliza-se valores quantitativos, tais como número de sílabas por palavra ou número de palavras por frase. O trabalho de Li contou com uma análise em mais de 50 mil empresas-ano e utilizou diversas medidas de legibilidade. Em particular, o índice de Fog, desenvolvido por Robert Gunning, e o índice de Kincaid.

De uma maneira geral, os resultados de Li mostrou que os relatórios são ilegíveis no que diz respeito ao valor obtido pelo índices de Fog e de Kincaid. Em especial as grandes empresas e empresas em crescimento possuem relatórios mais incompreensíveis do que outras empresas.

De igual modo, empresas com maiores lucros possuem relatórios mais fáceis de serem lidos. Em outras palavras, empresas com prejuízos fazem textos mais incompreensíveis. E empresas que apresentam um aumento no lucro passam a ter uma maior legibilidade no conteúdo do relatório.

Um trabalho como o de Feng Li é importante como estudo da evidenciação contábil, a qualidade da mesma e o desempenho da entidade.

Quantidade de Valores a Receber

Contabilidade Financeira

Uma grande quantidade de valores a receber é bom ou ruim? Particularmente não concordo muito com análises simplistas do tipo "quanto maior, pior" ou "quanto maior, melhor". A análise econômico-financeira é mais complexa do que esta receita de bolo.

Entretanto, ter uma grande quantidade de valores a receber, quando se compara com a média de um setor, pode revelar aspectos negativos da empresa: uma baixa capacidade de reter clientes com outros mecanismos, uma necessidade de financiamento do ciclo operacional, além do aumento do risco operacional pelo não pagamento dos clientes.

Esta questão da quantidade de valores a receber foi apresenta por um analista de mercado, George Gutowski, ao analisar a empresa Callaway Golf´s.

Clique aqui para o comentário em inglês

26 julho 2006

Pesquisa e valor presente

Contabilidade Financeira

Uma pesquisa científica da Harvard Alumni Study mostrou que a cada hora gasta em exercício físico (correr, nadar etc) (mais de 30 horas por semana) adiciona duas horas na expectativa de vida do indivíduo.

Greg Mankiw faz dois comentários pertinentes sobre esta pesquisa. O primeiro, é que uma pesquisa deste tipo deixa de considerar o "desconto". O "custo" do exercício é pago hoje e o "benefício" ocorre no final da vida do indivíduo, daqui a 30 ou 40 anos.

O segundo é mais importante e diz respeito a uma questão metodológica da pesquisa: se aqueles que fazem exercício físico tem menos probabilidade de sofrer um ataque do coração isto prova que a atividade física regular é boa para o coração? Ou simplesmente indica que um bom coração e uma boa saúde induz o indivíduo a fazer exercício regularmente?

A resposta para a segunda questão talvez não seja tão simples. Imagine que uma pessoa só é liberada pelo seu médico para fazer a atividade física após um exame no coração. Caso contrário, o médico não recomenda a atividade física. Nesta situação, a relação causa-efeito pode ser questionada.