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21 junho 2006

Conselhos de um Econometrista

Com o crescimento dos trabalhos empíricos, a facilidade de acesso a programas estatísticos e a pressão para publicar, estão surgindo cada vez mais trabalhos quantitativos de pesquisa em contabilidade. Em alguns desses trabalhos é perceptível a existência de falta de conhecimento na área quantitativa; em outros, a falta de reflexão sobre o tema pesquisado.

Talvez por esse motivo, o paper de Peter Kennedy, publicado no Journal of Economic Surveys, vol 16 , n. 4, em 2002, seja útil. Kennedy apresenta algumas recomendações interessantes e num determinado ponto o autor diz que:

"Um comentário de Ronald Coase que ´se você torturar um dado o suficiente, ele irá confessar´"

Ou seja, a ferramenta econométrica pode ser utilizada para provar o improvável. Nesse sentido, o autor chama a atenção para a necessidade de produzir a resposta correta para a pergunta errada.

Além disso, Kennedy enfatiza a necessidade de conhecer o que está sendo pesquisado. Isso inclui conhecer os dados: como foram gerados, como foram selecionadas as amostras, o que são as variáveis, como foram tratadas, etc. "Dados são números com um contexto. Conheça o contexto" afirma Kennedy. Isso inclui inspecionar as informações, fazer estatísticas descritivas, plotar gráficos, estudar o sentido da significância estatística dos resultados, relatar uma analise de sensibilidade (publicando todas as regressões rodadas, relatando o efeito no resultado de uma redução no período de tempo da pesquisa, por exemplo) etc.

Futebol 10

Do Jornal Valor Econômico de 21/06/06:


Opções de Brasil caem 17% desde a estréia

Por Adriana Cotias
Investidores dos quatro cantos do planeta não perdoaram a tímida atuação da seleção brasileira nos dois primeiros jogos da Copa do Mundo e as opções de Brasil campeão perderam mais de 17% da cotação que tinham às vésperas do início do campeonato. Ontem, eram negociadas com um intervalo de US$ 21,3 e US$ 21,8 para compra e venda, respectivamente, ante os US$ 26,2 e US$ 26,3 de 5 de junho, segundo o site Tradesports.com. O valor máximo pode chegar a US$ 100, o que representa a escala de probabilidade que vai até 100% para um time vencer o torneio.

Mesmo assim, o pelotão repleto de celebridades comandado por Carlos Alberto Parreira ainda se mantém no topo dos favoritos. A seleção da Argentina, por sua vez, foi a que mais se valorizou de lá para cá, refletindo a boa estréia na partida contra a Costa do Marfim e, principalmente, a goleada de 6 a 0 no embate com o time da Sérvia e Montenegro. As opções mais do que dobraram de valor e ontem eram negociadas a US$ 19,4 e US$ 19,8 para compra e venda, respectivamente, em comparação aos US$ 9,6 e US$ 9,8 do período que antecedeu o início do torneio mundial.

Com o atual nível de preços, a seleção argentina passou a ocupar a segunda posição entre as mais cotadas para erguer a tão almejada taça na final de 9 de julho, desbancando Alemanha e Inglaterra, que passaram ao terceiro e quarto postos - trocando também as posições entre si, já que a Inglaterra abriu o campeonato como a segunda favorita. A Espanha, que estreou bem, com quatro gols contra a Ucrânia e depois bateu a Tunísia por 3 a 1, teve valorização de 81%, cotada a US$ 9,4 e US$ 9,6, ante os US$ 5,2 e US$ 5,3 de 5 de junho.

Perdas significativas tiveram ainda os contratos sobre opções da Itália, com desvalorização de 10,8%, cotados a US$ 7,1 e US$ 7,4, e, os da França, com perda de quase 44%, negociados a US$ 3,6 e US$ 3,9, após dois empates, um contra a Suíça e outro em que teve a Coréia do Sul como rival. Já viraram pó e não dão mais jogo as seleções desclassificadas antes mesmo do fim da primeira fase do mundial: Costa do Marfim, Sérvia e Montenegro, Polônia, Irã e Togo.

Já nos bastidores do mercado local, quem vendeu opções de Brasil e comprou as da Argentina - a melhor arbitragem dada a distorção de preços - já embolsa lucros. Antes de o campeonato iniciar, a seleção brasileira era negociada nas mesas de operações nacionais num intervalo de R$ 31 e R$ 33 (para cada R$ 100), ante os R$ 12 e R$ 13 da Argentina. As opções da seleção argentina agora saem a R$ 19 e R$ 20. Já as de Brasil campeão ficam entre R$ 29 e R$ 30.

As transações com opções de Copa do Mundo replicam aquelas pactuadas entre dois investidores no mercado real, mas a diferença é que não há um ativo para entregar no final como ocorreria com opções sobre ações. Se, por exemplo, uma das partes paga R$ 30 pelo Brasil, ela terá direito a R$ 100 se a seleção for campeã, embolsando um lucro de R$ 70 por contrato. Caso contrário, a ponta "vendida" (que apostou na derrota) em Brasil ganha o prêmio de R$ 30 e o outro fica com as mãos abanando.

No Brasil, as apostas são informais, realizadas na base da confiança, e não há um mercado organizado ou legal que centralize cotações ou ordens de compra e venda. A possibilidade de inadimplência é grande, mas, em geral, os operadores levam a sério os compromissos assumidos porque continuarão negociando ativos entre si depois do fim do torneio. Após os pregões da Bovespa e da BM&F, eles negociam de tudo: de candidatos a vencer o Big Brother Brasil a eleições.

Nas bolsas de apostas internacionais, as transações são formais e há até a possibilidade de se pagar os prêmios usando cartões de crédito. A variedade de opções de Copa é grande e chega a detalhes como o número de gols de cada time nas partidas, o total em todo o torneio, candidatos a artilheiros e, no caso brasileiro, há até contratos que embutem a possibilidade de Ronaldo, o fenômeno, começar a partida contra o Japão jogando ou não. Por enquanto, as cotações apontam como hipótese mais provável que ele fique no banco de reservas quando soar o apito que dará início ao jogo contra a seleção capitaneada por Zico amanhã.

E pelo andar das apostas no site inglês Ladbrokes.com, Adriano é o mais bem cotado para ser o goleador brasileiro, seguido por Kaká, Fred e Ronaldinho. Ronaldo ocupa apenas a quinta posição entre os favoritos a balançar as redes para o Brasil. Na comparação com outros times para o posto de artilheiro da Copa, Adriano tem o quarto lugar, atrás do espanhol Fernando Torres, de Miroslav Klose, da Alemanha, e de David Villa, também da Espanha. A previsão é que a seleção brasileira faça mais de dez gols ao longo do campeonato.

20 junho 2006

Como utilizar uma figura

























Quando estamos produzindo qualquer material, um dos princípios fundamentais é ser claro com o leitor. Um exemplo interessante sobre como fazer e como não fazer pode ser encontrado no sítio Creating Passionate Users

O que a segunda figura diz? Sugestões: "cada ser humano não pode ter mais de dois cães sob seu controle"; ou "você pode ter um cachorro alemão, um Sheepdog, mas não um Spaniels".

No caso da figura, considerando que a resposta seja a primeira alternativa. Nesse caso, o que se deve fazer? O sítio propõe uma figura alternativa (a primeira mostrada aqui) e explica as razões da mudança:

=> Utilizar somente um tipo de cachorro. O melhor seria usar uma representação de um cachorro, sem preocupação com a raça. Nesse caso, diferença na imagem pode ser representada como uma informação significativa.

=> Incluir uma pessoa na figura, preferencialmente uma representação. O sítio coloca uma representação feminina, mas acho que a solução ainda assim não é adequada. Parece que está informando que "somente mulheres podem ter até dois cachorros", levando a pensar que para o sexo masculino isso não seria válido.

=> Fazer um "x" na figura onde existem três cachorros.

Como o risco de um país afeta a estrutura financeira

A empresas multinacionais adotam estratégias diferenciadas de acordo com o risco do país onde estão investindo. Segundo um trabalho divulgado por Desai, Foley e Hines Jr, denominado Capital Structure with Risky Foreign Investment, as empresas multinacionais administram sua estrutura de capital diante do risco do ambiente externo.

Os autores utilizaram mais de vinte mil observações para concluir que a estrutura financeira dessas empresas varia de acordo com o risco do país onde é feito o investimento. Isso é feito de duas formas. A primeira, através da redução do volume de recursos de capital próprio em ambientes mais arriscados. Nesse caso, as filiais são mais alavancadas (mais endividadas) do que a matriz.

Além disso, essas empresas também dividem as operações no estrangeiro com investidores locais. Entretanto particularmente tenho dúvidas se o uso de parceiros locais decorre da redução do risco ou se não seria uma forma de entrar no mercado.

Uma outra estratégia dessas empresas é utilizar a exportação para os países com risco como uma forma de reduzir a produção local, e consequentemente os investimentos.

O texto indica existir uma relação entre o risco do negócio e a estrutura de capital.

19 junho 2006

Auditoria do FMI e a crise da Argentina

Uma reportagem do Jornal do Comércio sobre a auditoria do FMI e a crise da Argentina.

Auditoria - Relatório aponta erros cometidos pelo FMI na Argentina

Da redação, com agências

Um estudo de um trio de especialistas independentes contratados pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) avaliou que o órgão manipulou e sonegou informações para proteger o próprio staff, esconder seus erros e acentuar a responsabilidade dos governantes da Argentina pelo colapso econômico ocorrido em 2001. O relatório divulgado na semana passada é mais uma sessão de análise da atuação do Fundo durante crise do país vizinho, que acabou levando a própria instituição para o divã. O FMI passa por uma crise sem precedentes em suas mais de seis décadas de existência, tanto financeira quanto de identidade.

O informe é uma espécie de "auditoria da auditoria" e põe em xeque os mecanismos internos do organismo multilateral. Os especialistas revisaram o trabalho da Oficina de Avaliação Independente OEI, na tradução do ingês) do FMI em dez países, incluindo a Argentina, para concluir que, no caso do país vizinho, o Fundo sonegou informações a seus auditores e os induziu a erros de análise.

"O staff manteve reservada informações do caso argentino. Não lhes informou (aos auditores da OEI) sobre as bases de um entendimento com Domingo Cavallo", diz o texto. Cavallo era então o ministro da Economia argentino, responsável pela política de conversibilidade (um dólar equivalente a um peso), arrastada até o fim de 2001.

Segundo o relatório, naquele ano houve discussões com Cavallo sobre a possibilidade de fazer mudanças estruturais na política econômica se as reservas chegassem a um nível muito baixo. Essas conversas não foram divulgadas suficientemente nem a própria OIE as apontou, segundo o informe.

O estudo é categórico ao dizer que o relatório da OEI sobre a crise argentina "acomodou" suas conclusões para proteger os diretores do FMI. "O rascunho sobre as razões que levaram ao colapso argentino se foca nos erros de análise por parte do staff e dos diretores do FMI: a versão final do parágrafo, porém, se centra nos erros de avaliação das autoridades argentinas", diz o grupo de especialistas liderado pela ex-diretora do FMI, Karin Lissakers. O governo argentino, que mantém tensa relação com o Fundo, não comentou o relatório, que ataca a gestão da "dama de ferro" Anne Krueger.

Para o presidente argentino, Néstor Kirchner, as receitas econômicas do FMI foram responsáveis pela crise argentina. Em janeiro deste ano, o país pagou toda sua dívida com o Fundo. Antes, Kirchner fez um duro discurso contra o órgão e pregou independência da política econômica do país.

O Fundo continua realizando missões de rotina no país. A última, na semana passada, elogiou a recuperação da economia argentina, mas deixou mais recomendações: afirmou que a inflação, a maior ameaça à economia que cresceu 8,6% no 1º trimestre, e as políticas do governo Kirchner para combatê-la "geram tensões que precisam ser resolvidas".

16 junho 2006

Não é notícia de Contabilidade Financeira


Eu sei. Não é notícia de Contabilidade Financeira. Mas não resisti pois trata da importância da informação que é evidenciada. É do sítio Terra:

Dono de carro roubado faz placa de "Frorianópolis"

Um veículo Toyota/Corolla preto roubado foi recuperado esta manhã por policiais rodoviários no km 439 da rodovia Régis Bittencourt, em São Paulo. O carro trazia grafado em suas placas o número MHM 0058, com localidade "Frorianópolis", e não Florianópolis. O condutor do veículo foi preso.
A Polícia Rodoviária Federal descobriu, por meio da numeração do motor e do chassi, que as placas originais do veículo eram na verdade de São Bernardo do Campo (SP) e que o Toyota havia sido roubado em maio do ano passado.

O condutor confessou que comprou o carro, avaliado em R$ 50 mil, por R$ 5 mil, e o entregaria em um shopping em Florianópolis para uma pessoa desconhecida.

Ele foi preso e autuado em flagrante por uso de documento falso e receptação de carro roubado.

15 junho 2006

Futebol 9

A revista The Economist explica a razão pela qual a Copa do Mundo é melhor que as Olimpíadas:

"... A Copa do Mundo, ao contrário das Olimpíadas, é mais difícil de manipular para propósitos políticos (...)"

PAra a revista, as Olimpíadas tem sido uma medida acurada do poder político mundial. Os alemães nazistas ganharam as de 1936, os Estados Unidos e União Soviética disputaram o primeiro lugar durante a guerra fria e provavelmente os chineses tentarão ficar em primeiro lugar em 2008, em Beijing.

Para a revista, na copa do Mundo

"existe somente uma superpotência - Brasil. Os italianos e franceses (...) permanecem formidáveis competidores no campo do futebol"

Apesar do prestígio do jogo em termos mundiais, a revista observa que é muito difícil - senão impossível - um governo criar um time vencedor. Novamente a comparação com as Olimpíadas é desfavorável. A revista lembra dos robôs da Alemanha Oriental, dos ginastas romenos e dos nadadores chineses, programados pelo estado. No futebol um time necessita não somente de atletas mas também de criatividade e estilo, que não pode ser fabricado pelos planejadores do estado. Mesmo tomar drogas parece não ajudar muito no futebol.

Por essa razão a revista conclui que numa competição entre as Olimpíadas e a Copa do Mundo, esta leva o título de maior evento do esporte.