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19 junho 2006

Auditoria do FMI e a crise da Argentina

Uma reportagem do Jornal do Comércio sobre a auditoria do FMI e a crise da Argentina.

Auditoria - Relatório aponta erros cometidos pelo FMI na Argentina

Da redação, com agências

Um estudo de um trio de especialistas independentes contratados pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) avaliou que o órgão manipulou e sonegou informações para proteger o próprio staff, esconder seus erros e acentuar a responsabilidade dos governantes da Argentina pelo colapso econômico ocorrido em 2001. O relatório divulgado na semana passada é mais uma sessão de análise da atuação do Fundo durante crise do país vizinho, que acabou levando a própria instituição para o divã. O FMI passa por uma crise sem precedentes em suas mais de seis décadas de existência, tanto financeira quanto de identidade.

O informe é uma espécie de "auditoria da auditoria" e põe em xeque os mecanismos internos do organismo multilateral. Os especialistas revisaram o trabalho da Oficina de Avaliação Independente OEI, na tradução do ingês) do FMI em dez países, incluindo a Argentina, para concluir que, no caso do país vizinho, o Fundo sonegou informações a seus auditores e os induziu a erros de análise.

"O staff manteve reservada informações do caso argentino. Não lhes informou (aos auditores da OEI) sobre as bases de um entendimento com Domingo Cavallo", diz o texto. Cavallo era então o ministro da Economia argentino, responsável pela política de conversibilidade (um dólar equivalente a um peso), arrastada até o fim de 2001.

Segundo o relatório, naquele ano houve discussões com Cavallo sobre a possibilidade de fazer mudanças estruturais na política econômica se as reservas chegassem a um nível muito baixo. Essas conversas não foram divulgadas suficientemente nem a própria OIE as apontou, segundo o informe.

O estudo é categórico ao dizer que o relatório da OEI sobre a crise argentina "acomodou" suas conclusões para proteger os diretores do FMI. "O rascunho sobre as razões que levaram ao colapso argentino se foca nos erros de análise por parte do staff e dos diretores do FMI: a versão final do parágrafo, porém, se centra nos erros de avaliação das autoridades argentinas", diz o grupo de especialistas liderado pela ex-diretora do FMI, Karin Lissakers. O governo argentino, que mantém tensa relação com o Fundo, não comentou o relatório, que ataca a gestão da "dama de ferro" Anne Krueger.

Para o presidente argentino, Néstor Kirchner, as receitas econômicas do FMI foram responsáveis pela crise argentina. Em janeiro deste ano, o país pagou toda sua dívida com o Fundo. Antes, Kirchner fez um duro discurso contra o órgão e pregou independência da política econômica do país.

O Fundo continua realizando missões de rotina no país. A última, na semana passada, elogiou a recuperação da economia argentina, mas deixou mais recomendações: afirmou que a inflação, a maior ameaça à economia que cresceu 8,6% no 1º trimestre, e as políticas do governo Kirchner para combatê-la "geram tensões que precisam ser resolvidas".

16 junho 2006

Não é notícia de Contabilidade Financeira


Eu sei. Não é notícia de Contabilidade Financeira. Mas não resisti pois trata da importância da informação que é evidenciada. É do sítio Terra:

Dono de carro roubado faz placa de "Frorianópolis"

Um veículo Toyota/Corolla preto roubado foi recuperado esta manhã por policiais rodoviários no km 439 da rodovia Régis Bittencourt, em São Paulo. O carro trazia grafado em suas placas o número MHM 0058, com localidade "Frorianópolis", e não Florianópolis. O condutor do veículo foi preso.
A Polícia Rodoviária Federal descobriu, por meio da numeração do motor e do chassi, que as placas originais do veículo eram na verdade de São Bernardo do Campo (SP) e que o Toyota havia sido roubado em maio do ano passado.

O condutor confessou que comprou o carro, avaliado em R$ 50 mil, por R$ 5 mil, e o entregaria em um shopping em Florianópolis para uma pessoa desconhecida.

Ele foi preso e autuado em flagrante por uso de documento falso e receptação de carro roubado.

15 junho 2006

Futebol 9

A revista The Economist explica a razão pela qual a Copa do Mundo é melhor que as Olimpíadas:

"... A Copa do Mundo, ao contrário das Olimpíadas, é mais difícil de manipular para propósitos políticos (...)"

PAra a revista, as Olimpíadas tem sido uma medida acurada do poder político mundial. Os alemães nazistas ganharam as de 1936, os Estados Unidos e União Soviética disputaram o primeiro lugar durante a guerra fria e provavelmente os chineses tentarão ficar em primeiro lugar em 2008, em Beijing.

Para a revista, na copa do Mundo

"existe somente uma superpotência - Brasil. Os italianos e franceses (...) permanecem formidáveis competidores no campo do futebol"

Apesar do prestígio do jogo em termos mundiais, a revista observa que é muito difícil - senão impossível - um governo criar um time vencedor. Novamente a comparação com as Olimpíadas é desfavorável. A revista lembra dos robôs da Alemanha Oriental, dos ginastas romenos e dos nadadores chineses, programados pelo estado. No futebol um time necessita não somente de atletas mas também de criatividade e estilo, que não pode ser fabricado pelos planejadores do estado. Mesmo tomar drogas parece não ajudar muito no futebol.

Por essa razão a revista conclui que numa competição entre as Olimpíadas e a Copa do Mundo, esta leva o título de maior evento do esporte.

Proteção ao Minoritário

Reportagem do Valor Econômico de 14/06 sobre a necessidade de proteção ao minoritário:

Pouca proteção ao minoritário também reduz interesse


Um complicador para os mercados emergentes é que, em muitos, a lei oferece pouca proteção aos acionistas minoritários. Brechas em um contrato de dívida são fáceis de serem detectadas e policiadas, mas uma reivindicação de um acionista pode ser derrubada de uma hora para outra. O presidente do Conselho de Administração da Hyundai da Coréia do Sul, por exemplo, está sendo julgado sob acusação de ter desviado US$ 110 milhões de sua companhia.

Mas as coisas estão melhorando, segundo Simeon Djankov, do International Finance Corporation (IFC), braço financeiro do Banco Mundial (Bird). Em 28 de julho, uma nova lei de valores mobiliários entrará em vigor no México, endurecendo as penalidades. Os mercados de ações da Índia, certa vez descritos como um "ninho de cobras", se tornaram menos venenosos nos últimos anos, na medida em que a Comissão de Valores Mobiliários do país ficou mais agressiva. O Egito, sob comando de um ministro dos Investimentos durão, finalmente está aperfeiçoando as leis corporativas, algumas das quais vinham sendo deixadas de lado há 25 anos. Djankov teme que a onda de vendas indiscriminadas das últimas semanas possa desencorajar as reformas. Se é assim que os mercados recompensam seus esforços, por que eles deveriam se preocupar?

Se os investidores carecem de discernimento, também falta liquidez nos mercados. Os investidores institucionais americanos poderiam comprar quatro vezes todas as ações espalhadas pelos mercados emergentes. Na maior parte dessas bolsas de valores, diz o Bird, o volume de negócios é relativamente pequeno, girando menos de 40% do mercado em um ano, comparado a 250% na Nasdaq. Os negócios são muito mais intensos na Turquia, Tailândia e Índia, onde o giro supera 100%. No México, oito ações responderam por quase dois terços de todos os negócios em 2004.

Como resultado, a comoção nas bolsas nas últimas semanas pode não servir como uma medida confiável das perspectivas para cada uma dessas economias. É mais provável que elas sejam um simples sinal do peso do dinheiro que entra e sai de mercados que ainda são muito fracos para suportar esse fluxo confortavelmente. Isso torna o capital estrangeiro "irrelevante, na melhor das hipóteses, e extremamente perigoso, na pior", segundo um gestor de fundos.

Mas Michael Klein, presidente do IFC, está otimista. No curto prazo, as firmas de "private equity" podem apostar contra a manada. E, no longo prazo, à medida que o mundo rico envelhece, ele ficará ainda mais ansioso para dividir os frutos e as vantagens oferecidos pela mão-de-obra mais jovem do mundo em desenvolvimento.

13 junho 2006

Concentração bancária

Esse ano tive o prazer de ter um artigo aprovado no Congresso USP de Contabilidade em parceria com um ex-orientando (hoje mestre), Marcos Moraes. O artigo, e o tema da dissertação do Marcos, explora a questão da concentração bancária. O tema é atual e geralmente as medidas de concentração são através de dados da contabilidade financeira.

A reportagem a seguir, enviada pelo Marcos, mostra outro estudo conduzindo a conclusão pelo aumento da concentração bancária no País. É da Folha de 22 de maio.

Cresce a concentração bancária no país
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FABRICIO VIEIRA
da Folha de S.Paulo

O número de bancos que operam no país não pára de cair. Na outra ponta, nunca houve tantos correntistas. Com os últimos dois negócios realizados no setor bancário -- com a compra do BankBoston pelo Itaú e do Pactual pelo UBS --, analistas voltaram a discutir mais acaloradamente o tema da concentração bancária.

Dados do Banco Central mostram que o total de bancos recuou de 191 em 2000 para 159 no fim de 2005 -- o que representa queda de 16,8%. Foram considerados os bancos múltiplos e comerciais.

Enquanto a variedade de instituições bancárias oferecidas ao público caiu ano a ano, o número de contas correntes deu um salto considerável, como reflexo da chamada bancarização -- ou seja, mais pessoas têm hoje acesso a serviços bancários. Em 2000, eram 63,7 milhões de contas correntes. No ano passado, essa cifra já havia alcançado 95,1 milhões (crescimento de 49%).

"Nos últimos dez anos tem havido um processo de encolhimento na quantidade de bancos, o que sem dúvida representa maior concentração. No longo prazo, se esse processo continuar no ritmo atual, poderemos começar a nos deparar com seus potenciais efeitos negativos", afirma Edson Carminatti, analista financeiro do Inepad (Instituto de Ensino e Pesquisa em Administração).

Carminatti explica que sempre é arriscado um setor da economia ficar nas mãos de poucos. As opções de escolha se restringem, e os efeitos positivos da concorrência -- como preços menores e benefícios para atrair clientes- acabam por desaparecer. "Quando a concorrência encolhe muito, o cliente é quem acaba por sofrer mais. Para o consumidor, a concentração bancária é sempre perigosa", afirma.

Procurada pela Folha, a Febraban (Federação Brasileira dos Bancos) preferiu não se manifestar sobre o tema.

Mais postos

Ao menos a queda no número de bancos não se refletiu em encolhimento na rede de atendimento. Pelo contrário. Considerando o total de dependências -- agências, postos de atendimento e eletrônicos, entre outros-, a cifra chegou no fim de 2005 a 123,9 mil unidades. Em 2000 eram 54,1 mil.

Bruno Pereira, analista de bancos do UBS, diz que "há tendência clara de consolidação no setor, como mostram os números. O setor público tem diminuído sua participação no setor bancário nos últimos anos". Ele afirma que "alguma consolidação não é negativa". "Não vejo pontos negativos nesse processo até o momento. Ainda há competição nesse mercado."

Em tese, a venda de um banco para outro poderia ser um complicador para uma empresa. Se ela tivesse um crédito pré-aprovado em um banco e este fosse vendido para outro, poderia acontecer de perder essa operação, vendo-a ser recusada pelo novo proprietário da instituição. Ao menos, com a farta oferta de crédito que existe no país atualmente, é difícil que algo assim ocorra.

Analistas afirmam que, se o atual processo de diminuição no número de bancos fosse decorrência de uma quebradeira no setor, o movimento seria preocupante. Mas, se for resultado de compras e fusões sadias, o atual cenário representa menos perigo e menos riscos.

Estudo de Caso: Caixa da Enel

Eis uma reportagem interessante publicada no Wall Street Journal de hoje:

Energética italiana Enel vê-se com poucas opções para seu gordo caixa
June 13, 2006 4:05 a.m.

Por Stacy Meichtry
The Wall Street Journal

ROMA — A Enel SpA, segunda maior empresa de serviços públicos da Europa em valor de mercado, tem um problema: está com sobra de dinheiro e não consegue achar onde gastá-lo.

Desde que foi privatizada, em 1999, a empresa tem tirado o máximo de sua posição dominante no lucrativo mercado italiano, gerando receitas de 35 bilhões de euros (US$ 44,2 bilhões) no ano passado e elevando seu valor de mercado para 42 bilhões de euros.

A empresa juntou um caixa de 15 bilhões de euros. Mas não pode investir muito mais em casa porque está limitada por regulamentações. Por outro lado, seus investimentos no exterior representam 5% da receita total. "Nós queremos e devemos crescer no exterior", disse o presidente do conselho da empresa, Piero Gnudi, no mês passado.

Isso não é fácil. No começo do ano, a Enel pôs os olhos na empresa francesa de serviços públicos Suez SA, que controla a belga Electrabel. Mas enquanto a Enel trabalhava numa possível oferta, o governo francês entrou na questão e, agindo em nome do patriotismo econômico, fundiu a Suez com a estatal Gaz de France SA.
[enel]

A Enel não desistiu de fazer oferta pela Suez até a fusão francesa ser completada no fim deste ano. A italiana ainda mantém uma linha de crédito de 50 bilhões de euros que separou para usar numa grande aquisição, e consultores da companhia ainda trabalham no projeto.

Mas a opção preferida da empresa seria negociar com a Suez para comprar alguns ativos da Electrabel, dizem pessoas familiarizadas com a questão. É possível que isso seja discutido hoje, em Paris, entre o primeiro-ministro italiano, Romano Prodi, e representantes do governo francês.

A Electrabel interessa à Enel porque permitiria que a empresa italiana começasse uma rede européia de usinas de geração e redes de distribuição de energia elétrica. Isso lhe daria a combinação ideal de ativos de energia nuclear, a carvão e renovável.

"A Enel tem de ter uma presença européia" para continuar competitiva, disse recentemente ao Wall Street Journal o diretor-presidente Fulvio Conti. "Escala é um fator muito importante para se poder negociar com outros países que têm matérias-primas e fontes de energia como petróleo, gás e urânio." A Enel não quis comentar sobre uma possível oferta pela Suez ou compra de ativos da Electrabel.

Se a Enel não conseguir botar as mãos na Suez ou na Electrabel, não há muitos outros ativos na Europa que ela poderia comprar. Outros continentes não são uma opção porque a força de uma empresa de energia vem da criação de redes ao redor de seu mercado doméstico. "Não vejo oportunidades para grandes aquisições", diz Pia Saraceno, um economista do centro de estudos REF, de Milão, especializado em questões de energia.

O dilema da Enel é um indício dos problemas cada vez maiores que as empresas de energia da Europa enfrentam ao tentar se expandir para além das fronteiras nacionais.

Muitas dessas empresas — como a E.On AG da Alemanha, energética européia com maior valor de mercado, e a Gaz de France — são ex-estatais que agora têm grandes reservas de caixa e aspiram a tornar-se forças regionais.

Mas quando buscam ativos em outros países, as energéticas esbarram em protecionismo.


1) O que significa contabilmente o "caixa" da Enel?
2) Como é possível dizer que a empresa possui um "caixa gordo"?
3) Cite um motivo para a empresa ter um "caixa gordo"?

Futebol 8

Mais sobre Futebol. Segundo Edmans, Garcia e Norli, do MIT, da Tuck e da Norwegian School, existe uma relação entre o sentimento em esportes e o retorno das ações.

Num artigo a ser publicado no prestigioso Journal of Finance, denominado Sports Sentiments and Stock Returns esses pesquisadores mostram uma extensa pesquisa realizada em 39 países do mundo sobre os resultados do futebol (soccer).

Os autores utilizaram os maiores torneios de futebol, em especial as eliminatórias da Copa do Mundo e a própria Copa do Mundo, e fizeram uma associação com o retorno do mercado acionário do dia seguinte ao jogo.

Além do futebol, os autores também utilizaram outros esportes (basquete, criquete, rugby e hockey no gelo), mas os efeitos encontrados são menores.

O estudo dos autores é parte de uma literatura recente que investiga como os preços dos ativos são influenciados por viés no comportamento. Pesquisa nessa área tem-se expandido nos últimos anos, como é o caso do estudo de Hirshleifer sobre o impacto do dia de sol no preço das ações. Anteriormente pesquisadores já tinham demonstrado um aumento no número de ataques cardíacos perto do jogo Inglaterra e Argentina pela Copa do Mundo. Outra pesquisa mostrou um aumento no número de suícidios entre os canadenses após a eliminação na Copa Stanley.

Utilizando uma amostra de mais de 2.600 observações, entre 1974 até 2004, os autores confirmaram uma ligação entre o comportamento do investidor e o resultado de eventos esportivos. O uso do futebol é justificável uma vez que é um evento que acontece em intervalos regulares e que afeta um grande número de países. Desse modo, as conclusões do trabalho são importantes para entender o efeito dos "sentimentos" nos preços.

Como era previsivel, os efeitos são maiores onde o futebol é mais importante. Ou seja, Brasil, Argentina, Inglaterra, França, Alemanha, Itália e Espanha.

São diversos resultados para comprovar a hipótese da pesquisa. Mas para se ter uma idéia, em 138 jogos de eliminatórias, as derrotas implicam num recuo do mercado em 0,384% em média.

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