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29 maio 2006

Comportamento irracional

Reportagem recente do Valor sobre finanças comportamentais

Comportamento irracional traz perdas e oportunidades

Mara Luquet
29/05/2006

Mais do que nunca os partidários da escola comportamental estão conquistando adeptos no mercado de ações. Esses estudiosos estão convencidos de que as emoções - e não aspectos fundamentalistas de uma empresa ou de uma economia - é que estão no comando das decisões da média dos investidores. Eles tendem a reagir excessivamente a notícias boas ou ruins. Por isso, o efeito manada tem ocorrido com uma freqüência maior, deixando muitas vezes para trás os pilares da chamada "eficiência" do mercado.

O debate vem aumentando e, mesmo os partidários da eficiência do mercado, reconhecem que este é um fenômeno que não pode ser desconsiderado. Ao contrário. Tanto investidores como administradores de empresas têm de considerar esse aspecto em suas rotinas de trabalho.

Um estudo da consultoria McKinsey divulgado recentemente com considerações sobre os efeitos da atitude irracional de investidores também aponta algumas oportunidades para os executivo de empresas cujas ações tenham sido alvo de euforia ou nervosismo do mercado. No trabalho, assinado por Marc Goedhart, Timothy Koller e David Wessels, os estudiosos dizem que um momento de alta ou queda irracional dos preços das ações pode ser interessante para que o executivo da empresa considere algumas atitudes estratégicas.

Um exemplo é emitir ações quando os preços estão com alta que supera o valor intrínseco da empresa ou ainda aproveitar esses momentos para fazer aquisição de outros ativos utilizando as ações da empresa como moeda em lugar do desembolso de recursos. Já se os preços estão muito depreciados de forma irracional, o melhor é iniciar um programa de recompra das ações.

Para eles, é certo que o comportamento irracional do investidor leva o mercado para direções na maior parte das vezes errada, pressionando excessivamente o preço de uma ação tanto para cima como para baixo. Para os administradores dessas empresas, a questão crítica é saber com que freqüência esses desvios ocorrem, quando eles acontecem e se são significantes o bastante para afetar o processo de decisão de investimentos da empresa.

Já para você investidor, conhecer esse fenômeno e ficar atento as suas ocorrências é importante, basicamente porque ele pode proporcionar excelentes negócios tanto na hora de vender suas ações (aproveitando os momentos de alta irracional) quanto para recompor sua carteira de investimentos em momentos de nervosismo exagerado.

Afinal, isso é o que todos procuram: as ações baratas. Pois comprar uma ação barata é garantia de lucro, às vezes lucros enormes, capazes de construir fortunas ao longo do tempo.

No entanto, não se engane. O fato de o preço de uma ação estar baixo não significa que ela está barata. Os chamados investidores do contra ("contrarian investors") adoram esses momentos porque o que eles gostam é exatamente de ir contra o mercado. Assim, eles se dispõem a comprar uma ação depois de um declínio sustentado do preço, na expectativa de uma retomada. "Eles acreditam que uma ação que tenha perdido de 80% a 90% de seu preço no pico tem muito mais chances de ser uma pechincha", diz o professor Aswath Damodaran no livro "Mitos de Investimentos", editado no Brasil pela Prentice Hall.

Mas Damodaran adverte que a bonança depois da tempestade não é uma regra. Montar uma estratégia que foque apenas em ações perdedoras tem um risco elevado que não deve ser desprezado. Assim, diz Damodaran, é necessário uma análise mais acurada e o investidor deve colocar alguns filtros para formar essa carteira. Um deles que pode ser bastante útil nessa estratégia é o que ele chama de catalisadores de melhorias.

Por esse filtro, o investidor deve escolher entre as ações perdedoras apenas aquelas de empresas com resultados positivos no último trimestre e com aumento do lucro no exercício anterior. "A idéia, aqui, é a de que empresas que estejam ganhando dinheiro não apenas são de menor risco, como também têm mais liberdade para realizar as mudanças necessárias para chegar a um estado saudável", diz Damodaran.

Mara Luquet é editora da revista ValorInveste e autora do Guia Valor Econômico para o Planejamento da Aposentadoria

Enviado por Ricardo Vianna

Cientistas deixam de inventar quando se casam

Certas notícias da internet parecem que foram feitas para "pegar" o leitor incauto.

A mais nova foi divulgada pelo sítio Science Carriers e trata da produção científica e o impacto do casamento. Satoshi Kanazawa, da University of Canterbury, na Nova Zelândia, analisou dados de 280 grandes cientistas e descobriu uma queda na produtividade, mostrada nas descobertas e publicações. Quando olhou a história de cada pessoa, ele encontrou que a redução da produtividade nos cientistas solteiros era menor.

"A produtividade dos cientistas machos tendem a cair depois do casamento" afirma Kanazawa. "Cientistas tendem a ´desistir´ da pesquisa científica depois do casamento".

Kanazawa tem uma explicação controversa sobre os dados que encontrou: "O homem conduz a pesquisa científica para atrair a mulher e casar (...) Casar é o objetivo (...) ciência é o meio."

27 maio 2006

Os Problemas da GM no Brasil

A reportagem da Isto É Dinheiro sobre os problemas da GM no Brasil:

Problemas em marcha na GM
Brigas judiciais com os revendedores, prejuízos recorrentes, denúncias de sonegação fiscal – há diversos obstáculos diante da montadora em sua busca pelos lucros no Brasil


Por joaquim castanheira

A trajetória da General Motors no Brasil tem sido tão acidentada quanto as estradas brasileiras onde rodam seus automóveis. Nos últimos tempos, uma série de más notícias tem perturbado a vida da filial da maior montadora de automóveis do mundo. A empresa apresenta dificuldades de se livrar de um persistente vermelho que mancha seu balanço por aqui. Nos dois últimos anos, as perdas acumuladas atingiram US$ 330 milhões. Não bastasse isso, a companhia convive com uma arrastada disputa jurídica com um grupo de ex-concessionários, que pleiteiam indenizações pelo que eles consideram “rescisão unilateral” dos contratos. Esses processos geraram pelo menos duas denúncias pesadas contra a montadora. Uma delas diz respeito a um eventual uso indevido dos recursos da GM Factoring, um fundo de capitalização controlado pela rede de concessionários e administrado pela GM. A outra refere-se a um possível subfaturamento de veículos importados. São esses alguns dos problemas capazes de tirar o sorriso do rosto do canadense de origem chinesa Ray Young, que, desde janeiro de 2004, comanda as operações da GM. Se a tradição de mandatos de três anos na filial brasileira for mantida, Young, 44 anos, cumpre seus últimos meses no País. E esforça-se para cumprir a missão que recebeu ao ser nomeado: devolver o lucro à subsidiária. Antes, porém, precisará superar os problemas que avançam sobre a companhia em marcha acelerada.


TROMBADA COM A REDE

Salvador Satriani vende automóveis numa concessionária Renault, localizada em um prédio em Pouso Alegre (MG). Anos atrás, ele freqüentava o mesmo local, mas numa condição diferente. Satrini era dono da Itasa, revenda da GM. O edifício também lhe pertencia. Descredenciado pela montadora, ele perdeu tudo. De empresário passou a funcionário. Assim como ele, 117 concessionários tiveram seus contratos cancelados entre 2000 e 2004. “Houve um período em que eram dois descredenciamentos por semana”, diz Antônio Carlos Martins, também ex-revendedor da marca. Ele e outros 42 concessionários se uniram num grupo para negociar com a GM. Até agora, não tiveram sucesso. “Não queremos voltar a trabalhar com a empresa”, diz Sérgio Soares, que vendia automóveis da montadora em Birigui (SP). “Queremos ser ressarcidos pelos nossos prejuízos.” Hoje, correm quase 90 processos na Justiça em relação a esse assunto. Segundo Martins e Soares, a GM rompeu os acordos unilateralmente, por intermédio de notificações extra-judiciais. A GM nega qualquer irregularidade. “A rescisão do contrato de concessão é válida, prevista em lei e nos princípios que regem a legislação brasileira. A decisão da GM é tomada com base em razões fundamentadas, decorrentes do descumprimento das obrigações assumidas pela concessionária ou por irregularidades por ela praticadas”, afirma em comunicado enviado à DINHEIRO.
Zero Hora

Todos os custos de fechamento das concessionárias ficaram por conta dos proprietários. A conta inclui os encargos trabalhistas, equipamentos da oficina, débitos com fornecedores, reforma dos prédios desocupados, entre outros itens. Em média, de acordo com Martins, o encerramento de atividades consome R$ 3 milhões. A indenização reivindicada pelo grupo soma, além desse valor, uma compensação equivalente a cinco anos de lucro. “Cada um deveria receber entre R$ 5 milhões e R$ 6 milhões”, calcula Áureo Bonilha, consultor contratado para negociar em nome do grupo. Se todos os ex-concessionários fossem contemplados com essa dinheirama, os cofres da GM emagreceriam até R$ 700 milhões. “Fizemos ao longo de décadas investimentos exigidos pela GM para atender os padrões da empresa. Assumimos compromissos financeiros na condição de representantes da montadora e saímos sem qualquer indenização”, diz Martins.

DIREÇÃO PERIGOSA

Abriga judicial da GM com os ex-concessionários gerou alguns filhotes. Um deles veio na forma de uma denúncia de Arnaldo Boacnin, um dos sócios de uma concessionária descredenciada. A acusação? A eventual má gestão da GM Factoring, uma empresa criada e controlada pelos concessionários da marca e administrada pela empresa. Hoje, a GM Factoring administra algo em torno de R$ 800 milhões. Tudo começou em 2002, quando Boacnin procurou o Ministério Público Federal para denunciar que a companhia “não segue os padrões e regramentos concernentes à sua espécie”. Entre outros fatos “estranhos” e “insólitos”, como diz Boacnin em seu depoimento, a GM Factoring adquiriria créditos da GM do Brasil antes desses créditos existirem. Para isso, uma nota fiscal sem data de vencimento para pagamento era emitida. O crédito era pago, segundo Boacnin, mesmo sem os documentos necessários, como duplicatas e faturas. Os ex-concessionários queixam-se que a GM também não devolveu suas contribuições feitas à factoring. “Isso geraria, em valores de hoje, algo em torno de R$ 100 milhões”, afirma Edison Mussi, que possuía uma revenda em Nova Friburgo (RJ). “A GM refuta veementemente qualquer acusação de uso ilegal do Fundo. As decisões judiciais até o momento proferidas em casos que discutem questões relacionadas ao Fundo não constataram qualquer irregularidade em sua constituição ou utilização”, afirma um comunicado da companhia enviado à DINHEIRO.


DERRAPADA NO FISCO?

Aconteceu há quase dez anos, mas continua vivo nos processos que vários ex-concessionários movem contra a GM. Durante um certo período, carros importados pela filial brasileira da montadora de suas unidades na Bélgica e na Argentina chegavam às revendas acompanhados de dois documentos. Um deles era a nota fiscal com o valor do veículo. Dias depois, o concessionário recebia uma nota de débito, emitida pela GM. Nela eram cobradas despesas com peças e treinamento para profissionais de venda e assistência técnica. Na primeira, incidiam os impostos previstos nesse caso. A segunda ficava isenta desses tributos, embora o concessionário pagasse as duas. Os serviços não eram prestados, segundo os denunciantes. “O treinamento de funcionários é realizado apenas uma vez para cada modelo de veículo”, diz Antônio Carlos Martins. “Mas a GM cobrava o mesmo serviço para cada unidade faturada. Além disso, se houvesse despesas com peças, uma nota fiscal deveria ser emitida para esse fim.” Exemplo: em 19 de junho de 1997, a Martins Veículos, de Bauru, recebeu uma pick up Silverado, fabricada na Argentina, com uma nota fiscal no valor de R$ 32.125,24. No mesmo dia, a GM enviava uma nota de débito de R$ 5.390,89 a título de serviços prestados que deveriam ser pagos pela concessionária. Ou seja, a Martins pagou nesse caso R$ 37.516,13, mas os impostos só incidiram sobre R$ 32.125,24. “Há todas as características de sonegação fiscal”, diz a advogada Maria Theresa Pero, que defende diversos ex-revendedores. A GM diz que não comenta casos em andamento na Justiça, mas afirma que segue à risca todas as leis vigentes no País.


COM O PÉ NO FREIO

É como se fosse uma nova espécie de vírus, que cede ante a ação dos antibióticos mas não sucumbe totalmente. No ano passado, o prejuízo da GM bateu em cerca de US$ 80 milhões. Em 2004, havia sido de US$ 249 milhões. A empresa responsabiliza o câmbio, que prejudica suas exportações e a alta carga tributária do País. A GM ainda sofre em função de sua vocação no desenvolvimento de carros médios e grandes. No Brasil, os compactos dominam dois terços do mercado. “Aí está a predominância de concorrentes como Volks e Fiat”, diz André Beer, um ex-executivo da montadora. Mas há um outro fator: a montadora possui três fábricas em território brasileiro, duas delas nos pólos de maior salário do setor metalúrgico, São Caetano do Sul e São José dos Campos, ambas no estado de São Paulo. Nessas duas cidades, os trabalhadores ganham pelo menos o dobro de seus companheiros em Betim (MG), casa da Fiat, e em Camaçari, onde a Ford concentra sua produção. Outra diferença está na produtividade dessas plantas. Enquanto Volks e Fiat produzem 34 carros por funcionário, o índice na GM não ultrapassa 27. Por isso, há duas semanas, a GM anunciou a demissão de 960 funcionários em São José dos Campos e a contratação de 970 na unidade de Gravataí (RS), onde os salários encontram-se na casa dos R$ 1 mil, contra os R$ 2,3 mil pagos no estado de São Paulo. “Os trabalhadores pagam com seus empregos pela queda das exportações”, diz Luiz Carlos Prates, presidente do sindicato dos metalúrgicos de São José.

26 maio 2006

Irregularidades no Futebol Italiano

Irregularidades contábeis

26 de Maio de 2006 - A polícia financeira realizou ontem uma operação de busca e apreensão nas sedes dos dois mais populares clubes de futebol de Milão, o Inter e o Milan, dentro das investigações sobre irregularidades contábeis feitas por outro importante clube italiano, o Juventus de Turim, nas transações de jogadores. Um Tribunal de Turim, que investiga o Juventus por falsificação contábil e fraude fiscal, ordenou a prisão de dois de seus ex-diretores: Antonio Giraudo e Luciano Moggi. As autoridades do Judicário requisitaram aos 71 clubes de todas as categorias do futebol italiano toda a documentação relativa às transações com jogadores que tenham passado pelo Juventus. Entre 41 operações suspeitas está a do francês Zinédine Zidane, que foi contratado em julho de 2001 pelo Real Madrid pela soma recorde de EUR 75,1 milhões. Os magistrados, que concentram suas investigações no período compreendido entre 2000 e 2005, querem averiguar, sobretudo, se o Juventus contabilizou integralmente a quantia recebida. Há suspeitas de que tenha escriturado em seus livros quantias inferiores para sonegar impostos. Na semana passada, a polícia financeira fez operação idêntica na sede do Juventus e nas residências do capitão da seleção italiana, Fábio Cannavaro, e do atacante sueco Zlatan Ibrahimovic.

(Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 9)


Enviado por Ricardo Viana

Enron 3

Reportagem da Folha de S. Paulo

Ex-executivos da Enron são condenados por fraude

Sentença sai em 11 de setembro, e acusados podem pegar até 185 anos de prisão

Colapso da empresa de energia, em 2001, causou perda bilionária

a acionistas e provocou amplas reformas no mundo corporativo

DO "FINANCIAL TIMES"

Kenneth Lay e Jeffrey Skilling, ex-executivos da Enron, foram condenados ontem por fraude e conspiração por participação no colapso em 2001 da fornecedora de energia americana que provocou as mais amplas reformas corporativas desde a Grande Depressão de 1929. O veredicto deu ao governo federal sua mais importante vitória na batalha de cinco anos desde a onda de crimes do colarinho-branco que abalou a confiança dos investidores, eliminou milhares de empregos e destruiu bilhões de dólares em ativos de acionistas. Depois de cinco dias do que os jurados chamaram de deliberações "emocionais", o júri condenou Lay, ex-presidente da Enron, em todas as seis acusações de fraude telefônica, fraude em valores mobiliários e conspiração. Skilling, o ex-executivo chefe da empresa, foi considerado culpado em 19 acusações de conspiração, fraude em valores mobiliários, negociação privilegiada e falso testemunho. Skilling foi absolvido em nove das dez acusações de negociação privilegiada. Os dois poderão passar o resto das vidas na prisão. Lay, 64, poderá pegar até 45 anos, e Skilling, 52, até 185 anos. A sentença sai em 11 de setembro. Os jurados disseram que não foi uma testemunha ou uma peça de evidência que os levou ao veredicto. Eles confessaram que mudavam de idéia todos os dias. "Eu me senti como uma bola de pingue-pongue", disse Doug Baggett, gerente de um departamento jurídico, em uma entrevista coletiva. No final, disseram que, quando tinham dúvidas sobre a credibilidade de uma testemunha, encontravam a resposta nas 20 caixas de documentos apresentados como evidências. Especialistas em administração legal e corporativa disseram que os veredictos mostraram que os jurados recusaram os argumentos da defesa de que não houve fraude contábil na Enron e que o colapso foi provocado por uma crise de confiança na firma, causada por reportagens céticas na mídia.
Símbolo
"Simbolicamente, é o fim do jogo da moralidade", disse Henry Hu, professor de economia e direito na Universidade do Texas. "Enron tornou-se palavra que pode ser usada para assustar crianças. O investidor médio talvez não tenha acompanhado outros casos, como os da WorldCom e da Tyco, mas este, sim. Eles sabiam quem eram esses homens." O juiz Sim Lake disse que a fiança de US$ 5 milhões de Skilling é suficiente para ele continuar em liberdade até a sentença, mas exigiu a permanência de Lay no tribunal até que seu passaporte foi entregue e seus cinco filhos empenharam suas casas para pagar a fiança -também de US$ 5 milhões. O advogado de Skilling, Daniel Petrocelli, disse que vai fazer uma apelação "vigorosa".

Tradução de LUIZ ROBERTO MENDES GONÇALVES

Padrões Internacionais

Uma reportagem do Valor Econômico:

Bancos já simulam impacto dos padrões internacionais

Maria Christina Carvalho
A adoção das normas internacionais de contabilidade International Financial Reporting Standards (IFRS) vai ter impacto positivo no Itaú. Se já estivessem em vigor no Brasil, as normas acarretariam aumento de R$ 1,9 bilhão no patrimônio do banco, que era de R$ 16,619 bilhões ao final do primeiro trimestre.

A estimativa foi divulgada pelo vice-presidente sênior do Itaú, Henri Penchas, que participou, ontem de seminário a respeito do assunto, organizado pelo Instituto Brasileiro de Executivos Financeiros (Ibef).

A IFRS surgiu da necessidade identificada pelas principais economias do mundo de uma padronização das normas contábeis para aprimorar a transparência e facilitar a comparação do desempenho das empresas.

Elaboradas pela International Accounting Standard Board (IASB), conselho independente com especialistas do mundo todo, essas normas passaram a ser compulsórias nos países da União Européia e também no Reino Unido desde o ano passado e estão sendo adotadas por outros mercados. Os Estados Unidos, que têm a United States Generally Agreed Accounting Principles (USGAAP), criaram um grupo de trabalho para harmonizar suas normas com as do IASB em dois a três anos.

No Brasil, o Banco Central (BC) tomou a dianteira e, em março, divulgou comunicado informando que os bancos terão que adotar a IFRS a partir do balanço de 31 de dezembro de 2010. Já a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) está com a ação limitada porque depende de alteração da Lei das S/A. Um projeto de lei que viabilizaria a mudança (número 3.741) tramita há tempo no Congresso.

Apesar do prazo relativamente folgado dado pelo BC, os grandes bancos já estão se preparando para a adoção da IFRS. O Itaú quer divulgar o primeiro balanço sob as novas regras ainda neste ano. O Unibanco pretende identificar as diferenças da nova regra até setembro e ter o primeiro balanço em dezembro de 2008, disse o diretor Osias Brito. Já o Bradesco identificou as mudanças no ano passado, disse o diretor de contabilidade Moacir Nachbar Jr.

O Banco Central, informou o chefe do Departamento de Normas do Sistema Financeiro, Amaro Luiz de Oliveira Gomes, vai se ocupar neste ano com a tarefa de "diagnosticar as principais assimetrias" entre as regras locais e a IFRS. Como lembrou o diretor da área de serviços financeiros da Ernst & Young, Gregory Gobetti, o próprio BC já fez o balanço de 2005 usando as novas regras contábeis.

Os especialistas como a Ernst & Young já mapearam as diferenças e ajudaram bancos europeus na adaptação das regras. Para Gobetti, é bom aproveitar "o exercício já feito pelos bancos europeus"

A pressa dos bancos brasileiros se justifica, segundo Pedro Masetto, também diretor executivo da Ernst & Young: "A padronização das regras contábeis vai permitir ao investidor comparar o desempenho dos bancos dos diferentes países e reduzir os custos das próprias instituições", que não precisarão mais fazer balanços diferentes conforme o mercado em que atuam.

Enron 2

Reportagem da Gazeta Mercantil:

Ex-diretores são declarados culpados

Houston (EUA), 26 de Maio de 2006 - Jeffrey Skilling e Kenneth Lay, ex-diretores da empresa Enron, foram declarados culpados de fraude e conspiração por sua responsabilidade na falência de 2001 do então gigante energético, anunciou o júri. Jeffrey Skilling foi considerado culpado de 19 das 28 acusações que lhe foram atribuídas e terá de cumprir uma pena máxima de 185 anos de prisão. Por sua vez, o fundador da Enron, Lay, foi declarado culpado das seis acusações de fraude e conspiração de que era acusado, além das acusações de fraude bancária que enfrentava em outro julgamento que ocorria paralelamente, também em Houston. Pode ser condenado a um máximo de 165 anos de prisão. O anúncio das sentenças está previsto para 11 de setembro, disse o juiz do caso, Sim Lake, que pediu o passaporte de Lay.

O governo americano comemorou o veredicto e prometeu processar os criminosos corporativos com o mesmo ímpeto que utiliza para com os delinqüentes das ruas: "não toleramos a corrupção empresarial e, além disso, o Departamento de Justiça tem trabalhado agressivamente contra aqueles que estão envolvidos em corrupção corporativa", disse o porta-voz da Casa Branca, Tony Snow.

Lay estava sentado com sua esposa no momento em que o veredicto foi pronunciado. Skilling olhava para os sapatos. Ambos haviam se declarado inocentes do maior colapso da história corporativa americana. "Obviamente estou decepcionado, mas o sistema funciona assim", declarou Skilling com o rosto fechado na saída do tribunal. Seu advogado, Dan Petrocelli, afirmou que apelaria do veredicto.

Skilling estava sendo julgado junto com Lay desde janeiro em Houston. As oito mulheres e os quatro homens do júri se retiraram para deliberar a partir do dia 17 de maio. O júri demorou menos de seis dias para chegar a um veredicto.

A Enron, cuja capitalização chegou a US$ 100 bilhões, faliu em poucas semanas quando foram descobertos desvios de fundos na contabilidade do grupo. Sua quebra arruinou milhares de acionistas e empregados que haviam investido em ações e fundos de pensão da empresa. O caso se transformou então num símbolo da corrupção e do excesso do mundo empresarial americano.

Lay e Skilling se defenderam afirmando que não estavam a par das manipulações contábeis de seu diretor financeiro, Andrew Fastow, que havia criado sociedades financeiras paralelas para ocultar as perdas da firma. Fastow se declarou culpado, aceitou colaborar com a Justiça e testemunhou contra seus ex-chefes. Em seu testemunho, afirmou que eles realmente estavam a par do que acontecia e que Skilling o estimulava nessas atividades.

Lay dirigiu a Enron até o início de 2001, quando cedeu a presidência a Skilling, seu braço direito, que renunciou inesperadamente no verão seguinte. Lay teve de retomar as rédeas do grupo alguns meses antes de sua quebra. Estima-se que as perdas pela quebra da Enron superaram os US$ 40 bilhões.