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26 maio 2006

O Caso Enron


O caso Enron ficou conhecido como exemplo do uso da contabilidade para manipular mercados e do aproveitamento da informação assimétrica a favor dos executivos. Ontem terminou o julgamento dos executivos nos Estados Unidos. Leia a reportagem abaixo:


Vigilância corporativa ganha novo ânimo
May 26, 2006 4:05 a.m.

Por Paul Davies e Kara Scannell
The Wall Street Journal

Os veredictos que condenaram ontem os ex-executivos da Enron Corp. Kenneth Lay e Jeffrey Skilling marcam o ápice de uma extraordinária onda de repressão a um igualmente extraordinário grupo de delitos corporativos. Mas em vez de marcar o fim de uma era, as condenações tendem a dar novo ânimo ao governo americano em seu combate ao crime de colarinho branco.

Desde que a Enron Corp. virou sinônimo de transgressão executiva quando quebrou quase cinco anos atrás, autoridades obtiveram a condenação ou admissões de culpa por fraude e outras acusações contra centenas de poderosos do mundo empresarial, e os legisladores impuseram novas leis, mais duras. Draconiana para alguns, a resposta do governo americano aos escândalos corporativos da virada de século provocou uma reação de grupos pró-empresas.

Lay, de 64 anos, foi presidente do conselho da Enron, e Skilling, de 52, seu diretor-presidente. Os dois foram condenados ontem por fraude, formação de quadrilha e outras acusações, por terem mentido para os acionistas sobre o estado das finanças da empresa. Eles tiveram de entregar seus passaportes e pagaram US$ 5 milhões cada de fiança para aguardar a sentença em liberdade. A sentença será definida em 11 de setembro. Eles devem pegar vários anos de prisão. Advogados de ambos disseram que vão recorrer.

As condenações de ontem vão ajudar a transformar o legado do boom do mercado dos anos 90. Inicialmente visto por investidores como uma das mais longas fases de alta dos mercados, a década agora será vista historicamente como uma de ganância desenfreada e transgressões corporativas que ocorreram sem controle.
[corporativo]

"Todos nós acabamos distraídos pelos benefícios que fluem desses grandes avanços do mercado quando ele está subindo", disse Robert Morvillo, um veterano advogado de defesa. "A distração parece que precisa esperar um problema seriamente perturbador em que alguém sai ferido. A Enron é um ótimo exemplo de quando pessoas saíram feridas."

Lay e Skilling se juntam a uma lista de nomes que antes representava os executivos mais badalados, mas desde então se tornou um inventário do excesso da virada do século. Entre outros estão o ex-presidente da Tyco International Ltd. L. Dennis Kozlowski, condenado a até 25 anos de prisão, e o ex-diretor-presidente da WorldCom Inc. Bernard Ebbers, sentenciado a 25 anos.

Com o veredicto da Enron, aqueles que defendem táticas agressivas para proteger os acionistas e outras pessoas têm motivos para se sentir energizados, com a bandeira deles endossada num julgamento histórico feito por um júri de 12 cidadãos comuns.

"Nossas leis criminais serão cumpridas tão vigorosamente contra executivos de grandes empresas como serão contra criminosos de rua", disse o procurador-geral-adjunto Paul J. McNulty após o anúncio do veredicto. "Este veredicto nos encoraja — ele nos encoraja a continuar a combater a corrupção onde quer que a encontremos."

E George Stamboulidis, um ex-promotor federal, disse: "Estou certo de que os promotores têm processos na gaveta, prontos para ser abertos."

Eles têm. Entre elas: cerca de duas dúzias de empresas estão sob investigação num inquérito sobre se elas dataram retroativamente opções de ações para enriquecer executivos.

O julgamento da Enron pode servir de diretriz para futuras ações repressivas. Em alguns julgamentos anteriores, os promotores adotaram uma postura exaustivamente detalhista, assoberbando jurados com provas sobre assuntos contábeis bizantinos. Os promotores da Enron preferiram uma abordagem mais simples.

"Os promotores provaram o gostinho da vitória", acrescentou Roman Darmer, outro ex-promotor federal. "Eles mostraram que sabem como ganhar esses processos e agora têm mais ferramentas com as quais trabalhar." As apostas não podiam ter sido maiores: um fracasso da promotoria teria fornecido combustível para a incipiente reação pró-empresas, que até agora teve um sucesso limitado. "Este pode ser o fim de um caso que passou a simbolizar a onda de escândalos corporativos, mas de jeito nenhum isso sinaliza o fim para os investigadores", disse Arthur Jakoby, um advogado de defesa que já trabalhou para a Securities and Exchange Commission, ou SEC, a comissão de valores mobiliários dos EUA.

O estouro da bolha do mercado acionário em 2000 foi seguido por uma onda de acusações de que os executivos usaram malandragens para melhorar seus balanços, cometeram outras fraudes contra acionistas ou se enriqueceram indevidamente. Com a quebra das empresas, os investidores perderam somas incontáveis e dezenas de milhares de funcionários perderam o emprego.

A Enron, uma gigante de negociação de energia com sede em Houston, estava entre as maiores e foi a primeira a quebrar.

24 maio 2006

Presidiários "custam" mais que alunos

O sítio Contas Abertas divulga que os presidiários "custam" duas vezes mais que os estudantes universitários. Destaquei a palavra custam pois o seu sentido não é técnico, referente ao custo da contabilidade de custo. É simplesmente resultado da divisão do orçamento público pelo número de presos e pelo número de estudantes. Além disso, a reportagem fala em valores entre R$1 mil a R$2 mil por mês, o que pode gerar certo questionamento pois a dispersão da análise é muito ampla. Apesar dos problemas técnicos, é uma reportagem interessante:


Presidiários no Brasil custam quase duas vezes mais que estudantes universitários


Os prejuízos que a violência traz para a sociedade não estão presentes apenas no cotidiano dos cidadãos brasileiros. Manter um presidiário no Brasil onera os cofres da União em aproximadamente R$ 18 mil por ano. De acordo com estimativas do Departamento Penitenciário Nacional (DEPEN), cada presidiário custa em média, de R$ 1.000 a R$ 2.000 por mês, o equivalente a mais de quatro salários mínimos, fixados em R$ 350,00. Um estudante das instituições públicas no país custa a metade desse valor. Segundo pesquisa feita pelo Tribunal de Contas da União (TCU), um estudante universitário custa aproximadamente, R$ 790 por mês e R$ 9.488,00 por ano.

O DEPEM estima que existam hoje, 361,4 mil presos em delegacias e penitenciárias de todo o Brasil. Se cada detento custa em média, de R$ 1.000 a R$ 2.000 por mês, manter a população prisional do país gera um custo mensal de aproximadamente R$ 542,1 milhões por mês e R$ 6,5 bilhões por ano. O programa Universidade do Século XXI, criado pelo Ministério da Educação para reformar a educação superior e estruturar as instituições federais gastou em 2005, pouco mais que isto, o equivalente a R$ 7,5 bilhões. O Fundo de financiamento ao estudante do ensino superior (FIES), do Ministério da Educação, aplicou R$ 787 milhões em 2005, oito vezes menos do que foi gasto com todos os presidiários do Brasil. Os dados sobre os programas do Ministério da Educação são do Sistema Integrado de Administração Financeira (Siafi) e não incluem os restos a pagar.

Traçar o perfil da população prisional e criar um cadastro único com o máximo de informações, não tem sido tarefa fácil para o governo. Os diferentes regimes de detenção, fechado, aberto, semi-aberto, entre outros, além dos vários tipos de presídios, como os de segurança máxima e os estaduais, tornam difícil uma estimativa precisa, principalmente em relação aos gastos.

O Sistema de Informações Penitenciárias Infopen, do Ministério da Justiça, criado em 2002, ainda não disponibiliza dados mais detalhados de todas as unidades prisionais e presos do país. De acordo com a assessoria de comunicação do DEPEN, ainda há dificuldade para fazer estas contas. A base de dados do Infopen estabelece uma série de indicadores que devem ser preenchidos pelas unidades prisionais de todos os estados. Segundo o DEPEN o maior problema para que haja uma base única tem sido o baixo índice de preenchimento desses indicadores pelos estados.

Os valores dos gastos com presidiários são aproximados. A estimativa leva em consideração diferentes custos como roupas, alimentação, remédios, assistência médica, energia elétrica, dentre outros. A proposta do Infopen é fornecer dados de todos os presos ou internos, como o controle de visitas, ficha jurídica, tipos de regime prisional e crimes cometidos, perfil social e etnia.

O estudo do TCU considera os dados de 2003 e utiliza valores globais, dividindo o orçamento pelo número de alunos. A pesquisa determinou valores distintos e avaliou os gastos de acordo com os cursos.

Para minimizar os altos custos com o sistema carcerário brasileiro, especialistas e organizações civis defendem a maior aplicação das penas alternativas para crimes leves, como prestação de serviços sociais, limpeza de muros e praças, ajuda em hospitais, dentre outros. Embora esteja previsto na Constituição e no Código Penal, esse tipo de pena ainda é pouco utilizado no Brasil. Estima-se que com a aplicação de penas alternativas, o custo de um preso poderia ser reduzido em até 10 vezes e o índice de reincidência despencaria de 42,5% para 17,5% .

O professor da Universidade de Brasília, Antônio Flávio Testa, sociólogo e cientista político, atribui boa parte dos problemas de segurança pública à ineficiência dos recursos públicos e à incompetência gerencial do Estado. "O preço que se paga para manter um criminoso na cadeia é altíssimo. Isto só reflete o mau uso do dinheiro público", disse.

Para o sociólogo, o Brasil não faz uso como deveria da legislação que prevê penas alternativas e dos programas de reeducação dos detentos. Flávio Testa critica o modelo repressor usado nos presídios e sugere uma segmentação dos criminosos com tratamentos mais rigorosos ou mais educativos, dependendo do tipo de crime cometido."Não adianta pensar que um Marcola vai voltar ao convívio da sociedade". O professor se referiu ao líder da organização criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC), Marcos Willians Herba Camacho, (Marcola), responsável por boa parte dos ataques ocorridos em São Paulo.

Aline Sá Teles
Do Contas Abertas

Livro-caixa do PCC

Notícia do Estado de S. Paulo de 24 de maio, p.c4, informa que o livro-caixa do PCC foi utilizado na audiência da CPI. Segundo a notícia, "o deputado Raul Jungman (PPS-PE) entregou ontem à CPI do Tráfico de Armas cópia dos registros do livro-caixa do PCC apreendido pela polícia de São Paulo. O deputado usou dados do documento para inquirir Maria Cristina Machado, advogada de Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola. Como a contabilidade de janeiro de 2005 aponta pagamento de R$10 mil na rubrica ´advogado visitas´, Jungmann quis saber se Maria Cristina recebeu dinheiro do PCC para visitar o cliente"

Mais adiante a reportagem comenta que a organização operou no azul no mês, com arrecadação de R$483.588 e gasto de R$376.040, um saldo superior a R$100 mil. Nesse período a contabilidade do PCC era centralizada.

Em dezembro de 2004 a organização gastou R$46 mil na compra de dois AR15 e 1 AK47 e R$20 mil em dois fuzis rouger. Além disso, o PCC também concedia financiamentos a seus integrantes. Em janeiro, R$50 mil foram dados a "Cantor" e R$1.500 para Felipe.

A partir da descoberta dos documentos, o tesoureiro foi assassinado e a contabilidade descentralizada. As investigações apontam uma arrecadação mensal de R$750 mil em média.

23 maio 2006

Ratemyprofessor

O sítio RateMyProfessors.com começou a funcionar em 1999. Desde então, os estudantes avaliam seus professores usando uma escala de 1 (pior) a 5 (melhor) para clareza e ajuda. Além disso o estudante também pode fazer comentários sobre o professor. A participação do estudante é voluntária e não é necessário revelar sua identidade.

Sempre desconfiei de processos de avaliação. Mas um estudo de 2003, e posteriormente ampliado em 2004, me fez refletir se minhas críticas eram sem fundamento. Em Web-based student evaluation of professors, James Felton, John Mitchell e Michael Stinson, da Michigan University, apresentaram resultados interessantes que todo professor de contabilidade deveria anunciar em sala de aula. Utilizando milhares de avaliações desses alunos os professores observaram algumas relações importantes.

Inicialmente, utilizando os resultados por instituição de ensino, os resultados foram pouco conclusivos. Mas quando a análise foi realizada por disciplina, Felton, Mitchell e Stinson obtiveram conclusões interessantes. A primeira, existe uma relação forte e direta entre a percepção de qualidade do aluno e o grau de facilidade de uma disciplina. Em outras palavras, disciplinas fáceis possuem mais chances de serem consideradas de boa qualidade. A segunda, um professor apontado como "bom" pelos alunos geralmente era também elogiado por seus quesitos físicos. Finalmente, uma disciplina mais fácil tinha mais chance do professor ser considerado sexualmente atraente.

Mas as conclusões interessantes ainda não foram apresentadas. Advinhem quais as matérias consideradas com menor qualidade pelos alunos? Acertou quem colocou contabilidade nessa resposta, que pelo menos ganhou da engenharia, da ciência da computação e daquela com pior qualidade, a matemática. As mais difíceis foram ciência, estudos étnicos, contabilidade e marketing, na ordem do 28o. ao 31o. Os professores menos sexies foram os de matemática, ciência da computação, contabilidade e humanidades. É isso mesmo: no quesito beleza os docentes de contabilidade somente venceram os de humanidades.

Para os curiosos, listo os vencedores:

Qualidade (na ordem): Direito, Línguas, Educação, Medicina e Enfermagem e Justiça Criminal

Facilidade: Humanidades, Educação, Música e Línguas

Apelo sexual: Medicina e Enfermagem, Marketing, Línguas e Educação Física.

Continuo minha reflexão: no meu departamento no semestre passado os dois professores com melhor avaliação por parte dos alunos foram James Giacomoni, da área de orçamento público, e Jorge Katsumi, de contabilidade internacional.

Copa realça rivalidade entre Nike e Adidas


Reportagem do Wall Street Journal sobre a copa do mundo e a concorrência entre duas empresas

Copa realça rivalidade entre Nike e Adidas
May 23, 2006 4:05 a.m.

Por Stephanie Kang em Beaverton, EUA, e Mark Esterl em Herzogenaurach, Alemanha
The Wall Street Journal

Além das 32 seleções em campo, a Copa do Mundo também vai ser decisiva para o duelo entre as titãs dos artigos esportivos Adidas AG e Nike Inc.

A batalha empresarial é tão intensa quanto a dos gramados. Como evento mundial que atrai uma audiência maior do que as Olimpíadas, a Copa pode ser o momento de decisão na concorrência cada vez mais acirrada entre as empresas. Nike e Adidas passaram a ver o torneio como um referendo de quem é o número 1 não só em futebol, mas em todo o mercado mundial de artigos esportivos.

As arqui-rivais estão abordando a Copa cada uma à sua moda. A Adidas, que há décadas mantém a liderança em futebol, pretende continuar na frente por meio de seu acordo de patrocínio com a Fédération Internationale de Football Association, a Fifa. Como a Alemanha sedia o evento este ano, a Adidas, que tem sede na Bavária, tem também a vantagem de jogar em casa.

Durante os 64 jogos, bilhões de espectadores verão o logo das três tiras da Adidas em bolas, uniformes de árbitros e voluntários e em cartazes espalhados pelos estádios do país. Nos Estados Unidos, o país-sede da Nike, a Adidas garantiu também direitos exclusivos para anunciar durante a transmissão dos jogos.
[world cup]

As arqui-rivais estão abordando a Copa cada uma à sua moda. A Adidas, que há décadas mantém a liderança em futebol, pretende continuar na frente por meio de seu acordo de patrocínio com a Fédération Internationale de Football Association, a Fifa. Como a Alemanha sedia o evento este ano, a Adidas, que tem sede na Bavária, tem também a vantagem de jogar em casa.

Durante os 64 jogos, bilhões de espectadores verão o logo das três tiras da Adidas em bolas, uniformes de árbitros e voluntários e em cartazes espalhados pelos estádios do país. Nos Estados Unidos, o país-sede da Nike, a Adidas garantiu também direitos exclusivos para anunciar durante a transmissão dos jogos.

As duas abriram as carteiras mais do que nunca para publicidade tradicional, conteúdo online, torneios de futebol amador e patrocínio de jogadores e times.

As costumeiras táticas de marketing de guerrilha da Nike — inundar as sedes das Olimpíadas com outdoors quando a empresa não tem o patrocínio oficial, por exemplo — podem ser mais difíceis de executar na Alemanha. A Fifa recorreu a tribunais locais para proteger direitos exclusivos de marketing e solicitou às cidades que dêem tratamento preferencial aos patrocinadores oficiais na hora de vender espaço de outdoor fora dos estádios.

"Estamos onde todo mundo queria estar", diz Günter Weigl, diretor de futebol mundial da Adidas.

Mas a ligação da Nike com a popular seleção brasileira está mostrando ser uma vantagem tática. A camisa da seleção está entre as mais cobiçadas do mundo. E a Nike está fazendo com que Ronaldinho, Ronaldo e os outros craques brasileiros se tornem celebridades mundiais ainda maiores. O Brasil é tão importante para o plano da Nike que sua campanha de marketing global usa o slogan "joga bonito" em português mesmo.

A Nike diz que está se aproximando de US$ 1,5 bilhão em vendas relacionadas ao futebol, mais que o dobro do que gerou em 2002 e quase 40 vezes o que faturou em 1994, o ano da Copa nos EUA, quando ela vendeu US$ 40 milhões. A líder Adidas está prevendo um salto de mais de 30% este ano, para mais de US$ 1,5 bilhão.

Este ano, a Adidas ficou mais perto da Nike em sua batalha pela supremacia no mercado mundial de artigos esportivos, graças à compra da Reebok International Ltd. por US$ 3,8 bilhões. Em abril, a empresa, cuja sede fica na pequena cidade alemã de Herzogenaurach, assinou um contrato de 11 anos com a Associação Nacional de Basquete dos EUA, a NBA, depois de transferir os direitos da Reebok. Além de futebol e basquete, a Adidas, que fatura US$ 12 bilhões por ano, é também uma grande força em atletismo, tênis e golfe.

Enquanto isso, a Nike, que tem sede na cidade americana de Beaverton, Oregon, e fatura US$ 13,7 bilhões, está fazendo um esforço redobrado em futebol depois de anos de iniciativas claudicantes. A atual investida começou para valer quando os EUA sediaram a Copa de 1994, época em que a Nike estava querendo expandir-se internacionalmente, diz Denson. "Se nossa meta era ser a maior e melhor marca esportiva do mundo, tínhamos de ser a número 1" em futebol, diz.

As duas empresas trazem histórias bem diferentes para esta Copa do Mundo. Herbert Hainer, o diretor-presidente da Adidas, um ex-jogador semiprofissional, diz que o futebol está no DNA da empresa. O fundador Adi Dassler costurou seu primeiro par de chuteiras mais de 80 anos atrás, e a Adidas fornece as bolas para as Copas do Mundo desde 1970.

Depois que a Adidas renovou no ano passado por US$ 350 milhões o contrato de patrocínio da Copa até 2014, o presidente da Fifa, Joseph Blatter, proclamou que "o futebol e a Adidas se tornaram um".

Aproveitando a vantagem de jogar em casa, a Adidas está construindo um estádio temporário na frente do Reichstag em Berlim que comportará mais de 10.000 espectadores, para os quais serão transmitidos jogos da Copa num telão. A seleção argentina, por sua vez, vai treinar na espaçosa sede da empresa.

A Nike, que começou fabricando tênis de corrida em 1964, tornou-se uma gigante global ao persuadir os consumidores a usar seus calçados de corrida, basquete e ginástica fora das quadras. Mas a empresa foi durante muito tempo fraca em futebol.

O co-fundador da Nike Philip H. Knight fez sua primeira grande jogada em futebol em 1996, quando fechou um contrato de dez anos e US$ 100 milhões com a Confederação Brasileira de Futebol. O contrato foi recentemente prolongado até 2018 por estimados US$ 144 milhões. Desde então, a Nike fechou acordos com times populares como o Barcelona na Espanha, a Juventus na Itália, o Arsenal na Inglaterra e o Corinthians no Brasil.

A Nike também vê oportunidades no que chama de produtos da "cultura esportiva". Isso inclui coisas como uma camiseta com os números 5862709402, representando os anos em que o Brasil ganhou a Copa. "Mesmo que você não adore futebol, vai gostar do visual, do estilo, da abordagem", diz Trevor Edwards, diretor de marketing da Nike.

22 maio 2006

Comportamento da Profissão mais antiga do mundo

Segundo notícia da ABC News dois economistas, Lena Edlund e Evelyn Korn publicaram um artigo, "Theory of Prostitution" no Journal of Political Economy onde analisam a profissão mais antiga do mundo.

Os autores tentam responder qual a razão para que essa profissão seja tão relativamente bem paga. Antes de responder a essa pergunta, os autores fizeram uma comparação entre os ganhos dessa profissão e de outras ocupações. Mesmo em diferentes ambientes e em diferentes épocas da história humana as prostitutas ganham mais que outras ocupações.

Utilizando um modelo matemático (sic), Edlund e Korn argumentam que o salário adicional não é decorrente do risco associado com o exercício da profissão, mas devido a redução das possibilidades de casamento em virtude da ocupação. Homens geralmente não casam com ex-prostitutas, então essas mulheres são relativamente bem recompensadas pelo custo de oportunidade.

Os autores também descobriram que a prostituição geralmente reduz quando a renda do homem aumenta.

Segundo a reportagem, "viúvas e prostitutas competem por commodities (na visão reducionista dos economistas) mas viúvas são distintamente superiores pois podem gerar crianças que são socialmente reconhecidas". Então, "se o homem tem dinheiro, ele tende a comprar um produto superior (...) e a comprar (alugar) um produto mais barato menos frequentemente". [Observem que estou citando a reportagem]

Além disso os autores observaram que quando a taxa homem sobre mulher aumenta tende a aumentar a lucratividade relativa da prostituição, quando se compara com o matrimônio.

Se a diferença é temporária devido a uma guerra, por exemplo, isso tende o incentivo a prostituição.

"Para os residentes permanentes de um local, o homem é um potencial participante do mercado de casamento e do mercado de sexo; já um visitante, somente o mercado de sexo está disponível". Isso significa dizer que quando aumenta o número de visitantes num local é normal o aumento da prostituição, como ocorreu nas cruzadas do século XII e ocorre hoje em certas cidades brasileiras.

Os autores não consideram supreendente a existência de um grande número de prostitutas entre as imigrantes. As mulheres imigrantes tem grande dificuldade de encontrar emprego, devido as barreiras da língua, por exemplo.

Bolha no Brasil

Uma reportagem da revista Istoé Dinheiro questiona se não teríamos uma bolha nos recentes lançamentos de ações no Brasil. Eis a reportagem:

Existe uma bolha na bolsa?
O valor de mercado das empresas que abriram capital nos últimos dois anos descolou da realidade do pregão. Essa exuberância é irracional?


Por Daniella Camargos

Qual empresa vale mais, a fabricante de cosméticos Natura ou a telefônica Embratel? A Gol, caçula das companhias aéreas brasileiras, ou a Acesita, maior produtora de aço inoxidável da América Latina? Engana-se quem pensa que as gigantes da velha guarda são mais valiosas, pelo menos na Bolsa de Valores. As recentes ofertas públicas iniciais de ações (IPOs, no jargão do mercado) não só estão servindo para aquecer as negociações na Bovespa como para mudar as referências de preços do mercado. Mesmo com uma receita 20% menor e um lucro 40% inferior, a Gol vale quase seis vezes mais que a Acesita. Por sua vez, a Natura equivale a duas Embratel, que tem o triplo do faturamento. O valor de mercado alcançado por outras empresas recém-lançadas na bolsa também surpreende. A produtora de açúcar e álcool Cosan, por exemplo, vale mais de cinco vezes a Petróleo Ipiranga. E a locadora de automóveis Localiza empata com a Perdigão. Dada a exuberância, potencialmente irracional, das companhias que abriram capital nos últimos dois anos, o mercado começa a fazer perguntas. Existem fundamentos reais para que as novatas do pregão sejam mais valiosas do que as veteranas? Ou a supervalorização dos ativos é o prenúncio de uma bolha?

As opiniões dos analistas se dividem. Os que afastam a hipótese da bolha não economizam argumentos para justificar a súbita valorização das calouras. A primeira justificativa, e talvez a de maior peso, é o fato delas terem aderido aos mais altos padrões de governança corporativa da bolsa, ao listarem suas ações no Nível 2 e no Novo Mercado. “O investidor considera justo pagar um prêmio maior pela transparência e pelo compromisso de prestação de contas aos minoritários”, diz Clodoir Vieira, analista da corretora Souza Barros. Seguindo este raciocínio, alguns especialistas acreditam que, se as empresas com mais tempo de pregão migrarem para tais níveis de governança, poderão sofrer uma reavaliação positiva no preço de suas ações, que estariam depreciadas. A prova poderá ser tirada com a Telemar, que pretende pulverizar seu capital, aderindo ao Novo Mercado. Os controladores da companhia condicionaram este movimento a uma alta de 62% na cotação das ações, o que significaria um acréscimo de R$ 11,4 bilhões no valor de mercado da operadora de telefonia. “Se a operação da Telemar der certo, será o divisor de águas do mercado de ações brasileiro”, acredita Alexandre Póvoa, diretor da Modal Asset Management. “Ávidas por atrair investidores, outras empresas tradicionais poderão seguir o mesmo caminho”, diz.

A segunda explicação para a rápida valorização das novatas no pregão é o grande potencial de crescimento. “A Gol, por exemplo, pode dobrar de tamanho num prazo muito curto caso conquiste os passageiros da Varig”, diz Vieira, da Souza Barros. Outra justificativa é a redução do risco país pelas agências internacionais. “Ela faz melhorar a percepção dos investidores, principalmente estrangeiros, sobre os ativos brasileiros”, diz Marco Melo, diretor de pesquisa em ações da corretora Ágora Sênior. Além disso, há, atualmente, uma farta liquidez internacional. Do total dos 16,2 bilhões em ações ofertadas no mercado brasileiro em 2005, 60% foi absorvido por investidores estrangeiros em busca de boas oportunidades de ganho.

Há quem acredite, porém, que tais argumentos não são suficientes para afastar a hipótese de uma euforia especulativa. “Nada justifica o fato de o valor de mercado médio das empresas que fizeram IPO recentemente representar cerca de 32 vezes seu lucro líquido, enquanto as maiores empresas do Brasil, com menor risco, valem aproximadamente 15 vezes o lucro líquido”, afirma Rodrigo Pasin, sócio da Value, uma consultoria especializada em avaliação de ativos. Por este critério de comparação, as novatas na bolsa estão valendo em média duas vezes mais que as companhias consideradas investment grade pela agência de classificação de risco Standard & Poor’s. Isto é estranho, já que, pelo menos em tese, as empresas de risco mais baixo deveriam valer mais, por apresentar um custo de capital menor.

No caso da loja eletrônica Submarino, o preço atual dos papéis corresponde a 52 vezes o resultado operacional do ano anterior. Teoricamente, explica Pasin, isso significa que o prazo para que os resultados da companhia se equiparem ao preço pago por cada ação será de 52 anos. Além disso, lembra o consultor, muitas ofertas de ações estão ocorrendo para propiciar a saída de fundos de capital de risco ou de sócios das empresas. E não para capitalizar a companhia e turbinar seu crescimento. É o caso de Natura, Submarino e DASA (Diagnósticos da América, controladora dos laboratórios Delboni Auriemo), entre outras.

Na opinião de Póvoa, da Modal, os números das estreantes no mercado de ações impressionam porque há uma dificuldade de se aceitar que, atualmente, a economia de serviço (da qual faz parte a maioria das empresas que abriu capital nos últimos dois anos) é mais valorizada que a economia industrial. De fato, as companhias do chamado setor terciário estão ganhando uma importância cada vez maior no mundo dos negócios. Já há algum tempo que, lá fora, empresas do que um dia chamou-se “Nova Economia”, como Google e Microsoft, valem mais do que companhias tradicionalíssimas, como a General Motors. “Não existem explicações tangíveis para a rápida valorização dessas empresas”, diz Póvoa. “Por isso, os erros de avaliação podem ser maiores e, conseqüentemente, os riscos também”. Ele descarta, porém, a possibilidade de uma bolha estar sendo formada. “Ao contrário do que ocorreu com as empresas de Internet anos atrás, as companhias que chegaram recentemente à bolsa dão lucro e têm um histórico para ser avaliado.”

Se falta consenso entre os especialistas sobre a existência ou não de uma bolha, sobra certeza em relação à possibilidade de um ajuste no preço dos novos ativos. Segundo os analistas, à medida em que as empresas novatas na bolsa atingirem a maturidade, ou seja, finalizarem os investimentos previstos, o preço de suas ações será ajustado. “A velocidade e a intensidade em que isso acontecerá vai depender dos resultados futuros das companhias” diz Vieira, da Souza Barros. Isso significa que investidores tentados a investir agora pelos retornos altos e de curto prazo relatados nos últimos balanços correm o risco de apostar nas empresas no momento errado.