Boa parte do texto a seguir é do site The Blunt Bean Counter. Mas, seguindo a orientação de Gigerenzer (Preparados para o Risco) e Ockham, regras simples podem ajudar muito mais do que modelos complexos. Algumas das regras são efetivamente corretas, enquanto outras são sugestões para uma boa gestão financeira.
1 – Regra dos 72 – Essa mostra em quanto tempo você dobrará seu investimento. Se você aplicar 100 unidades monetárias hoje, em quanto tempo, dada uma taxa de juros, você terá juros somados de 100, o que corresponde a uma riqueza somada de 200. Para isso, basta dividir 72 pela taxa de juros da aplicação. Se a taxa de juros estiver em base anual, o resultado será em anos. Caso a taxa esteja em base mensal, o resultado será em meses. Suponha que o investimento de 100 seja aplicado a 6% ao ano. Dividindo 72 por 6, temos 12. Ou seja, em 12 anos o valor inicial investido terá duplicado. É uma regra intuitiva, pois quanto maior a taxa do investimento, mais rápido será o retorno. Atenção, pois há a suposição de que a taxa será constante no tempo, o que muitas vezes não ocorre.
2 – Regra dos 4% - Essa regra financeira é mais questionável que a anterior, mas pode ser usada para calcular quanto você deveria ter de ativos ao se aposentar. O cálculo é feito da seguinte forma: é necessário saber com quanto dinheiro seria razoável viver na aposentadoria. Suponha que você precise de 10 mil reais por mês para suas despesas, incluindo diversão e despesas médicas, totalizando 120 mil reais por ano. Divida 120 mil reais por 0,04, resultando em 3 milhões de reais. Mas o que representa esse 4%? Suponha que você se aposente aos 65 anos. Retirando 120 mil reais por ano, seu patrimônio de 3 milhões esgotará em 25 anos. A fórmula pode ser adaptada para cada situação. Imagine agora que você acredite que viverá até os 100 anos. Portanto, o tempo como aposentado aumentará de 25 para 35 anos. Nesse caso, o valor pode diminuir de 4% para 2,9%. Essa regra também pode ajudar a fazer uma estimativa da economia necessária.
3 – Regra 50/30/20 – Novamente, uma regra baseada em suposições e, portanto, deve ser vista com cuidado. Da sua renda, metade será gasta em necessidades básicas, como alimentação, aluguel, saúde, entre outros. Trinta por cento seriam destinados a gastos não básicos, como restaurante, Netflix e celular novo. E o restante deveria ser reservado para aposentadoria e segurança. Claro que muitos não poderão destinar 1 real de cada 5 que recebem, mas é sempre bom lembrar que o valor descontado para a previdência social poderia entrar nessa conta. Essa é uma regra motivadora, que incentiva cada pessoa a reservar parte de sua renda para a segurança pessoal de uma boa aposentadoria.
4 – 6 meses – Toda pessoa deve ter um fundo de emergência. O valor do fundo pode variar conforme a idade e o risco envolvido. Sua principal função é ter dinheiro caso fique sem emprego. Com um fundo de emergência de 6 meses, cada pessoa deveria ter uma reserva equivalente a seis meses de salário. Em caso de demissão, esse fundo permitiria manter o padrão de vida enquanto se busca uma nova oportunidade no mercado de trabalho. Na verdade, a reserva de seis meses pode ajudar a sobreviver por mais tempo, já que ajustes na vida financeira são possíveis.
5 – Regra do reparo de aparelhos – Eu conhecia a regra dos sete anos. Geralmente, sete anos após a compra de um aparelho, a chance de ele quebrar aumenta substancialmente. Há, inclusive, a conhecida crise dos casais dos sete anos de vida conjunta, quando TV, geladeira, máquina de lavar e outros aparelhos começam a dar problema. É necessário decidir entre comprar um novo ou fazer o conserto. A regra do reparo diz o seguinte: compre um novo se o aparelho com problema tiver mais de oito anos ou o reparo custar mais da metade do custo de reposição. Pode ser uma regra singela, mas evita perder tempo com objetos velhos demais.
6 – Regra dos 10 – Essa regra evita a decisão de compra por impulso. Quando decidir comprar algo, espere dez dias entre o primeiro impulso e a efetivação da compra. Essa é a fórmula mais simples da regra, mas ela pode variar conforme o valor da compra. Se o valor da compra for muito pequeno, espere pelo menos 10 horas. À medida que o valor aumenta, divida pelo tamanho da sua renda. Imagine que você queira comprar um carro que custa 100 mil. Sua renda mensal é de 10 mil. Divida esse número e espere dez meses após começar a pensar na compra. Obviamente, essa regra exige muito autocontrole financeiro.
7 – Regra dos dois zeros – Essa é de minha autoria. Ao analisar seu orçamento, você poderá perceber que algumas despesas podem ser cortadas. Um exemplo é o pacote de streaming que você não assiste; ou a assinatura do Spotify que pouco escuta; ou a despesa com uma academia pouco frequentada. Qualquer pessoa pode ter algo assim. Se não agir, com o passar do tempo, a pequena despesa torna-se um rombo enorme. A regra dos dois zeros mostra como calcular rapidamente o valor total de manter uma despesa desnecessária. Para isso, adicione dois zeros ao valor mensal da despesa e veja o que isso representará ao longo da vida. Os cem reais dos pacotes de streaming significarão dez mil reais. Os 200 reais da academia correspondem a 20 mil reais. Duas pequenas despesas mensais já totalizam 30 mil reais devido à nossa inação. A explicação para a regra é a seguinte: quando um fluxo de caixa é constante e tende ao infinito, o valor presente do mesmo pode ser obtido dividindo pela taxa de juros do período. Aqui, estou assumindo que a taxa de juros é de 1% ao mês, um valor elevado, mas que incentiva as pessoas a agirem.
Boa sorte com as regras simplificadas para suas finanças pessoais.