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19 dezembro 2023

Vendeu por 150 euros e o comprador revendeu por 4,2 milhões

Eis uma situação que pode ser analisada sob diversas óticas na contabilidade. Mas vamos primeiro aos fatos. 

Um casal francês vendeu um máscara africana por 150 euros. Tempos depois, eles descobriram que a máscara era muito rara, de procedência do Gabão. O comprador obteve 4,2 milhões pela peça. O casal tentou anular a venda anterior. O comprador resolveu oferecer então 300 mil euros, mas o casal recusou e levaram o caso para justiça. Quando fizeram isso, o comprador voltou atrás na oferta e ganhou no tribunal. 


Para complicar, o governo do Gabão afirma que nenhuma das partes deve ter a máscara. Trata-se de um objeto raro, com 10 peças no mundo, que pertence ao governo e deve ser devolvida. 

O valor da máscara, para o casal, era residual. Mas ao saber do significado e do valor que poderia ser obtido, o casal estava entre aceitar um acordo de 300 mil ou tentar obter o valor de 4,2 milhões integrais. Em termos de indiferença, o caso acreditava que sua chance de ganhar na justiça deveria ser de pelo menos 7%. (Basta resolver 0,3 (1-p) = 4,2 p para encontrar a chance mínima) Ou seja, é uma aposta bem razoável. 


Mas mesmo que tenha obtido a vitória na justiça, isso não garante o valor de 4,2 milhões, já que existe uma reinvindicação do governo africano do Gabão. O contador do casal deveria registrar o valor de 300 mil, o mínimo já garantido do comprador, ou os 4,2 milhões? Ou nada, já que existe mais um interessado na peça? 

Os gols mais bonitos do futebol


20. Roberto Carlos, Real Madrid vs Tenerife, 21 de fevereiro de 1998

19. Dimitri Payet, OM vs PAOK, 7 de abril de 2022

18. Ronaldo, Barcelona vs Compostela, 12 de outubro de 1996

17. Gareth Bale, Real Madrid vs Liverpool, 26 de maio de 2018

16. Cristiano Ronaldo, Real Madrid x Juventus, 3 de abril de 2018

15. Stephanie Roche, Peamount United vs Wexford Youths, 22 de outubro de 2013

14. Wayne Rooney, Everton x Arsenal, 19 de outubro de 2002

13. Carlos Alberto, Brasil vs Itália, 21 de junho de 1970

12. Jack Wilshere, Arsenal vs Norwich, 19 de outubro de 2013

11. Roberto Carlos, Brasil vs França, 3 de junho de 1997

10. Paul Gascoigne, Inglaterra vs Escócia, 15 de junho de 1996

9. Zlatan Ibrahimović, Suécia vs Inglaterra, 14 de novembro de 2012

8. Papiss Cissé, Newcastle United vs Chelsea, 2 de maio de 2012

7. Dennis Bergkamp, Arsenal x Newcastle United, 2 de março de 2002

6. Alessia Russo, Inglaterra vs Suécia, 26 de julho de 2022

5. Dennis Berkgamp, Holanda vs Argentina, 4 de julho de 1998

4. Zinedine Zidane, Real Madrid vs Bayer Leverkusen, 15 de maio de 2002

3. Marco van Basten, Holanda vs URSS, 25 de junho de 1988

2. Lionel Messi, Barcelona vs Getafe, 18 de abril de 2007

1. Diego Maradona, Argentina vs Inglaterra, 22 de junho de 1986

O mais antigo gol da lista é de 1970. Roberto Carlos é o único que teve dois gols listados. Dois dos gols foram do futebol feminino. 


Os mais poluentes

 


A tabela apresenta a origem do lixo plástico nos oceanos. Parece não existir uma relação entre quem produz plástico e quem polui o oceano. A existência de uma longa costa, chuvas e falta de gestão de resíduo contribui. A China produz dez vezes mais plástico que a Malásia, mas 0,6% do total chinês chega ao oceano, contra 9% da Malásia. As Filipinas, a campeã na poluição, possui mais de 7 mil ilhas, com 36 mil quilômetros de costas e quase cinco mil rios. O único país não asiático é o Brasil, que também tem uma costa longa e 1240 rios. 

Uma forma de combater a poluição é punir quem polui. Mas isso é muito difícil. Mas podemos incentivar que produz. Quem sabe, pesando no bolso, encontrem logo uma solução, como um plástico que desintegra. Recentemente a Pepsi foi multada por ser a empresa com maior nível de poluição em um estado dos Estados Unidos. Outra possível solução é focar nos países poluidores. 

Não preparados para o Risco

 

Eu gostei demais dessa figura. Está no excelente livro Preparados para o Risco, de Gert Gigerenzer. Trata do número de acidentes com automóveis com vítimas nos Estados Unidos, entre janeiro de 2001 a março de 2003. O zero é a média entre 1996 a 2000. Após o ataque de 11 de setembro, as pessoas ficaram com medo de viajar de avião. E pegaram a estrada. Ou seja, trocaram um meio de transporte mais seguro por outro mais perigoso. Doze meses depois, o número de fatalidades tinha ficado sempre acima da linha zero. Esse excesso de fatalidades foi seis vezes maior que o número de passageiros mortos nos voos. 

Para Gigerenzer, todos podemos aprender a lidar com risco. Os "especialistas" não são a solução, mas parte do problema. E regras simples podem ser construídas. 

18 dezembro 2023

Quem ganha e quem perde com o ChatGPT

O texto a seguir foi escrito há um ano. Muito pertinente, como a leitura irá provar (grifo meu):  

Com tantos desenvolvimentos espetaculares em inteligência artificial ocorrendo este ano, vale a pena perguntar quem se beneficia e quem perde.

Tecnologias específicas geralmente ajudam alguns tipos de personalidade e prejudicam outros. Por exemplo, com o surgimento de computadores, a programação e a internet ajudou os nerds analíticos. Hoje, você pode estar em alta demanda como programador ou administrar sua própria start-up e enriquecer. Mas lá nos anos 1960, você poderia ter tido sorte de conseguir um emprego na NASA e ter uma renda de classe média. Anteriormente, o aumento da manufatura e do emprego em fábricas ajudou trabalhadores do sexo masculino capazes e fisicamente habilidosos que tinham entusiasmo pelo trabalho físico.

Uma característica marcante dos novos sistemas de IA é que você precisa sentar para usá-los. Pense no ChatGPT, Stable Diffusion e serviços relacionados como tutores individualizados, entre suas outras funções. Eles podem te ensinar matemática, história, como escrever melhor e muito mais. Mas nenhum desse conhecimento é transmitido automaticamente. Há uma vantagem relativa para pessoas que são boas em se sentar na cadeira e se concentrar em algo. A iniciativa se tornará mais importante como uma qualidade para o sucesso.

Os retornos para a durabilidade do esforço também estão aumentando. Se você desistir no meio da execução do seu projeto de concreto com ajuda da IA, os novos serviços de IA acabarão sendo apenas brinquedos em vez de investimentos em seu futuro.

Os retornos para o conhecimento factual estão diminuindo, continuando uma tendência que começou com bancos de dados, motores de busca e a Wikipedia. Não é mais tão lucrativo ser um advogado que conhece uma grande quantidade de jurisprudência acumulada. Em vez disso, as habilidades de síntese e persuasão são mais críticas para o sucesso.

O ChatGPT se destaca na produção de prosa comum e burocrática, escrita em um estilo aceitável, mas não descritivo. Por sua vez, provavelmente entenderemos melhor o quanto nossa sociedade é organizada em torno desse fundamento, desde brochuras corporativas até regulamentos e jornalismo de segunda categoria. As recompensas e o status diminuirão para aqueles que produzem tal escrita hoje, e as recompensas por originalidade excepcional provavelmente aumentarão. O que exatamente você pode fazer para se destacar no mar dos chat bots?

Nossas visões subjacentes podem se tornar mais elitistas. Se você é um programador apenas ligeiramente melhor do que os bots, pode perder respeito e renda. Programadores e escritores excepcionais, que não podem ser facilmente copiados, atrairão mais atenção e status. E à medida que as gerações sucessivas dos GPTs melhorarem, essas recompensas serão distribuídas para uma porcentagem cada vez menor de humanos.

É acusado que os novos bots não têm originalidade. No entanto, por mais verdadeiro que isso possa ser, a observação eventualmente focaliza sua atenção na pergunta de quantos humanos têm essa mesma originalidade.

A maioria dos escritores provavelmente perderá parte de seu público, se apenas porque os potenciais leitores estarão ocupados brincando com os bots. Um perigo mais profundo, ainda não presente, mas talvez não muito distante, é que os bots serão capazes de copiar efetivamente nossos escritores e criadores mais conhecidos.

Uma estratégia comum atual é disponibilizar muita escrita ou imagens gratuitamente na web e usar a publicidade resultante para construir uma audiência para produções mais comerciais, como livros, palestras e obras de arte. No futuro, isso pode ser pedir por problemas, já que os bots vão te copiar e, essencialmente, você estará treinando seus concorrentes de graça. Isso funcionará apenas se você puder produzir carisma e celebridade, duas características que aumentarão em importância.

A estratégia "antiga" de lançar edições limitadas, não disponíveis na internet e não totalmente definidas por suas qualidades digitais, pode ganhar importância, já que será mais difícil para a IA copiar essas produções.

A geração anterior de tecnologia da informação favoreceu os introvertidos, enquanto os novos bots de IA são mais propensos a favorecer os extrovertidos. Você precisará estar se exibindo o tempo todo para mostrar que você é mais do que "um deles". A originalidade, incluindo a originalidade "na sua cara", estará em alta. Se você tem medo de ser esse "exibido", como o mundo saberá que você é algo além de um bot com uma face humana?

Alternativamente, muitos humanos podem se afastar dessas lutas competitivas. Atualmente, os bots são muito melhores em escrever do que, por exemplo, se tornar um mestre jardineiro, o que também requer habilidades de execução física e movimentação em espaço aberto. Podemos, assim, ver uma grande explosão de talento na área de jardinagem e em outros inputs difíceis de copiar, se apenas para proteger a reputação e a propriedade intelectual das pessoas dos bots.

Atletas, no sentido amplo do termo, podem assim subir de status. Escultura e dança podem ganhar em importância cultural e criatividade em relação à escrita. Contra-intuitivamente, se você quiser que nossa cultura se torne mais real e visceral em termos do que comanda a atenção e a inspiração da audiência, talvez os bots sejam exatamente o que você estava procurando.

Rir é o melhor remédio

Marca no paraíso
 

17 dezembro 2023

Efeito colateral do combate à corrupção na China

Em suas recentes pesquisas, William Megginson, Kedi Wang e Junjie Xia descobriram que a campanha anticorrupção do Partido Comunista Chinês teve um impacto negativo no desempenho e na firmeza dos gerentes. A pesquisa, focada nas inspeções disciplinares aplicadas a empresas estatais chinesas durante a campanha anticorrupção, revela que essas ações resultaram em uma significativa redução nos investimentos de capital, levando a uma queda expressiva na lucratividade, inovação e no índice Tobin's Q.


Os autores destacam que as inspeções disciplinares, destinadas a combater a corrupção e fortalecer o controle do Partido Comunista Chinês, geraram ansiedade e medo entre os gerentes. Isso levou a uma relutância em realizar investimentos arriscados, impactando negativamente o desempenho das empresas estatais. A pesquisa também destaca que, após as inspeções, os gestores reduziram os investimentos em pesquisa e desenvolvimento, bem como despesas com entretenimento e viagens.

A campanha anticorrupção, iniciada em 2012, resultou em disciplinas e acusações contra milhares de funcionários, incluindo líderes de empresas estatais. Apesar de seus objetivos positivos de reduzir a corrupção, a pesquisa destaca as consequências não intencionais, evidenciando que a pressão sobre os gerentes para evitar riscos prejudicou o desempenho das empresas. 

Fogo e Floresta: risco e mudança do clima

Fire is an important risk in global forest loss and contributed 20% to 25% of the global anthropogenic greenhouse gas emissions between 1997 and 2016. Forest fire risks will increase with climate change in some locations, but existing estimates of the costs of using forests for climate mitigation do not yet fully account for these risks or how these risks change inter-temporally. To quantify the importance of forest fire risks, we undertook a global study of individual country fire risks, combining economic datasets and global remote sensing data from 2001 to 2020. Our estimates of forest fire risk premia better account for the risk of forest burning that would be additional to the risk-free and break-even price of credits or offsets to promote carbon sequestration and storage in forests. Our results show the following: (1) forest fire risk premia can be much larger than the historical forest area burned; (2) for some countries, forest fire risk premia have a large impact on the relative country-level break-even price of carbon credits or offsets; (3) a large spatial and inter-temporal heterogeneity of forest fires across countries between 2001 and 2020; and (4) the importance of properly incorporating forest fire risk premia into carbon credits/offset programs. As part of our analysis, and to emphasise the possible sub-national scale differences, our results highlight the heterogeneity in fire risk premia across 10 Canadian provinces.



Artigo completo aqui

Uso inadequado da IA

Atualmente a Austrália está com um pé-atrás com as empresas de auditoria. Nada melhor que colocar mais polêmica na fogueira. No início de setembro, um grupo de acadêmicos foi chamado para falar sobre o assunto para o parlamento australiano. E o que ocorreu, em lugar de suportar os críticos das grandes empresas, serviu como alerta (e ajudou) às grandes empresas de auditoria. 

Usando o Google Bard, um dos acadêmicos apresentou algumas situações onde as grandes empresas tinham falhado substancialmente.  Em uma das acusações, a KPMG era considerada cúmplice em um escândalo na 7-Eleven. A mesma empresa teria auditado o Commonwealth Bank. A Deloitte foi acusada de cometer erros na empresa Probuild e na Patisserie Valerie. 

Tudo errado. E diante da notícia da falha, o professsor pediu desculpas. 

Anteriormente tínhamos citado o referido acadêmico: aqui e aqui

Banco Nacional da Costa Rica

 

O Banco Nacional da Costa Rica (foto) foi furtado em 6 milhões. Os ladrões foram capturados não cometendo o delito, mas gastando o dinheiro obtido com o mesmo. É um exemplo interessante de como a ausência de controles internos pode conduzir a possibilidades de desvios. 

O funcionário conhece os pontos fracos do sistema de vigilância. Com esse conhecimento, a retirada de recurso passando pela vigilância pode ser mais fácil. Oito funcionários foram presos, mas um funcionário, o tesoureiro, era o responsável pela retirada do recurso. Um fato interessante é que a última contabilidade física do dinheiro do banco tinha sido feita em 2019, antes da pandemia, portanto. Existia uma determinação interna de adiar algo básico na contabilidade, mas a captura dos meliantes ocorreu por motivos mais triviais: um dos envolvidos começou a gastar seis mil dólares por dia em loteria. 

Fonte: BoingBoing

Ensino EaD

 Os dados do Censo da Educação Superior mostram que a cada 100 estudantes que ingressaram em cursos EaD em 2018, só 34% continuavam matriculados em 2020. Nos cursos presenciais, eram 53%. Considerando os números brutos, dos 1,4 milhão de estudantes que ingressaram em cursos de graduação EaD em 2018, só 481 mil ainda estavam matriculados dois anos depois. Nos cursos presenciais, entraram 2,1 milhões em 2018, restaram 1,1 milhão em 2020.


Via aqui. Mesmo assim, parece que os alunos estão preferindo o curso EaD. São mais cômodos e com menor custo. Mas a qualidade e a chance de não conclusão ... 

IA e ética: caso da Sports Illustrated

Tudo começou quando o site Futurism denunciou que a famosa revista Sports Illustrated estava publicando textos usando inteligência artificial. Alguns dos textos eram toscos a ponto de fazer afirmações como “o vôlei pode ser um pouco complicado de se começar, especialmente sem uma bola de verdade”.

Além disso, os textos tinham pistas de que os autores eram falsos. Os autores das reportagens receberam uma descrição do tipo:


"Drew passou grande parte de sua vida ao ar livre e está animado para guiá-lo em sua lista interminável dos melhores produtos para impedir que você caia nos perigos da natureza", dizia. "Atualmente, raramente há um fim de semana que se passa onde Drew não está acampando, caminhando ou apenas de volta à fazenda de seus pais."

Mas Drew Ortiz nunca foi localizado fisicamente. Ele não existe, obviamente. E sua foto exibida no texto também estava à venda em um site que gera imagens por inteligência artificial.


No passado, a revista ficou famosa por sua qualidade. Escritores como William Faulkner e John Updike chegaram a publicar por lá. Após a denúncia, a empresa que atualmente controla a revista desmentiu. Depois, jogou a culpa em uma terceirizada que tinha sido responsável pelos textos. E, como as ações caíram, resolveu demitir seus executivos.

Qual a relação do fato com a contabilidade? Primeiro, a questão da produção de texto pode ser uma reflexão sobre ética e fraude. A revista não estava preocupada em esclarecer, para o leitor, que o texto foi gerado por inteligência artificial e não por um profissional. Depois das evidências, negou sua responsabilidade.

Outro aspecto que interessa é que o fato diz respeito ao corte de custos. Se agora eu tenho um instrumento que produz um texto mais rápido e de forma mais barata que um jornalista, meu interesse é no lucro. A inteligência artificial serve não como instrumento de melhoria de qualidade ou de produtividade.


No mesmo instante em que ocorria o escândalo da Sports Illustrated, veio à tona a notícia de que a NewsAnchored estava vendendo serviços de publicação garantidos (foto acima), sem ter de lidar com os jornalistas. A empresa é dona de sites onde é possível a publicação de qualquer coisa por 1.500 dólares por mês. Os sites são muito parecidos com sites da Rolling Stone, USA Today e outras marcas de mídia.


Parte do problema está em como o público chega a esses sites? Parte da resposta está no comércio da pesquisa e das páginas dos navegadores. Parte, na preguiça do leitor. 

16 dezembro 2023

Ricos e Clima

O super-iate de US $ 500 milhões, com um mastro triplo de Jeff Bezos, está longe de ser favorável ao clima (...) "Koru" é o maior iate à vela do mundo. Produz 7.154 toneladas de gases de efeito estufa por ano, ou cerca de 447 vezes a pegada de carbono anual da família média dos EUA

E uma família média dos Estados Unidos emite muito carbono. A fonte está aqui, de onde adaptei o cartoon. 


15 dezembro 2023

Rir é o melhor remédio

Aquecimento global
 

Presença e Ausência no apoio ao ISSB

Cerca de 400 organizações, de 64 jurisdições, assinaram uma declaração de apoio para promover a adoção ou uso da divulgação de relatórios relacionados ao clima da International Sustainability Standards Board (ISSB).  Essa declaração foi anunciada durante a COP28. Seria um sinal de que o ISSB teria legitimidade entre empresas, investidores, bolsas de valores, profissionais de contabilidade, organizações multilaterais, ONGs, universidades, provedores de análises de dados, consultores corporativos e outros.

O documento enfatiza a importância de considerar os riscos climáticos, que estariam afetando as empresas. Entre os assinantes do documento é possível notar a presença da Organização Internacional de Comissões de Valores Mobiliários (IOSCO), do Conselho de Estabilidade Financeira do G20, do Fundo Monetário Internacional (FMI), Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), entidades das Nações Unidas, Banco Mundial e Banco Asiático de Desenvolvimento.

Entre os brasileiros, o Instituto Brasileiro de Governança Corporativa - IBGC, Itaú Unibanco Holding SA, a Itaúsa, APIMEC Brazil – Brazilian Association of Investment Professionals in Capital Markets, B3 - The Brazilian Stock Exchange, Natura &Co. Há na lista de assinantes empresas conhecidas por serem poluidoras. Mas veja na listagem dos assinantes brasileiros a ausência dos profissionais certificados brasileiros e de instituições oficiais de crédito do governo. 


Recondução no ISSB

Os Trustees da IFRS Foundation informaram que o Chair da International Sustainability Standards Board (ISSB) foi reconduzido ao cargo. O francês Emmanuel Faber foi o primeiro a ocupar o cargo e um segundo mandato indica uma confiança no trabalho que está sendo feito por ele. Outro ponto é que o mandato de Faber termina no final de dezembro de 2024 e o anúncio foi feito um ano antes. 

No comunicado isso foi destacado. Para a Fundação, a antecipação na recondução seria o reconhecimento de que a atual gestão está conseguindo criar uma base global verdadeira de divulgações de sustentabilidade. 

14 dezembro 2023

IFRS na COP

O Presidente dos Curadores da IFRS Foundation, Erkki Liikanen, realizou um discurso na COP28, atualmente realizada em Dubai, Emirados Árabes Unidos, para refletir sobre o progresso alcançado desde que a IFRS Foundation anunciou a decisão de estabelecer o International Sustainability Standards Board (ISSB) na COP26.

No discurso, Liikanen confirmou os três compromissos adicionais a seguir nos esforços da IFRS Foundation para apoiar mercados de capitais eficientes e resilientes por meio de divulgações financeiras robustas relacionadas à sustentabilidade:

Implementar o programa de capacitação da IFRS Foundation para que jurisdições em desenvolvimento e emergentes estejam em melhor posição para adotar e usar o IFRS S1 Requisitos gerais para divulgação de informações financeiras relacionadas à sustentabilidade e IFRS S2 Divulgações relacionadas ao clima;

Promover a adoção jurisdicional da IFRS S1 e IFRS S2 por meio de diálogos bilaterais com governos e reguladores. Para conseguir isso, a IFRS Foundation continuará trabalhando em estreita colaboração com a Organização Internacional das Comissões de Valores Mobiliários (IOSCO) e o Conselho de Estabilidade Financeira, que desempenham papéis essenciais no trabalho de adoção; 

e Avançar novas iniciativas de definição de padrões para desenvolver a linha de base global de divulgações relacionadas à sustentabilidade após feedback da recente consulta sobre a agenda futura do ISSB.

Fonte: IasPlus

Fraude e AI: auditoria

Nada contra, mas talvez fosse importante disfarçar melhor a propaganda. 

A EY implementou inteligência artificial (IA) em seus processos de auditoria [1], levando à detecção de atividades fraudulentas [2]. Das primeiras 10 empresas avaliadas por esse novo sistema, atividades suspeitas foram identificadas em duas, as quais foram posteriormente confirmadas como fraudes pelos clientes.

Kath Barrow, sócia-diretora de garantia da EY no Reino Unido e Irlanda, comentou sobre a eficácia do sistema [3], indicando que esses resultados iniciais demonstram sua utilidade potencial na auditoria.

Embora a EY tenha se recusado a revelar os detalhes de seu software [4] ou a natureza das fraudes descobertas, Barrow disse que os resultados sugeriam que a tecnologia tinha "potencial" para a auditoria.

A EY começou a experimentar com IA em auditoria em 2018 [5].

Naoto Ichihara, um sócio de garantia da Ernst & Young ShinNihon LLC no escritório de Tóquio, sempre teve paixão por programação. Sua expertise no desenvolvimento de modelos e sistemas para auditoria o levou a explorar a aplicação de aprendizado de máquina na análise de dados contábeis.

A extensa pesquisa de Naoto em artigos acadêmicos existentes [6] e algoritmos despertou sua percepção de que havia uma maneira melhor de detectar anomalias por meio de aprendizado de máquina.

Impulsionado por sua visão, Naoto codificou uma solução de IA que podia identificar entradas anômalas em grandes bancos de dados. Essa tecnologia se tornou pioneira no campo da auditoria e foi posteriormente patenteada [7].

Reconhecendo a necessidade de colaboração, Naoto formou uma equipe de auditores e desenvolvedores para testar e aprimorar o método de detecção da solução, que foi posteriormente chamada de EY Helix GL Anomaly Detector ou Helix GLAD [8].

continue lendo aqui

[1] Não deixa de ser uma ferramenta de marketing. 

[2] As empresas de auditoria gostam de afirmar que isso não é tarefa delas. Parece contraditório, exceto se olharmos sob a ótica de estratégia de marketing. 

[3] Falta um rigor aqui, não? Uma pessoa da própria empresa que está vendendo a solução confirma que funciona. 

[4] Se quiser saber, compre. 

[5] Aqui destaca que a empresa já está no ramo há tempos. 

[6] Pesquisei ele no Google Acadêmico, que é uma base democrática de artigos. Posso estar enganado, mas não achei nenhum artigo na área. 

[7] Se quiser usar, pague

[8] A solução paga

Lembrando o passado de emissão de CO2

No total, os seres humanos coletivamente emitiram 2.558 bilhões de toneladas de CO2 (GtCO2) na atmosfera desde 1850, o suficiente para aquecer o planeta em 1,15°C acima das temperaturas pré-industriais.

A questão é que a responsabilidade por essa emissão não é igualitária, no tempo, na distribuição geográfica e entre pessoas. Uma análise realizada com dados históricos mostra que os Estados Unidos foi o maior responsável pelo aquecimento global, com 21%. A China aparece depois, mas há um grande destaque para as antigas potências coloniais. 


Considerando a história da emissão, a responsabilidade da Comunidade Européia mais Reino Unido para o aquecimento é de 19%. 

Em termos temporais, países como Índia e Indonésia são mais relevantes na responsabilidade pela emissão nos anos mais recentes. Em termos mais antigos, o Reino Unido tem muita relevância, em razão da emissão não somente pela industrialização, mas também pelas colônias. 

Já em termos de pessoas, uma análise das emissões por pessoa mostra que os Países Baixos e Reino Unidos são os maiores emissores. Mais que Rússia e Canadá. Um holandês foi responsável por emitir 2.014t de CO2. Um russo responde por 1.922tCO2 e um canadense 1.524tCO2. Isso é muito mais que China (217tCO2 por pessoa) e a Índia (52tCO2). 

Essas descobertas reforçam a significativa responsabilidade histórica dos países desenvolvidos pelo aquecimento atual, especialmente as antigas potências coloniais na Europa.

Embora representem menos de 11% da população mundial hoje, juntos, os EUA, UE e Reino Unido são responsáveis por 39% das emissões históricas acumuladas e do aquecimento atual relacionado ao CO2.

Alguns dos países que historicamente foram grande emissores, agora apoiam uma resposta climática global. E isso inclui os países menos desenvolvidos. 

13 dezembro 2023

Sustentabilidade acima de qualquer suspeita

 Ironia. Mas a notícia é:

A B3 comunicou nesta terça-feira (5) que as ações da Braskem deixarão de integrar a carteira de seu Índice de Sustentabilidade Empresarial a partir de sexta-feira, em meio ao agravamento da situação envolvendo minas de extração de sal-gema da petroquímica na capital do Estado de Alagoas.

“Em função da situação de emergência decretada pela prefeitura de Maceió, envolvendo uma mina da Braskem, a B3 iniciou em 1 de dezembro o Plano de Resposta a Eventos ESG relacionados ao ISE B3”, afirmou a empresa de infraestrutura para o mercado financeiro.

Fazia sentido a Braskem estar no índice?