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05 julho 2008

Critica a adoção do IFRS pelos Estados Unidos

No NY Times uma reportagem (Accounting Plan Would Allow Use of Foreign Rules, Stephen Labaton, 05/07/2008) sobre as críticas a adoção do IFRS pelos Estados Unidos. É interessante ler os argumentos para sabermos exatamente o que significa a convergência.

Num primeiro momento, a preocupação de que a adoção da IFRS significa deixar de lado as normas surgidas após o colapso da Enron para proteger os investidores:

But critics say the changes appear to be a last-ditch push by appointees of President Bush to dilute securities rules passed after the collapse of Enron and other large companies — measures that were meant to forestall accounting gimmicks and corrupt practices that led to those corporate failures.

Outro aspecto destacado pelos críticos é que os reguladores estrangeiros estão fora da alçada do Congresso:

Foreign regulators are beyond the reach of Congress, which oversees American securities regulation through confirmation proceedings, enforcement hearings and approval of the Securities and Exchange Commission’s budget.


Além disso, as regras internacionais significam que os resultados das empresas serão melhores (vide aqui post sobre o assunto):

The commission is preparing a timetable that will permit American companies to shift to the international rules, which are set by a foreign organization and give companies greater latitude in reporting earnings. Companies that have used both domestic and overseas rules have, on average, been able to report revenues and earnings that were 6 percent to 8 percent higher under the international standards, according to accounting experts.


Outro aspecto citado é que as normas internacionais são piores que as estadunidenses em certos itens:

Though foreign accounting standards are stronger in some ways than American accounting principles, they are weaker in some important areas. They enable companies, for example, to provide fewer details about mortgage-backed securities, derivatives and other financial instruments at the center of today’s housing crisis and that have troubled many Wall Street firms, including Bear Stearns.


As normas internacionais são, segundo Cox, uma terceirização das normas contábeis:

James D. Cox, a securities law expert at Duke Law School who returned this week from teaching corporate law in Europe, said the shift to international rules amounted to “outsourcing safety standards.”

O texto também comenta que a adoção das normas reflete a necessidade de aumento de investimento estrangeiro nos Estados Unidos:

Officials say the proposed changes reflect the decades-long push toward global markets. They say the changes are necessary to attract capital from abroad and will protect Americans as they increasingly look to invest overseas. In the decade ending last November, American holdings of foreign stock increased to $4.3 trillion from $1.2 trillion.


O presidente da SEC argumenta que no mercado financeiro atual é impossível a SEC trabalhar sem uma estratégia global:

In a speech earlier this year, Christopher Cox, the agency’s chairman, said that working on the transition to international accounting standards and reaching enforcement agreements with foreign countries like the Australians were two of the most important items on his agenda as his term comes to a close.

As empresas de auditoria lembram da duplicação onerosa de regras contábeis (confirmando minha hipótese que são as grandes interessadas na convergência):

Industry groups have pushed for many of the changes. Large international accounting firms, for example, have complained that the emergence of a new generation of American and foreign regulators inspecting them has led to onerous duplication.

O texto afirma que as agências reguladoras estrangeiras são, historicamente, menos agressivas que as estadunidenses:

But the track record of foreign enforcement authorities indicates that they are generally less aggressive than their counterparts in the United States, and that even the most vigorous ones bring fewer cases and impose significantly lower penalties.

04 julho 2008

Links

1) Estudo realizado pela Grant Thornton afirma que CFOs entendem que as demonstrações financeiras são demasiadamente complexas para a média dos investidores.

2) O desafio de implantar as IFRS no Brasil

3) Citi pode perder mais 9 bilhões

4) Mensuração de Governança Corporativa é útil?

5) Ebay paga 39 milhões de euros por contrabando de produtos da LVMH

Melhorar a previsão? Faça de novo

Já sabemos que o mercado pode ser dar uma importante resposta para a previsão de variáveis genéricas, como inflação e crescimento da economia. Em Sabedoria das Massas, James Surowiecki mostrou que a existência de um grande número de pessoas tentando fazer projeções o resultado médio é melhor que uma pessoa.

É interessante notar que a revista Superinteressante aderiu a moda e está propondo aos seus leitores participar da experiência de previsão das multidões. Você pode prever o número de gols do Brasileirão, qual será a posição de Massa ao final da formula 1 de 2008 entre outras coisas.

Agora, uma pesquisa interessante de Edward Vul, do Massachusetts Institute of Technology, e Harold Pashler, da University of California, San Diego, publicada no Psychological Science mostrou um novo caminho. Segundo o estudo, uma segunda tentativa de fazer uma projeção revela um resultado melhor do que a primeira tentativa.

Os pesquisadores perguntaram a 428 pessoas questões simples que faziam parte do livro “CIA World Factbook”. Metade dos participantes foi solicitado fazer uma segunda tentativa, logo após ter completado o questionário inicial. Na outra metade, foi solicitado responder o mesmo questionário (segunda tentativa) três semanas depois.

No primeiro caso, a media foi 6,5% melhor. No segundo caso, 16%.

One answer could be that they are evidence for the “generate and test” model of creative thinking. This suggests that the brain is constantly creating hypotheses about the world and checking them against reality. Those that pass muster are adopted. Guessing the answers to questions you do not know the correct answer to, but have some idea of what the right answer ought to look like, could tap into such a system. A hive mind buzzing with ideas, as it were, but inside a single skull.( The crowd, The Economist, 26/06/2008)


Ver aqui e aqui também

Avaliação de Empresas


Considero Pablo Fernandez uma dos melhores autores (senão o melhor) na área de avaliação de empresas. Seu rigor científico compensa a falta, eventual, de didática na exposição das idéias. Tenho acompanhado sua obra com atenção.

Recentemente Fernandez trabalhou numa lista de erros cometidos na avaliação de empresas. De um rol de algumas dezenas de erros, a lista cresceu para 101 erros, atingiu mais de 120 erros e agora é lançado um livro com 201 erros da avaliação de empresas.

A seguir uma reportagem sobre o livro

Doscientas formas distintas de equivocarse al valorar una empresa
Ángeles Caballero
El Economista - 3/7/2008 - GENERAL - Página 41

Pablo Hernández (sic) ha escrito un libro titulado 201 errores en la valoración de empresas. Pero al hablar con él los resume en tres grandes equivocaciones que son letales e indican sobre cómo se hace este trabajo en nuestro país. "Hay una enorme falta de conocimientos teóricos, -y tampoco son tantos-, falta de sentido común y de experiencia. Se deja esto en manos de casi cualquiera", dice este profesor del IESE. Casi nada.

Aunque parte de la base de que valorar una empresa de forma objetiva es una contradicción. "Para empezar, puede depender hasta del carácter del que la hace. Si es optimista, la valorará más", cuenta. Una opinión que comparte Mariano Gómez Agüero, director del Curso Superior de Análisis y Gestión de Intangibles del Instituto de Análisis de Intangibles cuando dice que "valorar no es más que una opinión". Salvador Marín, presidente de Economistas Expertos en Contabilidad e Información Financiera (ECIF), también cree que cualquier valoración "requiere subjetividad, pero eso no implica necesariamente la arbitrariedad".

Los errores que Pablo Fernández destaca en su libro son de contabilidad, y asegura que hay dos términos fundamentales en cualquier valoración: los flujos esperados y la tasa de descuento.

¿Profesor de clarinete?

Economistas, auditores, abogados... ¿A qué profesional hay que dejar una empresa para que la valore? Fernández, una vez más, no se muerde la lengua y asegura que hay distintas asociaciones que se están intentando apropiar esta tarea, como los auditores. "Ya consiguieron una ley que decía que la valoración debe hacerla un auditor distinto del de la empresa. Pero eso es como si lo hace un profesor de clarinete. El auditor sabe del pasado de la empresa, no del futuro", señala.

Fernández habla de lo tangible en sus afirmaciones; pero de lo que no se puede tocar, de esa parte intangible de la empresa que tanto se habla en los últimos tiempos tiene también una opinión firme. "Es bastante parecido a la venta de crecepelo. Bastante difícil es valorar los tangibles como para hacerlo con los intangibles. Algunas consultoras dicen que tienen unos métodos cuantitativos y unos profesionales atómicos que lo valoran, pero al final... Ni hay herramientas ni las habrá nunca", cuenta. Pero ahí no acaba su dardo. "La valoración de las marcas también es otra cosa curiosa. Y no digamos nada del capital intelectual o el posicionamiento en Bulgaria, por ejemplo", cuenta con ironía.

Activos y recursos

Mariano Gómez Agüero no quiere entrar en polémica. Dice que en los activos y pasivos de una compañía hay parte intangible que en determinadas circunstancias hay que valorar, aunque lleva menos tiempo instaurada que la parte tangible. Reconoce que es difícil hacerlo y que la metodología que sigue divide entre activos y recursos intangibles. "Los activos, como la marca, se capitalizan y se gestionan; los recursos, como la plantilla, no se capitalizan pero sí se gestionan", cuenta. Y hace otro importante matiz: "La cartera de clientes de Movistar se puede valorar porque están perfectamente identificados. La de Burger King, tan variable, no".

¿Qué pasa entonces con cuestiones tan machacadas como el liderazgo, la responsabilidad social corporativa, las medidas para favorecer la conciliación y la política medioambiental? ¿Se pueden considerar como intangibles? Mariano Gómez Agüero cree que estos términos son todavía muy nuevos en el vocabulario de lo intangible y que es preciso digerirlos bien. "Se valoran pero más como medición interna de una compañía", dice.

Salvador Marín, presidente de ECIF, cree que nadie mejor que un economista para calcular el valor de una empresa. Cree que la valoración de intangibles no se puede tratar como una simple moda. "Hay que tenerlos en cuenta al hacer las valoraciones", cuenta, y reconoce que desgraciadamente tiene más trabajo desde hace un tiempo.

Los expertos piensan que cuando se compra una compañía la parte intangible debe estar valorada

Agências de ratings

Mudança na classificação de risco
Valor Econômico - 04/07/2008

(...) a Acca aclamou o vigoroso discurso em que Charles McCreevy, comissário financeiro da União Européia (UE), defendeu, em junho, maior supervisão das agências."É uma piada que um setor com tanta influência, particularmente durante o atual clima econômico volátil, seja auto-regulamentando e sujeito apenas a um código voluntário de conduta banguela", afirmou Allen Blewitt, executivo-chefe da Acca, que representa os contadores britânicos. "O simples fato de que as agências avaliadoras de crédito sejam pagas pelas companhias que classificam coloca sua independência sob ameaça.

Seu trabalho precisa ser objetivo e é necessária uma maior transparência. Eles tiveram por muito tempo o luxo de não precisar aderir a uma boa governança e a procedimentos de supervisão."

(...) De qualquer forma uma coisa é certa: as propostas da SEC certamente não marcarão o fim do debate sobre as classificações de crédito, nem da sensação de frustração e inquietação atualmente exteriorizada no mercado - para não mencionar no mundo da contabilidade.

03 julho 2008

Rir é o melhor remédio



"Ei, olhem! Golfinhos!

Fonte: New Yorker

Marca e registro contábil

Registro de marca no balanço só vale em caso de aquisição
Valor Econômico - 3/7/2008

A nova lei contábil brasileira criou uma nova linha no balanço patrimonial das companhias que está dando o que falar. As empresas contarão agora com uma classe de ativos denominada intangível. Dentro dessa conta estarão, entre outros, as marcas adquiridas por uma empresa. É justamente esse ponto que está gerando confusão. E bastante.

Não está claro para as companhias que esse registro só existirá quando o negócio contar com uma marca proveniente de aquisição. As novas regras não abrangem as marcas desenvolvidas internamente. "Se você não pagou por ela e não pode vendê-la sozinha, não há porque registrar", explicou Francisco Papellás Filho, presidente do Instituto dos Auditores Independentes do Brasil (Ibracon). "Logo depois que saiu a lei, o telefone não parou de tocar", contou Eduardo Tomiya, diretor da empresa de consultoria e gestão de marcar BrandAnalytics.

"Existem empresas que possuem pouco patrimônio em ativo fixo, mas uma marca forte e que estavam comemorando." Ele teve que explicar para todos que o registro no balanço só existe se a marca em questão for fruto da compra de outra companhia. A mesma dificuldade foi percebida pela advogada Cecília Manara, do escritório especializado em propriedade intelectual Manara & Associados. "Tem muita gente confusa no mercado.

"O registro dos intangíveis no balanço será regulamentado por uma instrução conjunta da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e do Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC) . A consulta pública sobre esse pronunciamento terminou em maio, mas o CPC ainda está processando as contribuições antes de emitir o texto final do tema. A regra final deve sair em breve, mas não há uma data prevista.

O grupo classificado como intangível contará com outros registros, além das marcas. Eliseu Martins, professor da Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras (Fipecafi) e da Faculdade de Economia, Contabilidade e Administração (FEA) da USP e vice-coordenador técnico do CPC, afirmou que nesse item também irão patentes, direitos autorais e até softwares. "Antes ficava tudo separado no balanço. Agora, estarão todos na mesma conta. Trata-se de uma reclassificação.

"Wanderlei Olivetti, da Deloitte, destacou que anteriormente a discriminação de alguns itens ficava confuso entre as linhas do imobilizado, do diferido e dos investimentos, mas a partir da nova lei, terão um lugar específico.O valor de uma marca comprada constará no balanço patrimonial. Quando ocorrer uma aquisição, o preço pago pela empresa adquirida aparecerá nas demonstrações financeiras da compradora em diferentes itens, como aumento do estoque, do ativo imobilizado e agora também do intangível - que inclui ainda o ágio por expectativa de rentabilidade futura. Conforme o perfil de cada negócio, o valor estará mais concentrado em um ou outro item. "Boa parte do valor de uma empresa de cartão de crédito será atribuída à marca e à lista de clientes", exemplificou Tadeu Cendon, sócio da PricewaterhouseCoopers (PwC). Ele destacou ainda que as farmacêuticas, que adquirem diversas patentes de medicamentos, também têm boa parte de seu valor nessa conta.

Tomiya, da BrandAnalytics, lembra porém que a continuidade de uma marca depende muito do uso que é feito dela. "O valor está ligado à tradição, mas precisa ser alimentado constantemente." O executivo disse que não é possível estimar em quanto tempo uma marca pode se deteriorar por falta de uso, mas acredita que isso ocorre rapidamente.A análise do especialista é importante porque em caso de negócios em que a marca adquirida não for utilizada é possível que haja baixa contábil no futuro.

Com o passar do tempo, se aquela marca não puder mais gerar resultados futuros para a empresa que a detém nem ser vendida isoladamente por valor compatível ao pago na aquisição, será preciso fazer esse ajuste nas demonstrações contábeis. A marca não terá valorização no balanço. Eventuais ajustes serão sempre, se necessários, para redução do montante contabilizado. Possíveis benefícios da melhoria da marca seriam obtidos caso houvesse sua venda. Nessa situação, o dinheiro recebido teria impacto no resultado, mas não há correção desse intangível para cima.Na opinião de Cecília Manara, a nova lei, apesar da confusão, está despertando a atenção das companhias para a questão de avaliação da marca. "É uma ferramenta estratégia de decisão. Por isso, é importante para a empresa saber quanto vale sua marca. Até mesmo para negociar melhor uma eventual venda, já que o comprador pagará por ela.

"Até mesmo para o acesso das empresas a crédito, os intangíveis, o que inclui a marca, estão ganhando relevância. Em evento recente sobre o capital fornecido pelos fundos de participação em empresas (private equities), Eduardo Rath Fingerl, diretor da área de mercado de capitais do BNDES, destacou o crescimento da importância do tema. Desde abril, o banco passou a adotar formalmente em suas avaliações das companhias uma metodologia que dimensiona o valor de intangíveis, desenvolvida junto com a Coppe-UFRJ. "Esse é um aspecto cada vez mais importante. Basta ver que antigamente se tombavam edifícios e agora se tombam patrimônios culturais como a bossa nova. É um sinal dessa mudança de paradigma", disse Rath Fingerl. Os intangíveis são um dos critérios usados agora pelo BNDES para se chegar à nota interna que as empresas e projetos recebem. No método desenvolvido, são analisadas questões qualitativas relacionadas à estratégia, ao ambiente, ao relacionamento, à estrutura da empresa e aos recursos humanos e financeiros. Nesses quesitos estão incluídas, por exemplo, a marca e a reputação da companhia, assim como a confiabilidade e a qualificação dos gestores e as estratégias de monitoramento de mercado e administração de riscos. Ou seja, fatores que não são quantificáveis em números hoje, mas que devem ter impacto no desempenho futuro. (Colaborou Catherine Vieira)

Links

1. Fundamentalistas, indices, desempenho e eficiente de Mercado (Sophia Grene - Financial Times - 23 June 2008 - Surveys FNM1 – 10)

2. Executivos Superstars

3. Diretores de cinema revolucionários e evolucionários

4. O Brasil já está adotando o XBRL

5. Mercado de trabalho brasileiro está aquecido, sendo o NY Times

6. Estados Unidos pedem trégua ao Iasb na emissão de normas

7. Álcool Brasileiro: produção e demanda

8. Fluxo de Caixa ou Lucro para avaliar a Amazon?

9. Novas regras para a indústria de petróleo

O futuro da GM 2

Ainda sobre o futuro da GM veja a reportagem do WSJ:

Por que Wagoner resiste à frente da GM?
GEORGE ANDERS
The Wall Street Journal Americas - 2/7/2008

Rick Wagoner pintou um quadro bonito quando assumiu a presidência executiva da General Motors Corp., em junho de 2000. A participação da GM e suas afiliadas no mercado mundial poderia aumentar de 25% para 28%, disse. As margens de lucro continuariam altas. As ações da empresa ficariam entre as 25% com melhor desempenho no mercado. “As oportunidades futuras são virtualmente ilimitadas”, declarou.

As coisas não funcionaram assim. Em vez disso, Wagoner tornou-se o Sísifo da indústria americana, lutando constantemente para corrigir o incorrigível. Às vezes ele consegue um pequeno progresso cortando custos e reanimando a linha de produtos. Só que aí novas crises deixam a GM num estado pior do que antes.

Na semana passada, as ações da empresa chegaram ao ponto mais baixo em 53 anos. Elas caíram 83% desde que Wagoner assumiu. A participação da GM no mercado mundial está em 12,5%.

Na maioria das empresas, acionistas e conselheiros furiosos já teriam chutado o diretor-presidente para fora há muito tempo. Poderiam ter encontrado alguém melhor. Ou teriam feito o jogo do bode expiatório, assim como times perdedores ficam trocando de técnico, sem contar como muitos outros fatores podem estar prejudicando a atuação.

Então por que Wagoner ainda está no emprego? Alguns fatores incomuns que estiveram em jogo na GM nos últimos anos merecem uma olhada mais de perto.

As peculidaridades da empresa começam com sua base de acionistas. Empresas com ações debilitadas geralmente são alvo de investidores ativistas, que adquirem grandes fatias delas e daí partem para mudanças na diretoria. Mas na GM ativistas de renome tiveram tanto impacto quanto uma criancinha estapeando o capô de um utilitário esportivo: uns pequenos estragos na lataria, mas nenhum resultado capaz de mudar o destino das coisas. Carl Icahn fez uma rápida incursão nas ações da GM em 2000. Kirk Kerkorian adquiriu muito mais em 2006. Nenhum liderou um golpe de sucesso; ambos acabaram vendendo.

Parece que ativistas não conseguem fazer consertos rápidos nos grandes problemas da GM, como seus custos com empregados ou mix de produtos. Por isso, a tendência de acionistas frustrados é passar suas ações adiante, em vez de ficar para lutar.

Conselheiros da GM também têm um papel crucial na longevidade de Wagoner. Em vários momentos críticos, o principal conselheiro independente, George Fisher, ex- presidente da Kodak Corp., disse acreditar que a GM está no caminho certo com sua atual liderança. Em entrevistas ao Wall Street Journal em maio e junho, Fisher endossou a estratégia de Wagoner e afirmou que a cotação das ações da empresa não é uma grande preocupação do conselho ou da diretoria.

Os defensores dizem que Wagoner obteve grandes avanços ao negociar custos trabalhistas menores na América do Norte. Também lhe dão crédito pela expansão da GM na China, no Brasil e em outros mercados emergentes, por estimular a empresa a desenvolver carros elétricos e pela melhora das suas posições em rankings de qualidade.

Mas o prejuízo operacional da empresa está corroendo seu caixa, que era de US$ 24 bilhões em 31 de março e vem encolhendo uns US$ 3 bilhões por trimestre. Analistas estimam que ela precisa de pelo menos US$ 7 bilhões em caixa disponível a qualquer momento. Ou seja, ela pode se ver num sufoco para captar mais dinheiro dentro do próximo ano.

A GM poderia fazer muitas coisas para captar recursos rapidamente, como vender ativos ou desmembrar seus lucrativos negócios no exterior. Por volta de 2010, parte da redução nos custos salariais negociados por Wagoner no ano passado deve começar a aliviar a pressão financeira da companhia.

Mas as ações da GM e sua classificação de crédito não dão certeza aos participantes do mercado de que a empresa possa atravessar o próximo período difícil. Se o destino da GM em 2009 depender de sua capacidade financeira, os conselheiros podem querer rever se Wagoner ainda é a melhor pessoa para o trabalho.

Estratégia diferente para Games

A The Economist (Asian invasion, 26/06/2008) mostra uma maneira diferente de ganhar dinheiro com games. Na Ásia, os produtores de games adotam um modelo onde o jogo é distribuído gratuitamente. Para os viciados, pequenos pagamentos são exigidos para que o jogador possa ter acesso a itens extras (personagens, armas e novos ambientes). Esses viciados pagam a diversão gratuita dos outros clientes.

Ainda Exxon Valdez

Conforme postado anteriormente aqui, a Exxon teve uma importante vitória referente ao desastre ambiental com o navio Exxon Valdez. Tim Reason, da CFO (The Exxon Valdez Crashes into Fair Value Accounting, 26/06/2008) lembra que recentemente o Fasb propos mudanças como o valor justo de litígios pendentes são evidenciados.

Levine, who says about a quarter of his practice involves litigation, still says it is possible to apply valuation techniques to litigation. "Valuation is expected future cash flow divided by risk," he says. If it isn't possible to discount the future liability of a lawsuit from cash flows, he says, then investors need as much information as possible to decide how much to increase the risk factor. "Obviously, that is subjective, but the beauty of the market is that it reaches a consensus."

Recursos no Paquistão sob questionamento



Segundo reportagem do Washington Post Staff Writer (U.S. Funding to Pakistan Plagued With Problems, GAO Report Says, Robin Wright, 25/06/2008, A09), mais de um terço dos recursos que a administração Bush investiu no Paquistão desde 11 de setembro de 2001 para ajudar na luta do terrorismo estão sujeitos a problemas contábeis, incluindo duplicação e fraude.

Inbev e Anheuser-Busch


Diante do interesse natural na questão da aquisição da Anheuser-Bush pela Inbev, faço uma listagem de alguns textos encontrados na internet sobre o assunto:

1) Em Who Can Cut More Jobs: InBev or Anheuser-Busch?, Heidi N. Moore faz uma análise sob a ótica do número de empregos que serão cortados nas duas situações (com a compra ou sem a compra). A Anheuser-Busch (AB) anunciou, como contra-ataque a proposta, que irá implementar um programa de corte de custos que implicará, entre outras coisas, na redução de empregos. Entretanto, uma das objeções a aquisição é a possibilidade de existir redução no número de empregados. Os trabalhadores parecem favoráveis a AB independente. Para a administração atual da empresa AB é necessário convencer os acionistas que o corte de custos de 1 bilhão é melhor que uma ação a 65 dólares em dinheiro.

2) No Deal Journal, do Wall Street Journal (Could InBev-Anheuser Brew-Haha Yield a Mexican Beer Giant?) discute a possibilidade da criação de uma empresa Mexicana gigante com a junção da Modelo e Femsa. Talvez as autoridades mexicanas não fiquem satisfeitas em perder as empresas para os estrangeiros e incentive o acordo.

3) Em Anheuser-InBev: August Busch’s Conference Call Blunder, Dennis K. Berman comenta a reação de August Busch IV a um questionamento de um acionista.

4) Segundo Duane D. Stanford e Loveday Morris, a InBev NV necessita de adicionais 7 bilhões para persuader o board a AB, além dos 46,3 bilhões já oferecidos.

5) Para David Silver (Anheuser to In Bev: "This Bud's Not For You") apesar de Warren Buffet ter somente uma pequena parcela de ações da AB, o fato de ser Buffet e ser o segundo maior acionista deve ter uma papel importante no negócio. A direção tomada por Buffet deve ser seguida por muitos outros acionistas.

O futuro da GM


Uma possibilidade, apresenta pela Business Week em A GM-FORD Marriage (via Merging GM with Ford?, Brian White), é a junção da GM e Ford.

A longo prazo é uma opção interessante para ambas. Mas o problema é que a GM necessita de uma solução de curto prazo. White acredita que seja uma distração para ambas.

Para Paolo Pezzutti (Is General Motors Closer to a Default?) a estratégia de resultado baseado em carros grandes está errada no atual mercado.

Greg Bensinger e Jeff Green, da Bloomberg, acreditam que um default na GM seja algo possível de acontecer.

Mas como mudar para adaptar a uma situação de maior eficiência e competição no preço?

Victoria Erhart questiona se a estratégia do carro elétrico poderia ser a solução. A GM está incentivando a divisão Volt na tentativa de derrotar a Toyota.

No Gráfico, a cotação da GM nos últimos dozes meses.

Como calcular o valor de uma Social Networks (SN)

Michael Arrignton propõe, em Calculating the Real Market Value of Social Networks (23/06/2008) uma metodologia para avaliar empresas como Orkut, Facebook e MySpace.

O processo começa determinando o Mercado de cada empresa. Já foi observado que diferentes países possuem diferente Social Networks (SN) predominantes. No Brasil, por exemplo, é o Orkut. Em cada país, Arrignton usou a média de gasto em propaganda, conforme estimativa da PWC. Por exemplo, na Austrália o gasto médio é de 148 dólares. Usando esse valor, multiplou pelo número de usuários, para determinar o valor relativo de um usuário. Assim, o usuário do Orkut no Brasil é diferente do usuário do MySpace nos Estados Unidos, já que gastam de maneira diferenciada. Assim, o Orkut ficou em 14º. Na lista de Arrignton (MySpace ficou em primeiro, com um valor relativo de vinte vezes o Orkut.

O próximo passo foi verificar três negociações ocorridas no mercado (Facebook, Bebo e LinkedIn) e sua relação com o peso estabelecido pelo autor. O preço da Facebook e LinkedIn estão próximos, mas não a Bebo. Como a Facebook foi vendida por 15 bilhões de dólares e a relação entre Facebook e Orkut é de 16,4 para 1, o valor do Orkut é determinado como sendo 916 milhões (ou 15 bilhões por 16,4).

02 julho 2008

Rir é o melhor remédio




Fonte: Aqui

Ainda sobre remuneração

Martin Sullivan, chefe executivo deposto da AIG, poderá receber 68 milhões de dólares conforme a Corporate Library, um empresa de pesquisa em governança. Os seus acionistas perderam 41% do valor de mercado desde que ele assumiu a empresa em março de 2005.

Fonte: Aqui

Ford está queimando o Caixa?

Um dos índices mais interessantes de fluxo de caixa é a “taxa de queima” (aqui).
Segundo o Wall Street Journal (Ford Reels as Truck Sales Plunge --- Soaring Gas Prices Force New Production Cuts; Big Three Facing a Cash Drain, Matthew Dolan, John D. Stoll & Kate Linebaugh, 21/06/2008, A1) questiona se a Ford não estaria queimando seu caixa.

Em 31 de março as reservas de caixa da empresa eram de 33,8 bilhões (GM tinha 23,9 bilhões) e estava gastando muito nos novos modelos. Os executivos dizem que possuem caixa para muitos anos, apesar dos problemas atuais.

Dividindo os dados na pesquisa científica


A transparência parece ser algo desejável no mundo empresarial (mas nem sempre é). No mundo científico deveria ser uma regra. Entretanto, poucos periódicos e pesquisadores colocam a disposição do leitor os dados que foram usados numa pesquisa para que possam ser verificados e testados.

O livro SuperCrunches, de Ian Ayres, discute o caso interessante de Lott x Levitt (aqui). Lott fez uma pesquisa relacionando a posse de armas e o crime nos Estados Unidos. A tese defendida por Lott era “mais armas, menos crimes”. Usando os dados que Lott tornou disponível os dados, Ayres e Donashue refizeram os cálculos e conferiram a metodologia e confirmaram que estava errada.

(Levitt, em Freakonomics, deu a entender que Lott teria tratado de maneira inadequada seus dados sobre a questão das armas e o crime nos Estados Unidos.)

Agora o Journal of Political Economy está envolvido em controvérsia pois dois autores que publicaram no periódico, Oberholzer-Gee e Strumpf recusaram a dividir os dados da pesquisa. O editor do JPE é Levitt, que apoiou a decisão dos autores em não compartilhar.

Grasso ganhou


Em 2003 foi revelado que Richard Grasso (foto), então chefe da Bolsa de Valores de Nova Iorque, tinha um pacote de vantagens de remuneração que garantia valores de 140 milhões de dólares. A controvérsia e a discussão foram intensas e terminou na renúncia de Grasso.

Em 2004, o então Attorney General do estado de Nova Iorque, Eliot Spitzer (que depois seria envolvido num escândalo), exigiu a devolução de 140 milhões.

Agora, segundo o Wall Street Journal (Grasso Wins Court Fight, Can Keep NYSE Pay, Aaron Lucchetti, 02/07/2008) a batalha terminou. E Grasso venceu.

Grasso afirmou, depois do anúncio de sua vitória na justiça, que "sempre confiou no sistema"