24 abril 2008
Links
1. Análise da Petrobrás
2. As maiores empresas da Fortune
3. McDonalds é uma empresa imobiliária
4. A felicidade está aumentando nos últimos anos? Sim
Evidenciação e Lei 11 638
Alexandre Alcântara (grato) envia este artigo sobre a necessidade de grandes empresas fechadas divulgarem suas demonstrações. É certo que a proposta original era incluir um artigo específico sobre isso, mas a pressão fez com que não fosse possível.
A divulgação de balanços das S.A.
Gazeta Mercantil
22 de Abril de 2008 - A análise da Lei 11.638, de 28 dezembro de 2007, que estende às sociedades grande porte disposições relativas à divulgação de demonstrações financeiras tem sido um ponto muito debatido nas últimas semanas.
A dúvida recai sobre o artigo 3º da aludida Lei, que aplica às sociedades de grande porte, ainda que não constituídas sob a forma de sociedades por ações, as disposições da Lei 6.404, de 1976, sobre escrituração e elaboração de demonstrações financeiras.
Em outras palavras, trata-se da obrigatoriedade ou não das sociedades do tipo limitada, que tiverem no exercício social anterior, ativo total superior a R$240 milhões ou receita bruta anual superior a R$ 300 milhões, efetuarem as publicações legais. Via de regra, o tipo societário das limitadas, segundo as regras do Código Civil, estaria isento desta obrigatoriedade; contudo, diante da publicação da nova legislação, alguns pontos merecem certa reflexão.
Em primeiro lugar, vejamos a função social das publicações legais as quais se prestam para dar garantia a terceiros e para impedir fraudes nos negócios empresarias - motivo pelo qual a lei estabeleceu o regime da publicidade.
O Código Civil de 2002, em seus artigos 1052 e 1053, dá conta da regularidade das publicações determinadas em lei, como forma de preservar e manter a divulgação daquilo que deve ser conhecido. Aliás, o artigo 1.152 do Código Civil de 2002 atende ao preceito contido no artigo 37 da Constituição Federal de 1988, que trata do princípio da publicidade.
Ora, para que este princípio seja atendido, as publicações serão efetuadas no Diário Oficial do Estado, conforme o local da sede do empresário ou da sociedade empresária, e em jornal de grande circulação - as publicações visam evitar prejuízos aos sócios e a terceiros interessados.
Segundo os preceitos jurídicos, o registro de empresa sempre teve como sua principal função a aquisição da personalidade jurídica. Todavia é preciso evidenciar que o registro de empresa, na era da globalização, não se limita a arquivar documentos societários, anotar dados básicos e emitir certidões subsidiariamente (aqui compreendido a aquisição da personalidade jurídica). O registro de empresa, materializado na execução de seus serviços pelas Juntas Comerciais, passou a ser um "termômetro" das variações econômicas do grupo social onde opera, detectando tendências, isolando novos problemas e sugerindo soluções jurídicas.
Por fim, não obstante a obrigatoriedade das aludidas publicações das demonstrações financeiras, entendo, ainda, que as Juntas Comerciais devem proceder a fiscalização do arquivamento dos jornais onde foram efetuadas as publicações da Lei nº 11.638, de 28 dezembro de 2007.
(Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 10) (Armando Luiz Rovai - Doutor em direito pela PUC-SP; professor de direito comercial do Mackenzie e da Universidade Ibirapuera; professor convidado do programa de educação continuada e especialização em direito GVlaw; ex-presidente da Junta Comercial do Estado de São Paulo.)
Contabilidade padronizada nas juntas comerciais
Esta é a proposta de um senador. A notícia foi enviada por Jomar (grato):
Adelmir quer regra para registro contábil Jornal do Senado
Brasília, 14 a 20 de abril de 2008
As regras para publicação ou não de balanços contábeis no registro de empresas nas juntas comerciais podem ser padronizadas. É o que propõe o senador Adelmir Santana (DEM-DF), que anunciou a idéia na última sexta-feira. O objetivo, diz, é corrigir uma omissão na Lei 11.638, de 28 de dezembro de 2007, que alterou a legislação das sociedades anônimas. Para Adelmir Saltana, a lei trouxe incerteza jurídica às empresas ao não estabelecer a obrigatoriedade, ou não, da publicação das demonstrações contábeis das sociedades de grande porte para fins de registro nas juntas comerciais.
– Diante da lacuna, é possível, por exemplo, que a Junta Comercial de São Paulo exija a publicação dos balanços e a Junta Comercial do Rio de Janeiro diga que não há essa necessidade. É possível ainda que algumas empresas levem o assunto ao Judiciário, o que é absolutamente indesejável e fonte de aumento de custos, com efeitos negativos para o próprio consumidor – explica.
Segundo o parlamentar, essa incerteza já se tem manifestado concretamente nas consultas formuladas pelas empresas junto aos escritórios de advocacia e às juntas comerciais. Tal situação, lembrou, nem sempre é percebida e acaba não ocupando os noticiários porque envolve "temas complexos".
O parlamentar foi enfático ao afirmar que o Senado, por ser a Casa da Federação, "tem o dever de enfrentar essa questão".
– Estou convicto de que este é o verdadeiro papel do Poder Legislativo: trabalhar em consonância com as reais necessidades da sociedade organizada – ressalta.
Adelmir quer regra para registro contábil Jornal do Senado
Brasília, 14 a 20 de abril de 2008
Sabedoria das multidões
Já postamos sobre a utilização da projeção feita pelo "mercado" para fazer estimativas (aqui e aqui. Aqui na Wiki). A idéia é interessante e está baseada no livro "Sabedoria da Multidão", de James Surowiecki. O texto a seguir é uma tentativa de aplicar esses conceitos no mercado brasileiro de ações. Somente no futuro podemos ter uma idéia se funciona para o Brasil, mas é importante esclarecer que um dos supostos para que isso seja possível é a possibilidade de muitos participantes.
A seguir um texto (enviado por Ricardo Viana, grato) sobre o assunto:
Site permite votar em ação para comprar ou vender
Por Angelo Pavini, de São Paulo
15/04/2008
Diz o velho ditado que a voz do povo é a voz de Deus. Mas será que isso vale para o mercado de ações? É o que vai ser possível observar no recém-criado site VoteBolsa. Nele, os investidores se registram e podem indicar as ações que acham que vão subir mais ou cair. A inscrição é grátis. As mais votadas para compra ou venda aparecerão no site diariamente. Mensalmente, será feita uma seleção dos investidores que acertaram mais e eles passarão a ter mais prestígio nos fóruns de discussão.
O site é baseado na teoria da Sabedoria da Multidão, diz Otavio Sampaio, organizador do VoteBolsa. Economista formado pela Universidade Federal do Rio (UFRJ), Sampaio é sócio de uma empresa de informática que trabalha com gestão financeira e de risco. Apesar de nunca ter trabalhado no mercado, ele sempre teve investimento em ações, pela influência do pai, que trabalhou em diversos bancos como Econômico e Boavista.
Pela sabedoria da multidão, a opinião média deve estar direcionada para o acerto. E, no site, os expoentes vão mudando mês a mês. Isso dá a mesma chance de quem está começando no mercado ter a opinião avaliada junto com a de quem está há anos. Haverá um histórico com a evolução de cada participante ao longo dos meses.
O site oferece também informações sobre cada empresa de maneira rápida e fácil de acessar. "Hoje, muitos investidores usam os fóruns dos blogs, mas acaba sendo uma coisa desorganizada, não dá para tirar uma conclusão do que se está falando ou quem realmente entende de mercado", diz.
Sampaio chegou a submeter o site à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), de quem recebeu a orientação de colocar um aviso sobre a necessidade de quem dá recomendações de compra de maneira profissional ter registro de analista no órgão regulador. "Isso trouxe mais conforto para nós e para o usuário", diz.
Toda vez que um participante vai dar uma opinião, o sistema orienta a pessoa a separar uma opinião de uma notícia. E dizer se possui aquele papel que está recomendando. "Os outros precisam saber se a pessoa tem algum interesse naquela opinião", diz. "Além disso, alertamos para o exercício ilegal da atividade de analista e fornecemos o link para a definição da profissão". Outro ponto é que o site é meramente informativo, ninguém faz operações por meio dele. "Não somos corretora", explica.
José Alexandre Cavalcante Vasco, superintendente de proteção e orientação ao investidor da CVM, esclarece que o órgão não endossa nenhum site. "Recebemos, sim, muitas denúncias contra sites que oferecem serviços de intermediação ou opinião sobre valores mobiliários", diz. Vasco explica que dar opinião ou palpite não configura atividade de analista. "Mas isso não exime o site de outras irregularidades", diz ele, lembrando que houve casos em que grupos de pessoas se juntavam para incentivar a compra de determinado ativo. "Em um dos casos, os funcionários da empresa que vendia certificados de investimento se faziam passar por investidores felizes com a aplicação", diz. Vasco orienta os investidores a tomar cuidado com as opiniões em blogs e sites e consultar a CVM antes de negociar por um site desconhecido.
Valor Econômico
Gecon e ABC
Um leitor desse blog está discuntindo na sua empresa a implantação de sistema de custo e as alternativas Gecon e ABC. Perguntou-me se sabia de alguma empresa que tinha implantado um dos sistemas e respondi com algumas sugestões. Alguém poderia ajudar com alguma dica sobre empresas que implantaram um desses sistemas?
Grato
César
Grato
César
Quem é esse pintor
Perda de tempo
Para aqueles que não gostam de perder tempo (no consultório, nas reuniões chatas, no trânsito), a foto é do artigo Not One Minute Wasted: Compelled to Work During Downtime, do WSJ.
Embraer é modelo
Para driblar a forte competição do mercado e reduzir custos, Boeing e Airbus estão seguindo o caminho da Embraer e terceirizando parte significativa de sua produção dentro de um modelo de parceria de riscos.
Boeing e Airbus copiam Embraer para reduzir custos - Mariana Barbosa - Estado de S Paulo, 23/04/2008
Boeing e Airbus copiam Embraer para reduzir custos - Mariana Barbosa - Estado de S Paulo, 23/04/2008
Caso do Guggenheim e as lições de controle
O caso do desvio de recurso do Guggenheim, em Bilbao, Espanha, é uma lição do que não se deve fazer com respeito ao controle interno. (aqui, link anterior).
Num texto do El Diario Vasco, La mano negra del Guggenheim, de Inaki Esteban (21 de abril de 2008), isso fica muito claro.
Descoberta ao acaso do problema
Según la versión aportada por el Guggenheim, el agujero se descubrieron de forma casual. El Tribunal Vasco de Cuentas Públicas había solicitado información el 3 de abril para abrir una auditoría por la pérdida de al menos seis millones de euros en una operación de cambio de divisas realizada por el museo en 2002.
En su calidad de director de Administración y Finanzas, Cearsolo era quien solía responder a los auditores. Pero esta vez se encontraba casualmente de baja desde el día anterior y la petición fue a parar a manos del subdirector del área, Andoni Dobaran, que empezó a sospechar al examinar unas transferencias bancarias y la emisión de unos cheques.
Aparência pode não ser importante
Abiertamente nacionalista y fiel a la cita anual del Alderdi Eguna, Cearsolo logró sin problemas la plaza gracias a su currículum, al conocimiento de la iniciativa desde su origen y a la consideración de que su labor en el control del gasto había sido buena. «Me pareció un hombre cumplidor, serio, un buen profesional», recuerda una persona que vivió de cerca los primeros tiempos del proyecto. Muestra de su vinculación con el nacionalismo, Cearsolo ejerció como tesorero de la ikastola Lauaxeta durante dos años.
Acumulação de função
En la selección de personal quedó vacante la plaza de director artístico y Vidarte pasó de ser gerente a director general y a asumir más competencias, entre ellas la organización de las exposiciones. Cearsolo acaparó el poder económico de la institución y se hizo un tipo casi imprescindible en el corazón operativo del museo: llevaba finanzas, seguridad, mantenimiento e instalaciones, información y nuevas tecnologías. En los últimos tiempos parecía que su influencia disminuía.
Sinais exteriores de riqueza
Una vecina suya de Soraluze, en Guipúzcoa, le recuerda por el «sentimiento de superioridad» que desplegaba frente a ella. En este sentido rememora cómo, en 2005, hablaba de una «casona» en Usansolo en la que iba vivir, valorada según él en 100 millones de pesetas. También se le atribuye la compra reciente de un vehículo por unos 60.000 euros. [O salário era de 68.520 euros brutos]
Falta de regra para valores elevados
En el primer informe que emitió el Tribunal de Cuentas sobre el Guggenheim, referente a la edificación del museo y a su puesta en marcha y que cubre el periodo de 1992 a 1998, el órgano fiscalizador no advirtió que en ese último ejercicio Cearsolo había emitido tres cheques por más de 160.000 euros, sus primeras prácticas irregulares.
Num texto do El Diario Vasco, La mano negra del Guggenheim, de Inaki Esteban (21 de abril de 2008), isso fica muito claro.
Descoberta ao acaso do problema
Según la versión aportada por el Guggenheim, el agujero se descubrieron de forma casual. El Tribunal Vasco de Cuentas Públicas había solicitado información el 3 de abril para abrir una auditoría por la pérdida de al menos seis millones de euros en una operación de cambio de divisas realizada por el museo en 2002.
En su calidad de director de Administración y Finanzas, Cearsolo era quien solía responder a los auditores. Pero esta vez se encontraba casualmente de baja desde el día anterior y la petición fue a parar a manos del subdirector del área, Andoni Dobaran, que empezó a sospechar al examinar unas transferencias bancarias y la emisión de unos cheques.
Aparência pode não ser importante
Abiertamente nacionalista y fiel a la cita anual del Alderdi Eguna, Cearsolo logró sin problemas la plaza gracias a su currículum, al conocimiento de la iniciativa desde su origen y a la consideración de que su labor en el control del gasto había sido buena. «Me pareció un hombre cumplidor, serio, un buen profesional», recuerda una persona que vivió de cerca los primeros tiempos del proyecto. Muestra de su vinculación con el nacionalismo, Cearsolo ejerció como tesorero de la ikastola Lauaxeta durante dos años.
Acumulação de função
En la selección de personal quedó vacante la plaza de director artístico y Vidarte pasó de ser gerente a director general y a asumir más competencias, entre ellas la organización de las exposiciones. Cearsolo acaparó el poder económico de la institución y se hizo un tipo casi imprescindible en el corazón operativo del museo: llevaba finanzas, seguridad, mantenimiento e instalaciones, información y nuevas tecnologías. En los últimos tiempos parecía que su influencia disminuía.
Sinais exteriores de riqueza
Una vecina suya de Soraluze, en Guipúzcoa, le recuerda por el «sentimiento de superioridad» que desplegaba frente a ella. En este sentido rememora cómo, en 2005, hablaba de una «casona» en Usansolo en la que iba vivir, valorada según él en 100 millones de pesetas. También se le atribuye la compra reciente de un vehículo por unos 60.000 euros. [O salário era de 68.520 euros brutos]
Falta de regra para valores elevados
En el primer informe que emitió el Tribunal de Cuentas sobre el Guggenheim, referente a la edificación del museo y a su puesta en marcha y que cubre el periodo de 1992 a 1998, el órgano fiscalizador no advirtió que en ese último ejercicio Cearsolo había emitido tres cheques por más de 160.000 euros, sus primeras prácticas irregulares.
Abrir uma empresa no Brasil é difícil
Uma reportagem de Gilmara Santos para Gazeta Mercantil de 22 de abril de 2008 revela algo impensável: existe um mercado paralelo de CNPJ. Caso uma empresa necessite de um cadastro, basta comprar no mercado paralelo um "fantasma" existente:
Diante disso, muitas empresas recorrem ao mercado paralelo para conseguir um cadastro. Alguns contabilistas criam "empresas de prateleiras" ou "fantasmas" e as deixam prontas com todas as obrigações em dia para vender a clientes quando eles precisam. "Há casos de contabilistas que abrem empresas e deixam disponíveis para ser utilizada", diz o advogado Ruben Fonseca e Silva, do Thiollier Advogados. "Esse mercado existe por conta da burocracia na constituição de uma empresa no Brasil", afirma Coelho. Como a empresa está pronta, o empreendedor dá andamento a sua atividade enquanto alterações contratuais são feitas.
Um contabilista, que prefere não se identificar, conta que há poucos dias uma multinacional o procurou para comprar um CNPJ no segmento de farmácia. "Eu não tinha, mas indiquei um colega que forneceu para eles." Uma empresa pronta pode custar entre R$ 2,5 mil e R$ 30 mil, dependendo da atividade. "Se for uma empresa simples, prestadora de serviço ou comércio, fica entre R$ 2,5 mil e R$ 5 mil", diz o contador. "Se for uma atividade mais complexa, ramo farmacêutico ou telecom, que depende de mais autorizações, pode chegar a R$ 30 mil", complementa a fonte.
Burocracia para abrir empresa cria mercado paralelo de CNPJ - Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 10 - (Gilmara Santos)
Estimativas dos analistas
Um texto muito interessante do jornal português Jornal de Negócios, de 23 de abril de 2008. O texto, de Peter Robinson, da Bloomberg, comenta a questão da previsão dos lucros pelos analistas. Pelo texto, a margem de erro aumento nos últimos anos.
Estimativas dos analistas não valem um cêntimo por acção
Peter Robison Bloomberg
Jornal de Negócios 23 /04/2008
Esta nova "época de apresentação de resultados" poderá mostrar até que ponto é que os analistas de Wall Street se baseiam nas orientações das empresas que analisam para fazerem as suas estimativas. Isto porque com a crise do crédito e o abrandamento económico, as empresas terão mais dificuldade em apresentar resultados que estejam em linha ou superem os números previstos. Ou seja, se os resultados começarem a ficar muito aquém do estimado... é porque algo se passa, já que a norma não tem sido essa.
Com efeito, em todos os trimestres que decorreram desde o ano 2000, pelo menos 27 empresas apresentaram resultados que coincidiram ou excederam as previsões de Wall Street. A Coach e a Starbucks estão nessa lista. A General Electric (GE) também esteve até ao passado dia 11, data em que deu por terminada essa façanha, ao divulgar números aquém do esperado.
A Goldman Sachs considera que este revés da GE e de outras empresas que não corresponderam às expectativas dos analistas é "um sinal do que está para vir". Isto porque prevê que mais empresas falhem as estimativas para o primeiro trimestre.
Nos "bons velhos tempos", as empresas aproveitavam frequentemente a flexibilidade das normas contabilísticas para escolherem quando é que registavam as receitas e os custos, criando uma sensação de lucros previsíveis, diz Thomas Russo, "partner" na Gardner Russo & Gardner. Só que o abrandamento económico dos EUA e o congelamento dos mercados do crédito estão a dificultar estas manobras.
Voltando aos analistas e à sua independência, ou falta dela, o que intriga verdadeiramente Shiva Rajgopal, professor de contabilidade da Universidade de Washington, é o facto de a GE não ter falhado as estimativas entre 2000 e 2007. Mais surpreendente é o facto de 26 desses 32 resultados trimestrais terem ficado em linha com as previsões. Se os analistas fizessem as suas contas sem se basearem nas previsões das próprias empresas (que funcionam como "guiders"), a probabilidade daquele recorde com a GE seria de uma em cem mil milhões, isto com base numa equação-padrão estatística, salientou aquele professor.
Os Estados Unidos introduziram três novas leis em três anos, destinadas a tornar a análise em Wall Street mais independente: uma norma SEC em 2000, a Lei de Sarbanes-Oxley em 2002 e um acordo da SEC com casas de investimento em 2003. A Sarbanes-Oxley, além de combater a fraude contabilística, veio também obrigar os analistas a divulgar conflitos de interesse e impedir que as entidades patronais retaliem contra os analistas que escrevam relatórios negativos. Em 2003, o Citigroup, Merrill Lynch e oito outras casas de investimento pagaram uma multa de 1,4 mil milhões de dólares por manipulação das análises e concordaram em deixar de compensar os analistas com base no volume de negócio que eles ajudaram a gerar para os seus segmentos da banca de investimento.
Com estas leis, as análises podem ter ficado mais independentes, mas a margem de erro também aumentou. No quarto trimestre de 2007, os quase 1.800 analistas deste sector sobrestimaram os resultados finais em 33,5 pontos percentuais, o que correspondeu ao maior desvio de sempre. Ainda assim, 62% das empresas listadas no Standard & Poor's 500 bateram as estimativas médias – porque os analistas reviram em baixa as suas projecções ao longo do trimestre. Os números deste primeiro trimestre de 2008 apresentam uma tendência semelhante: das 111 empresas que já divulgaram os seus resultados, 55% superaram as previsões médias.
Mas será sempre positivo para as empresas superarem as estimativas? À primeira vista, tudo indica que sim, pelos previsíveis reflexos altistas em bolsa. No entanto, há excepções. A General Electric teve um desempenho inferior ao S&P500 nos últimos cinco anos. Nos 32 trimestres consecutivos em que os seus resultados coincidiram ou superaram as estimativas, os títulos da GE caíram 39%, ao passo que o índice bolsista de referência se manteve inalterado.
Rajgopal, que estudou o chamado "jogo dos lucros" diz que a pressão para atingir os objectivos trimestrais pode prejudicar os investidores. Aquele professor participou em 2005 num inquérito a 400 executivos sobre opções de gestão e diz ter ficado supreendido ao descobrir que 78% sacrificariam investimentos de longo prazo só para poderem aliviar os seus resultados. "Estão todos tão focalizados num número que esquecem que o mais importante é o crescimento de longo prazo da empresa", sublinha Yuan Zhang, professor na Graduate School of Business da Universidade de Columbia.
Apesar de as novas leis evitarem que as empresas façam anúncios selectivos, obrigando-as a declarar tudo o que é considerado informação relevante, a verdade é que estas continuam a poder orientar os analistas para uma determinada estimativa que sabem que pode ser excedida. Os analistas também recebem incentivos para evitarem escrever "researches" negativos, pois isso pode prejudicar o seu relacionamento com a empresa ou o objectivo do seu patrão de incentivar os clientes a comprarem acções da referida empresa.
23 abril 2008
A questão da qualidade das empresas aéreas
Essa é a discussão semanal do blog de Gary Becker e Posner. Apesar da abordagem ser do mercado norte-americano, as conclusões podem ser extrapoladas para o Brasil (podemos acrescentar somente a questão da ineficiência administrativa dos reguladores, que não é tão evidente nos EUA).
Posner inicia constatando o declínio da qualidade do setor, com aumento no atraso nos vôos. Posner considera que os custos fixos são elevados, mas o custo marginal de colocar mais um passageiro é muito baixo. Por um preço acima do custo marginal, para a empresa é melhor vender a passagem do que ter um vôo com assento vazio. Além disso, a competição faz com que o preço seja reduzido. Além disso, os preços baixos terminam por dificultar o financiamento de novas aeronaves e a manutenção daquelas existentes.
A análise comparativa não permite distinguir entre as empresas, o que faz com que os passageiros sejam sensíveis ao preço.
Becker lembra que os clientes das aéreas são passageiros com baixa renda e famílias com crianças que preferem baixo preço a um serviço de melhor qualidade (e preço elevado). Além disso, os clientes que gostam do luxo e preferem o horário não são suficientes para criar um mercado específico. Assim, os clientes preferem baixo preço e atrasos do que elevados preços e baixo atraso. Becker lembra que isso é similar ao que acontece numa loja de roupas: se o cliente que variedade, o preço numa loja de roupas deve ser maior. Mas Becker não considera que o preço baixo, o custo fixo elevado e o baixo custo variável sejam justificativas para o prejuízo no setor. Becker usa outra analogia: do setor hoteleiro, que possui as mesmas características (e um pouco mais de competição, mas com mais facilidade de entrada no setor).
P.S. Aqui uma reportagem mostrando os efeitos da alta do petróleo nas empresas
Subsídios e Preço dos produtos agrícolas
O aumento do preço dos produtos agrícolas tem gerado preocupação mundial. Basta lembrar que a capa da última The Economist compara o efeito dos elevados preços com um tsunami.
Sardenberg acredita que o Brasil possui parcela de culpa na história em razão do cultivo de cana para combustível.
Outra conseqüência é o aumento na volatilidade do preço de produtos agrícolas, que tem preocupado os agricultores dos países desenvolvidos. Aqui uma reportagem do New York Times que mostra esse efeito.
Uma análise sob a ótica do investidor, aqui um link, que analisa a empresa Cosan (CZZ).
A riqueza traz felicidade?
É interessante notar que a resposta desta questão tem sido discutida intensamente pela economia. Seria o dinheiro o caminho necessário para que as pessoas sejam felizes ou dinheiro não traz a felicidade?
Se a resposta for afirmativa, os países mais ricos são aqueles onde o povo é mais feliz. Aqui, na coluna Freakonomics para o New York Times, a questão é discutida. E, tudo leva a crer, que dinheiro traz felicidade, sim.
Governça no mundo
Canadá é o país onde a governança corporativa é melhor, entre os países desenvolvidos, seguindo dos Estados Unidos e Finlândia. O gráfico é resultado da pesquisa de Aggarwal, Erel, Stulz e Williamson (Differences in governance practice between US and foreign firms: measurement, causes, and consequences).
O modelo leva em consideração medidas vinculadas ao controle, mas também considera a questão da remuneração dos executivos.
Basileia e a Crise Financeira
O Comitê da Basiléia (ou Comitê de Supervisão Bancária da Basiléia) é uma organização com os presidentes dos bancos centrais, com o objetivo de fortalecer a solidez dos sistemas financeiros.
O Comitê estabeleceu algumas regras para que as instituições financeiras.
Até recentemente existia um certo consenso sobre essas regras. Entretanto, a recente crise financeira levantou dúvidas sobre a necessidade (e a oportunidade) de adotar tais regras. Entretanto, existe hoje um questionamento se a adoção das normas - conhecidas como Basiléia II - não irá fazer com que a crise seja agravada.
Em "How New Global Banking Rules Could Deepen the US Crisis", Peter Coy, da Business Week discute algumas das questões envolvidas com o Comitê e suas regras. Coy discute se as regras da Basiléia II não seria um típico caso de uma lei com conseqüências inesperadas, uma "bad public policy".
22 abril 2008
SEC quer mais dinheiro
Segundo notícias do Wall Street Journal (via Blogging Stocks), a SEC, entidade que fiscaliza o mercado de títulos dos Estados Unidos, pretende que o Congresso aumente seu orçamento para investir mais na fiscalização de bancos de investimento e agências de rating.
Mas para Zac Bissonnette, as falhas da SEC não decorrem de falta de recursos, mas de problemas políticos e de prioridade do atual chairman.
Aquisição e aumento de preço
Segundo um trabalho de Orley Ashenfelter e Daniel Hosken (The effect of mergers on consumer prices: evidence from five selected case studies) as operações de aquisição de empresas podem influenciar o preço ao consumidor. Usando cinco casos, os autores consideram que isto é um exemplo de que as autoridades norte-americanas são muito flexíveis com essas operações. Eles analisaram os casos da Proctor and Gamble e a aquisição da Tambrands, Aurora Food e Kraft, Pennzoil e Quaker State, General Mills e Ralcorp e Guinness e Grand Metropolitan.
Apesar das limitações da pesquisa, os resultados mostram que quatro das cinco aquisições apresentaram aumento de preços, geralmente entre 3% a 7%. Ou seja, parte dos recursos provenientes para a aquisição serão provenientes dos consumidores.
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