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31 janeiro 2008

Mais fraudes

FBI abre inquérito contra 14 empresas
Patricia Lara
Jornal do Commércio do Rio de Janeiro - 31/1/2008

A polícia federal americana (FBI) abriu inquéritos contra 14 companhias para investigar possíveis fraudes contábeis, transações com informações privilegiadas e securitização de empréstimos relacionados a hipotecas de segunda linha (subprime).

Em mais um sinal dos efeitos resultantes da crise do setor hipotecário, a ação do FBI ocorre após a regulação leve da indústria – principalmente, das corretoras de hipotecas – ser apontada como uma das culpadas por vendas enganosas e abuso de produtos hipotecários.

O porta-voz do FBI, Bill Carter, afirmou que a agência está trabalhando "em proximidade" com o órgão regulador do mercado de valores mobiliários americano (a Securities & Exchange Commission, SEC), mas algumas das investigações estão ocorrendo em paralelo. O porta-voz recusou-se a citar as companhias envolvidas, mas o FBI informou que está olhando supostas fraudes em vários estágios do processo hipotecário, de companhias que empacotaram os empréstimos em novos produtos até bancos que terminaram por deter esses produtos.

O número de casos de fraude hipotecária abertos pelo FBI subiu de 436, em 2003, para 1.210 no ano fiscal em 2007, de acordo com informações do FBI. "Nós estávamos discutindo esse assunto desde 2004", afirmou Carter. "Nós consideramos a fraude hipotecária como um problema criminal significativo e em crescimento e uma área de preocupação. O combate a esse problema é uma prioridade diante do impacto do setor imobiliário na economia mais ampla".

Como já foi divulgado anteriormente, os procuradores federais do Brooklyn, Nova York e da SEC estão avaliando o colapso de dois fundos de proteção (hedge) do banco de investimento Bear Stearns. A SEC e o Departamento de Justiça dos Estados Unidos também estão investigando o fornecimento de informações privilegiadas para a venda de ações e a contabilidade da New Century Financial, uma empresa de concessão de hipotecas que está em processo de falência.

30 janeiro 2008

Problemas no controle interno

Em "Determinants of Weaknesses in internal control over Financial Reporting", Jeffrey Doyle, Weili Ge e Sarah McVay (Journal of Accounting &Economics) procuram estudar a questão do controle interno nas organizações.

Usando os textos preparados pelas entidades, os autores verificaram existir uma relação entre o tamanho da empresa e o que é relatado nas demonstrações publicadas.

Segundo os autores, fraquezas nos controles internos são mais prováveis em empresas menores, mais jovens, financeiramente fracas, com rápido crescimento e/ou sob reestruturação.

Ao relacionarem com um indicador de governança, os autores encontraram que empresas com problemas neste sentido possuem problemas com o reconhecimento da receita.

É interessante notar que esta é uma pesquisa que mescla o quantitativo com o qualitativo, algo raro em artigos publicados na área de contabilidade.

29 janeiro 2008

Valor Justo

O conceito e a aplicação de Valor Justo representam, sem dúvida, uma espetacular, agressiva e, de certo modo, algo arriscada virada no que se refere à avaliação contábil.

(...) Agressiva, pois coloca o Fair Value em lugar de e não em complemento a algo que já existe e que vem há séculos nas demonstrações contábeis como forma principal de avaliação, ou seja, o custo histórico como base de registro inicial (com sua variante custo histórico corrigido).
Sérgio de Iudícibus e Eliseu Martins, Uma Investigação e uma proposição sobre o Conceito e o Uso do Valor Justo, Revista de Contabilidade e Finanças, junho de 2007.

Analisando a Prostituição

O livro Freakonomics representa um marco para muitos leitores. De repente é possível aplicar os conhecimentos econômicos em situações triviais, como o comércio de drogas ou o aborto. Abre-se um leque para tentar entender o cotidiano sob uma nova perspectiva.

Num dos capítulos do livro é narrado o caso de um estudante que conhece o comércio de drogas numa grande cidade e começa a entender a razão pela qual alguns jovens são atraídos para este tipo de comércio.

Agora um dos autores do livro, Steven Levitt, em conjunto com este ex-estudante, Sudhir Venkatesh, publicaram um artigo preliminar sobre a prostituição numa grande cidade (Chicago). Em "An Empirical Analysis of Street-Level Prostitution", os autores fazem um estudo da prostituição e diversos aspectos econômicos, incluindo a receita, os riscos da profissão e o custo de oportunidade.

Uma primeira constatação dos autores é que a prostituição é uma atividade econômica com um alto grau de concentração geográfica. Para isto, usaram notícias de prisões, comparando a prostituição com roubos, drogras e outros tipos de crimes.

Como atividade econômica, uma prostituta de rua gera uma média de 27 dólares por hora, o que significa 20 mil dólares por ano. Neste período de um ano, espera-se que a profissional tenha cerca de 12 incidentes de violência e 300 atividades de sexo sem proteção. O estudo concluiu que o preço cobrado varia conforme as características do cliente (incluindo raça) e exigências do cliente quanto ao ato sexual.

Já as prostitutas que trabalham com intermediário possuem uma receita maior e são menos prováveis de serem presas. Além disto, a existência de intermediário parece contribuir com um aumento de receita em razão do preço superior. Para as prostitutas que trabalham sem o intermediário é mais provável prestar serviços ao policial do que ser presa.

O trabalho apresenta ainda algumas lacunas, indicando ser uma versão preliminar. Mas é muito instigante.

28 janeiro 2008

Sox foi prejudicial?

A lei Sarbanes-Oxley (mais conhecida como Sox) foi aprovada nos Estados Unidos em 2002 em resposta aos escândalos contábeis ocorridos no ano de 2001, em especial o caso Enron. O legislativo daquele país decidiu impor normas para empresas com ações negociadas na bolsa de valores. Os dois representantes que estruturaram a lei receberam a homenagem do nome da lei.

Até hoje se discute se a lei foi positiva ou não. A principal desvantagem da lei é o seu custo de implantação nas empresas. A vantagem seria a melhoria dos controles internos das empresas. Mas seria uma lei onde o custo é maior do que o benefício?

Esta discussão é importante pois diz respeito ao impacto de uma mudança contábil sobre empresas. Mas como verificar este fato?

Um tipo de estudo procura determinar quanto custa implantar a SOX. Mas este tipo de estudo é limitado pois não compara os seus benefícios.

Uma alternativa é buscar verificar como o mercado reagiu a nova lei. Se o mercado reagiu de forma positiva, valorizando as ações, isto poderia ser um sinal de que a lei apresentou mais vantagens do que desvantagens. Caso contrário, a lei foi negativa para as empresas.

Zhang, em Economic consequences of the Sarbanes-Oxley Act of 2002, publicado em 2007 no Journal of Accounting and Economics, procura analisar como o mercado de ações norte-americano reagiu a SOX. Este tipo de estudo necessita de uma comparação, e Zhang usa outros mercados de capitais do mundo. Entre várias hipóteses testadas por Zhang, a autora conclui que provavelmente a SOX foi prejudicial as empresas. Com a SOX as empresas norte-americanas tiveram uma cotação menor que outros mercados (europeu, canadense etc).

O grande problema deste tipo de estudo é isolar um fato (que os artigos chamam de evento) com outras notícias que surgem a todo momento no mercado. No caso da SOX isto fica mais difícil pois todas empresas norte-americanas com ações negociadas na bolsa estão sujeitas as normas da SOX. Esta é a principal crítica de Leuz (em Was the Sarbanes-Oxley of 2002 really this costly? A discussion of evidence from event returns and going-private decisions, Journal of Accounting and Economics, 2007) ao trabalho de Zhang. Mesmo usando outros mercados como comparação, é muito perigoso afirmar que a SOX prejudicou as empresas norte-americanas. Provavelmente outras notícias também tiveram influência sobre os resultados do mercado nos últimos anos.

Infelizmente ainda não temos disponível uma metodologia que consiga realmente afirmar com precisão que a SOX foi prejudicial para as empresas.

P.S. Nestes dias estou com dificuldades de atualizar este blog. Espero retornar com atualizações mais constantes na sexta. Até lá, tentarei postar pelo menos um comentário por dia.

27 janeiro 2008

As grandes perdas

Começamos o ano com notícias de grandes perdas contábeis. O Société Générale, banco francês, perdeu quase 5 bilhões de euros com o mercado futuro. Neste endereço, um resumo de algumas das maiores perdas da história recente.

Finanças comportamentais

Um dos campos de pesquisa de grande interesse é o denominado finanças comportamentais. Ainda, é comum encontrar pesquisas com o nome economia comportamental

Terminei de ler um artigo no qual John Tomer (What is Behavioral Economics?) tenta entender a posição desta área de estudos dentro da economia. O texto chama atenção para a questão metodológica de pesquisa, ressaltando que finanças comportamentais representa uma nova maneira de ver o conhecimento. Existe uma crítica implícita à economia tradicional, que não aceita novas metodologias de pesquisa.

O autor analisa pesquisadores conhecidos da área e abordagens importantes. Um dos autores citados, Vernon Smith, ganhador de Nobel da área, criou a possibilidade de se fazer pesquisa usando experiências, algo que não é ainda um método corriqueiro na área. O trabalho de Smith foi importante para que, posteriormente, pesquisas na área de economia comportamental fossem desenvolvidas.

Um aspecto interessante é que Tomer considera finanças comportamentais uma subárea da economia comportamental.

26 janeiro 2008

Vale: ganhadora da semana

No blog Wall Street Journal a Vale do Rio Doce aparece como vencedora da semana. A empresa poderá ser a maior mineradora do mundo com o acordo com a Xstrata. A empresa seria a maior empresa brasileira multinacional e poderia competir com a BHP Billiton e a Rio Tinto. Dois problemas apontados: o acordo ainda está longe e pode afetar o balanço da empresa.

Livro e inteligência

Existe um vínculo entre o livro que você lê e seu nível de inteligência. Isto é razoavelmente óbvio. Mas este endereço mostra que as pessoas que lêem Lolita tem melhor desempenho que aquelas que lêem Potter.

23 janeiro 2008

O que interfere na qualidade da educação?

Foram dois textos da The Economist no ano passado que deixei arquivados para um oportunidade melhor. Ou talvez para uma maior reflexão. Teachers´s salaries , de 27 de setembro de 2007, mostra um quadro muito interessante sobre os salários dos professores em diversos países do mundo. Em alguns lugares, entre os quais a Coréia do Sul, o salário do professor revela um alto status. Em outros, como Noruega, a média é baixa.




O Segundo artigo (How to be top, com o subtítulo “O que funciona na educação”) é de 18 de outubro de 2007. É o mais interessante e intrigante. O texto procura entender por que alguns países são sempre bem avaliados nos testes (Canadá, Finlândia, Coréia, Japão, Cingapura) como o Pisa e outros não.

O primeiro mito: não é dinheiro. Observe o gráfico, que informa a variação no gasto em educação e a variação nos pontos em matemática. Países, como Nova Zelândia, aumentaram muito o gasto em educação, mas a nota caiu.


Não é o tamanho das turmas. E não é o número de horas.

Para a empresa de consultoria McKinsey a solução começa com os professores. É uma questão simples que pode ser colocada nos seguintes termos: “a qualidade do sistema educacional não pode exceder a qualidade dos seus professores”. Estudos já mostraram que a qualidade dos professores afeta o desempenho dos alunos. Neste sentido, a redução do tamanho das turmas possui o efeito oposto: como os bons professores são raros, reduzir o tamanho corresponde a diminuir a chance do aluno de ter bons professores.

Outro aspecto diz respeito ao que é feito após o professor tornar-se professor. Alguns países só aceitam professores com um grau mínimo, como é o caso da Finlândia, onde a exigência é o mestrado. Além disto, os professores precisam de treinamento e isto inclui absorver conhecimento dos professores mais antigos.
O texto afirma também que a questão da avaliação do ensino não é o aspecto mais relevante do processo. Alguns países, como a Finlândia, não dão atenção a este aspecto. Mas o Brasil dá.

Um ponto relevante é a capacidade de intervir no início do processo. Estudos adicionais e horas extras para alunos são de ajuda inestimável se ocorrerem de imediato, quando se percebe uma dificuldade.

Externalidades, Reação a incentivos e outras questões

A privatização de rodovias é uma questão interessante de ser analisada. Uma das regras básicas da economia é que as pessoas reagem a incentivos. Quando se privatiza uma rodovia, os motoristas tendem a reagir ao pagamento de pedágio através da busca de uma alternativa disponível grátis. Como estas alternativas são de estradas em condições físicas ruins, a conseqüência não prevista (ou seja, externalidade) da privatização é a possibilidade de um aumento nas mortes no trânsito nas outras rodovias. Uma alternativa seria a cobrança para todas as rodovias; em outras palavras, privatizar tudo. Através de aparelhos GPS a cobrança seria relativamente fácil. Esta cobrança seria muito mais justa do que a situação atual, onde mesmo quem não usa as rodovias paga por sua manutenção.

Finanças comportamentais e a questão da doação de órgãos

Um dos problemas de qualquer sistema de saúde de um país é a necessidade de aumentar o número de pessoas que façam doação de órgãos. Como o número de doadores é menor que o número das pessoas que necessitam receber a doação, esta diferença provoca um problema de saúde pública.

A Inglaterra está procurando solucionar este problema através da doação consentida. Ou seja, caso uma pessoa não especifique claramente, em caso de morte, os seus órgãos serão doados. Aqui, neste endereço mostra que esta opção possui um vínculo com algumas questões discutidas em finanças comportamentais.

Um dos pontos apresentados é a questão da inércia. As pessoas nem sempre tomam decisões (e muitas vezes as postergam). Assim, uma pessoa gostaria de doar seus órgãos, mas por inércia, não declarou formalmente esta decisão. Esta questão está associada (e se confunde) com o viés do status quo.

Intrigante.

Links

1. As perdas dos mercados - Uma tabela do WSJ mostrando quanto se perdeu nos mercados nos últimos dias

2. O problema do excesso de e-mails

3. Ilusão visual - Interessantes figuras

Auditoria

Normas para auditorias também terão convergência
Valor Econômico - 23/01/2008

O processo de convergência contábil do Brasil aos padrões internacionais é mais amplo do que parece. Não apenas as regras da contabilidade passarão por um alinhamento às normas globais, como também as práticas das auditorias. O Instituto dos Auditores Independentes do Brasil (Ibracon) e o Conselho Federal de Contabilidade (CFC) estão à frente de um processo de convergência das normas brasileiras às internacionais, emitidas pela Federação Internacional de Contadores (IFAC).Tanto o Ibracon como o CFC já são membros do IFAC. As regras brasileiras contêm basicamente as mesmas diretrizes que as emitidas pelo órgão global. Entretanto, o que deve ocorrer, especialmente, é um maior alinhamento.

"As normas brasileiras não alcançam o mesmo nível de detalhe", explicou Ana María Elorrieta, diretora de assuntos técnicos do Ibracon e auditora da PricewaterhouseCoopers (PwC), durante seminário promovido pelo instituto.

As regras para essa atividade regem questões como ética, independência, sigilo e padrões de atuação, entre outras. Francisco Papellás Filho, presidente do Ibracon, conta que, nesse mês, os representantes brasileiros no IFAC receberam do órgão internacional algumas recomendações para desenvolvimento desse ramo de atividade no país, entre as quais está, justamente, a convergência das normas.

Ana María explica que o processo todo deve levar mais de um ano, mas a idéia é ter a convergência concluída para o alinhamento das práticas contábeis nacionais, até 2010. O trabalho inclui a tradução das normas do IFAC. O projeto brasileiro segue em paralelo a uma revisão que o próprio organismo internacional está realizando internamente.

Harold Monk, professor adjunto de auditoria na Universidade da Flórida e membro do IFAC, contou que o órgão está revisando todos os pronunciamentos emitidos, com objetivo de simplificar a linguagem e eliminar eventuais duplas interpretações. A idéia é tornar as normas mais acessíveis e, com isso, também ampliar a disseminação perante pequenas e médias empresas de auditoria. A expectativa é que esse processo esteja encerrado no fim do ano.

Ana María explicou que não há sentido traduzir as normas externas nesse momento, sem acompanhar as atualizações geradas lá fora. "Seria ter o mesmo trabalho duas vezes." Por isso, no Brasil, a convergência deve terminar apenas em 2009. Até 2010, quando a migração aos padrões internacionais de contabilidade estiver vigente, o Ibracon e o CFC pretendem realizar o treinamento dos profissionais do ramo, preparando-os para o novo cenário.

O treinamento para adequação dos profissionais é ponto crucial do processo de convergência. Há uma grande quantidade de auditores em companhias de menor porte, longe da estrutura das multinacionais desse segmento."É natural que companhias menores procurem também empresas menores de auditoria para contratar", destaca Ricardo Rodil, sócio da Nexia Auditores Independentes e diretor de desenvolvimento profissional do Ibracon. Ele aponta a importância do preparo dos profissionais em razão da atratividade dos ativos brasileiros perante os estrangeiros.

"Antes só as grandes multinacionais faziam negócio aqui. Agora, empresas internacionais familiares buscam parcerias, joint-ventures e até aquisições no Brasil." Diante disso, julga essencial a padronização. "Elas não têm a mesma quantidade de assessores que as grandes, mas precisam da mesma segurança."

22 janeiro 2008

Rir é o melhor remédio

As melhores e as piores bandeiras

As melhores bandeiras

1. Gambia



2. Paquistão



3. Japão



4. Somália



5. Turquia



6. Africa do Sul
7. Israel
8. Cuba
9. Suiça
10. Vietnam

Fonte: Aqui

As piores

1. Ilhas Marianas do Norte



2. Ilhas Virgens



3. Guam



4. Brasil



5. El Salvador



6. Mocambique
7. Turquistão
8. Ilhas Falklands
9. Samoa
10. Belarus

(Brasil nota 35 em 100, considerada a "pior bandeira de um país independente". Mas aqui , um defensor da nossa bandeira)
Fonte: Aqui

Mas muitas são de possessões e não de países. A de Mocambique é realmente feia (com um fusil )
Aqui a metodologia , questionável.

Uma crítica ao Valor Justo

Em Pandora and the Fair Value Accounting Rules é apresentada críticas a opção pelo valor justo.

Inicialmente existe a questão da comparabilidade. O uso do valor justo pode significa que o balanço de uma empresa seja muito diferente de outra. Outra questão é a dificuldade de calcular o valor de ativos com baixa liquidez.

Uma consideração adicional é a taxa de desconto que deve ser usada. Não existe uma resposta correta para a determinação e sabemos que a variação desta taxa pode afetar o valor dos ativos e dos resultados. Para o autor, estimar o valor justo pode ser uma tarefa impossível.

Destaco, no entanto, uma frase colocada nos comentários dos leitores:

The resulting observable prices are surely not a better basis for accounting than a mark-to-model actuarial approach which would involve a more fundamental stochastic cash flow projections where cash flow variability is based on historical statistics for fundamental variables (house prices, etc.).

A ordem dos autores num trabalho acadêmico

Diversos trabalhos já mostraram que a ordem dos autores é relevante, e prejudica quem possui o último nome. Na contabilidade o livro muito usado no Brasil de Teoria Contábil é o do Hendricksen e Van Breda. Mas muitos citam somente o primeiro autor (Hendricksen) e esquecem do segundo (Van Breda). Minha experiência pessoal mostra que isto é verdade; já análise diversos trabalhos que citavam o livro de Administração do Capital de Giro escrito pelo Assaf (mas não Assaf e Silva).

Mas não é somente numa publicação acadêmica que a ordem é relevante. Uma empresa com o nome de AAA Administradores aparecerá em primeiro lugar na lista telefônica. Ou nos classificados de um jornal.

Uma possibilidade é usar a ordem de contribuição numa obra. Assim, o autor que mais contribuiu estaria listado em primeiro lugar. Mas este critério é subjetivo e dos próprios autores. Às vezes uma pequena contribuição pode ser mais expressiva do que muitas linhas escritas. Quando, como orientador, apresento uma idéia para um orientado, indico as coordenadas e apresento as soluções talvez minha contribuição seja mais significativa.

Há muitos anos li na The Economist sobre a discriminação alfabética, que favorece as pessoas que possuem os nomes nas primeiras letras do alfabeto. A revista lembrava que os políticos do mundo moderno possuem nomes que começam com a primeira parte do alfabeto (Clinto, Bush, Blair, entre outros. O atual primeiro ministro da França seria, portanto, uma exceção). E esta discriminação começa na escola, onde a lista de chamada obedece esta ordem (A UnB a ordem é pelo número de matrícula, o que seria uma exceção).

Quando era coordenador de um programa de mestrado, usei a ordem inversa para subverter esta discriminação. Mas provavelmente esta não é uma solução adequada.

Aqui, algumas referências sobre o assunto, que encontrei neste endereço

Cornell, Bradford and Richard Roll. 1981. Strategies for pairwise competitions in markets and organizations. Bell Journal of Economics 12 (1), 201-213.

Einav, Liran and Leeat Yariv. 2006. What’s in a Surname? The Effects of Surname Initials on Academic Success. Journal of Economic Perspectives 20 (1), 175–188.

Engers, Maxim, Joshua S. Gans, Simon Grant and Stephen P. King. 1999. First-Author Conditions. Journal of Political Economy. 107 (4), 859–83.

Merton, Robert K. 1973. The Sociology of Science: Theoretical and Empirical Investigations. Chicago: Univ. Chicago Press.

Links

1. Fasb e prováveis mudanças nas regras contábeis dos fundos de pensão?

2. Ainda a baixa contábil do Citi

3. Quem é melhor: Bill Gates ou Madre Teresa? Gates

4. Auditorias apoiam o IFRS

5. As crianças detestam palhaços

O ensino público no Brasil

Um dado interessante da Universidade de Brasília, uma universidade custeada com o dinheiro dos contribuintes: no período de 2001 a 2005, dos 26.180 alunos de graduação que deixaram a universidade, somente 58% se formaram. 24% abandonaram a UnB, 16% foram desligados e 2% transferidos. O número de 40% de abandonos e desligamentos é elevado. (O número de abandonos e desligamentos do curso de contabilidade está próximo da média)

Coordenei a equipe da UnB que calcula o custo por aluno. Em média este custo está em torno de R$6.500 por ano. Um cálculo simples mostra o tamanho deste desperdício:

(26.180 x 40% / 5) x 6.500 = 13,6 milhões por ano

Quando se compara com a pós-graduação, onde o índice de abandono é inferior a 20%, talvez pudéssemos inferir que o problema está no processo seletivo. Na graduação, a seleção é feita quando o candidato ainda não sabe sua real escolha e é imaturo. Além disto, a processo seletivo da graduação é por atacado, sem vislumbrar as características que podem interferir no abandono. Já na pós-graduação, como os cursos são avaliados pelo baixo índice de abandono, a seleção visa verificar qual aluno tem condições de concluir o curso. A ótica é diferente (na graduação, o aluno que possui o melhor conhecimento ex-ante; na pós-graduação, o aluno com melhor condição ex-post.).

Uma forma de resolver este problema é através de incentivos para que as universidades federais reduzam o número de abandonos.