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22 novembro 2007
Informações estranhas
Observe o seguinte texto:
Fiz algumas contas a partir deste texto. O custo de manutenção dos estoques anuais é de 20 milhões de dólares desde 1984. São 23 anos, o que resulta num custo total de 460 milhões de dólares. A primeira questão da reportagem é se isto deve entrar na planilha de custos ("Se os custos acumulados com a manutenção dos equipamentos da usina nuclear ...") e a resposta é sim já que a finalidade é apuração do custo.
Transformando em reais (usando uma taxa de 1US$ para 2R$) o valor é de 920 milhões de reais. Isto representa 12,6% do custo total. Mas é diferente do valor de 1,5 bilhão informado (a única forma deste valor "bater" é assumir uma taxa de câmbio acima de 3 reais o dólar).
De qualquer forma, se o custo é de 170 e o valor que será transferido para o consumidor será de 140 (aqui não seria o custo, mas sim o preço), a diferença será paga pela sociedade, não pelos consumidores de energia.
A seguir a mesma informação do Valor Econômico:
Energia de Angra 3 será cara se incluir gastos já realizados
Reuters Focus - 21/11/2007
RIO DE JANEIRO, 21 de novembro (Reuters) - Se os custos acumulados com a manutenção dos equipamentos da usina nuclear Angra 3, de 1,5 bilhão de reais, forem embutidos nas tarifas de energia, o megawatt/hora da nova usina ficará acima das tarifas de usinas hídricas e térmicas, alertou o assessor da presidência da Eletronuclear, Leonan dos Santos Guimarães.
"Já se gastou 1 bilhão e meio de reais com mão de obra, seguro, inspeção e compra de equipamentos para Angra 3. Se isso for repassado, a tarifa será de 170 reais o megawatt/hora, mas acho que o consumidor não pode arcar com isso", disse nesta quarta-feira o assessor a jornalistas, sugerindo que o governo assumisse esse passivo.
Em estudo da Eletronuclear, sem incluir a manutenção, o preço da energia seria de 140 megawatts/hora, valor competitivo com outras fontes de energia.
Angra 3 começou a ser construída em 1984 no mesmo local onde hoje funcionam as usinas nucleares Angra 1 e 2, em Angra dos Reis, no Estado do Rio de Janeiro. Os equipamentos foram comprados nessa época e mantidos desde então ao custo de 20 milhões de dólares por ano, depois que a obra foi suspensa, em 1986.
Segundo o presidente da Eletronuclear, Othon Pinheiro da Silva, a nova avaliação de Angra 3, feita pela suiça Colenco, deverá estar pronta este ano e será entregue ao governo na primeira quinzena do ano que vem. Na avaliação anterior, em 2001, o preço ficou em 7,3 bilhões de reais.
"Vai haver uma pequena variação, mas não será muito grande, porque esse levantamento está sendo feito com base em estudos da Eletronuclear. São dados de 2001 atualizados para os dias de hoje", informou.
Também na primeira quinzena de 2008 Silva pretende entregar ao governo um estudo sobre contratos firmados com fornecedores de equipamentos e sobre o valor da tarifa que será cobrada.
"Se a autorização (para fazer Angra 3) sair logo no primeiro trimestre, começaremos as obras ainda no primeiro semestre de 2008", prometeu.
A previsão é de que a usina com capacidade para gerar 1.350 megawatts, a mesma de Angra 2, entre em operação em 2014. A primeira usina feita no Brasil gera 657 megawatts.
Sobre outras usinas nucleares que serão construídas no país até 2030, de 4 a 8 unidades segundo declarações do governo, com capacidade de 1.000 meagwatts cada, Silva informou que a primeira será em Pernambuco e entrará em operação entre 2017 e 2018.
Segundo Silva, estudos da Eletronuclear apontam para mais uma usina no Nordeste e mais duas em São Paulo.
(Reportagem de Rodrigo Viga Gaier; Texto e Edição de Denise Luna)
Fiz algumas contas a partir deste texto. O custo de manutenção dos estoques anuais é de 20 milhões de dólares desde 1984. São 23 anos, o que resulta num custo total de 460 milhões de dólares. A primeira questão da reportagem é se isto deve entrar na planilha de custos ("Se os custos acumulados com a manutenção dos equipamentos da usina nuclear ...") e a resposta é sim já que a finalidade é apuração do custo.
Transformando em reais (usando uma taxa de 1US$ para 2R$) o valor é de 920 milhões de reais. Isto representa 12,6% do custo total. Mas é diferente do valor de 1,5 bilhão informado (a única forma deste valor "bater" é assumir uma taxa de câmbio acima de 3 reais o dólar).
De qualquer forma, se o custo é de 170 e o valor que será transferido para o consumidor será de 140 (aqui não seria o custo, mas sim o preço), a diferença será paga pela sociedade, não pelos consumidores de energia.
A seguir a mesma informação do Valor Econômico:
Custo de armazenamento de equipamentos de Angra 3 será repassado para tarifa, admite Eletronuclear
RIO - O presidente da Eletronuclear, Othon Luiz Pinheiro da Silva, admitiu que os custos de R$ 1,5 bilhão acumulados durante duas décadas pelo armazenamento de equipamentos comprados para a construção da usina nuclear de Angra 3 vão ter impacto sobre as tarifas de energia da usina, mas assegurou que a influência destes custos não significará preços muito acima dos verificados atualmente na compra de energia nova de hidrelétricas e termelétricas.
De acordo com o executivo, o preço do megawatt-hora de Angra 3, que deve entrar em funcionamento em 2014, vai oscilar entre R$ 130 e R$ 140. Atualmente, os preços da energia hidrelétrica oscilam pouco abaixo dos R$ 130, enquanto os preços da energia térmica ficam próximos dos R$ 140 por MW/h.
"Não é justo que o consumidor pague por isso", frisou Othon, referindo-se ao período em que os equipamentos ficaram estocados por conta da decisão de seguidos governos em não voltar a investir na geração de energia nuclear. Atualmente, estão em operação as usinas de Angra 1, com capacidade de 657 MW, e Angra 2, com potência de 1.350 MW. Angra 3, terá capacidade de gerar outros 1.350 MW.
Othon afirmou que uma parte dos custos de R$ 1,5 bilhão será repassada para as contas, mas afirmou que este repasse não será feito na sua totalidade. O presidente da estatal negou a informação dada anteriormente a jornalistas pelo assessor da presidência da Eletronuclear, Leonam dos Santos Guimarães, de que, caso o R$ 1,5 bilhão fossem totalmente repassados, a tarifa ao consumidor chegaria perto dos R$ 170 por MW/h.
O presidente da companhia afirmou ainda que os estudos finais sobre os preços e custos de construção de Angra 3 devem ser enviados ao Ministério de Minas e Energia na segunda quinzena de janeiro e a decisão sobre o início das obras deve ser tomada ainda no primeiro trimestre do ano que vem. O custo estimado para a obra é de R$ 7,3 bilhões.
(Rafael Rosas | Valor Online)
Gol
A reportagem a seguir, publicada no Wall Street Journal, faz uma análise da Gol. A reportagem é clara ao afirmar que os problemas da empresa não são decorrentes somente da crise do setor aéreo, mas também devido as decisões da empresa, em especial a aquisição e dificuldade de incorporar a Varig.
Skies Cloud for Brazilian Airline
By Claudia Assis
The Wall Street Journal - 21/11/2007
When Brazil's Gol Linhas Aereas Inteligentes SA listed in Sao Paulo and New York in June 2004, it sounded like an investor's dream -- a new, very profitable airline from a corner of the world where more and more people were ditching buses to hop on planes.
But three years later, investors aren't so sure Gol has really scored. Questions about whether Gol is still true to the low-cost carrier model after a major acquisition, coupled with a continuing crisis in the Brazilian civil aviation sector, have left investors uncertain.
The skies became cloudy for civil aviation in Brazil in September 2006, when a Gol airliner crashed in midair with an executive jet, killing all 154 people on board the Gol plane.
Earlier this year, Gol bought the assets of legacy airline Varig. More recently, management has been under fire for lowering financial guidance in October and then again earlier this month. There's also been talk of a stock buyback and interest from other investors, including private-equity groups, in buying Gol.
"They are not really giving people much of a sense of where they are going, or where the company stands," Citi analyst Steve Trent said.
Gol's 2004 IPO was three times oversubscribed, with international investors snapping up two-thirds of the shares offered. Their enthusiasm was understandable: A year earlier, Gol was the world's second most profitable carrier, after low-cost pioneer Ryanair Holdings PLC of Ireland.
Gol, with a catchy name that translates to a soccer goal, followed by "smart airline," seemed ready to reap the benefits of being the sole budget airline in Brazil. The company, led by a member of the Constantino family, which has ties to the Brazilian transportation market, offered flights to anyone with Internet access and as little as one real (57 cents) in his or her pocket. In its early days, Gol did many one-real promotions on one-way flights.
But the shares have taken a hit lately, and were down almost 16% by mid-November. Gol's management has said the Constantino family was considering a share buyback. In a third-quarter conference call last week, management didn't discuss any repurchase plans or the private-equity interest in the company. Chief Financial Officer and Vice President Richard Lark did say that controlling shareholders continue to mull alternatives and that the market would be notified in due course if anything concrete took place.
After it bought Varig's assets, Gol Linhas Aereas became the parent company of GOL Transportes Aereos and VRG Linhas Aereas. Gol said it is working to incorporate its low-cost model into the daily operations of Varig, or VRG, as the company is now called.
"We have renegotiated leasing contracts, reduced maintenance reserves, and adjusted sales commissions through contract negotiations," Gol said. "We are redesigning VRG's organizational structure to increase productivity while hiring additional employees, and reducing IT costs through outsourcing." Nonetheless, the company's bottom line still has been hurt.
Brazil's aviation crisis also has damped the stock price of TAM SA, the country's dominant airline, but analysts are more positive on TAM, as the company has a stronger foothold on international flights. TAM has made no acquisitions recently.
Gol trades at a premium compared with TAM. According to Factset, Gol's 2008 price/earnings ratio hovers around 23, while TAM's P/E ratio stands at 14. That premium was justified when Gol followed the low-cost carrier model, but since the company acquired Varig's assets, "that argument entirely goes out the window," Citi's Mr. Trent said. Gol is no longer a pure low-cost carrier, he added.
Boston-based fund manager Urban Larson, of F&C Management, said Gol's strategy in buying Varig assets is "unproven," given that the company "was quite successful as an LCC."
In the past, F&C has owned Gol shares, but the fund got out when "uncertainty surrounding the [Brazilian civil aviation] sector did not make us want to continue holding the stock," Mr. Larson said. He declined to disclose when he sold his positions on Gol.
Gol's plane crash last year exposed infrastructure weaknesses in the Brazilian civil-aviation sector. Since then, the industry has had to cope with frequent air-traffic-controller strikes, management upheaval at the regulating agency, and other wrinkles leading to stranded passengers and scores of chronically late planes or canceled flights.
The crisis was at its worst in July, when a TAM airliner overran the runway and went down in flames at Sao Paulo's Congonhas airport, killing 199 people. That led to restrictions to operations in the airport, one of Brazil's busiest.
Gol's operations, heavily reliant on Congonhas, were deeply affected. The company reported third-quarter net profit of 45.5 million reals, down from 190 million reals in the same period a year ago.
Not all the news is bad for Gol. On Nov. 8, UBS Investment Research upgraded Gol to hold from sell, thanks to the bank's belief there's room for better profits. "We highlight significantly stronger than expected [October] passenger traffic . . . coupled with BRA's struggles as key supporting arguments," UBS said.
Time may very well be on Gol's side. Market participants say that despite the current problems, the airline's long-term story, on the back of domestic demand trends, still looks interesting, since demand for flights is expected to continue to grow in Latin America and in Brazil.
O que a falta de um balanço pode significar
A reportagem a seguir é muito ilustrativa como é relevante a informação contábil num setor regulado. Sua ausência pode ser um sinal de problemas da empresa.
Na continuação do mesmo tema, o jornal Valor Econômico informa que a ANTT irá padronizar os balanços (ou seja, as demonstrações contábeis) em 2008.
BRA enviou demonstrações "inconsistentes", diz Anac
Valor Econômico - 22/11/2007
Desde que passou a operar vôos regulares, em 2005, a BRA nunca apresentou dados financeiros completos à Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). A própria agência informa que recebeu da BRA, e também da Varig, dados financeiros "inconsistentes e fora do prazo" ao longo do ano de 2006. A agência não informou sobre o recebimento dos dados da BRA em 2007.Segundo fonte que pertencia ao alto escalão da empresa até três meses atrás, a BRA não tem balanços definitivos porque nunca fez um levantamento completo de seus custos e receitas. A contabilidade da companhia, mesmo após a entrada dos fundos estrangeiros na sociedade, em dezembro de 2006, era precária. A Anac, segundo essa mesma fonte, nunca teria feito uma avaliação nas contas da companhia.
O Valor perguntou à agência quais providências tomou em relação ao atraso e inconsistência nos balanços da BRA, mas não obteve resposta.Devido aos problemas na entrega dos dados financeiros por parte da BRA e da Varig, a Anac ainda não divulgou o anuário de dados econômicos de todas as companhias aéreas referente ao ano de 2006. Qualquer interessado em conhecer a situação econômica das empresas aéreas só conseguirá da Anac informações de 2005 ou de anos anteriores. Sobre os dois últimos anos, não há sequer relatórios trimestrais.
Individualmente, as empresas aéreas não são obrigadas a divulgar dados financeiros, com exceção da TAM e da Gol, que têm capital aberto e por isso publicam seus balanços todos os trimestres. O anuário da Anac é a única fonte de informação sobre os dados financeiros das demais companhias.
Uma pergunta possível é como a Anac autorizou que a BRA vendesse parte de suas ações para fundos de investimentos, por cerca de R$ 180 milhões, se afirma não ter recebido informações financeiras consistentes da empresa em 2006. O Valor enviou, na segunda-feira, um e-mail com essa e outras dez perguntas à agência, conforme as exigências da assessoria de imprensa. Nenhuma questão foi respondida.No site da Anac, só é possível encontrar informações financeiras de 1997 a 2005. Para fins de comparação, os usuários do sistema de transporte americano conseguem acessar informações das companhias aéreas referentes ao segundo trimestre deste ano, que vai de abril a junho. Na página do Bureau of Transportation Statistics (BTS), é possível encontrar informações recentes e detalhadas sobre receitas, custos e lucratividade.
As empresas aéreas estão obrigadas a enviar suas informações financeiras, conforme determinam o artigo 198 do Código Brasileiro de Aeronáutica (CBA) e a portaria 1.334/2004, criada pelo antigo Departamento de Aviação Civil (DAC) e válida para a Anac, que substituiu o órgão em 2005. A portaria estabelece que as companhias devem entregar documentos mensais, trimestrais e anuais, em que constem balanço patrimonial e demonstração de resultados, entre outros itens. Para o envio de documentos mensais o prazo é de trinta dias, após o término do mês. Para contas trimestrais, o prazo é de 90 dias após o fim do trimestre.Mas uma questão é receber as informações, outra é analisar os documentos. Pela Lei de Concessões, a fiscalização financeira deve ser periódica e deve incluir dados contábeis e financeiros. Pelo CBA, "a autoridade aeronáutica poderá, quando julgar necessário, mandar proceder a exame da contabilidade das empresas". A maioria dos especialistas afirma que é dever da agência avaliar a situação financeira das concessionárias. "Não é apenas um direito como um dever", afirma José Márcio Mollo, presidente do Sindicato Nacional das Empresas Aeroviárias (Snea). "É uma garantia aos usuários. Se ficar constatado que a empresa não tem meios para realizar o serviço, ela deve sofrer intervenção ou ter a concessão cancelada.
"A Anac não deu explicações sobre a forma como avalia os balanços das empresas. TAM, Gol, Varig e OceanAir também não informaram sobre se e como a agência fiscaliza as contas. "Que eu saiba, a Anac não faz análises financeiras sobre as finanças das empresas", afirma Mollo."A Anac, como qualquer outro poder concedente, tem o dever constante de fiscalizar a idoneidade financeira das companhias aéreas", afirma Cristiano Zanin Martins, especialista em direito aeronáutico do escritório Teixeira Martins, que advogou para a "nova" durante o período em que ela pertenceu à VarigLog, antes de ser vendida para a Gol. "A avaliação deve ser feita num contexto, não apenas com uma fórmula."Mas a avaliação sobre a necessidade de fiscalização financeira não é unânime. O advogado e jurista Carlos Ari Sundfeld, especialista em direito público, afirma que a análise da saúde financeira de empresas concessionários só é fundamental em três setores: bancário, operadoras de saúde e serviços públicos altamente regulados, como é o caso do setor de energia. "No caso da aviação, o cuidado com a saúde financeira não é vital. Não é obrigação do poder concedente evitar a falência, até porque se uma empresa aérea quebra, as outras podem assumir os serviços rapidamente."
Para Adalberto Febeliano, presidente da Associação Brasileira de Aviação Geral (Abag), a Anac deve zelar pela boa saúde financeira das empresas e por práticas de concorrência saudáveis. "Mas não se pode esperar que a agência faça auditoria nos balanços, pois ela nem tem estrutura para isso", afirma.
Na continuação do mesmo tema, o jornal Valor Econômico informa que a ANTT irá padronizar os balanços (ou seja, as demonstrações contábeis) em 2008.
ANTT exigirá balanços padronizados em 2008
Valor Econômico - 22/11/2007
A Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) efetua fiscalizações econômico-financeiras anualmente "em todas as concessionárias, mas elas podem ocorrer mais de uma vez por ano". São verificadas a contabilidade e as operações de tesouraria. A partir de 2008, a agência obrigará todas as companhias a entregar demonstrações financeiras padronizadas.O Valor enviou cinco perguntas sobre fiscalização financeira a quatro agências reguladoras, para entender como ela é feita em cada setor. Foram consultadas, além da ANTT, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) e a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).A ANTT e a Aneel enviaram respostas completas e detalhadas cerca de oito horas após a solicitação. A Anac e a Anatel, num prazo de três e dois dias, respectivamente, não enviaram suas respostas.A ANTT afirma que "age preventivamente" e trabalha com projeções financeiras, não apenas com "resultados contábeis realizados ruins".
"Se uma projeção detecta o risco de que uma concessionária venha a ter problemas, uma fiscalização detalhada é realizada na concessionária para detectar as causas, o assunto é discutido com os gestores da concessão e pode-se chegar a estabelecer um Termo de Ajuste de Conduta (TAC), no qual a concessionária tem que se comprometer a adotar medidas que corrijam o problema detectado."A falta da correção pode resultar em penalidades ou na caducidade do contrato de concessão, o que nunca ocorreu, segundo a ANTT. A Aneel, por sua vez, exige demonstrações financeiras mensais, trimestrais e anuais de todas as concessionárias. Falhas na entrega dos documentos podem gerar advertências e multas. A agência possui uma área dedicada à gestão econômica e financeira das empresas. "Com o acompanhamento, a Aneel zela pelo equilíbrio e manutenção da saúde financeira das concessões." Outro objetivo importante das avaliações, segundo a agência, é constatar se os investimentos feitos pelas empresas são compatíveis com as tarifas cobradas. É com base nas demonstrações financeiras que os reajustes tarifários são definidos. (RC)
Mineradoras e a CFEM
Este é um caso que mostra os problemas de principal-agente e de economia da informação num setor regulado
(...) O Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), que controla a arrecadação da Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais (CFEM), tem autuando as empresas sob o entendimento de que as mineradoras estariam realizando deduções indevidas na base de cálculo da contribuição. As mineradoras alegam que a legislação autoriza tais deduções, o que tem gerado diversos recursos administrativos propostos pelas empresas, alguns sob análise do Ministério de Minas e Energia. (...)
Advogados criticam o comportamento do departamento em razão das multas milionárias aplicadas - há casos de autuações que, segundo eles, chegam a R$ 11 milhões.O valor da contribuição é calculada a partir da aplicação de uma alíquota sobre o faturamento líquido da comercialização efetuada pelas mineradoras. As alíquotas variam conforme o tipo de minério. Tributaristas afirmam que a legislação permite a dedução, da base de cálculo, de gastos com transporte e seguro dos minérios, por exemplo, e que desde março o departamento teria intensificado a fiscalização do recolhimento da CFEM, autuando as mineradoras com multas milionárias, em razão dos descontos realizados.
Segundo o advogado Fernando Facury Scaff, do escritório Silveira, Athias, Soriano de Mello, Guimarães, Pinheiro & Scaff Advogados, que representa algumas mineradoras, há situações em que o órgão considera indevidas todas as deduções, cobrando a CFEM sobre o faturamento total das empresas. (...)
Mineradoras discutem autuações milionárias
Valor Econômico - 22/11/2007
21 novembro 2007
A maldição dos recursos naturais
A recente descoberta de petróleo no Brasil torna o texto Resource Abundance and Corporate Transparency, de Art Durnev e Sergei Guriev, interessante (aqui link).
Tradicionalmente a abundância de recursos naturais pode comprometer o desenvolvimento econômico de uma país no longo prazo. A riqueza fácil pode reduzir os incentivos para o crescimento de outros setores, inclusive o industrial. A pesquisa de Durnev e Guriev é inovadora, na minha opinião, por mostrar um outro lado negativo desta questão: a redução da transparência corporativa.
Durnev e Guriev lembra a Primeira Lei da Petropolítica: o preço elevado do barril inibe a democracia, a liberdade econômica e a liberdade política nos países ricos em petróleo. Com efeito, nos últimos anos os países ricos em petróleo aumentaram o controle sobre a imprensa (vide o exemplo da Rússia e Venezuela). Isto já foi provado por outros trabalhos. Usando dados microeconômicos, Durnev e Guriev mostraram o efeito dos recursos naturais no direito de propriedade e na transparência das empresas!
O argumento dos autores é o seguinte: Durante os períodos de preços altos, o lucro das empresas obtido com recursos naturais são fáceis de serem confiscados pelo governo. Estas empresas possuem o seguinte dilema: precisam atrair capital externo (e com isto serem transparentes), mas por outro lado a transparência atrai a cobiça dos políticos para o confisco (seja sob a forma de suborno, impostos ou tomada de ativos). Ou seja, a transparência torna a indústria mais vulnerável para a confisco, principalmente em países onde o direito de propriedade é fraco.
Um exemplo citado pelos autores é o caso da Yukos, mas podemos também analisar os acontecimentos da Bolívia e Petrobrás recentemente sob esta ótica.
Os efeitos podem ser percebidos no setor de petróleo, onde a transparência é menor, o que afeta a alocação de capital.
Clique aqui para Download da pesquisa dos autores
Tradicionalmente a abundância de recursos naturais pode comprometer o desenvolvimento econômico de uma país no longo prazo. A riqueza fácil pode reduzir os incentivos para o crescimento de outros setores, inclusive o industrial. A pesquisa de Durnev e Guriev é inovadora, na minha opinião, por mostrar um outro lado negativo desta questão: a redução da transparência corporativa.
Durnev e Guriev lembra a Primeira Lei da Petropolítica: o preço elevado do barril inibe a democracia, a liberdade econômica e a liberdade política nos países ricos em petróleo. Com efeito, nos últimos anos os países ricos em petróleo aumentaram o controle sobre a imprensa (vide o exemplo da Rússia e Venezuela). Isto já foi provado por outros trabalhos. Usando dados microeconômicos, Durnev e Guriev mostraram o efeito dos recursos naturais no direito de propriedade e na transparência das empresas!
O argumento dos autores é o seguinte: Durante os períodos de preços altos, o lucro das empresas obtido com recursos naturais são fáceis de serem confiscados pelo governo. Estas empresas possuem o seguinte dilema: precisam atrair capital externo (e com isto serem transparentes), mas por outro lado a transparência atrai a cobiça dos políticos para o confisco (seja sob a forma de suborno, impostos ou tomada de ativos). Ou seja, a transparência torna a indústria mais vulnerável para a confisco, principalmente em países onde o direito de propriedade é fraco.
Um exemplo citado pelos autores é o caso da Yukos, mas podemos também analisar os acontecimentos da Bolívia e Petrobrás recentemente sob esta ótica.
Os efeitos podem ser percebidos no setor de petróleo, onde a transparência é menor, o que afeta a alocação de capital.
Clique aqui para Download da pesquisa dos autores
Quando a Pesquisa Está Errada
John Ioannidis provocou uma polêmica ao afirmar que muitos estudos em medicina estão errados (aqui) e quando estão corretos o problema do tamanho da amostra pode invalidar algumas conclusões. Alguns destes estudos possuem problemas de formatação da pesquisa, como o não controle de variáveis exógenas que afetam o resultado. Em outros casos, o problema é mais simples: os periódicos possuem um viés de publicar resultados positivos, enquanto os resultados negativos geralmente são recusados. Isto termina por invalidar estudos de meta-análise, que deveriam ter o papel de agregação dos resultados de pesquisas científicas. (Clique aqui para ler sobre meta-analise).
Outro fator importante é a pressão para publicação. Sabendo a preferência dos periódicos por certos tipos de resultados, os pesquisadores tendem a forçar os números e, em alguns casos, até a fraudar os dados.
A estatística ajuda a explicar também os problemas encontrados. As pesquisas trabalham com probabilidades e geralmente se usa 5% para rejeitar/aceitar as hipóteses. Neste caso, um estudo que se encontra dentro desta probabilidade é o caso de um "falso positivo". Considere 20 pesquisas sobre um determinado assunto enviadas para um periódico. Existindo uma chance de que um destes estudos (1/20 = 5%) não comprovem a hipótese atual da pesquisa, existirá uma pressão do periódico em aceitar esta pesquisa que contradiz o conhecimento corrente.
Especificamente em medicina, as amostras são reduzidas, o que aumenta a chance de aceita hipóteses que são falsas.
Finalmente, em certos tipos de pesquisas conduzidas na área de administração e contabilidade, através de questionários, a maneira como o entrevistado é abordado pode afetar diretamente no resultado da pesquisa.
Em resumo, a ciência pode estar errada pelos seguintes motivos:
a) Formatação da pesquisa - incluindo o não controle adequado de variáveis exógenas e a forma como a pesquisa é conduzida
b) Viés de publicação dos periódicos
c) Fraude, em razão do viés dos periódicos
d) Existência do "falso positivo"
e) Amostra reduzida
f) As variáveis acima podem interferir diretamente no resultado da meta-análise
Para ler mais clique aqui e aqui
Outro fator importante é a pressão para publicação. Sabendo a preferência dos periódicos por certos tipos de resultados, os pesquisadores tendem a forçar os números e, em alguns casos, até a fraudar os dados.
A estatística ajuda a explicar também os problemas encontrados. As pesquisas trabalham com probabilidades e geralmente se usa 5% para rejeitar/aceitar as hipóteses. Neste caso, um estudo que se encontra dentro desta probabilidade é o caso de um "falso positivo". Considere 20 pesquisas sobre um determinado assunto enviadas para um periódico. Existindo uma chance de que um destes estudos (1/20 = 5%) não comprovem a hipótese atual da pesquisa, existirá uma pressão do periódico em aceitar esta pesquisa que contradiz o conhecimento corrente.
Especificamente em medicina, as amostras são reduzidas, o que aumenta a chance de aceita hipóteses que são falsas.
Finalmente, em certos tipos de pesquisas conduzidas na área de administração e contabilidade, através de questionários, a maneira como o entrevistado é abordado pode afetar diretamente no resultado da pesquisa.
Em resumo, a ciência pode estar errada pelos seguintes motivos:
a) Formatação da pesquisa - incluindo o não controle adequado de variáveis exógenas e a forma como a pesquisa é conduzida
b) Viés de publicação dos periódicos
c) Fraude, em razão do viés dos periódicos
d) Existência do "falso positivo"
e) Amostra reduzida
f) As variáveis acima podem interferir diretamente no resultado da meta-análise
Para ler mais clique aqui e aqui
20 novembro 2007
Rir é o melhor remédio: Fluxo de Caixa para idiotas
Situação 1: Dívida Crescente
Situação 2: Sem economia
Situação 3: Gastando a economia
Situação 4: Vida frugal
Situação 5: Múltiplas rendas
Situação 6: Sem gasto
Situação 7: Feliz
Fonte: Aqui
Situação 2: Sem economia
Situação 3: Gastando a economia
Situação 4: Vida frugal
Situação 5: Múltiplas rendas
Situação 6: Sem gasto
Situação 7: Feliz
Fonte: Aqui
Teoria dos Jogos e Futebol
Este é um resumo do Journal of Economic Psychology, que trata da situação do penalti no futebol (fonte: Aqui)
Analisando a escolha do goleiro no penalti (286 casos) os pesquisadores encontraram que a melhor estratégia é ficar parado no centro do gol. Geralmente os goleiros arriscam um lado, talvez baseado numa pressão para fazer a decisão correta. Neste caso, a melhor decisão é não decidir.
Analisando a escolha do goleiro no penalti (286 casos) os pesquisadores encontraram que a melhor estratégia é ficar parado no centro do gol. Geralmente os goleiros arriscam um lado, talvez baseado numa pressão para fazer a decisão correta. Neste caso, a melhor decisão é não decidir.
Reconciliação será adotada?
Ainda sobre a retirada da exigência da reconciliação entre as normas internacionais e as normas norte-americanas para ações de empresas estrangeiras negociadas nos Estados Unidos: será que as empresas deixarão de fazer?
Dois fatores irão influenciar esta decisão. O primeiro, o mercado, que não é bobo, deverá perceber que não existe prejuízo em analisar as informações com as normas internacionais. Ou seja, sua análise não será prejudicada com esta decisão.
O segundo fator diz respeito a distância entre as duas normas. Se esta distância ficar menor, o problema da falta de reconciliação não será percebido e o fim da exigência será adotado.
Caso isto não ocorra, as empresas que gostariam de ter um diferencial para o investidor norte-americano irão continuar apresentando a reconciliação. Neste caso, a medida da SEC terá muito mais um efeito político do que um efeito efetivo nas empresas.
Dois fatores irão influenciar esta decisão. O primeiro, o mercado, que não é bobo, deverá perceber que não existe prejuízo em analisar as informações com as normas internacionais. Ou seja, sua análise não será prejudicada com esta decisão.
O segundo fator diz respeito a distância entre as duas normas. Se esta distância ficar menor, o problema da falta de reconciliação não será percebido e o fim da exigência será adotado.
Caso isto não ocorra, as empresas que gostariam de ter um diferencial para o investidor norte-americano irão continuar apresentando a reconciliação. Neste caso, a medida da SEC terá muito mais um efeito político do que um efeito efetivo nas empresas.
Frases
Duas frases revelam os dois lados da recente medida norte-americana de retirar a exigência de conciliação das normas internacionais para o Fasb, de empresas estrangeiras que negociam ações no mercado daquele país:
"Christmas has come early. This will save companies an awful lot of hassle", John Cridland, deputy director-general of the Confederation of British Industry.
"Until genuine convergence is achieved, we harbour serious reservations about allowing US registrants to choose between IFRS and US Gaap reporting." Jack Ciesielski do Investors Technical Advisory Committee (ITAC)
Fonte: US watchdog scraps need for two sets of accounts, Jeremy Grant e Jennifer Hughes, Financial Times, 16/11/2007
"Christmas has come early. This will save companies an awful lot of hassle", John Cridland, deputy director-general of the Confederation of British Industry.
"Until genuine convergence is achieved, we harbour serious reservations about allowing US registrants to choose between IFRS and US Gaap reporting." Jack Ciesielski do Investors Technical Advisory Committee (ITAC)
Fonte: US watchdog scraps need for two sets of accounts, Jeremy Grant e Jennifer Hughes, Financial Times, 16/11/2007
O lucro ainda é importante
O lucro tem sido considerado uma medida manipulável de desempenho de uma empresa. Um estudo recente, que foi destaque no Financial Times (Number-crunchers are socially desirable again, reportagem de autoria de John Authers, 17/11/2007, p. 8) mostrou que a idéia de que o fluxo de caixa seria o rei ("cash is king") e que deveria prevalecer sobre a informação do lucro está errada.
Segundo pesquisadores da University of California, Columbia University e Yale University, que usaram dados da Austrália, França, Alemanha, Hong Kong, Japão, África do Sul, Taiwan, Inglaterra e Estados Unidos, o melhor preditor de valor de uma empresa é o lucro, obtido pela contabilidade.
Os resultados variam conforme o país, mas as suposições feitas pelos contadores ajudam mais o investidor do que atrapalha. O artigo original chama-se Cash Flow is King? Comparing Valuations Based on Cash Flow Versus Earnings Multiples (Jing Liu, Dorron Nissim e Jacob Thomas)
Segundo pesquisadores da University of California, Columbia University e Yale University, que usaram dados da Austrália, França, Alemanha, Hong Kong, Japão, África do Sul, Taiwan, Inglaterra e Estados Unidos, o melhor preditor de valor de uma empresa é o lucro, obtido pela contabilidade.
Os resultados variam conforme o país, mas as suposições feitas pelos contadores ajudam mais o investidor do que atrapalha. O artigo original chama-se Cash Flow is King? Comparing Valuations Based on Cash Flow Versus Earnings Multiples (Jing Liu, Dorron Nissim e Jacob Thomas)
Doação incondicional
Na contabilidade do terceiro setor, um dos termos usados é a doação, que pode ser condicional ou incondicional. Neste último caso, a entidade que recebe a doação tem liberdade para fazer o que deseja com os recursos. Em ambos os casos, o valor deve ser registrado, sendo a classificação útil para o usuário externo e por isto será evidenciada.
Uma pequena notícia no jornal O Globo usou o termo "doação incondicional" (grifo meu):
É importante notar que o fato de existir uma doação incondicional não é um justificativa para que os recursos não entrem na "contabilidade oficial"
Uma pequena notícia no jornal O Globo usou o termo "doação incondicional" (grifo meu):
LA PAZ e QUITO. O presidente da Bolívia, Evo Morales, entregou ontem ao comandante das Forças Armadas do país, general Wilfredo Vargas, um cheque de US$3,7 milhões, completando uma doação de US$6,3 milhões iniciada há três meses por seu colega e aliado venezuelano, Hugo Chávez. Os recursos, parte da generosidade estratégica de Caracas, se destinam a melhorar 125 unidades militares.
A oposição criticou o fato de os cheques venezuelanos tenham sido distribuídos sem contabilidade oficial e sem controle de qualquer tipo. Morales, por sua vez, rebateu as críticas, afirmando que se trata de uma doação incondicional de Chávez. Ele pediu aos militares que não vejam o fato como uma “chantagem” nem uma forma de submetê-los à orientação chavista. (...)
Aliados ganham mas também pagam preço
O Globo - 20/11/2007
É importante notar que o fato de existir uma doação incondicional não é um justificativa para que os recursos não entrem na "contabilidade oficial"
19 novembro 2007
A relevância da contabilidade de custos
Contabilidade de custos deve ajudar o gestor da firma
Folha de São Paulo - 18/11/2007
O contador que trabalha fora da empresa não atende à administração interna, e sim ao governo
Um dos grandes desafios enfrentados pelos empreendedores é o de lidar com diversas tarefas especializadas, que vão desde a administração geral até a contabilidade. Sobretudo em micro e pequenas empresas, nas quais é comum o proprietário acumular funções, é importante determinar como a contabilidade deve servir de suporte para a administração da firma. Ressaltar essa importância é o objetivo de George S. Guerra Leone, autor de "Os 12 Mandamentos da Gestão de Custos" (editora FGV, R$ 34, 254 págs.), que conversou com a Folha. Confira os principais trechos da entrevista.
FOLHA - Qual é a diferença entre contabilidade de custos e gestão de custos?
GEORGE LEONE - A contabilidade de custos é feita pelo contador, em firmas médias e grandes, e tem função informativa. A gestão de custos é estratégica, realizada por um administrador, e baseia-se nas informações fornecidas pela contabilidade.
FOLHA - No livro, fala-se da necessidade de haver um "dueto harmonioso" entre esses dois profissionais: o contador e o administrador.
LEONE - Se não houver uma harmonia entre eles, a empresa não funcionará. A contabilidade de custos presta informação para a gerência.
FOLHA - Qual é a diferença se o contador de custos trabalhar para uma micro ou uma pequena empresa?
LEONE - O empreendedor geralmente será proprietário e administrador. Ele terá algumas atribuições que não existiriam em uma empresa industrial. O contador de custos desse empreendedor terá de trabalhar em dobro.
FOLHA - Em uma grande empresa, a contabilidade pode ser um departamento. Mas, no caso dos pequenos empreendedores, o mais comum é ter uma contabilidade terceirizada. Como o empreendedor deve acompanhar esse trabalho?
LEONE - Quando um contador trabalha fora da empresa, ele não atende à administração interna, mas aos governos municipal, estadual e federal. Preocupa-se em fazer tudo certo, para que não haja problemas com tributos e com o INSS [Instituto Nacional do Seguro Social], já que a legislação muda de vez em quando. Isso dá um trabalho danado para o contador que está de fora. Não ajuda o administrador ou o empreendedor a administrar, pois não faz a contabilização, ou seja, o registro do que está acontecendo monetariamente.
FOLHA - Quando o pequeno empresário administra, faz também a contabilidade de custos? Ele deveria ter ainda um outro contador externo só para tributos?
LEONE - O contador de custos interno só existirá se for uma empresa média ou maior. Se for uma empresa menor, vai haver apenas o contador externo, que só atende ao governo.
FOLHA - O controle de custos que o pequeno empreendedor faz deve ser chamado de administração ou de contabilidade?
LEONE - Se o empreendedor faz [a contabilidade], pode contratar um consultor especializado para ajudá-lo -uma pessoa com experiência. Isso lhe permite focar nas áreas importantes para ele: a comercial e a de produção. O contador interno que ele contrata pode ser uma pessoa amiga ou um familiar. Mas esse especialista deve ser um contador gerencial, porque ele tem uma visão de administração e de gerenciamento.
FOLHA - Outro dos pontos que o senhor destaca é a relevância da redução permanente de custos.
LEONE - É que o pessoal muitas vezes apaga fogos pequenos, mas não deveria ser assim. Só apagar o foco do incêndio não adianta. O gestor deve prever que vai acontecer um incêndio no futuro. Do contrário, é como na floresta: apaga-se um foco e aparece outro. Ele tem de ter uma atividade permanente de redução de custos.
Petrobrás e lucratividade
Reportagem fez uma comparação de lucratividade e concluiu que a Petrobrás é pouco lucrativa. Entretanto, a empresa argumenta que deveria ser comparado com outras empresas do setor. A seguir, trechos da reportagem:
Petrobrás é lucrativa, mas pouco rentável
Empresa lidera lista dos lucros na AL, mas é penúltima em rentabilidade
Vera Dantas
O Estado de São Paulo - 17/11/2007 - p. b12
A Petrobrás é a companhia mais lucrativa da América Latina no acumulado de janeiro a setembro, mas apresenta rentabilidade baixa em relação a outras empresas, de acordo com um estudo da consultoria Economática. Segundo o levantamento, a Petrobrás, com lucro líquido de US$ 8,9 bilhões até setembro, fica em primeiro lugar em uma lista de 17 empresas de capital aberto da América Latina. A Vale do Rio Doce vem em segundo lugar, com US$ 8,4 bilhões. O ranking considera apenas empresas com lucro acima de US$ 1 bilhão. Já na análise da rentabilidade sobre o patrimônio, a estatal ocupa o penúltimo lugar. Com uma rentabilidade de 16,91%, está à frente apenas da mexicana Cemex. "Além da lucratividade, o estudo mostra o quanto a empresa lucra em relação ao seu patrimônio. No caso da Petrobrás, isso significa que, para cada US$ 100 de patrimônio, a empresa apresenta um lucro próximo a US$ 17" , diz Einar Rivero, gerente de Relacionamento Institucional e Comercial da Economática.
Ele observa que, no mesmo período, a Vale do Rio Doce tem um retorno sobre o patrimônio duas vezes superior ao da Petrobrás. Sua rentabilidade é de 34,13%. A empresa com maior destaque nessa lista é a peruana Southern Copper, de mineração. Ela registra 66,37% de rentabilidade sobre o patrimônio. A cada US$ 100 de patrimônio da companhia, seu lucro é em torno de US$ 66. Mas a Southern Copper fica na lanterninha da lista das empresas mais lucrativas. Está na 17º posição com lucro líquido de US$ 1,1 bilhão.
"Mesmo que a Petrobrás esteja em primeiro lugar em lucratividade, o que interessa é o porcentual que está remunerando o capital investido - nesse caso, o patrimônio líquido médio no período de nove meses," diz Rivero. (...)
Para o economista Fábio Silveira, sócio-diretor da RC Consultores, porém, o estudo deveria comparar empresas da mesma atividade. "Companhias que atuam em setores diversos têm estruturas de custos diferentes ."
Empresa questiona critérios do ranking
Kelly Lima RIO
17/11/2007 p. b12
O Estado de São Paulo
O diretor-financeiro da Petrobrás, Almir Barbassa, criticou o critério utilizado pela Economática para posicionar a Petrobrás como uma empresa pouco rentável. Barbassa lembrou que a estatal foi comparada na lista a empresas de diferentes categorias e atuação em outros ramos. "Não dá para comparar uma empresa petroleira com uma mineradora ou com um banco. São atividades diferenciadas, com problemas, características, enfim, uma série de distinções que podem levar a uma interpretação dos dados completamente distorcida", disse. (...)
Petrobrás é lucrativa, mas pouco rentável
Empresa lidera lista dos lucros na AL, mas é penúltima em rentabilidade
Vera Dantas
O Estado de São Paulo - 17/11/2007 - p. b12
A Petrobrás é a companhia mais lucrativa da América Latina no acumulado de janeiro a setembro, mas apresenta rentabilidade baixa em relação a outras empresas, de acordo com um estudo da consultoria Economática. Segundo o levantamento, a Petrobrás, com lucro líquido de US$ 8,9 bilhões até setembro, fica em primeiro lugar em uma lista de 17 empresas de capital aberto da América Latina. A Vale do Rio Doce vem em segundo lugar, com US$ 8,4 bilhões. O ranking considera apenas empresas com lucro acima de US$ 1 bilhão. Já na análise da rentabilidade sobre o patrimônio, a estatal ocupa o penúltimo lugar. Com uma rentabilidade de 16,91%, está à frente apenas da mexicana Cemex. "Além da lucratividade, o estudo mostra o quanto a empresa lucra em relação ao seu patrimônio. No caso da Petrobrás, isso significa que, para cada US$ 100 de patrimônio, a empresa apresenta um lucro próximo a US$ 17" , diz Einar Rivero, gerente de Relacionamento Institucional e Comercial da Economática.
Ele observa que, no mesmo período, a Vale do Rio Doce tem um retorno sobre o patrimônio duas vezes superior ao da Petrobrás. Sua rentabilidade é de 34,13%. A empresa com maior destaque nessa lista é a peruana Southern Copper, de mineração. Ela registra 66,37% de rentabilidade sobre o patrimônio. A cada US$ 100 de patrimônio da companhia, seu lucro é em torno de US$ 66. Mas a Southern Copper fica na lanterninha da lista das empresas mais lucrativas. Está na 17º posição com lucro líquido de US$ 1,1 bilhão.
"Mesmo que a Petrobrás esteja em primeiro lugar em lucratividade, o que interessa é o porcentual que está remunerando o capital investido - nesse caso, o patrimônio líquido médio no período de nove meses," diz Rivero. (...)
Para o economista Fábio Silveira, sócio-diretor da RC Consultores, porém, o estudo deveria comparar empresas da mesma atividade. "Companhias que atuam em setores diversos têm estruturas de custos diferentes ."
Empresa questiona critérios do ranking
Kelly Lima RIO
17/11/2007 p. b12
O Estado de São Paulo
O diretor-financeiro da Petrobrás, Almir Barbassa, criticou o critério utilizado pela Economática para posicionar a Petrobrás como uma empresa pouco rentável. Barbassa lembrou que a estatal foi comparada na lista a empresas de diferentes categorias e atuação em outros ramos. "Não dá para comparar uma empresa petroleira com uma mineradora ou com um banco. São atividades diferenciadas, com problemas, características, enfim, uma série de distinções que podem levar a uma interpretação dos dados completamente distorcida", disse. (...)
O poder da taxa de desconto
Um artigo recem-divulgado, The Mortality Cost of Smokers, dois autores (Viscusi e Hersch) (aqui para artigo em PDF) estimam o custo de mortalidade de um fumante, a partir do número de pacotes de cigarros. Usando uma taxa de desconto de 3% os autores chegaram a um custo de $222 dólares para o homem e 94 dólares para a mulher. Quando a taxa de desconto aumenta para 15% o custo diminui para 25 dólares.
Rio Tinto e BHP
O processo de aquisição da Rio Tinto pela BHP pode sofrer uma reviravolta. Conforme noticiou o WSJ, a Rio Tinto preparar um contra-ataque, fazendo uma oferta pela BHP. Isto é conhecido no mercado como Pac-Man.
Uma grande vantagem de um processo de aquisição são as sinergias (ou seja, a possibilidade da junção aumentar o valor global da nova empresa. Em outras palavras, o valor final da nova empresa ser maior do que a soma dos valores individuais). Entretanto, conforme a própria reportagem informa, isto talvez não seja possível. Deve ser alertado que quase todo processo de aquisição tem sido justificado pela existência de sinergia. A seguir a reportagem (grifo meu):
O Blog do WSJ cita alguns casos onde a estratégia Pac-Man não funcionou:
Uma grande vantagem de um processo de aquisição são as sinergias (ou seja, a possibilidade da junção aumentar o valor global da nova empresa. Em outras palavras, o valor final da nova empresa ser maior do que a soma dos valores individuais). Entretanto, conforme a própria reportagem informa, isto talvez não seja possível. Deve ser alertado que quase todo processo de aquisição tem sido justificado pela existência de sinergia. A seguir a reportagem (grifo meu):
Rio Tinto avalia fazer contra-oferta pela BHP em estratégia 'Pac-Man'
Por Jason Singer - The Wall Street Journal - 16/11/2007
A mineradora britânica Rio Tinto PLC, que resiste a uma oferta não negociada de US$ 131,57 bilhões feita pela rival australiana BHP Billiton, está avaliando virar a mesa, numa jogada conhecida como "Pac-Man", e lançar uma contra-oferta pela BHP, segundo pessoas a par da situação.
A Rio Tinto ainda está formulando a sua defesa depois que a BHP propôs na semana passada uma aquisição através de troca de ações — um negócio que, se concluído, será um dos maiores da história. A Rio Tinto rejeitou a oferta, considerando-a muito baixa.
Unidas, BHP e Rio, duas das maiores mineradoras do mundo, teriam amplo alcance mundial com operações nos cinco continentes e forte participação nos mercados de cobre, alumínio e minério de ferro.
A Rio Tinto, que tem sede em Londres, planeja apresentar sua defesa num dia de conferências com investidores marcado para 26 de novembro, disseram as mesmas pessoas. A apresentação será centrada no valor relativo dos bens da empresa ante os da BHP. As duas operam minas próximas umas das outras em muitas partes do mundo.
A BHP, que tem sede em Melbourne, na Austrália, continua a pressão e iniciou nesta semana uma turnê mundial para se reunir com acionistas e pedir seu apoio à fusão.
(...) As defesas Pac-Man são raras e arriscadas. Apelidada assim por causa do videogame em que o perseguido pode se virar e devorar os atacantes, foi usada pela primeira vez em 1982 por Thomas Pownall, ex-presidente da Martin Marietta Corp., que enfrentou com sucesso uma tentativa de aquisição da Bendix Corp.
Geralmente esse tipo de defesa fracassa. A petrolífera francesa Elf Aquitaine tentou comprar a TotalFina em 1999, mas perdeu a contenda e foi comprada pela concorrente franco-belga. Mais recentemente, essa tática foi empregada na indústria fonográfica quando a EMI Group PLC do Reino Unido e a Warner Music Group fizeram ofertas uma pela outra. Os dois acordos foram barrados pelas autoridades de defesa da concorrência e depois a EMI foi comprada por uma firma de private equity.
A Rio Tinto teria de convencer os acionistas de que em vez de receber ágio sobre a sua ação, a empresa deveria pagar um ágio aos acionistas da BHP. Os acionistas precisariam ser persuadidos de que a diretoria da Rio Tinto é melhor que a da BHP, e capaz de extrair mais reduções de despesas e outras sinergias. A BHP informou esta semana que uma fusão produziria US$ 3,7 bilhões em sinergias anuais.
No centro de qualquer fusão entre as duas empresas provavelmente estará a divisão petrolífera da BHP, que alguns acionistas já disseram que não combina com a mineradora. A Rio Tinto poderia fazer uma oferta pela BHP e concordar em vender a divisão de petróleo. O dinheiro da venda poderia então ser devolvido aos acionistas.
O Blog do WSJ cita alguns casos onde a estratégia Pac-Man não funcionou:
The Dangers of the Pac-Man Defense
Posted by Gregory Corcoran
British mining giant Rio Tinto, trying to fight off an unsolicited $137 billion takeover bid by Australian rival BHP Billiton, is considering turning the tables and launching a counter-bid for BHP, according to this WSJ article, citing people close to the matter.
The move is known as the Pac-Man defense, named for the popular 1980s video game. It is a tactic that hasn’t been seen round these deal-making parts in a while. And judging from a list of historic Pac-Man gambits, it is a highly risky maneuver.
1999 — In July, France’s Elf Aquitaine launches a 50-billion-euro ($50.97 billion at the exchange rate then) cash-and-stock counterbid to acquire TotalFina, which earlier in the month bid 42 billion euros of stock for Elf. The acrimonious battle ends with the surprise announcement in September that they had agreed to a friendly combination after TotalFina sweetened its all-share-bid for Elf by 9.2%, raising the value to 47 billion euros ($48.7 billion).
1998-99 — United Kingdom brewer Marston, Thompson & Evershed launches a daring 339 million-pound bid ($539.6 million at the exchange rate then) for Wolverhampton & Dudley Breweries, turning the tables on Wolverhampton’s hostile bid the prior November. Wolverhampton wins anyway.
1987-88 — In December, E-II, of Chicago, discloses a 4.6% stake in American Brands (now Fortune Brands) and later indicates it might try to acquire the diversified tobacco concern in a hostile transaction analysts valued at about $6 billion. American Brands, of Old Greenwich, Conn., responds with the first successful Pac-Man defense: a month later acquiring E-II, the debt-laden investment vehicle of investor Donald Kelly, for a sweetened $1.1 billion.
1984 — SEC commissioners say the Pac-Man defense is cause for “serious concern,” but they balk at endorsing any federal prohibition against the tactic. The commissioners acknowledge a Pac-Man defense can benefit shareholders under certain circumstances, but emphasize that management, in resorting to this tactic, must bear the burden of proving it isn’t acting solely out of its desire to stay in office.
1982 — T. Boone Pickens’ Mesa Petroleum attempts to acquire Cities Service, which turns around and places a tender offer to acquire Mesa’s own shares. The defense works, at least for the Cities’ shareholders. It put the aggressor “in play” with Cities approaching a majority share control of Mesa, thus weakening Mesa’s bargaining power. Cities also brings in Gulf Corp. as a white knight (a corporation that comes to the rescue of a takeover target) that offers $13-a-share more than the Mesa offer on the table.
1982 — The takeover battle between Martin Marietta and Bendix is perhaps the most celebrated instance of the Pac-Man defense, though it was a messy affair for stockholders. The two companies spent huge sums buying stakes in each other. In the end, Bendix was swallowed by a third company, Allied Corp., and Martin Marietta was left with heavy debt and a substantial chunk of its stock in Allied’s hands. A sense of how the tactic was perceived is seen in the comments of a takeover specialist quoted in a Wall Street Journal article in the middle of the battle: “I’m afraid that people may conclude that if businessmen can be this reckless, we ought to get government involved in boardroom decision-making.”
1982 — NLT Corp. tries to fend off an attempted takeover by insurer American General. NLT eventually agrees, on a friendly basis, to be acquired by American General for $1.5 billion.
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