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31 maio 2019

A tradição continua...

Em 2015 comentamos sobre uma reportagem da Reuters sobre o Contador-Chefe da SEC. Na época colocamos a seguinte figura:
Desde 1992, o contador-chefe é originário de um empresa de auditoria. Passeando pela página da SEC deparei com o contador-chefe: Wesley Bricker:
Originário da PwC. Mantendo a tradição. Ontem foi anunciado que Bricker está saindo da SEC. No seu lugar, provisoriamente, Sagar Teotia, Originário da Deloitte. 

Petrolífera e Clima

É interessante o posicionamento de algumas empresas petrolíferas com respeito a questão do clima. Na semana passada, acionistas da BP - uma empresa responsável pelo desastre do Golfo do México - aprovaram a adesão da empresa a um acordo de clima. No ano passado, a Shell aceitou metas de redução de emissões de gases.

Enquanto isto, a Exxon e sua diretoria tem lutado de todas formas contra este problema. Na quarta, uma assembleia da empresa não conseguiu o apoio necessário para que resoluções climáticas fossem aprovadas. Há uma pressão para aderir ao acordo de Paris de 2015, mas a empresa se recusa. O presidente afirmou:

"O envolvimento com o clima é importante, mas trabalhar com soluções através de pesquisa fundamental e desenvolvimento de novas tecnologias também é importante"

Calibração das previsões

Quando fazemos previsões, podemos cometar uma série de erros, independente do modelo preditivo. Fazer previsão é algo muito difícil; em especial, como disse Yogi Berra, sobre o futuro. Um dos problemas é a calibração (o outro é o overfitting). Se considero que a chance de um evento ocorrer é de 80%, isto significa dizer que realmente esta deve ser a probabilidade do evento. Suponha que construí um modelo para prever se irá fazer ou não sol na minha cidade. Sendo 80% a chance de fazer sol prevista pelo modelo, em 80% dos dias isto deve ocorrer, caso contrário o modelo não é calibrado. Se os eventos ocorrerem em 70% das vezes, não é calibrado.

O problema da calibração é que precisamos de muitas previsões para verificar se o modelo é calibrado ou não. Se o meu evento é único, não tenho condições de saber se o modelo foi calibrado ou não. Um site mostrou 10 previsões certas de Jobs e 2 erradas. Isto não permite dizer que Jobs era um bom preditor, por ele ter acertado 10 em 10. Afinal, não temos a lista de todas as previsões de Jobs.

As estimativas de valor estão baseadas em modelos de previsão. Cunha verificou se as previsões de modelos de avaliação usando o fluxo de caixa descontado em ofertas públicas de ações eram aderentes ao longo do tempo. No caso da tese de doutorado de Cunha, o período de tempo estava entre 2002 a 2009. Ele comparou as previsões com os valores realizados, usando testes de médias. Em algumas variáveis foi possível verificar a aderência. Em outras não, existindo superavaliação e subavaliação, conforme o objetivo do laudo. O problema é que foram várias empresas fazendo a previsão, com diferentes modelos preditivos. Sua conclusão mostra que pode existir um viés comportamental (ou ético) nas previsões. Mas que falta calibração para um agente econômico específico ou um modelo de previsão.

Este não foi o problema do site FiveThirtyEight, originalmente criado por Natan Silver (de O Sinal e o Ruído). Como o site está prevendo muitas coisas há mais de 11 anos, recentemente eles fizeram um levantamento da calibração e descobriram que eles acertaram razoavelmente em muitas previsões. Em 5.589 eventos onde eles disseram que um evento tinha 70% de ocorrer (arredondando os 5% mais próximos) eles acertaram 71%; outros 55.553 eventos que afirmaram ter 5% de ocorrer realmente ocorrer 4% das vezes. Mas eles descobriram que estavam confiantes demais nas previsões da NBA em disputas desequilibradas e em outros fatos.

Esta evidenciação do FiveThirtyEight não é realizada por um instituto que faz pesquisa eleitoral ou por uma consultoria que elabora um laudo de avaliação. Também não sabemos a calibração do setor de contabilidade de uma empresa, que faz previsões para mensurar o valor dos ativos (por exemplo, para o teste de impairment) ou dos passivos (para as contingências). Conhecendo a calibração, sabemos como questionável será o valor da mensuração com estes problemas.

Rir é o melhor remédio


30 maio 2019

Experimento

Via Scholary Kitchen, três vídeos para entender um experimento:





Celular e homicídio

Há alguns anos, uma pesquisa mostrou existir uma relação entre crimes e legislação de aborto. Agora, outra pesquisa acrescentou outro fator para explicar o número de homicídios: o celular. Eis o resumo:

US homicide rates fell sharply in the early 1990s, a decade that also saw the mainstreaming of cell phones – a concurrence that may be more than a coincidence, we propose. Cell phones may have undercut turf-based street dealing, thus undermining drug-dealing profits of street gangs, entities known to engage in violent crime. Studying county-level data for the years 1970-2009 we find that the expansion of cellular phone service (as proxied by antenna-structure density) lowered homicide rates in the 1990s. Furthermore, effects were concentrated in urban counties; among Black or Hispanic males; and more gang/drug-associated homicides.

As pesquisadoras da Universidade de Colúmbia acreditam que os telefones reduziram os crimes relacionados com gangues, facilitando a chamada para os policiais. A construção de antenas e a expansão dos celulares afetou, por exemplos, os crimes praticados por estranhos, mas não os assassinatos de esposas.

It's the Phone, Stupid: Mobiles and Murder. Lena Edlund, Cecilia Machado. NBER Working Paper No. 25883

Income, Revenue, Receita, Lucro

Em agosto postamos sobre esta terminologia. No balanço de 2018 da Fundação IFRS eis a DRE:
O Iasb está usando "income" como receita e lucro, assim como no ano anterior. Na época alertamos que há um erro na estrutura conceitual. A versão anterior utilizava o termo "revenue". Na versão aprovada agora, todos as "revenues" foram trocadas por "income", exceto em um parágrafo.

... e em um trecho das demonstrações contábeis o mesmo termo é usado:

Overall publications revenue increased by £2.0 million

Flamengo auditado por uma Big Four

Um processo de Due Dilligence – análise financeira, contábil, legal e de riscos e seguros – realizado no ano passado, mostrou que o Flamengo estava apto a receber auditoria de uma Big Four, algo pioneiro e inédito no futebol brasileiro. Vale lembrar que já há uma parceria firmada com a Ernst&Young desde 2013, com a entrada do ex-presidente Eduardo Bandeira de Mello, no entanto a EY fazia apenas a consultoria financeira do clube.

“Foi um trabalho de consultoria em diversas partes. Foi uma consultoria de gestão. Analisamos as pastas, finanças, fluxo de caixa e procuramos resgatar a credibilidade do clube junto ao mercado. Foi uma coragem muito grande do Flamengo em abrir mão de alguns anos de competitividade pensando em longo prazo. E o resultado já está sendo possível notar”, explicou Pedro Daniel, sócio da EY, que esteve envolvido em todo o processo, em entrevista ao Torcedores.com no início deste ano.

Mas o que isso de fato significa e quais as vantagens que o Flamengo pode ter?

Ser auditado por uma das Big Four reflete na credibilidade junto aos patrocinadores, que confiam na destinação e retorno dos investimentos realizados no clube, podendo atrair grandes aportes, inclusive, do exterior. Além da confiança junto aos bancos para a obtenção de crédito com juros menores.

O especialista e sócio da Ernst&Young, Pedro Daniel, explicou também a importância desse processo e qual a visão que isso passa ao mercado. Segundo ele, é uma mudança significativa de patamar para uma equipe que há pouco tempo era vista como grande devedora.

“Ser auditado por uma Big Four traz algumas vantagens. Não só de credibilidade, mas no mercado. Ela verifica vários setores e dá uma segurança de investimento maior. Logo, você fica mais atrativo pro mercado. As Big Four só auditam se elas sentirem confiança na empresa ou, no caso, clube. Um dos benefícios é na questão do crédito. Vamos supor que o Flamengo queira a iniciar construção do seu estádio e precise de um empréstimo bancário. Os juros, por ser uma empresa responsável, serão muito menores”, analisou.
[...]

Fonte: Aqui

Rir é o melhor remédio

Sorrir também.

E hoje é o dia de um dos maiores amores da minha vida, a minha mãe. ❥
Feliz aniversário! ❤ ❤ ❤ 

29 maio 2019

Anel de noivado

A partir de um estudo sobre a função do anel de noivado (tamanho, valor, a beleza do noivo(a), etc)

O tamanho do anel de noivado parece uma compensação paga pelo marido a uma esposa pela tarefa relativamente desagradável do casamento.

Isto me fez lembrar o anel de 5 milhões de Kate Perry (por exemplo aqui) ganhou no início do ano pelo noivado.

Congresso


Obrigatoriedade de divulgação

É um assunto que muitas pessoas acreditam na associação entre divulgação e melhoria do comportamento do mercado. Nem sempre. Muitas vezes a solução está em alternativas, como design.

Matthias Breuer pergunta se é necessário obrigar as empresas a divulgar as informações e a fazer auditoria. O parágrafo final do post escrito para o Pro-Market (Stigler Center, da Universidade de Chicago):

With a view to the regulation of firms’ financial reporting in the United States, my evidence suggests an extension of reporting requirements to (larger) private firms could counteract recent trends of slowing business dynamism (e.g., Decker et al. 2014; Haltiwanger 2014), increasing market-share concentration (e.g., Barkai 2017; De Loecker & Eeckhout 2017; Grullon et al. 2017), and declining IPO activity (e.g., De Fontenay 2017; Doidge et al. 2017). Yet, it is questionable whether extending reporting requirements to these firms ultimately improves resource-allocation efficiency and, in particular, stimulates growth. Absent convincing empirical evidence of enhanced efficiency and growth, the case for firms’ mandatory reporting and auditing appears weak, especially given the costs and imperfections of regulation (e.g., Stigler 1971).