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29 maio 2019

Menos informação e mais design

Daniel P Egan postou um comentário muito interessante (que guardei para pensar melhor ao longo do tempo).

O início do comentário é esta fotografia:
Garotos em cima de um cano que adentra para o mar, com uma placa solicitando para as pessoas não brincarem com o tubo. Ou seja, fazendo justamente o contrário do que está sendo solicitado. No canto direito, um sinal solicitando para as pessoas darem espaço para os ciclistas, mas a sinalização retira espaço do ciclista. No canto inferior direito, uma placa pedindo para pessoas não jogarem pedras na placa; e a foto mostra que muitos jogaram pedra.

Os avisos, bem intencionados, terminam por piorar a situação. A partir daí, Egan comenta sobre a questão da regulação. Segundo ele, talvez a forma como o assunto tem sido tratado não seja a melhor. Ele afirma:

Durante décadas o princípio regulatório nos EUA [não somente] tem sido o da divulgação

Bingo. Se você divulga o salário dos funcionários públicos, isto irá mudar a atitude das pessoas; evidenciando os conflitos de interesse de uma pessoa, irei levar isto em consideração na decisão; se divulga os impostos na nota fiscal, isto muda o comportamento; se o auditor divulga o que ele teve dificuldade em auditar, isto irá chamar a atenção dos usuários da demonstração; e assim por diante. Será que isto está funcionando? Nós temos hoje um grande número de informação, mas pouco tempo para ler e levar em consideração na decisão (sistema 1 e sistema 2). Egan afirma:

“(...) temos outra opção para ser eficaz: design”

Por ser menos visível, seria menos valorizado. Acrescento mais, é mais fácil regular pedindo mais informação do que regular o design:

Precisamos tornar visível o invisível, mostrar aos clientes como ajudamos a priorizar os objetivos deles ou restringir os gastos não prazerosos ou economizar impostos.

Melhores séries

Olha a coincidência. Isabel postou sobre as melhores séries. E um pouco antes estava olhando o IMDB de Game of Thrones. Veja a nota de cada episódio da oitava temporada:

E1 = Winterfell = 7,7
E2 = A knight of the 7 Kingdoms = 8
E3 = The Long Night = 7,6
E4 = The Last of the Starks = 5,6
E5 = The Bells= 6,2
E6 = The Iron Throne = 4,3

Um ponto importante: o menor número de votantes foi 109 mil (dado de 29 de maio de 2019), para o episódio de maior nota. O maior número de votantes foi 196 mil (idem) para o episódio com pior nota. A série tem nota 9,4 (1,5 milhão de votantes).

(Ah, sim. Eu não assisti a série, então não tenho opinião formada sobre o assunto)

Lista: melhores séries

Séries com melhores avaliações no IMDb;

1. Chernobyl - 9,7
2. Planeta Terra II - 9,5
3. Band of Brothers - 9,5
4. Breaking Bad - 9,5
5. Planeta Terra - 9,4
6. Game of Thrones - 9,4
7. Nosso Planeta - 2019 - 9,4
8. The Wire - 9,3
9.Cosmos: Uma Odisseia no Espaço-Tempo - 9,3
10 Planeta Azul II - 9,3

Fonte: Aqui

Rir é o melhor remédio


28 maio 2019

A ética dos professores de ética

Isto me lembrou os professores que ensinam ética contábil (disciplina obrigatória na graduação): um estudo com 417 professores, publicado no Philosophical Psychology, sendo 151 com professores de ética, encontrou que não existe muita diferença entre eles. O estudo, feito por um estudante europeu, perguntou aos professores sobre diversos tópicos (doação de órgãos, caridade e outras atitudes) e como eles se comportavam em cada categoria. As perguntas exigiam respostas de 1 (muito imoral) a 9 (muito moral).

There were some differences in views—ethicists had more stringent expectations than other professors on donating to charity, but were more lenient on the immorality of theft, and staying in touch with their mothers. But the researchers found no significant difference in moral behavior. For example, ethicists on average said a professor should donate 6.9% of their annual income to charity per year, versus non-philosophers’ recommendation of 4.6%, and other philosophers’ suggestion of 5.1%. But when it came to following through on this moral guidance, there was no gap: Ethicists reported donating 4.6% of their annual salary to charity in the past year, compared to non-ethicist philosophers’ 4.6% and non-philosophers’ 4.4%.


Fonte: Aqui

Financiamento, Publicação e Tempo de doutorado

Uma pesquisa realizada em Portugal descobriu uma relação interessante: os alunos que receberam financiamento demoraram mais tempo para concluir o curso de doutorado.

Em geral um curso de doutorado leva quatro anos. Mas em algumas áreas e em alguns países pode ultrapassar a 7 anos e este tempo não tem se alterado nos últimos anos. E este período de tempo longo pode aumentar a chance de abandono e impede de outros alunos possam entrar nos programas de pós. A análise foi realizada com 2.253 doutores portugueses e o financiamento com bolsa atrasa a conclusão do curso. Outro aspecto interessante é que não existe relação com a publicação dos trabalhos.

Como coordenador, eu tenho observado isto. Geralmente o aluno financiado, diretamente por uma bolsa ou indiretamente com uma dispensa de carga horária, tem mais dificuldade de concluir o curso. Em uma turma de doutorado, os três últimos remanescentes eram financiados e os três primeiros que concluíram não tiveram "apoio" de bolsa ou liberação.

What the findings do suggest is that alongside PhD funding support, policymakers and funding agencies should stress the importance of publishing during the PhD. This would provide students with the credentials needed to enter the postdoctoral labour market and also make contributions to national, regional and global knowledge. The findings of this study also underline the need to raise awareness of students starting doctoral studies about the importance of credentials, including what specific credentials mean and how they may benefit from them during and after the completion of PhD studies. Both points above are relevant considering the career routes that PhDs in STEM and Non-STEM fields can take, as well as their involvement in future work that may involve research activities or not, in and outside academia. In other words, the PhD needs to be perceived as a degree that besides providing intellectual and personal growth and stimulation, should be a springboard for a knowledge based career, students should be aware of this and the credentials that count towards their post-doctoral life, whatever that may be.


Odebrecht e Pemex

(...) En 2014 Pemex anunció la compra y rehabilitación de Agro Nitrogenados, una empresa de Altos Hornos de México, el mayor consorcio acerero del país, y cuyas acciones están listadas en la Bolsa Mexicana de Valores.

En esta transacción Pemex invirtió 475 millones de dólares, asegurando que con esta acción se “reactivaría la producción de Fertilizantes en México”.

De acuerdo con una investigación de la organización 5° Elemento, un mes después de su adquisición de Agro Nitrogenados, la empresa Altos Hornos de México, propiedad de Alonso Ancira, transfirió más de 3 millones 700 mil dólares a las cuentas de Grangemouth Trading Company, firma offshore de la constructora Odebrecht.

Grangemouth Trading Company no tiene empleados registrados y está domiciliada en un edificio de departamentos de Edinburgo, Escocia.

El dinero fue depositado a esta empresa fue para la cuenta número 244087 en el Meinl Bank, banco con sede en la isla caribeña de Antigua comprado por funcionarios de Odebrecht para evadir los controles del sistema financiero internacional.

Desde esa cuenta, según la investigación, se transfirieron los sobornos a presidentes, ministros, viceministros, congresistas, directores de empresas públicas y políticos de diversos países de América Latina y África.

Entre 2013 y 2014 de esa misma cuenta se transfirieron los 5 millones de dólares a Zecapan SA, la empresa fantasma donde se depositaron los sobornos para Emilio Lozoya [foto, ex-CEO da Pemex, de 2012 a 2016] (...)

Las fechas no se cumplieron y, según el Consejo de Administración de Pemex, las condiciones de la planta estaban peor que de lo que se había previsto, razón por la cual se autorizó un presupuesto extra de 285 millones de dólares para la rehabilitación elevándose el costo final a 760 millones de dólares.

Fonte: Aqui

Conselho de Gestão Fiscal

A Câmara dos Deputados finalmente aprovou a criação do Conselho de Gestão Fiscal (CGF). O Conselho, previsto na LRF de 2000, deverá harmonizar os entendimentos sobre questões fiscais e editar normas relacionadas com a prestação de contas no governo. O projeto agora vai para o senado.

O Conselho será composto por 14 membros: um do CFC, do Ministério Público, Judiciário e do Legislativo. Os municípios e os estados terão dois representantes cada e o governo federal quatro. Para fechar a conta, representante do TCU e dos tribunais estaduais.

O conselho tem como função avaliar e coordenar a gestão fiscal do País. Ele será integrado por representantes da União, dos estados, Distrito Federal e dos municípios, que não serão remunerados pelo trabalho.

Outro papel do órgão é padronizar as normas gerais de consolidação das contas públicas, como balanços contábeis e relatórios fiscais exigidos por lei. Para garantir a independência do CGF em relação aos governantes, o projeto determina que os conselheiros e seus assessores terão total acesso às informações relevantes do governo relativas ao orçamento, finanças e contabilidade.


Se seguir o mesmo ritmo da Câmara, a criação deve ocorrer em 2038.

Rir é o melhor remédio

Pra quem, como eu, não aguenta mais essa história de coach!

27 maio 2019

Qualis Inflado?

"Uma decisão na Capes, entidade do Ministério da Educação responsável por avaliar cursos de pós-graduação, acabou por aumentar, por meio de critérios subjetivos, os conceitos de um grupo reduzido de cursos de mestrado e doutorado de Administração (1). E, por tabela, abriu um caminho mais fácil a verbas de pesquisa dos órgãos de fomento a um grupo de pesquisadores. Só em bolsas de produtividade oferecidas na área pelo CNPq foram quase R$ 19 milhões, entre 2013 a 2016, sem contar a possibilidade de sair na frente na corrida para receber recursos de outros programas de investimentos públicos (2).

Os cursos de mestrado e doutorado no Brasil são classificados em uma escala de 1 a 7. A nota mínima para funcionamento de cursos de mestrado é “Capes 3” e, de doutorado, “Capes 4”.

Cerca de 40% da nota de um curso de mestrado e doutorado depende da “produção intelectual” dos seus professores permanentes. A produção intelectual é medida pela quantidade de artigos publicados pelos docentes em revistas de prestígio e/ou pela qualidade das revistas de prestígio editadas pelo curso.

Para classificar as revistas da forma mais objetiva possível, a Capes criou o sistema “Qualis”. O Qualis utiliza uma série de critérios para classificar as revistas em 8 categorias ou estratos: A1 (100 pontos), A2 (80 pontos), B1 (60 pontos), B2 (50 pontos), B3 (30 pontos), B4 (20 pontos), B5 (10 pontos) e C.

Como as áreas do conhecimento são diferentes – os critérios utilizados em Biologia não são os mesmos adotados em revistas de Educação, por exemplo –, cada uma delas tem um comitê dentro da Capes que, a cada quatro anos, reclassifica todas as revistas dos cursos.

A manobra feita pelo comitê responsável por avaliar as revistas científicas de Administração consistiu em promover, por serem “considerados os mais relevantes” (página 6, último parágrafo) – sem explicar o que isso significa (3) –, 23 periódicos, 17 dos quais do estrato “B1” para o estrato “A2”. A decisão foi tornada pública em dezembro de 2017. Com isso, 3.015 artigos passaram de “B1” para “A2”, injetando 60,3 mil pontos (4) a esse grupo de revistas.

Com isso, programas conceito 4, 5, 6 e 7 concentraram 83,68% dos artigos, se beneficiando do ajuste “inflado” do Qualis. Os cursos 7, por exemplo, perderiam 68% de seus artigos “A2” caso não tivessem sido beneficiados. (5)

“Pelos critérios da área, o docente de um programa de pós-graduação deve ter pelo menos dois artigos ‘A2’ (6). Mas esses artigos que foram alçados para ‘A2’, na verdade, seriam ‘B1’, o que diminuiria a nota desses cursos”, afirma um professor da área, que não quis se identificar, e que fez o levantamento para a Gazeta do Povo.

Critérios mutantes
Outro professor aponta como problemático o fato de o comitê de Administração, como outros dentro da Capes, mudar os critérios constantemente (7). “Se você tomar a última década, os critérios mudaram nas últimas avaliações. Em 2010, contava a quantidade de papers em periódicos e congressos, 150 pontos; de 2013 a 2016, usou-se a mediana com o Qualis, etc.; e os professores que não têm contatos lá dentro só sabem dos critérios no fim do período, eles fazem a barra do gol depois que o cara chuta. Para este ano, por exemplo, não foram publicados os critérios ainda”, afirmou.


Fonte: Aqui

(1) Não é bem assim.
(2) As bolsas de produtividade não possuem relação com as notas do programa, a princípio. Há aqui uma manipulação
(3) Acho que quem escreveu não leu o documento. Existe uma relação com o fator de impacto.
(4) Este número me pareceu estranho. São 60.300 pontos a mais, por sair do B2 para A1, que corresponde a mais 20 pontos. Como são 17 periódicos, isto corresponde a: 60300 / (20 x 17) = 177 artigos publicados nestes periódicos. Supondo 3 números por ano, cada um desses periódicos precisa publicar perto de 60 artigos.
(5) Há um grande desconhecimento. Em geral a nota é feita de maneira comparativa entre os cursos.
(6) Não é verdade. Cada área estabelece uma pontuação mínima e existe uma "produção qualificada", que pode ser A1, A2 e B1.
(7) Aqui eu concordo com o texto, muito embora isto ocorra desde sempre. Uma defesa da comissão: em geral eles fazem palestras com os coordenadores de cursos, indicando as mudanças. Será que o professor que não foi identificado não recebeu a informação?

Boas notícias no mercado de trabalho contábil

O Ministério da Economia divulgou os números do emprego formal de abril de 2019, usando as informações do Caged. A partir desta base de dados, este blog, como tem sido praxe, calcula o desempenho do emprego do setor contábil, usando para isto os números de contadores e auditores, escriturários e técnicos em contabilidade.

Em abril foram contratados 10.287 novos empregados e demitidos 10.043, o que significa uma criação de 244 novas vagas. Pode parecer pouco, mas geralmente abril é um mês de demissão no setor; nos últimos anos, somente em 2014 o número foi positivo para este mês. O mês foi melhor para as mulheres (saldo da movimentação, ou seja, a diferença entre admitidos e demitidos, de 295), aqueles com ensino superior completo (325) ou incompleto (193) e escriturários (619). Mas, a exemplo de meses anteriores, foi um mês ruim para os homens (-51), com menos educação (-231 para aqueles com ensino médio completo), contadores e auditores (-288) e técnicos (-87).

Como é praxe, o mercado de trabalho demite quem ganha mais e contrata novos funcionários com menores salários. Em abril, a diferença salarial esteve em 20%, dentro do padrão normal. A idade dos admitidos é geralmente menor que dos demitidos (30,91 anos versus 33,02 anos), como ocorre normalmente.

Em relação à economia como um todo, os números de abril foram coerentes. Há um mês, nós postamos que os números do setor contábil já não seguia o padrão da economia. A partir de abril de 2017, o resultado da economia - em geral, positivo - divergia do resultado do setor contábil, em geral negativo. Em abril 2019 a economia também apresentou mais contratações que demissões, a exemplo do que ocorreu no setor contábil. Será que a fase negativa da contabilidade está terminando?

Plágio é crime ... em Montenegro

Montenegro, um pequeno país da Europa, anteriormente ligado a Iugoslávia, instituiu uma lei onde plágio é considerado crime. Junto com a lei, aprovada pelo parlamento, foi criado um Comitê de Ética nacional e se reconheceu que plágio é um crime. Prêmios, notas, cargos e títulos obtidos por uma pessoa tendo por base um trabalho com plágio serão considerados nulos e sem efeito. Mas não somente isto: outras penalidades, como repreensão, podem ser aplicadas.

Ilustração, aqui