Em janeiro deste ano fizemos uma postagem sobre as companhias aéreas do oriente, que foram acusadas pelos Estados Unidos de violar o
“open skies”. Esta empresas, a Emirates, a Etihad e a Qatar, são "protegidas" dos governos UEA e Catar, os seus controladores. Naquele momento, a Qatar fez um acordo para melhorar a evidenciação contábil. Basicamente, melhor evidenciação permite verificar se existe ou apoio do governo, em detrimento das concorrentes de outros países.
A pressão parece ter modificado alguma coisa, tanto que os voos diretos entre India e Estados Unidos v
oltaram a funcionar. Estes voos tinham sido interrompidos pela concorrência desleal das empresas do golfo.
A briga parece que também chegou a Europa. Na verdade, desde 2014 a Comunidade Europeia já alertava para subsídios injustos das companhias aéreas. Já se sabia, por exemplo, que o governo de Dubai pagou um terminal exclusivo para a Emirates no valor de quase 8 bilhões de dólares. E a contabilidade destas empresas era realmente um lixo. Desde então, com uma "melhoria" na contabilidade, a Etihad teve um prejuízo de US$1,8 bilhão em 2016 e 1,5 bilhão no ano seguinte.
Após um acordo assinado no início do ano, parecia que tudo seria resolvido. Mas neste mês, senadores dos Estados Unidos voltaram a discutir o assunto em razão de uma operação realizada na Itália. Em outubro de 2017, a Qatar comprou
49% da Meridiana, uma empresa aérea italiana. A empresa mudou seu nome, para
Air Italy, A nova empresa anunciou um aumento na frota e crescimento no número de rotas. A expansão parece que será feita com dinheiro da Qatar, que também transferiu ou irá transferir aviões para empresa. A Delta Air Lines acusou a Qatar de usar o investimento na Meridiana/Air Italy para
burlar o acordo recente com o governo Trump. Segundo a Delta, as rotas da AirItaly na Europa e para os Estados Unidos seriam, na verdade, rotas da Qatar. E que o prejuízo da AirItaly está sendo financiado pelo governo do Catar. A reação da Delta (e da American e United) ocorreu após um anúncio de expansão da
AirItaly para os Estados Unidos.
Grandes empresas de aviação da Europa começaram a pressionar as autoridades para uma investigação mais séria sobre as práticas das companhias aéreas do golfo. Mas a pressão contrária também é forte: as empresas podem exercer pressão na escolha das aeronaves (Boeing ou Airbus) ou atuando nas empresas onde possuem participação (a British e Iberia, por exemplo, possuem participação acionária da Qatar).
Em 2017, a Air Berlin deixou de operar. Os responsáveis pela liquidação resolveram acionar um ex-acionista que tinha prometido apoio financeiro para empresa: a Etihad. Justamente uma das três empresas acusadas de receber apoio do governo.
O caso promete. (Imagem:
aqui)