Translate

07 março 2017

Links

"Há 200 anos Portugal começou a perder o Brasil"

Vendo contabilidade em tudo

Manual de registro da Eireli, Cooperativa e SA

Contra fraudes, receita usa redes sociais e até espiões

Pagamento de 4 milhões de dólares decidiu a escolha da Braskem e prejudicou a Suzano

Mudou ou não mudou?

O BB Seguridade Participações divulgou suas demonstrações contábeis nesta terça. Um aspecto que chamou a atenção é a descrição do ambiente econômico feito pela empresa. Inicialmente a empresa faz um apanhado geral sobre a economia brasileira em 2016:

As incertezas externas e internas prejudicaram a evolução da economia brasileira em várias dimensões. Os investimentos não avançaram, o consumo e o PIB retraíram em termos reais e o mercado de trabalho doméstico e as condições financeiras das empresas se deterioraram, afetando diretamente o mercado de crédito. Mesmo diante do fraco desempenho da economia, a inflação seguiu pressionada, levando o Banco Central a manter as condições monetárias apertadas na maior parte do ano.


Um pouco depois tem-se:

Apesar do contexto difícil, 2016 também foi caracterizado por uma mudança importante de política econômica, o que sinaliza perspectivas promissoras para o cenário macroeconômico ao longo dos próximos anos. A nova política econômica focou em questões estruturantes, como o ajuste fiscal. A aprovação da Proposta de Emenda à Constituição, que limita o aumento dos gastos públicos à variação da inflação, foi um marco nesta direção.

O que está bem sintonizado com o discurso oficial: ocorreu uma mudança na política econômica e estão sendo feito ajustes. Prosseguindo, a entidade afirmar que os efeitos desta mudança já são observados na prática:

Com isso, o prêmio de risco Brasil, medido pelo CDS 5 anos, registrou recuo superior a 50%, comparativamente ao observado ao final de 2015, e os índices de confiança, sejam de empresários ou consumidores, passaram por uma importante inversão de tendência, sinalizando boas perspectivas em relação à possibilidade de retomada gradual e sustentada do crescimento econômico.

Tive a curiosidade de verificar o que foi reportado no balanço do exercício encerrado em 31/12/2015. Naquele momento, o governo era outro, assim como a política econômica. O espaço era bem menor, mas o discurso era o seguinte:

Na economia brasileira, o ano de 2015 foi caracterizado por ajustes, em especial nos planos fiscal e monetário. O desaquecimento do mercado de trabalho, a queda do nível de confiança dos agentes, o alto nível de estoques e a desaceleração no mercado de crédito foram elementos que compuseram o quadro econômico mais desafiador. Mesmo diante do ambiente recessivo, a inflação ao consumidor manteve-se pressionada, principalmente em função de reajustes dos preços administrados e pela desvalorização do real. Nesse contexto, o Banco Central deu continuidade ao ciclo de ajuste da taxa básica de juros (Selic) ao longo do ano, estabilizando-a em 14,25% a.a

Uma análise distante da situação, num “quadro econômico mais desafiador”, talvez até pessimista. Ao comparar o quadro da administração de um período para outro notamos três mudanças: o diretor presidente, o conselho de administração – saída de três conselheiros, num total de seis - e o contador. Nos demais (diretores, conselho fiscal e comitê de auditoria) permaneceram as mesmas pessoas. O suficiente para mudar um pouco o estilo do relatório de administração.

Mas ocorreram mudanças ou não na entidade. Veja um trecho de 2015:

Em 2015, apesar de um cenário econômico desafiador, o mercado segurador mostrou-se resiliente, apresentando crescimento mesmo em um ano de retração do PIB.

Já no relatório de 2016 afirmou-se que

Apesar do cenário econômico desafiador, em 2016 o mercado de seguridade reafirmou sua resiliência, apresentando crescimento mesmo em um ano de retração do PIB.

Curso de Contabilidade Básica: Os dois modelos da DFC

No capítulo 6 do volume 2 do nosso livro (Curso de Contabilidade Básica, César Augusto Tibúrcio Silva e Fernanda Fernandes Rodrigues, Atlas), vocês aprendem como elaborar e analisar a Demonstração dos Fluxos de Caixa. Essa demonstração contábil apresenta as informações que movimentaram o grupo do disponível (caixa e equivalentes de caixa) de uma empresa, ou seja, os valores que foram recebidos de clientes, seja em dinheiro ou debitados na sua conta corrente; os pagamentos realizados seja por meio de ordem bancária ou em cheques. Essa demonstração é dividida em três fluxos: 1. o fluxo de caixa gerado (ou consumido) pelas atividades operacionais; 2. pelas atividades de investimento; e 3. Pelas atividades de financiamento.

Lembramos também que ela pode ser elaborada de duas formas. A primeira é partir do lucro líquido da empresa subtrair e somar valores para chegar ao fluxo oriundo das atividades operacionais. Este método é denominado de indireto. A segunda forma é apontar os pagamentos e recebimentos, sem associar com nenhuma conta da demonstração do resultado. Esta forma de DFC recebe a denominação de método direto.

É importante destacar que a diferença entre as duas formas está apenas na maneira de obter o fluxo das atividades operacionais. Nas demais partes da DFC não existe diferença entre os métodos.

Há certa preferência pelo método direto, pois torna-se mais fácil saber quanto uma empresa obteve de caixa com seus clientes, por exemplo. No método indireto isto não é claro. No entanto, na prática, a maioria das empresas preferem evidenciar o método indireto. É como se, na teoria, o método direto fosse o preferido e na prática o método indireto o mais usado.

Recentemente a empresa Unimed Seguros divulgou suas demonstrações contábeis usando o método direto, o que é raro. Reproduzimos a seguir esta demonstração:

Observe que a primeira linha da DFC tem-se “recebimentos de planos de saúde”, seguido de “outros recebimentos operacionais” e uma série de “pagamentos”. O caixa das atividades operacionais da empresa foi negativo em 39 milhões em 2016 e 53 milhões em 2015.

A seguir tem-se a DFC agora pelo método indireto:

Esta demonstração foi apresentada pela empresa na nota explicativa 22. Na realidade, a empresa apresentou somente a “conciliação entre o lucro líquido e o fluxo de caixa”. A demonstração começa com “lucro líquido do exercício”, a última linha da demonstração do resultado. E prossegue com “ajustes” para se chegar ao caixa oriundo das operações, os mesmos 39 milhões e 53 milhões, negativos. O método direto pode fornecer mais informações, mas o indireto explica a razão da empresa ter obtido lucro, mas não gerado caixa nas suas operações.

De qualquer forma, o analista teria uma boa fonte de análise nas demonstrações apresentadas anteriormente. Mas não podemos dizer a mesma coisa para a informação de outro seguradora, a Líder, responsável por cuidar do DPVAT, contribuição que quem possui automóvel é obrigado a pagar. Eis como a empresa apresentou a informação:


O fluxo das atividades operacionais foi, em 2016, 473 mil reais, versus 673 mil em 2015. Mas a empresa juntou os dois métodos numa única tabela. No início tem-se o método direto, com o recebimento de clientes e pagamentos de impostos e movimentação nas aplicações financeiras. Depois a empresa apresenta o caixa de financiamento e a variação no caixa e equivalentes. Na segunda metade da tabela a empresa inicia no lucro líquido para, subtraindo e acrescentando valores, chegar ao mesmo caixa das operações obtido anteriormente. Se o leitor achou confuso, realmente ficou. Até entender que a empresa está apresentando a mesma informação de duas maneiras distintas numa única tabela leva-se um bom tempo.

Outro destaque que também pode ser feito nessa demonstração é que a Líder não gera ou consome fluxo de caixa oriundos de investimentos em nenhum dos dois anos. E que em 2016 suas atividades de financiamento (pagamento de dividendos) consumiram valores de caixa superiores ao caixa das atividades operacionais, levando a uma variação negativa de caixa (consumiu-se mais do que se gerou) e zerando o saldo final de caixa e equivalentes.

Como podemos perceber, não basta apenas que vocês, estudantes e futuros contadores aprendam a fazer essa demonstração da forma correta. É necessário que os usuários também consigam entender e analisá-la bem, para que se cumpra realmente o papel de informar... E uma demonstração contábil confusa, como podemos observar a da Líder aqui apresentada, não ajudaria muito o leitor a tomar decisão ou formar juízo sobre essa segunda empresa. Assim, se você tem interesse de aprender ainda mais sobre o assunto, não deixe de estudar esse capítulo!! ;)

06 março 2017

Habib´s e investigação de crime fiscal

A Quinta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) negou recurso em habeas corpus de um franqueado da rede de fast-food Habib’s que buscava o trancamento de procedimento investigatório criminal (PIC) instaurado para apurar supostas fraudes fiscais praticadas pelo grupo. A decisão foi unânime.

O procedimento investigatório foi aberto pelo Ministério Público de Minas Gerais após o recebimento de denúncia de um ex-franqueado sobre a ocorrência de fraudes fiscais que seriam realizadas nas unidades da rede de alimentos em todo o território mineiro, com possíveis ramificações em outras regiões do país.

As fraudes consistiriam na venda de produtos sem nota fiscal ou mediante meia-nota (subfaturamento para diminuir a incidência de impostos), e envolveriam as empresas franqueadas e os fornecedores de produtos e insumos.

De acordo com a defesa do franqueado, a investigação foi ilegalmente instaurada pelo Ministério Público antes da conclusão de qualquer procedimento administrativo tributário para eventual constituição do crédito, contrariando a Súmula Vinculante 24 do Supremo Tribunal Federal (STF). A defesa também questionava a ausência de controle jurisdicional sobre a apuração criminal, o que também destoaria do entendimento do STF.


Fonte: Aqui

Ilusão da Moeda

A Ultrapar, ao divulgar seus resultados de 2016, deu destaque aos seguintes desempenhos:

Trata-se de um caso de ilusão da moeda. A inflação de 2015 foi de 10,67%  e a de 2016 foi de 6,29%. Assim, um crescimento nos dividendos de 4%, para uma inflação de 6,29%, não representa, em termos reais, “crescimento”, mas redução no pagamento ao capital próprio (1).

Da mesma forma, um lucro de 4% a mais (na verdade 3.86% se for o lucro líquido ou – 5,2% se for o resultado abrangente) não teve crescimento real. Como o lucro foi formado ao longo do ano, o valor de 1,6 bilhão (ou sendo mais preciso R$1,562 bilhão) estaria a preços de metade de 2016. Em doze meses, esta inflação seria ainda maior que os 6,29% da inflação oficial.

E o Ebitda? Em primeiro lugar é preciso acreditar que esta seja uma medida de desempenho razoável. E segundo, não menos importante, o crescimento foi de 6,68% ou, 7% no arredondamento.

O valor do investimento impressiona: 1,9 bilhão. Mas o fluxo de caixa das atividades de investimento foi de R$1,849 bilhão. Mas como a empresa não considera nas suas contas do relatório de administração os desinvestimentos e repagamentos, o valor ficaria em 1,858 bilhão, contra 1,366 bilhão. É interessante que aqui o percentual de acrescimento seria de 36%, bem acima da inflação. E se fosse considerado os valores totais da DFC seria maior ainda: 1,849 versus 0,802 bilhão.

(1) É bem verdade que o correto é verificar a data do pagamento e o intervalo entre o pagamento de dividendos de 2015 versus o pagamento de 2016 e verificar a inflação do período.

Love & Taxes


"Love e Taxes" TRAILER por Josh Kornbluth

Desemprego: Enfim uma boa notícia

Pela primeira vez desde outubro de 2015 o número de empregados admitidos superou o de demitidos no setor contábil, segundo dados coletados pelo blog a partir da base de dados do mercado formal do Caged, do Ministério do Trabalho. Em 2016 o número de demissões superou o de admissões em quase 23 mil postos de trabalho. De janeiro de 2014 até dezembro o mercado contábil reduziu em 32 mil vagas.

Em janeiro foram admitidos 9.789 novos empregados e demitidos 8.772, o que representa uma variação positiva de 1.017, um número muito próximo ao de outubro de 2015. Em janeiro passado fizemos a seguinte previsão:

Janeiro deverá ser um mês melhor. Mas não apostamos não mudança no sinal, ou seja, que o número de admitidos seja superior ao demitidos.

Acertamos na primeira parte e felizmente erramos na segunda: ocorreu uma mudança no sinal e esta é a boa notícia. É bem verdade que dos 37 meses da série histórica que estamos acompanhando, somente em oito o número de demitidos foi menor que dos admitidos; e destes meses, três são janeiros: 2014, 2015 e 2017, todos com mais mil vagas de diferença entre os admitidos e os demitidos.


Apesar da principal fonte de mão de obra do setor ser de mulheres, o aumento de vagas beneficiou principalmente os homens: 541 admitidos a mais que os demitidos, versus 476 das mulheres. A boa noticia de janeiro beneficiou também aqueles com curso superior completo (+926), em detrimento das pessoas com menor instrução (-97 até o ensino médio completo).


A diferença salarial entre os admitidos e os demitidos foi de 24% no mês de janeiro, a quinta maior diferença mensal desde janeiro de 2014. Enquanto um novo contratado passou a ganhar um salário médio de R$2.170,26, o empregado demitido tinha um salário de R$2.681,82 ou R$511,56 a mais. Além de ganhar menos, o admitido tem uma idade média menor (30,4 anos) do que o demitido (32,39 anos). Mas depois de três meses consecutivos de aumento, o tempo médio de emprego do empregado demitido diminuiu para 35,56 meses.

04 março 2017

10 salários de contador nos EUA em 2017

10 top accounting and finance jobs to watch for in 2017

Fonte: aqui

Fato da Semana: Oscar

Fato: Oscar

Data: 27 de fevereiro

Contextualização - Durante muitos anos a organização do Oscar fez uma parceria com a empresa de auditoria PwC. Para o Oscar era uma maneira de dizer que há sigilo no resultado da votação, que só é revelado na cerimônia. Para a PwC uma propaganda para milhões de pessoas que assistem ao prêmio. Tornou-se hábito transmitir dois funcionários da empresa PwC chegando ao local da cerimônia com uma pasta com os envelopes dos ganhadores.

O que muitos não sabiam é que estes funcionários também eram encarregados de entregar o envelope para celebridade que vai anunciar o ganhador. Na última entrega do prêmio, o envelope foi entregue errado e anunciou-se que o prêmio de melhor filme seria para um, quando no envelope certo tinha outro nome.

O momento constrangedor foi antecedido de uma postagem em rede social do empregado da PwC. Será que isto foi a origem do problema? De qualquer forma, passado os dias, a PwC - e seu empregado - foram considerados os culpados pelo momento mais comentado da cerimônia.

Relevância - Uma empresa de auditoria é muito lembrada pelos erros, mas dificilmente podemos relatar os inúmeros acertos. Durante anos a cerimônia do Oscar não teve nenhum tipo de problema originário na PwC. Mas bastou uma troca de envelopes para que o grande destaque fosse dado ao erro da empresa.

Apesar do problema da troca de envelopes não ser uma questão contábil, termina por afetar a reputação de confiabilidade do auditor e da empresa.

Notícia boa para contabilidade? Não. Em muitas ocasiões o melhor profissional é aquele que não chama a atenção. Este seria o caso. Mas em lugar de comentar a justiça (ou não) dos prêmios, durante a semana os comentários estavam direcionados para a confusão dos envelopes.

Desdobramentos - O funcionário responsável já foi afastado da função. Provavelmente será discretamente aposentado pela PwC e substituído por outro. Como o Oscar depende do glamour da apuração e da surpresa do anúncio, nada deve ocorrer com a empresa de auditoria. A estratégia será deixar o tempo passar.

Mas a semana só teve isto? Diversas empresas divulgaram seus balanços. Talvez o grande destaque tenha sido o balanço da Ambev, com redução no resultado.